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Curso Técnico de Enfermagem do PROFAE - Ceará: uma análise sob a óptica dos egressos

Curso Técnico de Enfermería del PROFAE - Ceará: un análisis bajo la óptica de los egresados

Resumos

Este estudo objetivou analisar o curso Técnico em Enfermagem do PROFAE, sob a perspectiva dos egressos, vislumbrando o reconhecimento dos pontos fortes e as dificuldades decorrentes do desenvolvimento do curso. Estudo descritivo-exploratório de natureza qualitativa, desenvolvido com os egressos da Escola de Saúde Pública do Ceará. Foram realizados dois grupos focais, com 21 egressos, em maio e junho de 2007. Utilizou-se a análise de conteúdo para a compreensão das falas. Evidenciou-se que o curso proporcionou aquisição de conhecimentos, transformando a vida dos participantes, passando a ser agente de mudança no contexto de trabalho. Foram analisados a qualidade do currículo, a metodologia, o material didático disponibilizado pela instituição, bem como a atuação do corpo docente. Como pontos frágeis citaram-se a limitação do campo de estágio, duração do curso e gerenciamento de ajuda de custo. Entende-se que a avaliação representa um aspecto importante para o curso, ensejando o aperfeiçoamento da proposta.

Educação Técnica em Enfermagem; Educação em enfermagem; Avaliação educacional


Este estudio objetivó analizar el curso Técnico en Enfermería del PROFAE, bajo la perspectiva de los egresados, con la finalidad de conocer los puntos fuertes y las dificultades provenientes del desarrollo del curso. Se trata de un estudio descriptivo y exploratorio, de naturaleza cualitativa, desarrollado con los egresados de la Escuela de Salud Pública de Ceará. Fueron creados dos grupos, con 21 egresados, en mayo y junio de 2.007. Se utilizó el análisis de contenido para comprender los diálogos. Se colocó en evidencia que el curso proporcionó la adquisición de conocimientos, transformando la vida de los participantes, pasando a ser un agente de cambios en el contexto de trabajo. Fueron analizados la calidad del currículum, la metodología, el material didáctico disponible en la institución, así como la actuación del cuerpo docente. Como puntos frágiles se citaron la limitación del campo de prácticas, la duración del curso y la administración de ayuda de costo. Se entiende que la evaluación representa un aspecto importante para el curso, que tiene por finalidad perfeccionar la propuesta.

Graduación en Auxiliar de Enferméria; Educación en enferméria; Evaluación educacional


This study aimed to analyze PROFAE's technical Nursing course from the perspective of the students that had completed the course regarding the identification of strengths and weaknesses they identified during the program. This exploratory, qualitative-based descriptive study was carried out with graduates of the Public Healthcare School of Ceará, who had completed the course. Two focal groups composed of 21 graduates were organized in the months of May and June 2007. The content analysis was used for the comprehension of the discourses. Results indicated that the course provided the graduates with a great deal of knowledge, thus positively affecting their lives and transforming them into agents of change in their work contexts. The study analyzed the curriculum, the methodology, the textbooks and other available materials, as well as the professors. The reported weaknesses were training field limitations, the length of the course, and the sponsorship management. The present assessment represents an important tool for the development of the course, generating an opportunity for the improvement of the proposal.

Education, Nursing, Associate; Education, nursing; Educational measurement


ARTIGO ORIGINAL

Curso Técnico de Enfermagem do PROFAE - Ceará: uma análise sob a óptica dos egressos

Curso Técnico de Enfermería del PROFAE - Ceará: un análisis bajo la óptica de los egresados

Carmem Cemires Cavalcante CostaI; José Gomes Bezerra FilhoII; Márcia Maria Tavares MachadoIII; Maria de Fátima Antero Sousa MachadoIV; Antônia Cristina JorgeV; Tânia Maria Saunders de CastroVI

IEnfermeira. Mestranda em Saúde Pública. Especialista em Formação Pedagógica na área da saúde: Enfermagem. Supervisora Pedagógica do Núcleo de Educação Profissional da Escola de Saúde Pública do Ceará. Fortaleza, CE, Brasil. carmem@esp.ce.gov.br

IIEstatístico. Doutor em Saúde Coletiva. Professor Adjunto do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, CE, Brasil. gomes@ufc.br

IIIEnfermeira. Doutora em Enfermagem em Saúde Comunitária. Pesquisadora do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. Coordenadora da Pesquisa. Fortaleza, CE, Brasil. marciamachado@pq.cnpq.br

IVEnfermeira, Doutora em Enfermagem. Professora do Curso de Enfermagem da Universidade Regional do Cariri/URCA e da Universidade de Fortaleza. Enfermeira da Escola de Saúde Pública do Ceará. Fortaleza, CE, Brasil. fatimaantero@uol.com.br

VEnfermeira. Mestranda em Saúde Pública. Especialista em Formação Pedagógica na área da saúde: Enfermagem. Supervisora Pedagógica do Núcleo de Educação Profissional da Escola de Saúde Pública do Ceará. Fortaleza, CE, Brasil. acristina@esp.ce.gov.br

VIEnfermeira. Especialista em Formação Pedagógica na área da saúde: Enfermagem. Especialista em Psiquiatria. Supervisora Pedagógica do Núcleo de Educação Profissional da Escola de Saúde Pública do Ceará. Fortaleza, CE, Brasil. tania@esp.ce.gov.br

