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Fatores associados com a qualidade de vida de homens idosos

Factores asociados con la calidad de vida de hombres ancianos

Resumos

Inquérito domiciliário, transversal e analítico que objetivou descrever as características sociodemográficas, de saúde e a qualidade de vida de homens idosos e verificar os fatores socioeconômicos e de saúde associados à qualidade de vida. Participaram 804 homens idosos. Os dados foram coletados pelos instrumentos: Older Americans Resources and Services(OARS), World Health Organization Quality of Life - Bref (WHOQOL-BREF) e Health Organization Quality of Life Assessment for Older Adults(WHOQOL-OLD). Foram realizados análise descritiva, teste t-Student, correlação de Pearson e regressão linear múltipla (p <0,05). Predominaram idosos com 60├ 70 anos, casados, 4├ 8 anos de estudo e renda de um salário mínimo. Os menores escores de qualidade de vida foram no domínio físico e na faceta autonomia e estiveram associados a ausência de companheira e de escolaridade, baixa renda, maior número de morbidades e incapacidade funcional. A incapacidade funcional foi o que mais influenciou a qualidade de vida, excetuando-se o domínio físico e a faceta intimidade.

Qualidade de vida; Idoso; Saúde do homem; Enfermagem geriátrica


Encuesta domiciliaria, transversal, analítica, objetivando describir las características sociodemográficas, de salud y calidad de vida de hombres ancianos, y verificar los factores socioeconómicos y de salud asociados a calidad de vida. Participaron 804 hombre ancianos. Datos recolectados mediante instrumentos: Older Americans Resources and Services(OARS), World Health Organization Quality of Life-Bref (WHOQOL-Bref) y Health Organization Quality of Life Assessment for Older Adults (WHOQOL-Old). Se efectuó análisis descriptivo, test t-Student, correlación de Pearson y regresión lineal múltiple (p<0,05). Predominaron ancianos con 60├ 70 años, casados, 4├ 8 años de estudio y renta de un salario mínimo. Los menores puntajes de calidad de vida se dieron en el dominio físico y en la faceta autonomía; estuvieron asociados a ausencia de compañera, de escolaridad, baja renta, mayor número de comorbilidades e incapacidad funcional. La incapacidad funcional fue el factor más influyente en la calidad de vida, exceptuándose el dominio físico y la faceta intimidad.

Calidad de vida; Anciano; Salud del hombre; Enfermería geriátrica


This was an analytical, cross-sectional household survey study aimed at describing the sociodemographic characteristics, health and quality of life of elderly men, and to verify the socioeconomic and health factors related to quality of life. Participants in this study included 804 elderly men. Data were collected using the following instruments: Older Americans Resources and Services scale (OARS), the World Health Organization Quality of Life-BREF (WHOQOL-BREF), and the World Health Organization Quality of Life Assessment for Older Adults (WHOQOL-OLD). Descriptive analysis, student's t-test, Pearson correlation and multiple linear regression (p<0.05) were used. The prevalent characteristics were: individuals 60-70 years old, married, 4-8 years of education, and a minimum wage income. The lowest quality of life scores were in the physical domain and autonomy facet, and were associated with: the absence of a companion, education, low income, higher number of comorbidities, and functional disability. Functional disability had the strongest influence on the quality of life, except for the physical domain and intimacy facet.

Quality of life; Aged; Men's health; Geriatric nursing


INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional atualmente é um fenômeno mundial e, no Brasil, as mudanças na estrutura etária estão ocorrendo de forma acelerada. Segundo o censo demográfico de 2010, o percentual de idosos no País é de 10,8%( 11. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo demográfico 2010: Características da população e do domicílio, resultados do universo {Internet}. Rio de Janeiro; 2010 {citado 2011 ago. 21}. Disponível em: ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Resultados_do _Universo/xls/Brasil/tab1_1_1.zip
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). Ressalta-se que no município de Uberaba-MG, local de realização do presente estudo, a proporção de idosos é superior à nacional, totalizando 12,6%( 22. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Cidades. Minas Gerais. Uberaba {Internet}. Rio de Janeiro; 2010 {citado 2011 ago. 21}. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1
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), o que evidencia a necessidade de realizar estudos que ampliem a compreensão sobre o desenvolvimento do processo de envelhecimento, considerando suas especificidades.

Em 2010, 44,5% do total da população idosa brasileira era do sexo masculino, representando um contingente de mais de nove milhões de pessoas( 11. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo demográfico 2010: Características da população e do domicílio, resultados do universo {Internet}. Rio de Janeiro; 2010 {citado 2011 ago. 21}. Disponível em: ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Resultados_do _Universo/xls/Brasil/tab1_1_1.zip
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). Evidencia-se, assim, a necessidade de realizar estudos que visem identificar as especificidades da população idosa considerando as diferenças de gênero.

