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Indicadores de prazer e sofrimento no trabalho da enfermagem em um serviço de hemodiálise

Resumos

OBJETIVO

Mensurar os indicadores de prazer e sofrimento no trabalho e relacioná-los com as características sociodemográficas e laborais dos trabalhadores de enfermagem de um serviço de hemodiálise do sul do Brasil.

MÉTODO

Pesquisa quantitativa, com 46 trabalhadores. Utilizou-se um formulário autopreenchível com dados sociodemográficos e laborais e a Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho. Realizou-se a análise descritiva, bivariada e correlacional, com níveis de significância de 5%, utilizando-se os programas Epi-info® e PredictiveAnalytics Software.

RESULTADOS

A liberdade de expressão foi considerada crítica; os demais fatores foram avaliados satisfatoriamente. Evidenciou-se possível associação entre as características sociodemográficas e laborais e os indicadores de prazer e sofrimento. Houve correlação entre os fatores avaliados.

CONCLUSÃO

Apesar da avaliação satisfatória, o sofrimento está presente no contexto pesquisado, manifestado principalmente pela falta de liberdade de expressão, havendo a necessidade de intervenções a fim de evitar prejuízo à saúde dos trabalhadores.

Enfermagem; Diálise Renal; Esgotamento Profissional; Saúde do Trabalhador; Satisfação no Trabalho; Princípio do Prazer-Desprazer


OBJECTIVE

To measure the pleasure and suffering indicators at work and relate them to the socio-demographic and employment characteristics of the nursing staff in a hemodialysis center in southern Brazil.

METHOD

Quantitative research, with 46 workers. We used a self-completed form with demographic and labor data and the Pleasure and Suffering Indicators at Work Scale (PSIWS). We conducted a bivariate and correlation descriptive analysis with significance levels of 5% using the Epi-Info® and PredictiveAnalytics Software programs.

RESULTS

Freedom of Speech was considered critical; other factors were evaluated as satisfactory. The results revealed a possible association between sociodemographic characteristics and work, and pleasure and suffering indicators. There was a correlation between the factors evaluated.

CONCLUSION

Despite the satisfactory evaluation, suffering is present in the studied context, expressed mainly by a lack of Freedom of Speech, with the need for interventions to prevent injury to the health of workers.

Nursing; Renal Dyalisis; Burnout, Professional; Occupational Health; Job Satisfaction; Pleasure-Pain Principle


OBJETIVO

Medir los indicadores de placer y sufrimiento en el trabajo y relacionarlos con las características sociodemográficas y laborales de los trabajadores de enfermería de un servicio de hemodiálisis del sur de Brasil.

MÉTODO

Investigación cuantitativa, con 46 trabajadores. Se utilizó un formulario autorrellenable con datos sociodemográficos y laborales y la Escala de Indicadores de Placer y Sufrimiento en el Trabajo. Se llevó a cabo el análisis descriptivo, bivariado y correlacional, con niveles de significación del 5%, utilizándose los programas Epi-info® y PredictiveAnalytics Software.

RESULTADOS

La libertad de expresión fue considerada crítica: los demás factores fueron evaluados satisfactoriamente. Se evidenció posible la asociación entre las características sociodemográficas y laborales y los indicadores de placer y sufrimiento. Hubo correlación entre los factores evaluados.

CONCLUSIÓN

Pese a la evaluación satisfactoria, el sufrimiento está presente en el marco investigado, especialmente manifiesto por la falta de libertad de expresión, habiendo la necesidad de intervenciones a fin de evitar perjuicio a la salud de los trabajadores.

Enfermería; Diálisis Renal; Agotamiento Profesional; Salud Laboral; Satisfacción en el Trabajo; Principio de Dolor-Placer


Introdução

O trabalho ocupa uma posição de centralidade na vida dos indivíduos, constituindo-se em um operador fundamental na própria construção do sujeito. Dessa forma, a atividade laboral é um espaço de construção de sentido, de conquista da identidade, da continuidade e historização dos homens(1Dejours C, Abdoucheli E, Jayet C. Psicodinâmica do trabalho: contribuições da Escola Dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas; 2014.).

Na mesma perspectiva, a atividade laboral pode favorecer a saúde, tendo um papel estruturante, ou contribuir para a desestabilização, levando o sujeito à descompensação, o que reforça a premissa de que o trabalho jamais é neutro em relação à saúde do trabalhador(2Dejours C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. São Paulo: Cortez-Oboré; 2009.).

Esta pesquisa está embasada no referencial teórico da psicodinâmica do trabalho, que possui como objeto de estudo as relações dinâmicas entre a organização laboral e os processos de subjetivação do trabalhador. Nessas relações, o sofrimento assume um papel fundamental que articula, ao mesmo tempo, a saúde e a patologia. O saudável implica no enfrentamento das imposições e pressões no trabalho que causam a instabilidade psicológica, enquanto o patológico está relacionado às falhas nos modos de enfrentar o sofrimento(3Mendes AM. Psicodinâmica do trabalho: teoria, método e pesquisas. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2007.).

Dessa forma, por um lado, o sofrimento opera como um mobilizador dos investimentos para a transformação da realidade, e essa possibilidade de transformar a realidade, por outro, confere prazer ao trabalhador. Assim, as vivências de prazer e sofrimento são dialéticas e inerentes a todos os contextos de trabalho(2Dejours C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. São Paulo: Cortez-Oboré; 2009.).