Correspondência Correspondência: Carmem Cemires Cavalcante Costa Avenida Antônio Justa, 3161 - Meireles CEP 60165-090 - Fortaleza, CE, Brasil

RESUMO

Este estudo objetivou analisar o curso Técnico em Enfermagem do PROFAE, sob a perspectiva dos egressos, vislumbrando o reconhecimento dos pontos fortes e as dificuldades decorrentes do desenvolvimento do curso. Estudo descritivo-exploratório de natureza qualitativa, desenvolvido com os egressos da Escola de Saúde Pública do Ceará. Foram realizados dois grupos focais, com 21 egressos, em maio e junho de 2007. Utilizou-se a análise de conteúdo para a compreensão das falas. Evidenciou-se que o curso proporcionou aquisição de conhecimentos, transformando a vida dos participantes, passando a ser agente de mudança no contexto de trabalho. Foram analisados a qualidade do currículo, a metodologia, o material didático disponibilizado pela instituição, bem como a atuação do corpo docente. Como pontos frágeis citaram-se a limitação do campo de estágio, duração do curso e gerenciamento de ajuda de custo. Entende-se que a avaliação representa um aspecto importante para o curso, ensejando o aperfeiçoamento da proposta.

Descritores: Educação Técnica em Enfermagem. Educação em enfermagem. Avaliação educacional.

RESUMEN

Este estudio objetivó analizar el curso Técnico en Enfermería del PROFAE, bajo la perspectiva de los egresados, con la finalidad de conocer los puntos fuertes y las dificultades provenientes del desarrollo del curso. Se trata de un estudio descriptivo y exploratorio, de naturaleza cualitativa, desarrollado con los egresados de la Escuela de Salud Pública de Ceará. Fueron creados dos grupos, con 21 egresados, en mayo y junio de 2.007. Se utilizó el análisis de contenido para comprender los diálogos. Se colocó en evidencia que el curso proporcionó la adquisición de conocimientos, transformando la vida de los participantes, pasando a ser un agente de cambios en el contexto de trabajo. Fueron analizados la calidad del currículum, la metodología, el material didáctico disponible en la institución, así como la actuación del cuerpo docente. Como puntos frágiles se citaron la limitación del campo de prácticas, la duración del curso y la administración de ayuda de costo. Se entiende que la evaluación representa un aspecto importante para el curso, que tiene por finalidad perfeccionar la propuesta.

Descriptores: Graduación en Auxiliar de Enferméria. Educación en enferméria. Evaluación educacional.

INTRODUÇÃO

O novo modelo de saúde exige profissionais capacitados que atendam às demandas da população, bem como dos serviços de saúde. Assim, em 1999, o Ministério da Saúde (MS) criou o Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem (PROFAE), cujo objetivo era promover a melhoria da qualidade da atenção ambulatorial e hospitalar, mediante a oferta de qualificação profissional aos trabalhadores empregados nos estabelecimentos de saúde das redes pública e privada, bem como apoiar a dinamização e regulamentação do mercado de trabalho no setor saúde(1).

Inicialmente, o projeto tinha como propósito trabalhar com duas modalidades de formação: a Complementação do Ensino Fundamental (CEF) e Qualificação Profissional de Auxiliar de Enfermagem (QP). Considerando o movimento crescente de qualificação dos trabalhadores e nas exigências advindas das Novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico, o Projeto incorporou, em 2002, a modalidade do Curso de Complementação da Qualificação Profissional de Auxiliar de Enfermagem para Técnico em Enfermagem (CQP), destinado aos auxiliares com ensino médio concluído que estivessem empregados em estabelecimentos de saúde de média e alta complexidade(2).

Nessa conjuntura, a incorporação da modalidade de complementação da qualificação foi ao encontro da política pública vigente na área da saúde, uma vez que, são necessários para a organização dos serviços de saúde em todos os níveis de atenção, profissionais qualificados e especializados para o desenvolvimento de ações de média e alta complexidade(2).

No Estado do Ceará, o primeiro cadastramento do PROFAE teve início em novembro de 1999 pelo Banco do Brasil, ensejando uma grande demanda de profissionais para qualificação, o que oportunizou a participação de diversas instituições de ensino no processo licitatório do Ministério da Saúde (MS).

Com uma experiência acumulada de 13 anos na formação de auxiliares de enfermagem, em 2000, a Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP-CE) atuou nas atividades de mobilização e cadastramento dos trabalhadores do PROFAE e, em seguida, na qualificação profissional, abrangendo de forma descentralizada uma grande parte dos candidatos cadastrados em todo o Estado.

Ao longo de cinco anos (2001 a 2005) em parceria do PROFAE com a ESP-CE, foram qualificados 5.351 auxiliares de enfermagem e 797 técnicos de enfermagem(2), sendo extremamente importante avaliar a qualidade desses cursos, sob a visão daqueles que participaram ativamente no processo de formação. No que se refere à realidade do Estado do Ceará, essa avaliação ainda não foi realizada, o que certamente vem reforçar a relevância deste estudo.

Neste contexto, a presente pesquisa se propõe a analisar o curso, sob a óptica dos egressos, vislumbrando um reconhecimento dos pontos fortes, bem como das dificuldades decorrentes do desenvolvimento do curso. Entende-se que este processo ensejará um redirecionamento de futuros cursos técnicos na área de enfermagem no Estado e no cenário nacional.