Nesse contexto, destaca-se a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem que se refere à necessidade de articulação dos serviços de saúde com as diversas áreas governamentais, o setor privado e a sociedade, para criar redes de compromisso e corresponsabilização pela saúde e qualidade de vida (QV) da população masculina( 33. Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Brasília; 2009. ).

Para o presente estudo será adotada a conceituação de QV, considerada subjetiva, multidimensional, com aspectos negativos e positivos, proposta por um grupo de estudiosos sobre o tema, apoiado pela Organização Mundial de Saúde (OMS): percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e do sistema de valores nos quais ele vive e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações ( 44. The WHOQOL Group. The world health organization quality of life assessment (WHOQOL): position paper from the world health organization. Soc Sci Med. 1995;41(10):1403-9. ).

A literatura científica sobre o processo de envelhecimento, a QV e a saúde de homens idosos é escassa. Um estudo identificou que os homens apresentam baixa autoestima ao envelhecer e concluiu que existe influência das questões de gênero na saúde e QV( 55. Figueiredo MLF, Tyrrel MAR, Carvalho CMRG, Luz MHBA, Amorim FCM, Loiola NLA. As diferenças de gênero na velhice. Rev Bras Enferm. 2007;60(4):422-7. ). Outro estudo com idosos na Itália evidenciou que os menores escores de QV no aspecto físico estiveram relacionados a idade, renda familiar, ausência de companheiro e doenças crônicas( 66. Belvis AG, Avolio M, Sicuro L, Rosano A, Latini E, Damiani G, et al. Social relationships and HRQL: a cross-sectional survey among older Italian adults. BMC Public Health. 2008;8:348. ).

Sabe-se que os homens adentram o sistema de saúde por meio da atenção especializada e que esse ingresso tardio provoca o agravamento da morbidade, o que poderia ser evitado com medidas preventivas. No entanto, indivíduos do sexo masculino apresentam resistência em frequentar os serviços de saúde, daí a necessidade de compreender as barreiras sociais, culturais e institucionais para promover o acesso dos homens a esses serviços( 33. Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Brasília; 2009. ).

Pesquisas com idosos que considerem as especificidades entre os sexos e a influência das condições sociodemográficas, da saúde e da capacidade funcional (CF) sobre a QV poderão contribuir para o planejamento em saúde e a melhoria da atenção direcionada a esse grupo populacional.

Assim, os objetivos desta pesquisa foram descrever as características sociodemográficas, as morbidades, a CF e a QV dos homens idosos e verificar os fatores socioeconômicos e de saúde associados à QV.

MÉTODO

O presente trabalho faz parte de um estudo maior, do tipo inquérito domiciliário, analítico e transversal, que avaliou a QV dos idosos residentes na zona urbana do município de Uberaba-MG. O Município está dividido em três Distritos Sanitários, que se subdividem em 18 áreas de abrangência. É o maior e o principal centro de atendimento médico-hospitalar e odontológico do Triângulo Mineiro e conta com serviços próprios, contratados ou conveniados. Possui 25 Unidades Básicas de Saúde (UBS) urbanas, das quais 12 são Unidades de Saúde da Família (USF). A cobertura das equipes de Saúde da Família é de 44,95%( 77. Uberaba. Prefeitura Municipal, Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo. Uberaba em dados; 2008 {Internet}. Uberaba; 2009 {citado 2009 jul. 20}. Disponível em: http://www.uberaba.mg.gov.br/portal/acervo/desenvolvimento_economico/ arquivos/uberaba_em_dados/Edicao_2009/capitulo_01.pdf
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). A estimativa da população total de idosos residentes no município para o ano de 2010 era de 37.399 habitantes( 22. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Cidades. Minas Gerais. Uberaba {Internet}. Rio de Janeiro; 2010 {citado 2011 ago. 21}. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1
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).

O cálculo da amostragem populacional foi realizado pelo Núcleo de Pesquisa em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), considerando 95% de confiança, 80% de poder do teste, margem de erro de 4,0% para as estimativas intervalares e uma proporção estimada de π=0,5 para as proporções de interesse. Para a seleção dos idosos, utilizou-se a técnica de amostragem estratificada proporcional, levando em consideração os diversos bairros como estratos.