Nessa perspectiva, o trabalho pode constituir-se em um promotor de saúde quando a criatividade é utilizada para transformar uma situação de sofrimento, o que repercute positivamente na identidade do trabalhador, uma vez que potencializa sua resistência ao risco de desestabilização psíquica e somática(3Mendes AM. Psicodinâmica do trabalho: teoria, método e pesquisas. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2007.).

Os trabalhadores de enfermagem, embora se preocupem em assistir outros indivíduos, muitas vezes esquecem-se de cuidar de si mesmos e do espaço em que trabalham, o que tem repercutido no adoecimento devido às condições a que estão expostos e pelos ambientes desfavoráveis para o desenvolvimento das suas atividades(4Ribeiro RP, Martins JT, Marziale MHP, Robazzi MLCC. Work-related illness in nursing: an integrative review. Rev Esc Enferm USP. 2012;46(2):495-504.).

Dentre os diferentes ambientes de trabalho da enfermagem, destaca-se a atuação em serviços de hemodiálise. Estes possuem especificidades, como o desenvolvimento das atividades junto a pacientes em situação de adoecimento crônico e a necessidade de conhecimentos específicos para monitorar um procedimento com elevada complexidade técnica(5Prestes FC, Beck CLC, Tavares JP, Silva RM, Cordenuzzi OCP, Burg G, et al. Percepção dos trabalhadores de enfermagem sobre a dinâmica do trabalho e os pacientes em um serviço de hemodiálise. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2011 [citado 2013 out. 18]; 20(1):25-32. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v20n1/03.pdf
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).

Soma-se a isso a vivência da equipe, por longos períodos, com os mesmos pacientes, o que auxilia na construção e estabelecimento de vínculo, despertando sentimentos ambíguos nos trabalhadores, que, por um lado, se sentem reconhecidos e valorizados diante das demonstrações de afeto e carinho, e, por outro, limitados frente às carências afetivas, familiares e financeiras de alguns pacientes, constituindo-se em um dos principais diferenciais no trabalho da enfermagem neste setor(6Prestes FC, Beck CLC, Silva RM, Tavares JP, Camponogara S,. Burg G Prazer-sofrimento dos trabalhadores de enfermagem de um serviço de hemodiálise. Rev Gaúcha Enferm. 2010;31(4):738-45.).

A proposição deste estudo também se justifica na medida em que, apesar da crescente demanda de serviços de hemodiálise em nível mundial(7Kersten M, Kozak A, Wendeler D, Paderow L, Nübling M, Nienhaus A. Psychological stress and strain on employees in dialysis facilities: a cross-sectional study with the Copenhagen Psychosocial Questionnaire. J Occup Med Toxicol. 2014; 9(1):4.), são poucas as investigações que enfocam aspectos relacionados à saúde dos trabalhadores de enfermagem neste contexto laboral(6Prestes FC, Beck CLC, Silva RM, Tavares JP, Camponogara S,. Burg G Prazer-sofrimento dos trabalhadores de enfermagem de um serviço de hemodiálise. Rev Gaúcha Enferm. 2010;31(4):738-45.). Diante do exposto, tem-se como objeto de pesquisa a saúde dos trabalhadores de enfermagem que atuam em serviços de hemodiálise e, mais especificamente, os indicadores de prazer e sofrimento relacionados à atividade laboral neste cenário de atuação. Assim, objetivou-se mensurar os indicadores de prazer e sofrimento no trabalho e relacioná-los com as características sociodemográficas e laborais dos trabalhadores de enfermagem de um serviço de hemodiálise do sul do Brasil.

Método

Trata-se de um estudo quantitativo, transversal, realizado em um serviço de hemodiálise localizado no sul do Brasil. Esse serviço faz parte de uma instituição privada intra-hospitalar, conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS), que oferece tratamento em duas unidades (matriz e filial) a cerca de 300 pacientes em programa regular de hemodiálise.

A população foi composta de 51 trabalhadores de enfermagem do serviço (seis enfermeiros, 33 técnicos e 12 auxiliares de enfermagem). O critério de inclusão foi: ser membro da equipe de enfermagem do serviço há pelo menos seis meses, sendo excluídos aqueles trabalhadores em férias ou com qualquer outro tipo de afastamento do trabalho no período de coleta de dados, que ocorreu de março a abril de 2011.

Os trabalhadores que atenderam aos critérios de inclusão foram abordados individualmente, no local de trabalho, informados sobre os objetivos e convidados a participar do estudo. Foi disponibilizado ao participante, mediante a sua resposta afirmativa, o formulário de pesquisa em um envelope codificado, com orientações sobre como respondê-lo. Os participantes puderam optar em responder ou não aos instrumentos no local de trabalho. Dos 51 trabalhadores de enfermagem, 46 participaram do estudo. Três foram excluídos; destes, um possuía menos de seis meses de atuação no serviço e dois estavam afastados para licença tratamento de saúde no período da coleta de dados. As perdas (4,1%; n=2) correspondem aos formulários que não foram devolvidos preenchidos.