MÉTODO

Trata-se de estudo descritivo-exploratório, de natureza qualitativa. Optou-se por essa metodologia pelo fato de se reconhecer a existência de uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, atribuindo um significado aos fenômenos que interpreta, por trabalhar com o universo de significados, valores e atitudes dos processos e dos fenômenos que não podem ser quantificados, respondendo, portanto, a questão norteadora deste estudo(3).

Este estudo faz parte de um projeto financiado pela UNESCO em parceria com o Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), intitulado Avaliação do Curso Técnico em Enfermagem/PROFAE pelos egressos e supervisores no Estado do Ceará, compreendendo o resultado da primeira etapa deste projeto. Foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da ESP-CE, pelo parecer nº 04/2006.

O estudo teve como cenário três municípios do Estado do Ceará (Fortaleza, a capital; Maracanaú, município metropolitano; e São Benedito, situado na região norte do estado), selecionados aleatoriamente de um total de 18 que sediaram turmas do Curso Técnico em Enfermagem, promovido pela parceria PROFAE/ESP-CE, no período de 2002 a 2005.

O estudo teve início com a identificação dos egressos, com base no banco de dados disponível na ESP-CE. Posteriormente, foi realizado contato com as secretarias municipais de saúde e coordenadores locais das turmas de egressos, para localizá-los e convidá-los a participar voluntariamente dos grupos focais.

Foram realizados dois grupos, o primeiro em Fortaleza, com egressos das turmas de Fortaleza e Maracanaú, e o segundo em São Benedito. A amostra constituiu-se de 21 egressos, quando se obteve uma aproximação da interlocução dos agentes sociais, com os objetivos propostos inicialmente pelo estudo. No grupo focal de Fortaleza e Maracanaú participaram 10 egressos e o de São Benedito contou com a presença de 11 técnicos em enfermagem.

Foi elaborado um roteiro semi-estruturado para condução dos grupos focais, tendo como enfoque questões relacionadas à percepção dos egressos acerca do Curso Técnico de Enfermagem, destacando os pontos fortes e as dificuldades enfrentadas no decorrer do processo formativo.

Os grupos focais foram realizados observando o rigor de que trata a literatura, no que se refere à homogeneidade do grupo (todos os participantes eram egressos), ao limite de participantes que pudesse proporcionar boa interação e condução pelos facilitadores e moderadores, e a utilização de um roteiro para direcionar a discussão(4). Para tanto, foram realizados em locais preparados para este fim, sendo gravados após o consentimento dos participantes, respeitando o sigilo do nome e das informações fornecidas. Utilizou-se como pergunta norteadora central a seguinte, introduzida no início do grupo focal: O que foi para vocês o curso do PROFAE, realizado no Ceará?

Buscou-se, portanto, obter informações suficientes para a reconstituição do universo simbólico dos informantes, de modo a permitir uma análise aprofundada das falas, envolvendo a questão central do tema pesquisado.

Após a transcrição das fitas, na forma íntegra do uso da palavra dos egressos, procedeu-se à leitura flutuante e aprofundada das falas, e posterior formulação de categorias, organizadas à luz de Bardin, e analisadas com suporte em um diálogo aproximado com a literatura revisada para a pesquisa.

Ao término dessa etapa, julgamos haver acessado o material focalizado na investigação, cuja categorização realizada na etapa de processamento e análise indicou uma convergência das categorias em torno de dois temas centrais, sobre os quais se passa a discorrer: 1) Pontos fortes do Curso Técnico de Enfermagem; 2) Principais dificuldades enfrentadas no Curso Técnico de Enfermagem.

A identificação dos sujeitos foi feita através de siglas alfa-numéricas, indicando o número do grupo focal e um número seqüencial atribuído de acordo com a lista nominal dos participantes.

Por fim, este estudo possui caráter exploratório, haja vista serem ainda muito escassas na literatura produções, empíricas ou conceituais, acerca do tema examinado, na perspectiva aqui adotada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Participaram do estudo vinte e um egressos, com a idade dos participantes variando entre 22 a 58 anos (média de 41 anos), e o tempo de formação técnica de enfermagem de um a três anos. Foram envolvidos, entretanto, profissionais das turmas que concluíram o curso em 2003, 2004 e 2005.

Os técnicos de enfermagem estavam vinculados a unidades hospitalares (10), centros de saúde (6), Estratégia Saúde da Família (3), um na área administrativa, e apenas um estava desempregado no momento da realização do grupo focal. O tempo de atuação na área de enfermagem variou de 2 a 29 anos (média de 12 anos), considerando as atividades como atendente, auxiliar e técnico de enfermagem.

A seguir, estão apresentadas as categorias apreendidas conforme as falas dos egressos quanto aos principais pontos fortes e dificuldades enfrentadas no decorrer do Curso Técnico de Enfermagem do PROFAE/ESP-CE.

1) Pontos Fortes do Curso Técnico de Enfermagem

O Curso Técnico de Enfermagem como um instrumento de capacitação do auxiliar de enfermagem

A percepção de que o curso proporcionou aquisição de conhecimentos, transformando a vida dos participantes, passando a ser agente de mudança nos contextos de trabalho, foi evidente em diversos recortes das falas. Os egressos destacaram o currículo do curso, o material didático disponibilizado pela instituição, bem como a atuação do corpo docente.