Partindo de uma amostra populacional de 2.683 idosos, foram excluídos 541 idosos, dos quais 201 não foram encontrados após três visitas, 174 recusaram-se a participar, 142 haviam falecido e 25 estavam hospitalizados. Dessa forma, a amostra populacional foi de 2.142 idosos.Os dados foram coletados no domicílio, no período de agosto a dezembro de 2008. Foram considerados critérios de inclusão: ter 60 anos ou mais; ter obtido pontuação mínima de 13 pontos na avaliação cognitiva pelo Miniexame do Estado Mental (MEEM)( 88. Icaza MC, Albala C. Projeto SABE. Minimental State Examination (MMSE) del estudio de dementia en Chile: análisis estatístico. Washington: OPAS, 1999. p. 1-18. ); ser do sexo masculino e morar na zona urbana no município de Uberaba-MG. Atenderam aos critérios estabelecidos 804 idosos.

O instrumento de coleta de dados contendo as variáveis sociodemográficas foi baseado no questionário Older Americans Resources and Services (OARS), elaborado pela Duke University e adaptado à realidade brasileira( 99. Ramos LR. Growing old in São Paulo, Brazil: assessment of health status and family support of the elderly of different socio-economic strata living in the community {thesis}. London (England): London School of Hygiene and Tropical Medicine; 1987. ). Para a avaliação da QV, utilizou-se o instrumento adaptado WHOQOL-BREF( 1010. Fleck MPA, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G, Santos L, et al. Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida "WHOQOL-bref". Rev Saúde Pública. 2000;34(2):178-83. ) e o módulo validado no Brasil WHOQOL-OLD( 1111. Fleck MPA, Chachamovich E, Trentini C. Development and validation of the Portuguese version of the WHOQOL-OLD module. Rev Saúde Pública. 2006;40(5):785-91. ). O primeiro é instrumento genérico de mensuração da QV que possui quatro domínios e duas questões gerais. Já o WHOQOL-OLD é específico para idosos, possui seis facetas e deve ser aplicado juntamente ao WHOQOL-BREF( 1010. Fleck MPA, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G, Santos L, et al. Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida "WHOQOL-bref". Rev Saúde Pública. 2000;34(2):178-83. - 1111. Fleck MPA, Chachamovich E, Trentini C. Development and validation of the Portuguese version of the WHOQOL-OLD module. Rev Saúde Pública. 2006;40(5):785-91. ).

Para as atividades da vida diária (AVD), utilizou-se o instrumento baseado no questionário OARS, adaptado à realidade brasileira( 99. Ramos LR. Growing old in São Paulo, Brazil: assessment of health status and family support of the elderly of different socio-economic strata living in the community {thesis}. London (England): London School of Hygiene and Tropical Medicine; 1987. ), que é composto de 15 atividades de vida prática e diária, a saber: comer, tomar banho, vestir-se, pentear o cabelo, deitar/levantar da cama, ir ao banheiro em tempo, controle urinário, controle intestinal, andar no plano, subir e descer escadas, transporte da cadeira para cama, andar perto de casa, cortar as unhas dos pés. As opções de respostas são: sem dificuldade, com dificuldade, não consegue( 99. Ramos LR. Growing old in São Paulo, Brazil: assessment of health status and family support of the elderly of different socio-economic strata living in the community {thesis}. London (England): London School of Hygiene and Tropical Medicine; 1987. ).

As variáveis estudadas foram: faixa etária; estado conjugal; escolaridade, em anos; renda individual mensal em salários mínimos; número de morbidades autorreferidas; AVD; número de incapacidade funcional (IF); QV por meio dos instrumentos WHOQOL-BREF (domínios: físico; psicológico, relações sociais e meio ambiente)( 1010. Fleck MPA, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G, Santos L, et al. Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida "WHOQOL-bref". Rev Saúde Pública. 2000;34(2):178-83. ) e WHOQOL-OLD (facetas: funcionamento dos sentidos; autonomia; atividades passadas, presentes e futuras; participação social, morte e morrer e intimidade)( 1111. Fleck MPA, Chachamovich E, Trentini C. Development and validation of the Portuguese version of the WHOQOL-OLD module. Rev Saúde Pública. 2006;40(5):785-91. ).

Foi construída uma planilha eletrônica no programa Excel(r) e os dados coletados foram digitados em dupla entrada para verificação da consistência entre as duas bases. Quando necessário, os dados inconsistentes foram corrigidos, retornando-se à entrevista original.

Os dados foram analisados no programa estatístico Statiscal Package for the Social Sciences (SPSS), versão 17.0. Cada domínio do WHOQOL-BREF e faceta do WHOQOL-OLD foram analisados isoladamente, empregando-se as sintaxes disponibilizadas pela OMS. Os escores variaram de 0 a 100 e os maiores representaram melhor QV.