O formulário de pesquisa continha informações referentes aos dados sociodemográficos (sexo, idade, situação conjugal e presença de filhos menores de seis anos), laborais (função, turno de trabalho, tempo de trabalho, presença de outro emprego, ocorrência de acidente de trabalho, necessidade de afastamento do trabalho para tratamento de saúde no último ano e satisfação com a remuneração atual) e a Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho (EIPST). Esta é uma das quatro escalas que compõem o Inventário sobre o Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA), um instrumento validado no Brasil(3Mendes AM. Psicodinâmica do trabalho: teoria, método e pesquisas. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2007.), autoaplicável, que avalia algumas dimensões da inter-relação entre o trabalho e o risco de adoecimento(3Mendes AM. Psicodinâmica do trabalho: teoria, método e pesquisas. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2007.).

A EIPST é composta por quatro fatores; dois avaliam as vivências de prazer no trabalho, e dois, as vivências de sofrimento. Os fatores relacionados ao prazer são: liberdade de expressão e realização profissional; e os fatores que avaliam o sofrimento no trabalho são: esgotamento profissional e falta de reconhecimento. A escala avalia a ocorrência das vivências dos indicadores de prazer-sofrimento, nos últimos seis meses de trabalho, em que 0= nenhuma vez, 1= uma vez, 2= duas vezes, 3= três vezes, 4= quatro vezes, 5= cinco vezes e 6= seis ou mais vezes.

Para a inserção dos dados utilizou-se o programa Epi-info®, versão 6.04, com dupla digitação independente. Após a correção de erros e inconsistências, a análise foi realizada no programa PASW Statistic® (PredictiveAnalytics Software), versão 18.0 para Windows. Realizou-se a análise descritiva das variáveis, de modo que as qualitativas foram descritas por meio da frequência absoluta e relativa, enquanto as quantitativas, com distribuição normal, pela média e desvio padrão.

Na análise da EIPST, para os fatores que avaliam o prazer, liberdade de expressão (item 1 ao 8) e realização profissional (item 9 ao 17), considerando-se o fato de os itens serem positivos, a especificação, a qualificação e a frequência com que é experimentada a vivência foram classificadas em três níveis diferentes, com desvios padrão individuais, da seguinte forma: acima de 4= avaliação mais positiva, satisfatório; entre 3,9 e 2,1= avaliação moderada, crítico; abaixo de 2,0= avaliação para raramente, grave. Para os fatores que avaliam o sofrimento no trabalho, esgotamento profissional (item 18 ao 24) e falta de reconhecimento (item 25 ao 32), que possuem itens negativos, a análise foi realizada nos seguintes níveis: acima de 4= avaliação mais negativa, grave; entre 3,99 e 2,1= avaliação moderada, crítico; abaixo de 2,0= avaliação menos negativa, satisfatório.

Posteriormente, foram realizadas análises bivariadas. Para associações entre os fatores da EIPST e as variáveis sociodemográficas e laborais (categóricas) utilizou-se o teste Qui-Quadrado ou Exato de Fisher, com níveis de significância de 5%.

A correlação entre os fatores da EIPST foi analisada por meio do Coeficiente de Correlação de Spearman. A força de associação, apresentada pelo coeficiente de correlação, pode ser classificada conforme a intensidade de sua correlação, que varia de +1 a -1, sendo classificada quanto à intensidade da seguinte forma: r= 1 correlação perfeita; 0,80 < r < 1 muito alta; 0,60 < r < 0,80 alta; 0,40 < r < 0, 60 moderada; 0,20 < r < 0,40 baixa; 0 < r < 0,20 muito baixa; r = 0 nula(8Hair JF, Anderson RE, Tatham RL, Black WC. Análise multivariada de dados. Porto Alegre: Artmed; 2009.). A avaliação da confiabilidade dos fatores foi avaliada estimando-se a consistência interna por meio do coeficiente Alpha de Cronbach.

A pesquisa obedeceu às diretrizes éticas para pesquisas com seres humanos estabelecidas na Resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde, e obteve parecer favorável para sua realização pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de pesquisa, e Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE), sob o número 0364.0.243.000-10. Todos os participantes receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, em duas vias, leram e assinaram.

Resultados

Dentre os pesquisados, observou-se a predominância do sexo feminino (80,4%, n=37), com idade média de 39,9 anos (DP=10,02), técnicos de enfermagem (67,4%, n=31), com tempo médio de atuação no serviço de 10,28 anos (DP=6,64) e sem outro emprego (73,9%, n=34). A maior parcela dos trabalhadores (56,5%, n=26) afirmou estar 75% satisfeita com a renumeração atual, não sofreu acidente de trabalho (82,6%; n= 38) e não esteve afastada do trabalho por motivo de saúde no último ano (67,4%; n=31).

A Tabela 1 apresenta a estatística descritiva, classificação e Alfa de Cronbach dos fatores da EIPST.

Tabela 1
Estatística descritiva, classificação e Alfa de Cronbach dos fatores da EIPST - Santa Maria, RS, Brasil, 2011

O fator liberdade de expressão foi avaliado como crítico pelos trabalhadores do serviço de hemodiálise (µ= 3,95 e DP= 1,10). Os demais fatores foram considerados satisfatórios. Todos os fatores da EIPST apresentaram consistência interna adequada.

A liberdade de expressão representa a vivência da liberdade de pensar, organizar e falar sobre o trabalho. Os itens com avaliação mais negativa, que contribuíram para a avaliação crítica do fator foram: confiança entre os colegas (µ= 3,26; DP= 1,482) e liberdade para expressar minhas opiniões no local de trabalho (µ= 3,67; DP= 1,851). Os itens avaliados de forma mais positiva foram: liberdade com a chefia para negociar o que precisa (µ= 4,72; DP= 1,64) e solidariedade entre colegas (µ= 4,15; DP= 1,534).