Alguns aspectos foram citados mais freqüentemente pelos egressos como sendo primordiais à garantia da qualidade do ensino desenvolvido pela ESP-CE. Há um entendimento de que, além dos fatores supracitados, aspectos como a possibilidade de aprovação em concursos e a ascensão profissional apresentaram-se como pontos fortes do curso. As falas denotam este significado:

Ter uma credibilidade, ter status em relação às outras pessoas e não assim superioridade, mas em relação a conhecimentos, métodos de ensino, outros cursos de técnico (GF2-E5).

E também uma oportunidade que surgiu, pois está tendo vários concursos nas cidades e que a gente pode concorrer essa vaga, então além dele ter capacitado o nosso trabalho do dia-a-dia a gente também ainda ganhou a oportunidade de crescer um pouco financeiramente e também tecnicamente (GF1-E8).

Outro aspecto destacado pelo grupo foi a maior segurança na execução de procedimentos de enfermagem, após a realização do curso, e conseqüente segurança no trabalho, considerando a adoção criteriosa de medidas de biossegurança, demonstrando a incorporação prática do conhecimento adquirido. Esses fatores estão evidentes nos depoimentos apresentados a seguir:

O curso técnico nos deu mais segurança no trabalho, hoje a gente tá lá no hospital porque sabe o que tá fazendo, os médicos prescreve lá e a gente já sabe o que faz e o que vai fazer com a maior segurança (GF2-E2).

Na prática, no exercitar, manusear, administrar o medicamento que nem o aerosol, uma injeção, o dia-a-dia, então esse curso é excelente, você se sente segura, qualquer aluno se sente seguro, você vai fazer com segurança o que você aprendeu (GF2-E11).

O curso trouxe pra nós uma grande segurança com relação ao trabalho, biossegurança e hoje as nossas técnicas são diferentes (GF2-E6).

A humanização na prestação da assistência de enfermagem, tema considerado atualmente protagonista nos palcos da saúde pública mundial, indiscutivelmente uma pauta principal das discussões nos âmbitos da gestão, assistência e ensino, também foi destacada pelos egressos(5). Segundo os relatos, discutiu-se em sala de aula o tratamento multidimensional do paciente, conforme observado nas falas seguintes:

Além desse curso ter trabalhado muito a gente nos procedimentos corretamente, a gente debateu muito aqui na sala a questão do paciente (GF1-E3).

[...] a questão do tratar o paciente não só da doença que ele tá vendo ali, que é o lado que a gente trabalha de dar carinho, amor, assim de dar mais atenção e saber entender, ser o psicológico do paciente (GF2-E1).

Considerando que a enfermagem é uma profissão que tem o cuidado como princípio norteador, é uma das poucas profissões cujo mercado de trabalho continua em expansão. O leque de possibilidades das áreas de atuação de enfermagem pode ser uma das principais motivações que fazem com que os cursos de enfermagem tenham uma alta demanda(6).

A ESP-CE, ao longo de 13 anos trabalhando com a educação profissional na área da Enfermagem, priorizou o desenvolvimento de um currículo que contemplasse os diversos setores de atuação desse trabalhador, buscando atender as necessidades da área de saúde, baseando-se em uma concepção humanística e transformadora.

A utilização da Metodologia da Problematização: tornando o curso mais dinâmico

A metodologia da Problematização visa o desenvolvimento da criatividade e das potencialidades dos treinandos ao estimular sua participação no processo de ensino-aprendizagem numa perspectiva do conhecimento do contexto da realidade(7).

Considerando que os candidatos ao Curso Técnico de Enfermagem do PROFAE/ESP-CE já trabalhavam na área de enfermagem, a proposta de formação estava pautada na Educação do Trabalho. O conteúdo das diversas disciplinas era desenvolvido de maneira articulada e em estreita relação com a prática, conduzindo o aluno das ações de menor até as de maior complexidade.

De acordo com as falas dos egressos, há uma compreensão de que a metodologia da Problematização auxiliou na aprendizagem, bem como despertou o interesse deles pelo curso. Os depoimentos a seguir retratam esta situação:

[...] quando a gente chegava ficava esperando aquele professor dar toda matéria na lousa... tinha gente que queria desistir do curso... mas a gente tinha que discutir e começar com uma discussão dentro da sala do problema (GF2-E11).

Elas usavam um método de que quase todo dia uma dinâmica e aquilo ali ia abrindo mais a mente da gente e ía fazer com que a gente fosse se engajando mais..., não ficava aquela coisa rotineira, [...] eu achei ótimo o que foi repassado pra nós (GF2-E2).

As facilitadoras até explicava que a metodologia tinha que ser assim matéria, matéria porque era um período curto, só que elas souberam transmitir essa matéria pra gente de maneira bem dinâmica [...] (GF1-E8).

Os Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Profissional de Nível Técnico recomendam a utilização de metodologias de ensino que exercitem a aprendizagem voltada para a resolução de problemas. Orienta, ainda, que esses problemas não sejam apenas de natureza técnica-científica, mas também sociais, promovendo uma reflexão sobre o contexto(8).