Procedeu-se a análise estatística descritiva por meio de frequências simples, média e desvio padrão. Para verificação dos fatores associados à QV dos homens idosos, realizou-se análise bivariada preliminar por meio da comparação entre duas amostras independentes, pelo teste t-Student. As variáveis foram recategorizadas e dicotomizadas: estado conjugal (sem ou com companheiro), escolaridade (sem ou com) e renda (sem ou com). Em relação a idade, número de morbidades e de IF foi utilizada a correlação de Pearson. Os testes foram considerados significativos quando p<0,1, o que tem sido sugerido para as variáveis serem mantidas nos modelos multivariados subsequentes( 1212. Victora CG, Huttly SR, Fuchs SC, Olinto MT. The role of conceptual frameworks in epidemiological analysis: a hierarquical approach. Int J Epidemiol. 1997;26(1):224-7. ). A normalidade dos dados foi obtida pelo teste de Kolmogorov Smirnov.

As variáveis que atenderam ao critério p<0,1 foram incluídas no modelo de regressão linear múltipla, sem análise de resíduos, com escalonamento reverso (método Backward). Consideraram-se variáveis dependentes os escores de cada domínio e as facetas da QV, individualmente, e como previsoras: idade, estado conjugal, escolaridade, renda, número de morbidades e número de IF. Os testes foram considerados significativos quando p<0,05.

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFTM, sob o protocolo nº 897. Os idosos foram contatados em seus domicílios, sendo-lhes apresentados os objetivos do estudo e oferecidas as informações pertinentes. Após a anuência do entrevistado e assinatura o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conduziu-se a entrevista.

RESULTADOS

Na Tabela 1, a seguir, encontra-se a distribuição das variáveis sociodemográficas dos homens idosos.

Tabela 1
Distribuição da frequência das variáveis sociodemográfi cas dos idosos - Uberaba, 2011

Observou-se predomínio de idosos na faixa etária de 60├70 anos (47,4%), casados ou que moravam com companheira (68,5%), com 4├8 anos de estudo (33,5%) e renda individual mensal de um salário mínimo (49,6%), como mostra a Tabela 1.

Os homens idosos possuíam polimorbidades, com os maiores percentuais para 4├7 (35,2%), seguidos por 1├4 (25,2%), 7├10 (25,2%) e >10 (11,4%). As morbidades prevalentes foram: problemas de visão (76,4%), de coluna (58,4%) e hipertensão arterial (54,3%).

A IF para realizar AVD representou 19,9%, dos quais 16,4% apresentaram de 1├4 e 3,4%, 4 ou mais. As AVD mais comprometidas foram cortar as unhas dos pés (18%), subir e descer escadas (6%), andar perto de casa (4,1%) e andar no plano (3,3%).

Na autoavaliação da QV, questão 1 do WHOQOL-BREF, a maioria dos homens idosos considera-a boa (66,5%) e nem boa, nem ruim (23%). Quanto à autossatisfação com a saúde, questão 2 do WHOQOL-BREF, referiram estar satisfeitos (67,4%), nem insatisfeitos, nem satisfeitos (14,7%). A QV mensurada pelo WHOQOL-BREF obteve maior escore no domínio das relações sociais (69,31) e menor, no domínio físico (61,03). Já na QV pelo WHOQOL-OLD, o maior escore foi na faceta funcionamento dos sentidos (80,08) e o menor, na autonomia (61,19).

Para verificar os fatores associados à QV dos homens idosos realizou-se, inicialmente, a análise bivariada (p<0,1). Apresentam-se na Tabela 2 as variáveis inseridas no modelo de regressão múltipla para os escores de QV que obtiveram significância na análise bivariada.

Tabela 2
Modelo de regressão múltipla dos escores de qualidade de vida do WHOQOL-BREF e WHOQOL-OLD, dos homens idosos - Uberaba, 2011

Na análise multivariável, empregando a regressão múltipla, verificou-se que o previsor que mais contribuiu para os menores escores no domínio físico foi a morbidade (β=-0,432) e, no psicológico, a IF (β=-0,243). No domínio relações sociais, o que mais contribuiu para os menores escores de QV foi a IF (β=-0,131). Os menores escores de QV do meio ambiente estiveram associados ao maior número de IF (p<0,001), conforme a Tabela 2.