Evidenciou-se que os trabalhadores que atuavam no turno da noite avaliaram de forma mais crítica a liberdade de expressão (p=0,005). Analisando-se as demais variáveis de interesse não foram identificadas associações estatisticamente significativas (p>0,05).

A realização profissional é conceituada como a vivência de gratificação profissional, orgulho e identificação com o trabalho que se realiza. O fator apresentou avaliação satisfatória para oito dos nove itens que o compõem, sendo o orgulho pelo que faço (µ= 5,72; DP= 0,544) e a realização profissional (µ= 5,26; DP= 0,905) os que mais contribuíram para as vivências de prazer. O item reconhecimento foi avaliado como crítico (µ= 3,65; DP= 1,73). Não houve associação significativa entre o fator realização profissional e as variáveis sociodemográficas e laborais (p>0,05).

O esgotamento profissional se traduz pela vivência de frustração, insegurança, inutilidade, desgaste e estresse no trabalho. Os trabalhadores pesquisados não apresentaram esgotamento emocional, pois a avaliação do fator foi satisfatória. Analisando-se, isoladamente, identificaram-se com avaliação mais positiva, considerados satisfatórios, os itens: medo (µ= 1,24; DP= 1,523) e insegurança (µ= 1,26; DP= 1,512). As vivências de estresse (µ= 2,65; DP= 1,595), sobrecarga (µ= 2,61; DP= 1,832) e esgotamento emocional (µ= 2,50; DP= 1,786) foram consideradas críticas, ou seja, avaliadas como moderadas pelos participantes da pesquisa.

Dentre as variáveis laborais, identificou-se associação significativa entre a satisfação com a remuneração e o fator esgotamento profissional. Os trabalhadores menos satisfeitos com a remuneração realizaram uma avaliação mais crítica do fator (p= 0,028). Nas demais variáveis não se evidenciou diferença significativa entre os grupos (p> 0,05).

A falta de reconhecimento pode ser traduzida pela vivência de injustiça, indignação e desvalorização pelo não reconhecimento do trabalho realizado. Todos os itens que compõem o fator obtiveram avaliação satisfatória. Os itens discriminação (µ= 0,35; DP= 0,822) e desqualificação (µ= 0,50; DP= 0,913) apresentaram avaliação mais positiva, ou seja, estes itens não eram vivências de sofrimento frequentes no contexto laboral pesquisado.

Com relação às variáveis laborais, identificou-se que os trabalhadores que atuavam de 6 a 12 anos no serviço (p= 0,01) e os que possuíam outro emprego (p= 0,033) apresentaram uma avaliação mais negativa em relação à falta de reconhecimento.

A Tabela 2 mostra os coeficientes de correlação de Spearman entre os fatores da EIPST.

Tabela 2
Coeficientes de correlação de Spearman entre os fatores da EIPST - Santa Maria, RS, Brasil, 2011

A liberdade de expressão apresentou correlação positiva alta com a realização profissional e correlação negativa baixa com a falta de reconhecimento. A realização profissional apresentou correlação negativa moderada com o esgotamento profissional e a falta de reconhecimento. O esgotamento profissional apresentou correlação positiva baixa com a falta de reconhecimento.

Discussão

O primeiro fator que avalia as vivências de prazer, liberdade de expressão, foi considerado crítico pelos trabalhadores pesquisados neste estudo, resultado que se assemelha ao encontrado com a equipe de enfermagem que atuava em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital público de grande porte(9Shimizu HE, Couto DT, Merchan-Hamann E. Pleasure and suffering in intensive care unit nursing staff. Rev Latino Am Enfermagem. 2011;19(3):565-72.). Já pesquisa com enfermeiros que atuavam em UTI de um hospital privado(1010 Campos JF, David HMSL, Souza NVDO. Pleasure and suffering: assessment of intensivist nurses in the perspective of work psychodynamics. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2014;18(1):90-5.) identificou resultados mais positivos, uma vez que a população investigada avaliou satisfatoriamente o fator.

Um estudo realizado na Alemanha(7Kersten M, Kozak A, Wendeler D, Paderow L, Nübling M, Nienhaus A. Psychological stress and strain on employees in dialysis facilities: a cross-sectional study with the Copenhagen Psychosocial Questionnaire. J Occup Med Toxicol. 2014; 9(1):4.) identificou que os trabalhadores dos centros de hemodiálise classificaram sua influência e o grau de liberdade como sendo significativamente mais baixos, se comparados aos que atuavam em unidades hospitalares.

A falta de confiança entre os colegas, também identificada em estudo anterior(9Shimizu HE, Couto DT, Merchan-Hamann E. Pleasure and suffering in intensive care unit nursing staff. Rev Latino Am Enfermagem. 2011;19(3):565-72.), juntamente com a falta de liberdade para expressar as opiniões no local de trabalho são indicadores que podem comprometer as vivências de prazer no cenário pesquisado.

Investigação com equipe de enfermagem de uma unidade dialítica identificou a presença animosidades, atitudes competitivas e problemas de relacionamento entre alguns trabalhadores(1111 Morais EM, Fontana RT. Dialytic unit as a scenario of exposure to risk. J Res Fundam Care Online [Internet]. 2014 [cited 2014 Nov 02];6(2):539-549. Available from: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/2648/pdf_1238
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), o que ratifica o resultado evidenciado neste estudo quanto ao comprometimento das vivências de prazer no trabalho pela falta de confiança entre os colegas.