Nesse ínterim, na metodologia da Problematização, a aprendizagem é considerada como uma construção cujo epicentro é o próprio aprendiz, partindo de um problema real, teorizando-se o conhecimento prévio, para em seguida, aplicá-lo à realidade. Tal método permite que o aluno direcione o próprio aprendizado, buscando informações para aperfeiçoar o conhecimento preexistente(9-10).

O material didático: disponível e com qualidade

O material didático adotado no curso foi composto por um livro-texto Manual do Técnico e Auxiliar de Enfermagem, que abordava os conteúdos trabalhados no decorrer do curso, tendo como foco principal a atuação do técnico em enfermagem na área hospitalar.

Conforme os egressos, esse material didático adotado no curso contribuiu muito para enriquecer o processo de aprendizagem. As falas seguintes afirmam esta consideração:

A forma que nos ofereceu pra gente ter o material facilitava, nós recebemos uma coleção muito boa e que até tá ajudando quem tá tentando fazer concurso agora e nós tivemos muitas apostilas que as facilitadoras deram pra gente, elas buscavam do estudo delas lá e passavam pra gente [...] (GF2-E7).

Tanto é que pra esse concurso do estado ele pediu justamente até uma apostila do curso, era um concurso do estado, mas pediu todo conteúdo dele e eu fiz e passei no concurso do estado com o livro do técnico de enfermagem, aquele manual (GF1-E3).

Como material complementar, a equipe pedagógica preparou um Manual de textos de apoio, com artigos e temas atualizados para serem discutidos em sala de aula. Foi distribuído ainda o kit de livros do Ministério da Saúde destinado à formação de auxiliares de enfermagem como material de consulta e de revisão de conteúdos.

Qualificação do corpo docente: um estímulo aos alunos

O corpo técnico-pedagógico do Curso Técnico de Enfermagem era constituído pelo coordenador geral, uma equipe de coordenadores pedagógicos, locais, facilitadores e supervisores de estágio. O coordenador pedagógico era responsável pela coordenação técnico-pedagógica na execução das turmas, no sentido de acompanhar, avaliar e apoiar o desempenho dos coordenadores locais, facilitadores e supervisores de estágio, aplicando os mecanismos pertinentes para o aprimoramento e desenvolvimento profissional.

Outro agente importante no processo foi o coordenador local que monitorou os cursos utilizando algumas estratégias, como o acompanhamento da dinâmica de sala de aula, realização de reuniões de planejamento do ensino, incentivando propostas de atividades complementares, visando o cumprimento do cronograma de execução do currículo. Os discursos a seguir traduzem esta realidade.

[...] o que nos fez estudar, apesar do cansaço do trabalho, foi as facilitadoras, com as dinâmicas, acho que foi o que fez a gente ter mais ânimo pra aprender e pra botar em prática (GF1-E9).

Muito bons, eles realmente entendem do assunto, eles sabem transmitir, foi muito bom (GF1-E5).

Na metodologia da Problematização, o facilitador/supervisor atua como mediador no processo ensino-aprendizagem, no qual o aluno é sujeito da história e não objeto dela. A relação entre facilitador e aluno deve acontecer de forma horizontal, proporcionando momentos de vivência, e sendo capaz de compreender os vínculos de sua prática com a prática social global(9).

A formação de profissionais críticos e reflexivos, com capacidade de enfrentamento dos problemas que se apresentam na sociedade e, principalmente, na área da saúde, implica a utilização de metodologias ativas de ensino-aprendizagem, que permitam aos alunos atuar como sujeitos na elaboração da sua aprendizagem, tendo o professor como facilitador e orientador(11).

Apoio dos parceiros envolvidos no processo de capacitação

Para a execução descentralizada dos cursos do PROFAE, o projeto estabeleceu parcerias com os gestores do SUS, nas três esferas de governo, tendo como intuito a garantia das condições necessárias à implementação das turmas nos municípios. Da mesma forma, articulou-se com os sistemas estaduais responsáveis pela regulação da educação, visando o reconhecimento do espaço extramuros das escolas como meio passível de desenvolvimento de ações formativas(12). O reconhecimento do apoio das instituições parceiras do PROFAE foi expresso pelos egressos nas falas que se seguem:

[...] nós tivemos assim um apoio da Escola de Saúde Pública, é uma porta aberta pra gente, quem não quer estudar na Escola? Quem agora não quer estudar no Profae? (GF1-E7).

[...] a chefe de enfermagem do hospital até mudou as nossas escalas pra gente não chegar atrasada no curso, pra não perder o curso da gente, porque era válido e era um ponto a mais e facilitou pra gente, lógico (GF2-E6).

Os relatos reproduzidos mostram que o egresso visualiza melhor a rede de parcerias do PROFAE mediante a atuação institucional, que promove o curso, no caso, a Escola de Saúde Pública do Ceará, e do seu local de trabalho.

A formação de redes de parceria consiste em estratégia fundamental de interação e troca de experiências entre instituições e profissionais, de modo que possam apoiar-se reciprocamente em seu trabalho e melhor realizar seus objetivos educacionais, mediante a transformação e melhoria contínua de suas práticas, condição fundamental para responder às constantes necessidades de adaptação à evolução do ambiente socioeconômico e cultural(2).