Na avaliação da QV, baseada no WHOQOL-OLD, a IF foi o previsor que mais contribuiu para os menores escores de QV (β=-0,131). As facetas autonomia (p<0,001) e participação social (p<0,001) apresentaram os menores escores de QV associados ao maior número de IF (Tabela 2). A faceta atividades passadas, presentes e futuras apresentou os menores escores mais fortemente associados ao maior número de IF (p<0,001). A intimidade apresentou menores escores de QV associados mais fortemente à ausência de companheiro (β=0,253), como mostra a Tabela 2.

DISCUSSÃO

O predomínio de homens idosos na faixa etária de 60├70 anos está abaixo do percentual brasileiro (57,5%)( 11. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo demográfico 2010: Características da população e do domicílio, resultados do universo {Internet}. Rio de Janeiro; 2010 {citado 2011 ago. 21}. Disponível em: ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Resultados_do _Universo/xls/Brasil/tab1_1_1.zip
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). A maioria dos homens idosos era casada ou morava com companheira, diferente de estudo realizado na Austrália, China, Grã-Betanha, Grécia e Itália (76,8%)( 1313. Cumming RG, Handelsman D, Seibel MJ, Creasey H, Sambrook P, Waite L, et al. Cohort Profile: the Concord Health and Ageing in Men Project (CHAMP). Int J Epidemiol. 2009;38(2):374-8. ), no qual os percentuais são superiores. No Brasil, inquérito realizado em São Carlos-SP (75,4%)( 1414. Feliciano AB, Moraes AS, Freitas ICM. O perfil do idoso de baixa renda no Município de São Carlos, São Paulo, Brasil: um estudo epidemiológico. Cad Saúde Pública. 2004;20(6):1575-85. ) converge com esta investigação. O fato de ser casado ou morar com companheira possibilita aos profissionais da área da saúde inserir a família na atenção direcionada a essegrupo populacional, contribuindo para o estímulo do homem idoso no cuidado à saúde.

Concernente à escolaridade, é relevante destacar que no Brasil os idosos apresentam baixa escolaridade, sendo que 25% dos homens idosos não são alfabetizados( 11. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo demográfico 2010: Características da população e do domicílio, resultados do universo {Internet}. Rio de Janeiro; 2010 {citado 2011 ago. 21}. Disponível em: ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Resultados_do _Universo/xls/Brasil/tab1_1_1.zip
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). A baixa escolaridade deve ser considerada pelos profissionais da saúde no desenvolvimento de atividades direcionadas ao idoso, contribuindo para o conhecimento sobre o processo de envelhecimento e possibilitando a vivência dessa etapa da vida de maneira saudável.

A renda de um salário mínimo, constatada nesta investigação, é inferior à obtida entre idosos de ambos os sexos em inquérito no Paraná, no qual 79% referiram renda de um a três salários mínimos (43,4%)( 1515. Faller JW, Melo WA, Versa GLGS, Marcon SS. Qualidade de vida de idosos cadastrados na estratégia saúde da família de Foz do Iguaçu-PR. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2010;14(4):803-10. ).

Inquérito conduzido no interior de São Paulo verificou que os homens idosos possuem menor número de morbidades (1 a 5) em relação aos dados obtidos na presente pesquisa( 1414. Feliciano AB, Moraes AS, Freitas ICM. O perfil do idoso de baixa renda no Município de São Carlos, São Paulo, Brasil: um estudo epidemiológico. Cad Saúde Pública. 2004;20(6):1575-85. ). Embora apresentando percentuais diferentes, a hipertensão arterial (73,2%) e os problemas de visão (67,1%) também foram a mais prevalentes em outro estudo( 1616. Floriano PJ, Dalgalarrondo P. Saúde mental, qualidade de vida e religião em idosos de um Programa de Saúde da Família. J Bras Psiquiatr. 2007;56(3):162-70. ). Apesar da hipertensão arterial (40%) ser mantida, os problemas circulatórios (50%) e os problemas cardíacos (40%) apresentaram destaque em inquérito conduzido com homens idosos em Ribeirão Preto-SP( 1717. Pedrazzi EC, Rodrigues RAP, Schiaveto FV. Morbidade referida e capacidade funcional de idosos. Cienc Cuid Saúde. 2007: 6 (4): 407-13. ). Já no Concord Health and Ageing in Men Project (CHAMP) prevaleceram a artrite (51,7%) e a hipertensão arterial (46,2%)( 1313. Cumming RG, Handelsman D, Seibel MJ, Creasey H, Sambrook P, Waite L, et al. Cohort Profile: the Concord Health and Ageing in Men Project (CHAMP). Int J Epidemiol. 2009;38(2):374-8. ). Destaca-se que o fato da morbidade ser autorreferida constitui uma limitação desta investigação.