Acredita-se que a liberdade para expressar as opiniões no local de trabalho, considerada crítica pelos trabalhadores de enfermagem pesquisados, também possa ser limitada pelo fato de o trabalho ser realizado predominantemente em salas coletivas, junto aos pacientes que se submetem ao tratamento. Assim, expressar determinadas opiniões nas salas de hemodiálise pode ir de encontro à ética profissional, ou mesmo expor os pacientes a situações desconfortáveis.

Por outro lado, é preciso considerar que a liberdade de expressão manifestada por meio da fala e da ação, a partir da realidade vivenciada no cotidiano laboral, são aspectos fundamentais na organização do trabalho, que repercutem nas vivências de prazer e emancipação dos trabalhadores(3Mendes AM. Psicodinâmica do trabalho: teoria, método e pesquisas. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2007.).

Neste estudo, identificou-se o prazer diante da cooperação entre os colegas no fator liberdade de expressão. Este resultado também foi evidenciado em uma pesquisa com técnicos de enfermagem de um pronto-socorro público, em que os participantes atribuíram o prazer no trabalho à união entre os membros da equipe e à colaboração mútua nas atividades(1212 Garcia AB, Dellaroza MSG, Haddad MCL, Pachemshy LR. Prazer no trabalho de técnicos de enfermagem do pronto-socorro de um hospital universitário público. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2012 [cited 2014 nov. 02];33(2):153-9. Disponível em: http:// http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v33n2/22.pdf
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).

Na mesma direção, estudo com trabalhadores de enfermagem que atuavam em UTI na França(1313 Jones G, Hocine M, Salomon J, Dab W, Temime L. Demographic and occupational predictors of stress and fatigue in French intensive-care registered nurses and nurses' aides: cross-sectional study. Int J Nurs Stud. 2015;52(1):250-9.) evidenciou associação significativa entre um maior apoio social dos colegas com maiores chances de relatar um bom estado atual de saúde, o que pode reforçar o impacto positivo do bom relacionamento interpessoal entre os membros da equipe de enfermagem na saúde dos trabalhadores.

No que tange à associação desse fator com as variáveis de interesse, no serviço pesquisado, a liberdade de expressão foi avaliada de forma mais crítica pelos trabalhadores que atuavam no turno da noite. Esse achado converge com um relato sobre as enfermeiras que atuavam no turno da noite em um hospital de ensino, as quais frequentemente mencionavam a existência de um aparente descaso da gerência quanto aos problemas sobre o trabalho noturno. Essa situação causava descontentamento e o sentimento de desvalorização nas enfermeiras diante do entendimento de que suas queixas não eram importantes(1414 Veiga KCG, Fernandes JD, Paiva MS. Análise fatorial de correspondência das representações sociais sobre o trabalho noturno da enfermeira. Rev Bras Enferm [Internet]. 2013 [citado 2014 nov. 02];66(1):18-24. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v66n1/v66n1a03.pdf
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).

O trabalho realizado nos períodos diurno e noturno, apesar das particularidades, mantém os mesmos compromissos e objetivos, que são oferecer um cuidado qualificado(1515 Oro J, Matos E. Possibilities and limits of organization of nursing work in the comprehensive care model in a hospital institution. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2013 [cited 2014 Nov 03];22(2):500-8. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v22n2/en_v22n2a28.pdf
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). No entanto, os trabalhadores de enfermagem do noturno podem ter dificuldade para participar de discussões sobre a organização do trabalho, que normalmente ocorrem no período diurno.

Esse resultado, que pode estar relacionado ao fato de a estrutura administrativa do serviço investigado funcionar em horário comercial, necessita de intervenção, uma vez que as necessidades e expectativas não atendidas dos integrantes da equipe de enfermagem podem refletir negativamente no cuidado prestado(1616 Regis LFLV, Porto IS. Basic human needs of nursing professional: situations of (dis) satisfaction at work. Rev Esc Enferm USP[Internet] . 2011 [cited 2014 June 20];45 (2):334-41. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n2/en_v45n2a04.pdf
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) e na saúde dos trabalhadores.

Nessa direção, estudo internacional ratifica a necessidade das instituições de saúde viabilizarem estruturas organizacionais que minimizem os possíveis efeitos negativos da atividade laboral sobre a saúde dos trabalhadores não apenas sob a ótica da saúde ocupacional, mas também considerando-se a segurança do paciente(1313 Jones G, Hocine M, Salomon J, Dab W, Temime L. Demographic and occupational predictors of stress and fatigue in French intensive-care registered nurses and nurses' aides: cross-sectional study. Int J Nurs Stud. 2015;52(1):250-9.).

A falta de liberdade de expressão dos trabalhadores de enfermagem, evidenciada neste estudo, configura-se em uma situação de alerta e necessita de intervenções, pois, além de comprometer as vivências de prazer no trabalho, também pode se traduzir em sofrimento adicional e possibilidade de adoecimento para os trabalhadores.