É importante ressaltar que a rede de parcerias estabelecida para os cursos do PROFAE teve como objetivo maior garantir a qualificação dos trabalhadores vinculados às unidades de saúde do SUS, de modo a maximizar recursos e promover troca de experiências entre os agentes envolvidos, uma estratégia muito enriquecedora profissionalmente para o alargamento dos horizontes de todos, pela troca de visão e conhecimentos.

Relacionamento interpessoal efetivo

Um aspecto identificado pelos participantes como positivo foi o relacionamento interpessoal. Eles atribuem grande importância ao harmonioso relacionamento do grupo, para o efetivo processamento da aprendizagem, conforme se pode observar nas citações a seguir:

Eu vejo assim todo mundo com um objetivo só, tanto os facilitadores ajudava os aluno como os aluno ajudava entre si, quando um colega tava faltando, copiava o dele, ajudava a ele, eu fui muito ajudada, eu só aprendi através das outras cabeça, se não fosse as outras cabeça, a minha só, eu não tinha continuado [...] (GF2-E11).

E também tem o entrosamento da gente, porque as meninas trabalham no hospital, no PSF e a gente não tinha esse contato, aí depois do curso nós ficamos mais entrosadas, conhecemos o trabalho das outras [...] (GF1-E9).

O modo de agir e interagir dos agentes da aprendizagem provoca diferentes resultados nesta. A facilitação de tal aprendizagem depende da qualidade do comportamento apresentado no relacionamento pessoal do grupo, como autenticidade, apreço e compreensão empática(13).

Nesse contexto, é consenso assinalar que, dependendo do tipo de interação estabelecida, poderá ocorrer o isolamento do aluno como tentativa de proteger-se, ou o perfeito processo de aprendizagem. A existência de diferenças pode ocasionar conflitos na turma, sendo minimizados pela comunicação(14).

Entende-se que é de suma importância a abordagem das relações interpessoais em qualquer curso, principalmente na formação técnica em enfermagem, considerando o cuidar como objeto de estudo.

2) Principais dificuldades enfrentadas no Curso Técnico de Enfermagem

Adaptação à metodologia de ensino

Houve dificuldade na adaptação dos egressos à metodologia adotada pela instituição. A falta de habilidade para falar em público e a timidez foram citados como dificultadores no processo de ensino-aprendizagem. Há, no entanto, uma compreensão dos participantes de que a metodologia da Problematização seja adequada à eficiente aprendizagem. As falas a seguir denotam esse significado:

A minha maior dificuldade particularmente foi a timidez, chegar e ir lá pra frente falar foi terrível (GF1-E9).

[...] tive dificuldade de se expressar, apresentar seminários, falar na frente dos outros, porque eu era toda encabulada e não queria ir e foi lá que eu aprendi a se soltar (GF2-E9).

A timidez relatada pelos alunos está intrinsecamente ligada à dificuldade de falar em público. A pessoa tímida apresenta um padrão de comportamento que não exprime os pensamentos e sentimentos, impossibilitando a interação ativa. São (re)vivências de situações ocorridas num período em que não se possuía ainda o pensamento cognitivo desenvolvido, interagindo com o mundo totalmente por meio das emoções(15).

Esta dificuldade apresentada pelos egressos, no que se refere à metodologia utilizada no curso, também decorre da formação recebida pelos profissionais, predominantemente centrada no professor, que atuava como um repassador de informação(16).

Falta de acesso a hospitais terciários durante o estágio

O Curso Técnico de Enfermagem inclui o estágio supervisionado como atividade indispensável ao aprendizado do aluno. O objetivo é promover o desenvolvimento de competências (conhecimento, habilidade e atitudes) nos alunos, para atuarem junto ao cliente/paciente com segurança, ética, humanização e respeito, propiciando uma assistência de alta qualidade nas atividades hospitalares.

Além disso, possibilita a integração teoria-prática, situando o aluno diante de ações de promoção, prevenção, controle, recuperação e reabilitação referenciadas nas necessidades de saúde individual e coletiva, determinadas pelo processo gerador de saúde e doença.

Os estágios, com duração de 340 horas, eram realizados nas unidades de saúde dos municípios-sede de curso, bem como em outros serviços de referência, conforme o desenvolvimento dos módulos, propiciando aos educandos o aprendizado e a vivência profissional em situação real de trabalho.

Os grupos focais apontaram como uma das principais dificuldades a limitação de campo de estágio durante o processo formativo, como pode ser observado nas falas que se seguem:

[...] o auxiliar de enfermagem, pelo menos comigo aqui no Profae, foi praticamente quase todo no HGF, então na época do técnico parece que o HGF não teve disponibilidade devido aos vários cursos, a gente teve que ir pra Gonzaguinha, Valdemar de Alcântara aí ficou mais distante (GF2-E10).

Eles deviam colocar os estágios em hospital grande que tivesse tudo pra gente vê tudo entendeu, [...], eles queriam hospital de grande porte pra gente fazer esse estágio lá, que é pra vê tudo (GF1-E9).

Considerando que o objetivo do curso era complementar a qualificação profissional de Auxiliares de Enfermagem, nos diversos níveis de atenção à saúde, a dificuldade apontada encontra fundamento, pois tais níveis envolvem ações primárias, secundárias e terciárias.