As polimorbidades e a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, em especial a hipertensão arterial entre os homens idosos, denotam a necessidade dos serviços de saúde reorientarem o modelo de atenção hegemonicamente centrado no atendimento de doenças agudas. Ademais, os profissionais de saúde, especialmente o enfermeiro, devem estar aptos para identificar esse quadro e auxiliar o idoso e seus familiares no enfrentamento dos desafios advindos das polimorbidades crônicas, enfatizando o autocuidado, a manutenção da autonomia e a inserção social.

Diferentemente do obtido nesta pesquisa (1|-4), em outro estudo com homens idosos a prevalência de IF para a realização das AVD foi de três ou mais( 1616. Floriano PJ, Dalgalarrondo P. Saúde mental, qualidade de vida e religião em idosos de um Programa de Saúde da Família. J Bras Psiquiatr. 2007;56(3):162-70. ). Inquérito realizado no mesmo Município, porém, com idosos de ambos os sexos, obteve percentual semelhante para a AVD cortar as unhas dos pés (18,9%). No entanto, para as atividades subir e descer escadas (4,8%) e andar perto de casa (3,8%), os percentuais foram inferiores( 1818. Tavares DMS, Pereira GA, Iwamoto HH, Miranzi SSC, Rodrigues LR, Machado ARM. Incapacidade funcional entre idosos residentes em um município do interior de Minas Gerais. Texto Contexto Enferm. 2007;16(1):32-9. ).

O comprometimento das AVD relacionadas à mobilidade pode favorecer o afastamento dos homens idosos do convívio social, gerando dependência para a realização de atividades que antes proporcionavam satisfação pessoal. A equipe de saúde deve promover ações em saúde em consonância com os interesses dos homens idosos, de forma a estimular o contato social( 1414. Feliciano AB, Moraes AS, Freitas ICM. O perfil do idoso de baixa renda no Município de São Carlos, São Paulo, Brasil: um estudo epidemiológico. Cad Saúde Pública. 2004;20(6):1575-85. ). Por outro lado, deve-se investigar a CF do homem idoso, visando postergar o aparecimento de incapacidades, contribuindo para manutenção da independência.

A autoavaliação da QV como boa evidenciou que neste estudo um maior percentual de homens idosos tem visão positiva acerca de suas condições de vida. Em relação à autossatisfação com a saúde, destaca-se que o homem idoso relaciona-a com a autonomia. Ao definir sua saúde como boa ou razoável, o idoso não se caracteriza como pessoa sem doenças, mas sim como alguémcom capacidade de agir sobre o ambiente( 1919. Fonseca MGUP, Firmo JOA, Loyola Filho AI, Uchoa E. Papel da autonomia na auto avaliação da saúde do idoso. Rev Saude Pública. 2010;44(1):159-65. ).

O maior escore de QV no domínio relações sociais favorece o apoio e o suporte social, bem como a corresponsabilidade familiar no cuidado à saúde, tendo em vista a dependência para algumas AVD relacionadas à mobilidade. O menor escore de QV no domínio físico pode estar relacionado ao alto percentual de homens idosos com polimorbidades, o que contribui para impactar negativamente esse domínio, dada sua relação com a dependência de medicação ou tratamentos( 1010. Fleck MPA, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G, Santos L, et al. Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida "WHOQOL-bref". Rev Saúde Pública. 2000;34(2):178-83. ).

O maior escore de QV na faceta funcionamento dos sentidos divergiu de pesquisa conduzida com homens idosos residentes no Paraná, que se relacionou à morte e morrer (90,4); já o menor escore obtido na autonomia foi concordante (74,5)( 1515. Faller JW, Melo WA, Versa GLGS, Marcon SS. Qualidade de vida de idosos cadastrados na estratégia saúde da família de Foz do Iguaçu-PR. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2010;14(4):803-10. ). Acerca desse último, pesquisa conduzida com idosos de ambos os sexos evidenciou que a perda da autonomia relaciona-se ao desrespeito a suas decisões e dependência econômica( 2020. Flores GC, Borges ZN, Denardin-Budó ML, Mattioni FC. Cuidado intergeracional com o idoso: autonomia do idoso e presença do cuidador. Rev Gaúcha Enferm. 2010;31(3):467-74. ). É mister que os profissionais de saúde, em especial o enfermeiro, reflitam junto com os familiares as repercussões negativas dessa condição na QV dos homens idosos.

Em relação aos fatores associados aos menores escores de QV, destaca-se como limitação deste estudo a dicotomização das variáveis escolaridade e renda, que podem ter influenciado a análise bivariada.

