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A identificação de competências na formação do enfermeiro na perspectiva de mudança de modelo assistencial

NOTA PRÉVIA

A Identificação de competências na formação do enfermeiro na perspectiva de mudança de modelo assistencial

Regina Lúcia Herculano FaustinoI; Emiko Yoskikawa EgryII

IEnfermeira, Mestre em Enfermagem, Aluna do Programa Interunidades de Doutoramento em Enfermagem da EE-USP e EERP-USP, campus da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Enfermeira da UNIMONTES e docente de Enfermagem do UNASP - Centro Universitário Adventista de São Paulo. Bolsista PICDT/CAPES. Rua Bracará, 162 - Jd. Amália, Sáo Paulo/SP. E.mail: reginaniger959@hotmail.com

IIEnfermeira, Mestre em Enfermagem, Doutor em Saúde Pública. Livre-docente em Enfermagem em Saúde Coletiva, Professora Titular do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Pesquisadora do CNPq. Orientadora. E.mail: emiyegry@usp.br

RESUMO

A formação de enfermagem vem sofrendo grandes transformações nos últimos anos, como reflexo das mudanças no quadro econômico-social do Brasil e do mundo e, principalmente, em função das exigências da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, que prevê uma reestruturação dos cursos de graduação, com a extinção dos currículos mínimos e a adoção de diretrizes curriculares específicas para cada curso (1). As contradições existentes na formação do enfermeiro, entre o preparo fundamentalmente teórico da academia e a exigência de uma prática cada vez mais diversificada, entre outras coisas, têm suscitado discussões quanto às mudanças necessárias para garantir ao graduando mais segurança ao enfrentar a realidade social em que está inserido, bem como as demandas de trabalho que configuram a prática profissional, depois de formado. Estas são algumas inquietações de discentes, docentes e aqueles que se encontram envolvidos em (re) pensar os novos cenários para a Enfermagem brasileira. Por outro lado, a crise da saúde no Brasil tem estimulado a busca de alternativas que vêm revelando a adoção de estratégias em busca de mudança no atual modelo assistencial - hospitalocêntrico, curativista e tecnologizado - que tem demonstrado ser incapaz de atender às necessidades de saúde da população e resolver as questões político-econômicas e sociais do Sistema de Saúde Nacional (2). No entanto, acredita-se que, para enfrentar desafios tão grandes, impostos pelas transformações no processo de trabalho em saúde, necessita-se muito mais do que apenas a reorganização do sistema de saúde, torna-se necessário mudar as práticas dos profissionais, na tentativa de desenvolver novas habilidades, competências, atitudes e valores éticos (3). É nessa busca de estabelecer um perfil de competências para o profissional enfermeiro, que venha atender as prerrogativas do SUS, que se pretende desvelar fundamentos teóricos e empíricos para o presente estudo. O referencial teórico utilizado é o da Pedagogia das Competências, segundo Perrenoud (4), no entendimento de que a aquisição de competências não se dá apenas no nível técnico, mas envolve o desenvolvimento holístico do indivíduo nas dimensões ética, política, social e profissionaJ. O marco teórico-metodológico adotado é o da Teoria de Intervenção Práxica da Enfermagem em Saúde Coletiva -TIPESC, proposto por Egry (5), fundamentado no Materialismo Histórico-Dialético. Os cenários escolhidos para o estudo são as Escolas de Enfermagem e os sujeitos serão os docentes, alunos e enfermeiros atuantes no Estágio Supervisionado do 8º período, de Universidades Públicas das regiões Sudeste e Nordeste do Brasil. O instrumento adotado para a coleta de dados primários foi a realização de grupos focais, e os dados secundários serão coletados a partir de análise documental. A análise dos dados empíricos se dará nos pressupostos da técnica de análise de discurso, segundo Fiorin (6). As categorias analíticas foram identificadas com a adoção do referencial de Le Boterf (7). A partir de então foi realizado um grupo focal para validação do instrumento de coleta de dados, envolvendo enfermeiros inseridos em equipes de Saúde da Família da Região Sul de São Paulo. A pesquisa se encontra em andamento, com previsão de conclusão em meados de 2004.

  • 1. Brasil, Lei n- 9.394 - 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educaçăo nacional. Diário Oficial, Brasília, 23 de dezembro de 1996. Seçăo 1, p. 27.833-27.841.
  • 2. Mendes, E. V Uma agenda para a saúde. Sáo Paulo: HUCITEC, 1996. 300p.
  • 3. Piancastelli, C. H. Saúde da Família e desenvolvimento de recursos humanos. Divulgaçăo em Saúde para Debate. Rio de Janeiro, n. 21, p. 44-48. dez./2000.
  • 4. Perrenoud, E Construir as competęncias desde a escola, Traduçăo Bruno Charles Megne, Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
  • 5. Egry, E. Y. Saúde Coletiva: construindo um novo método em enfermagem. Săo Paulo: ícone, 1996.
  • 6. Fiorin, J. L. Elementos de análise do discurso. 7Ş. ed. Săo Paulo: Contexto, 1999. 93p.
  • 7.  Le Boterf, G. Compétence et navigation profeasionnelle. Paris: Éd. D'Organisation, 1997.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Dez 2008
  • Data do Fascículo
    Jun 2002
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