O segundo fator que avalia as vivências de prazer no trabalho, realização profissional, foi considerado satisfatório pelos participantes deste estudo, resultado positivo, se comparado à avaliação crítica do fator evidenciada pelos trabalhadores de UTI(9Shimizu HE, Couto DT, Merchan-Hamann E. Pleasure and suffering in intensive care unit nursing staff. Rev Latino Am Enfermagem. 2011;19(3):565-72.-1010 Campos JF, David HMSL, Souza NVDO. Pleasure and suffering: assessment of intensivist nurses in the perspective of work psychodynamics. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2014;18(1):90-5.). Este comparativo vai ao encontro dos resultados de um estudo realizado na Turquia(1717 Kapucu SS, Akkus Y, Akidemir N, Karacan Y. The burnout and exhaustion levels of nurses working in hemodialysis units. J Renal Care. 2009;25(3):134-40), em que os enfermeiros atuantes em centros de diálise apresentavam maior satisfação profissional, se comparados aos de outras unidades hospitalares, como as de cuidados intensivos.

Em pesquisa brasileira realizada com trabalhadores de enfermagem que atuavam em unidades públicas de emergência, a maioria dos participantes referiu estar satisfeita com o trabalho. No mesmo estudo, os trabalhadores satisfeitos com o trabalho apresentaram significativamente melhor avaliação da própria saúde(1818 Theme Filha MM, Costa MAS, Guilam MCR. Occupational stress and self-rated health among nurses. Rev Latino Am Enfermagem[Internet] . 2013 [cited 2014 Dec 09];21(2):475-83. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v21n2/0104-1169-rlae-21-02-0475.pdf
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), o que remete à pertinência de se considerar aspectos subjetivos como satisfação com o trabalho e a realização profissional em relação à saúde dos trabalhadores.

Os resultados evidenciam que os participantes deste estudo apresentavam indicadores de prazer no trabalho, pela realização profissional e orgulho pelo trabalho desenvolvido. Nessa direção, uma pesquisa qualitativa(6Prestes FC, Beck CLC, Silva RM, Tavares JP, Camponogara S,. Burg G Prazer-sofrimento dos trabalhadores de enfermagem de um serviço de hemodiálise. Rev Gaúcha Enferm. 2010;31(4):738-45.) aponta que a identificação com o trabalho, manifestada por gostar do que se faz, o reconhecimento, a possibilidade de ajudar o paciente, por meio de um cuidado diferenciado, foram vivências de prazer relatadas por trabalhadores de enfermagem de um serviço de hemodiálise.

Outra investigação(5Prestes FC, Beck CLC, Tavares JP, Silva RM, Cordenuzzi OCP, Burg G, et al. Percepção dos trabalhadores de enfermagem sobre a dinâmica do trabalho e os pacientes em um serviço de hemodiálise. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2011 [citado 2013 out. 18]; 20(1):25-32. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v20n1/03.pdf
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) cita que os membros da equipe de enfermagem sabem que seu trabalho possui um caráter fundamental para a manutenção da vida dos pacientes e conseguem perceber, ao final do turno de trabalho, sua melhora clínica após a realização do tratamento de hemodiálise. Conforme as autoras, a materialização do resultado do trabalho é um diferencial neste contexto laboral que confere orgulho, realização profissional, gratificação pessoal, bem-estar e satisfação aos trabalhadores de enfermagem.

O item reconhecimento foi o único indicador de prazer avaliado de forma crítica pelos trabalhadores de enfermagem no fator realização profissional. Esta avaliação converge com o resultado encontrado em outro estudo(1010 Campos JF, David HMSL, Souza NVDO. Pleasure and suffering: assessment of intensivist nurses in the perspective of work psychodynamics. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2014;18(1):90-5.) e sugere que esta vivência ainda está aquém da desejada pelos trabalhadores de enfermagem(1616 Regis LFLV, Porto IS. Basic human needs of nursing professional: situations of (dis) satisfaction at work. Rev Esc Enferm USP[Internet] . 2011 [cited 2014 June 20];45 (2):334-41. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n2/en_v45n2a04.pdf
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).

Da mesma forma, há convergência com o referencial teórico da psicodinâmica do trabalho, o qual elucida que, embora faça parte das expectativas de todos os trabalhadores, dificilmente o reconhecimento lhes é conferido de modo satisfatório(1Dejours C, Abdoucheli E, Jayet C. Psicodinâmica do trabalho: contribuições da Escola Dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas; 2014.).

Os resultados apontam para um contexto laboral em que os trabalhadores de enfermagem do serviço de hemodiálise vivenciavam o prazer diante da realização profissional. Acredita-se que esta vivência deva ser estimulada, por se constituir em elemento essencial para a manutenção do equilíbrio psíquico do trabalhador.

No que tange aos fatores de sofrimento, os participantes avaliaram satisfatoriamente o esgotamento profissional; esta avaliação é mais positiva e diverge da realizada por enfermeiros pesquisados em outros estudos(9Shimizu HE, Couto DT, Merchan-Hamann E. Pleasure and suffering in intensive care unit nursing staff. Rev Latino Am Enfermagem. 2011;19(3):565-72.-1010 Campos JF, David HMSL, Souza NVDO. Pleasure and suffering: assessment of intensivist nurses in the perspective of work psychodynamics. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2014;18(1):90-5.).