Verificou-se que a morbidade foi o previsor que mais impactou negativamente no domínio físico, concordando com a literatura científica que obteve pior escore no componente físico entre os idosos com mais de uma doença crônica (37,59), em comparação com os que não apresentaram doenças (48,72)( 66. Belvis AG, Avolio M, Sicuro L, Rosano A, Latini E, Damiani G, et al. Social relationships and HRQL: a cross-sectional survey among older Italian adults. BMC Public Health. 2008;8:348. ). O menor escore de QV associado à presença de comorbidades pode estar relacionado às dificuldades de acesso aos serviços de saúde, bem como às possíveis limitações impostas pelas doenças, que podem influenciar negativamente a capacidade para o trabalho e para as atividades cotidianas, mensurados nesse domínio( 1010. Fleck MPA, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G, Santos L, et al. Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida "WHOQOL-bref". Rev Saúde Pública. 2000;34(2):178-83. ).

A IF para a realização das AVD associou-se com o menor escore no domínio psicológico, que avalia a autoestima e os sentimentos positivos( 1010. Fleck MPA, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G, Santos L, et al. Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida "WHOQOL-bref". Rev Saúde Pública. 2000;34(2):178-83. ). Os homens idosos apresentam dificuldades em vivenciar o processo de envelhecimento devido a aposentadoria, perdas físicas, emocionais, econômicas e sociais( 55. Figueiredo MLF, Tyrrel MAR, Carvalho CMRG, Luz MHBA, Amorim FCM, Loiola NLA. As diferenças de gênero na velhice. Rev Bras Enferm. 2007;60(4):422-7. ). As atividades grupais contribuem para a troca de experiências e permitem observar que outras pessoas passam por situações semelhantes, contribuindo para a reflexão conjunta acerca de seu cotidiano.

O previsor que mais contribuiu para o menor escore de QV do domínio relações sociais foi a IF. Com a aposentadoria, o homem idoso tem como espaço de convivência, prioritariamente, o domicílio. Essa nova condição social pode determinar perdas e limitações que influenciarão na saúde física e emocional, desencadeando ou agravando as DCNT e impactando em sua QV( 2121. Ribeiro LCC, Alves PB, Meira EP. Percepção dos idosos sobre as alterações fisiológicas do envelhecimento. Ciênc Cuidado Saúde. 2009;8(2):220-7. ). Nessa perspectiva, há de se acrescer duas situações a serem enfrentadas na atenção à saúde, uma relativa às estratégias de ampliação da rede social e outra relacionada à implementação de tecnologias voltadas à melhoria da funcionalidade dos homens idosos.

O domínio meio ambiente avalia, dentre outros fatores, a segurança física e a proteção( 1010. Fleck MPA, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G, Santos L, et al. Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida "WHOQOL-bref". Rev Saúde Pública. 2000;34(2):178-83. ). A IF, previsor que mais contribuiu para o menor escore no referido domínio, pode influenciar esses aspectos na medida em que o homem idoso sente-se desprotegido no ambiente domiciliário e comunitário para realização de suas atividades cotidianas.

A faceta funcionamento dos sentidos associou-se a diversas variáveis, contudo a IF contribuiu de forma mais efetiva para o menor escore de QV. Com o avançar da idade ocorrem diversas modificações nos órgãos dos sentidos( 2121. Ribeiro LCC, Alves PB, Meira EP. Percepção dos idosos sobre as alterações fisiológicas do envelhecimento. Ciênc Cuidado Saúde. 2009;8(2):220-7. ), culminando na diminuição de seu funcionamento, o que pode interferir no cotidiano do idoso. Por meio dos sentidos, o corpo percebe diversas situações que o rodeiam, contribuindo para sua integração ao ambiente, permitindo o relacionamento da pessoa com o meio em que se vive( 2121. Ribeiro LCC, Alves PB, Meira EP. Percepção dos idosos sobre as alterações fisiológicas do envelhecimento. Ciênc Cuidado Saúde. 2009;8(2):220-7. ). Os profissionais de saúde devem utilizar instrumentos de avaliação e verificar se as alterações sensoriais apresentadas pelos homens idosos são decorrentes ou não do processo fisiológico de envelhecimento, implementando medidas que visem sua melhoria ou adaptação.

A IF associou-se aos menores escores de QV na faceta autonomia. Tal resultado denota que a dependência de outra pessoa para a realização das AVD interfere negativamente na QV do homem idoso no que se refere à capacidade de decisão. Além disso, verificou-se que a IF também interferiu no escore de QV da faceta participação social.