Ao se pactuar porém, esta formação junto aos gestores municipais, foi enfatizada a necessidade de realizar o curso in loco, de forma a diminuir o máximo possível o deslocamento de alunos para outros municípios, principalmente pelo fato de estes estarem vinculados, em sua maioria, às unidades hospitalares municipais na condição de auxiliares de enfermagem.

Desta forma, optou-se pela descentralização dos cursos, evitando a formação de consórcios. Esta estratégia facilitaria o acesso, diminuiria as possíveis evasões, além de possibilitar o trabalho de conteúdos vivenciados na própria realidade local onde estes alunos estão inseridos. Foram, no entanto, deparados campos de estágio nos municípios com capacidade técnica instalada insuficiente, na perspectiva de ações secundárias e terciárias.

Com o intuito de minimizar esta situação, a ESP-CE negociou campos de estágio em municípios de maior porte, apesar da superlotação de estagiários em algumas unidades, o que dificultou a celebração de parcerias.

Apesar das dificuldades apontadas, compreendemos que esta formação deve ser pautada sob a óptica da Política de Educação Permanente, que tem como principais características o fato de ser descentralizadora, ascendente e transdisciplinar, com potencial para desenvolvimento da capacidade de enfrentamento criativo das situações de saúde, independentemente do nível de atenção, bem como melhorar permanentemente a qualidade do cuidado à saúde, primando pelos conceitos éticos e, principalmente, voltado para a humanização da assistência de enfermagem(17).

Duração do curso e aprofundamento do conteúdo: momentos de conflitos

Há uma compreensão por parte dos alunos de que a realização do curso em um período curto (oito meses) restringiu o aprofundamento dos conteúdos apreendidos, além da prática no campo de estágio.

Alguns participantes acreditam que certas técnicas, como a vacinação, por exemplo, deveriam ter sido mais exercitadas e acompanhadas por um enfermeiro especialista, conforme apresentado nas falas:

Pra mim o ponto mais negativo que eu achei no curso, foi o tempo ter sido curto, porque foi exatamente por isso que houve essa correria entre alunos e facilitadores, funcionários, aí a gente se achou mesmo agredido pelo tempo (GF2-E6).

Eu agora mesmo que estou tendo a experiência de vacinar, só que eu acho que o estágio de imunização não teve assim uma instrutora, uma enfermeira de imunização que tivesse ali lado a lado com o estagiário, a imunização que é uma coisa bem séria (GF2-E2).

O Curso Técnico de Enfermagem foi planejado para ser executado em 10 meses, tendo uma carga horária semanal de 20 horas, totalizando 750 horas ao final do curso. As últimas turmas do PROFAE/ESP-CE tiveram que ser realizadas em menor tempo, em razão da vigência do contrato.

Para tanto, as atividades previstas para esses cursos foram intensificadas em virtude do limite disponibilizado pelo Ministério da Saúde. Dessa forma, as aulas teórico-práticas eram realizadas de segunda a sexta-feira e, eventualmente, aos sábados, com o desenvolvimento das disciplinas transversais.

O excesso de atividades vivenciadas pelos alunos trabalhadores dificultou o seu ensino-aprendizagem haja vista que acumularam as atividades profissionais com as educativas, não sendo liberados em alguns momentos pelos gestores, conforme expresso anteriormente. As falas evidenciam tal fato:

[...] cansada como eu quatro horas da madrugada me levantava pra ir trabalhar, apanhava dois transportes, vinha pra aula no Maracanaú e já chegava morta de cansada, mas ficava lá até as dez horas, de seis da noite (GF1-E10).

[...] o nosso tempo, como eu lhe disse a gente trabalha e aí a gente ía pras aulas aos sábados também, aí se tornava cansativo pra nós e que na segunda já tinha que ta no batente de novo, que foi um ponto negativo porém, produtivo (GF2-E8).

O Ministério da Saúde elaborou o PROFAE baseado na necessidade dos inúmeros trabalhadores do sistema de saúde que necessitavam de capacitação, no entanto, deveriam continuar trabalhando.

Considerando essa peculiaridade e seguindo as diretrizes do Ministério da Educação, a Instituição Formadora implementou um curso com atividades teórico-práticas realizadas no período noturno e estágio realizado com uma carga máxima de seis horas diárias no período diurno, quando o aluno/trabalhador deveria ser liberado pelo gestor da unidade, caso estivesse em serviço.

Os adultos trabalhadores possuem rica fonte de aprendizagem e formulação de conhecimentos, bem como de socialização e emoções diversas: o seu trabalho(18). Portanto, ao contrário de enxergar o trabalho como elemento dificultador da atividade escolar, o curso procurou criar formas e mecanismos de fazê-lo cada vez mais presente no processo de aprendizagem e não criar nenhum esquema punitivo, em virtude das dificuldades advindas dessa atividade.

Ajuda de custo: dificuldades no gerenciamento

O Auxílio-Aluno foi instituído pela Lei nº 10.429, de 24.04.2002, e destinou-se ao custeio parcial, no valor de trinta reais, das despesas realizadas com transporte coletivo, intermunicipal e interestadual, para os alunos matriculados em cursos do PROFAE, nos deslocamentos de suas residências para os locais de realização dos cursos que estivessem freqüentando e destes para suas residências(12).