Apesar de o risco psicossocial ter sido o menos mencionado em um estudo realizado em uma unidade dialítica, alguns trabalhadores afirmaram que o trabalho produz sofrimento mental. O sofrimento foi atribuído à atuação em ambiente fechado, junto a pacientes depressivos e à tensão gerada pela responsabilidade com vidas humanas(1111 Morais EM, Fontana RT. Dialytic unit as a scenario of exposure to risk. J Res Fundam Care Online [Internet]. 2014 [cited 2014 Nov 02];6(2):539-549. Available from: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/2648/pdf_1238
http://www.seer.unirio.br/index.php/cuid...
). Essa descrição remete à possibilidade de esgotamento profissional dos trabalhadores de enfermagem em serviços de hemodiálise, a qual não foi evidenciada neste estudo.

No que tange à associação entre o fator esgotamento profissional e a variável satisfação com a remuneração, identificou-se que os trabalhadores menos satisfeitos apresentaram uma avaliação mais negativa do fator.

Nessa direção, pesquisa desenvolvida em um hospital geral considerou baixa a remuneração salarial dos trabalhadores de enfermagem, o que pode possuir relação com a presença de duplo emprego no intuito de complementar a renda mensal. Conforme os autores, essas condições são desencadeadoras de sofrimento e remetem à possibilidade de sobrecarga dos trabalhadores(1919 Rodrigues EP, Rodrigues US, Oliveira LMM, Laudano RCS, Sobrinho CLN. Prevalence of common mental disorders in nursing workers at a hospital of Bahia. Rev Bras Enferm [Internet]. 2014 [cited 2014 Nov 02];67(2):296-301. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v67n2/0034-7167-reben-67-02-0296.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reben/v67n2/003...
), os quais também pode se traduzir em esgotamento profissional, conforme sugerem os resultados deste estudo.

A associação supracitada também está presente nos resultados de uma investigação(1616 Regis LFLV, Porto IS. Basic human needs of nursing professional: situations of (dis) satisfaction at work. Rev Esc Enferm USP[Internet] . 2011 [cited 2014 June 20];45 (2):334-41. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n2/en_v45n2a04.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n2/en...
) realizada em hospital público do Rio de Janeiro, que aponta o salário e a sobrecarga de trabalho como aspectos significativos no que se refere à insatisfação profissional dos integrantes da equipe de enfermagem.

Assim como no Brasil, os baixos salários e a precarização dos contratos de trabalho da enfermagem também ocorrem em países da Europa(2020 Cañadas-De la Fuente GA, Vargas C, San Luis C, García I, Cañadas GR, De la Fuente EI. Risk factors and prevalence of burnout syndrome in the nursing profession. Int J Nurs Stud.2015;52(1):240-9.) e Ásia(2121 Shang J, You L, Ma C, Altares D, Sloane DM, Aiken LH. Nurse employment contracts in Chinese hospitals: impact of inequitable benefit structures on nurse and patient satisfaction. Hum Resour Health [serial on the Internet]. 2014 [cited 2014 Dec 09];12:1. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3896777/
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles...
). Estudos internacionais(2020 Cañadas-De la Fuente GA, Vargas C, San Luis C, García I, Cañadas GR, De la Fuente EI. Risk factors and prevalence of burnout syndrome in the nursing profession. Int J Nurs Stud.2015;52(1):240-9.-2121 Shang J, You L, Ma C, Altares D, Sloane DM, Aiken LH. Nurse employment contracts in Chinese hospitals: impact of inequitable benefit structures on nurse and patient satisfaction. Hum Resour Health [serial on the Internet]. 2014 [cited 2014 Dec 09];12:1. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3896777/
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles...
) demonstram que as baixas remunerações e a pouca estabilidade no emprego podem estar associados à sobrecarga dos trabalhadores de enfermagem, insatisfação com o trabalho e intenção de deixar o emprego.

Quanto à falta de reconhecimento, segundo fator que avalia o sofrimento, todos os itens que o compõem foram avaliados satisfatoriamente pelos participantes, o que pode indicar que as vivências de sofrimento pela falta de reconhecimento não eram frequentes no serviço de hemodiálise pesquisado.

Esse resultado pode ser considerado positivo ao se considerar os achados de um estudo com a equipe de enfermagem de um hospital privado, em que o reconhecimento do trabalho realizado foi o fator de maior influência na satisfação para trabalhar, independentemente da categoria profissional(1919 Rodrigues EP, Rodrigues US, Oliveira LMM, Laudano RCS, Sobrinho CLN. Prevalence of common mental disorders in nursing workers at a hospital of Bahia. Rev Bras Enferm [Internet]. 2014 [cited 2014 Nov 02];67(2):296-301. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v67n2/0034-7167-reben-67-02-0296.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reben/v67n2/003...
).

Apesar do resultado positivo em relação à falta de reconhecimento, a valorização e o reconhecimento do trabalho da enfermagem precisam ser mantidos e constantemente estimulados no serviço pesquisado, assim como nos demais cenários de atuação da enfermagem.

Ao analisar a associação do fator com as variáveis de interesse, identificou-se que os trabalhadores que atuavam de 6 a 12 anos no serviço apresentaram uma avaliação mais negativa em relação à falta de reconhecimento. Apesar de não terem sido avaliados fatores de confundimento neste estudo, sugere-se a possibilidade de que, após os anos iniciais de adaptação ao trabalho em hemodiálise, os trabalhadores de enfermagem se deparem com a falta de reconhecimento, uma vivência de sofrimento que parece ser transformada, ao longo dos anos de trabalho no serviço, já que os membros da equipe com mais de 13 anos de atuação possuíam uma avaliação satisfatória neste fator.