No que concerne à faceta atividades presentes e futuras, verificou-se que a limitação decorrente da diminuição da funcionalidade impactou negativamente as conquistas futuras, aspecto mensurado nessa faceta( 1111. Fleck MPA, Chachamovich E, Trentini C. Development and validation of the Portuguese version of the WHOQOL-OLD module. Rev Saúde Pública. 2006;40(5):785-91. ). Assim, os homens idosos devem ser estimulados a identificar atividades que lhes tragam satisfação pessoal. Ações que favorecem o envelhecimento saudável incentivam-nos a ser pró-ativos, definindo objetivos e estabelecendo metas para alcançá-los. Nesse processo, acumulam recursos úteis para a adaptação à mudança vivenciada nessa etapa da vida e mantêm-se ativamente envolvidos na preservação de seu bem-estar( 2222. Alvarenga LN, Kiyan L, Bitencourt B, Wanderley KS. The impact of retirement on the quality of life of the elderly. Rev Esc Enferm USP {Internet}. 2009 {cited 2011 Ago 15};43(4):796-802. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v43n4/en_a09v43n4.pdf
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).

O menor escore na faceta intimidade, fortemente correlacionado à ausência de companheira, evidencia a necessidade de adaptação das relações afetivas entre homens idosos. A faceta intimidade avalia a capacidade para relações pessoais e íntimas( 1111. Fleck MPA, Chachamovich E, Trentini C. Development and validation of the Portuguese version of the WHOQOL-OLD module. Rev Saúde Pública. 2006;40(5):785-91. ). Pesquisa verificou que, para 56,4% dos homens idosos, a esposa era a principal confidente e 61,8% tinham pelo menos uma boa conversa semanal com a cônjuge( 2323. Gierveld JDJ, Groenou MBV, Hoogendoorn AW, Smit JH. Quality of marriages in later life and emotional and social loneliness. J Gerontol B Psychol Sci Soc Sci. 2009;64B(4):497-506. ). Evidencia-se, portanto, a necessidade dos profissionais de saúde identificarem essa situação nos serviços de saúde, com intuito de auxiliar os homens idosos na construção de novos laços ou no fortalecimento dos já existentes. É preciso orientá-los e encaminhá-los para participar de grupos de idosos. Dessa forma, possibilita-se a melhoria do sentimento de companheirismo entre idosos que não possuem cônjuge.

CONCLUSÃO

Os resultados apresentados podem contribuir para o delineamento de novas políticas públicas específicas para a saúde do homem idoso que objetivem o acompanhamento de suas condições de saúde.

Ressalta-se que os maiores percentuais de IF encontrados neste estudo foram para as AVD relacionadas à mobilidade. É possível que algumas adaptações na moradia sejam necessárias para oferecer maior segurança ao homem idoso e evitar quedas. Porém, deve-se considerar que essas adaptações podem ser dispendiosas e os idosos do presente estudo apresentavam baixa renda. Nesse sentido, a equipe de saúde deve pesquisar junto aos idosos e seus familiares formas de adaptações efetivas e acessíveis.

Faz-se necessário incluir efetivamente a avaliação das AVD nos diversos espaços da rede de atenção à saúde do idoso, buscando qualificar o atendimento, em especial, o cuidado de enfermagem. Assim, a pesquisa da funcionalidade do idoso pode subsidiar a equipe de saúde no desenvolvimento de ações que visem à manutenção da autonomia e da independência do idoso.

A identificação dos fatores impactantes na qualidade de vida do homem idoso pode contribuir para o planejamento da atenção a sua saúde. O enfermeiro pode desenvolver ações educativas com os idosos, visando refletir sobre essa temática e propor ações para seu enfrentamento conjunto.

Deve-se atentar para a influência da limitação funcional na QV do idoso, dificultando sua participação em atividades na comunidade e reduzindo seus contatos sociais. É fundamental que os profissionais de saúde promovam discussões sobre essas temáticas, visando estabelecer estratégias de manutenção da autonomia e ampliação das possibilidades de participação dos homens idosos em atividades sociais. As discussões e as reflexões podem ser realizadas em grupo, tendo também a participação de familiares. Também podem ser implementadas atividades de estímulo à manutenção da funcionalidade, objetivando minimizar o impacto da IF no cotidiano do idoso.

Destacam-se como limitações do presente estudo o recorte transversal, que não permite estabelecer relações de casualidade entre as variáveis e o ponto de corte da versão do MEEM utilizada, a qual não traz distinção entre os anos de estudo.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jun 2013
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