Entretanto, muitas foram as dificuldades na gerência dos beneficiários, causando muita insatisfação nos alunos matriculados, que não receberam o auxílio, embora estivessem cursando, ou receberam de forma parcial. As seguintes abaixo mostram essa insatisfação:

[...] essa ajuda de custo durante o período do curso às vezes não conseguiram receber, a gente que já ta pagando passagem sai um pouco difícil, tirar da boca da família pra pagar passagem às vezes é chato (GF1-E4).

[...] não recebi ajuda de custo do Profae, quer dizer não sei se é porque estavam implantando, mas tem pessoas que recebiam, o porquê ou alguma coisa houve, uma falha houve (GF2-E11).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observa-se, com arrimo nos discursos dos egressos, uma avaliação satisfatória em relação ao Curso Técnico de Enfermagem do PROFAE/ESP-CE, no que diz respeito à metodologia, material didático e atuação do corpo docente. O crescimento profissional, a partir do conteúdo apreendido pelos egressos, foi fator freqüentemente ressaltado, reforçando a importância desse tipo de estratégia educacional na formação dos técnicos.

Alguns aspectos foram apontados pelos egressos como indicativos de fragilidade, tais como, limitação de campo de estágio, duração do curso e gerenciamento de ajuda de custo. Devem ser observadas, quando do planejamento de turmas de técnicos de enfermagem, estratégias que possam minimizar as dificuldades enfrentadas por aqueles que trabalham rotineiramente e têm que participar das atividades do curso.

Com base nestas informações, é importante rediscutir a organização e operacionalização de mais cursos de Técnico de Enfermagem a serem realizados pela ESP-CE, no intuito de que esses futuros profissionais possam ser mais bem preparados para atuação efetiva na assistência de enfermagem à população em todos os níveis de atenção à saúde.

Nesta perspectiva, acredita-se que este estudo propiciou não só à ESP-CE, bem como a outras escolas técnicas de educação profissional que desenvolvem esta modalidade formadora, uma reflexão sobre a necessidade de avaliação contínua dos cursos e de suas estratégias de operacionalização.

Recebido: 27/02/2008

Aprovado: 10/10/2008

Financiamento Programa de Incentivo à Pesquisa nas Escolas Técnicas do SUS no âmbito do Projeto PROFAE/Ministério da Saúde/UNESCO

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  • 2
    Ceará. Escola de Saúde Pública. PROFAE: Subprojeto de Complementação da Qualificação Profissional de Auxiliar de Enfermagem em Técnico de Enfermagem. Fortaleza; 2002.
  • 3. Minayo MCS, Deslandes SF. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes; 2002.
  • 4. Leopardi MT. Metodologia da pesquisa e saúde. 2Ş ed. Porto Alegre: Pallotti; 2002.
  • 5. Machado MMT, Leitão GCM, Holanda FUX. O conceito de ação comunicativa: uma contribuição para a consulta de enfermagem. Rev Lat Am Enferm. 2005;13(5):723-8.
  • 6. Ferreira MA, Oliveira GRB, Porto IS, Anhorn CG, Castro JBA. O significado do PROFAE segundo os alunos: contribuição para a construção de uma política pública de formação profissional em saúde. Texto Contexto Enferm. 2007;16(3):445-52.
  • 7. Zanotto MAC, De Rose TMS. Problematizar a própria realidade: análise de uma experiência de formação contínua. Educ Pesq. 2003;29(1):45-54.
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    Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CEB n. 16, de 26 de outubro de 1999. Dispõe sobre as diretrizes curriculares nacionais para educação profissional de nível técnico. Brasília; 1999.
  • 9. Berbel NAN. Metodologia da problematização: fundamentos e aplicação. Londrina: UEL; 1999.
  • 10. Freire P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra; 1996.
  • 11. Fernandes JD, Xavier IM, Ceribelli MIPF, Bianco MHC, Maeda D, Rodrigues MVC. Diretrizes curriculares e estratégias para implantação de uma nova proposta pedagógica. Rev Esc Enferm USP. 2005;39(4):443-9.
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    Brasil. Ministério da Saúde. PROFAE: profissionalização dos trabalhadores da área de enfermagem. Brasília; 2006.
  • 13. Abreu MC, Masetto MT. O professor em aula. São Paulo: MG Editores Associados; 1990.
  • 14. Fleuri MR. Educar para quê? Contra o autoritarismo da relação pedagógica na escola. 9Ş ed. São Paulo: Cortez; 2001.
  • 15. Martins C. Como corrigir a timidez. Rio de Janeiro: BrLetras; 2005.
  • 16. Luckesi CC. Avaliação da aprendizagem escolar. 14Ş ed. São Paulo: Cortez; 2002.
  • 17
    Brasil. Ministério da Saúde. Política de Educação e Desenvolvimento para o SUS: caminhos para a educação permanente em saúde. Brasília; 2004.
  • 18. Aranha AVS, Frade ICAS. Educação profissional & educação básica: integração e omnilateralidade na construção de uma proposta de ensino fundamental para atendentes de enfermagem. Formação. 2001;(3):25-37.
  • Correspondência:

    Carmem Cemires Cavalcante Costa
    Avenida Antônio Justa, 3161 - Meireles
    CEP 60165-090 - Fortaleza, CE, Brasil
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      22 Set 2009
    • Data do Fascículo
      Set 2009

    Histórico

    • Aceito
      10 Out 2008
    • Recebido
      27 Fev 2008
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