No que tange à presença de outro emprego, os trabalhadores com duplo vínculo empregatício avaliaram de forma mais crítica o reconhecimento profissional, se comparados aos que atuavam somente no serviço de hemodiálise. O trabalho em ambiente hospitalar implica a organização dos serviços em turnos e plantões, o que possibilita a presença de duplos empregos e longas jornadas de trabalho, práticas comuns como forma de complementar a renda, e que podem contribuir para a excessiva carga de trabalho dos profissionais de saúde(2222 Monteiro JK, Oliveira ALL, Ribeiro CS, Grisa GH, Agostini N. Adoecimento psíquico de trabalhadores de Unidades de Terapia Intensiva. Psicol Ciênc Prof [Internet]. 2013 [citado 2014 set. 04];33(2):366-79. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pcp/v33n2/v33n2a09.pdf
http://www.scielo.br/pdf/pcp/v33n2/v33n2...
).

Nessa direção, reitera-se que, se existissem condições de trabalho satisfatórias e compensação salarial justa para os trabalhadores da área da saúde, não haveria a necessidade de manterem diversos vínculos empregatícios e o consequente excesso de trabalho(2323 Robazzi MLCC, Mauro MYC, Secco IAO, Dalri RCMB, Freitas FCT, Terra FS, et al. Alterações na saúde decorrentes do excesso de trabalho entre trabalhadores da área de saúde. Rev Enferm UERJ. 2012;20(4):526-32.).

Pesquisa realizada com profissionais de enfermagem de um pronto-socorro público identificou o número de vínculos empregatícios como fator de risco para o comprometimento da satisfação com o sono e repouso dos participantes(2424 Kogien M, Cedaro JJ. Public emergency department: the psychosocial impact on the physical domain of quality of life of nursing professionals.. Rev Latino Am Enfermagem 2014;22(1):51-8.), o que requer atenção por parte dos trabalhadores e gestores, uma vez que esse é um dos fatores que podem comprometer a qualidade da assistência de enfermagem.

Assim, a associação evidenciada neste estudo remete ao fato de que o reconhecimento profissional também perpassa a questão da remuneração. Apesar de esta variável não ter significância estatística neste fator, indiretamente, a presença de outro emprego acarreta a necessidade de complementação da renda, e, também, a possibilidade de sofrimento do trabalhador pela falta de reconhecimento.

Além disso, a necessidade de complementação de renda por meio de outro emprego, atribuída aos baixos salários da enfermagem, pode ampliar os riscos à saúde do trabalhador, tornando-se necessário também investigar outras consequências, como aquelas relacionadas ao processo de cuidado(2525 Griep RH, Fonseca MJM, Melo ECP, Portela LF, Rotenberg L. Enfermeiros dos grandes hospitais públicos no Rio de Janeiro: características sociodemográficas e relacionadas ao trabalho. Rev Bras Enferm. 2013;66(n.esp):151-7.).

Pelo exposto, evidencia-se que, em uma avaliação geral, o sofrimento pela falta de reconhecimento ocorria de forma discreta no trabalho da enfermagem no serviço de hemodiálise, porém é preciso considerar que este sofrimento existia e era mais acentuado entre os trabalhadores que atuavam de 6 a 12 anos no serviço e que possuíam outro emprego.

No que se refere às correlações entre os fatores de prazer e sofrimento, evidenciou-se correlação inversa entre a realização profissional e o esgotamento profissional. Estudo realizado com trabalhadores de enfermagem da Finlândia, Noruega e Suécia identificou que a maioria dos participantes estava satisfeita com a profissão, porém os trabalhadores com maior carga de trabalho apresentaram menor satisfação no trabalho e intenção de deixar o emprego(2626 Lindqvist R, Smeds Alenius L, Runesdotter S, Ensio A, Jylhä V, Kinnunen J, et al. Organization of nursing care in three Nordic countries: relationships between nurses' workload, level of involvement in direct patient care, job satisfaction, and intention to leave. BMC Nurs [Internet]. 2014 [cited 2014 Dec 10];13:27. Available from: http://www.biomedcentral.com/content/pdf/1472-6955-13-27.pdf
http://www.biomedcentral.com/content/pdf...
).

Autores(2727 Mauro MYC, Paz AF, Mauro CCC, Pinheiro MAS, Silva VG. Condições de trabalho da enfermagem nas enfermarias de um hospital universitário. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2010;14(2):244-52.) afirmam que a sobrecarga de trabalho e o pouco tempo para o descanso comprometem a saúde mental do trabalhador de enfermagem e podem causar problemas pessoais, dificuldade nas relações interpessoais e prejuízo no desempenho das atividades profissionais.

Sobre isso, pesquisa realizada com trabalhadores de enfermagem de uma unidade de clínica médica identificou que a sobrecarga de trabalho foi um dos fatores determinantes para a ocorrência de acidentes de trabalho com exposição biológica(2828 Soares LG, Sarquis LMM, Kirchhof ALC, Felli VEA. Multicausalidade nos acidentes de trabalho da enfermagem com material biológico. Rev Bras Enferm. 2013;66(6):854-9.).

O esgotamento profissional possui repercussões importantes que podem potencializar novas situações de sofrimento e comprometer outras esferas da vida do trabalhador, inclusive as vivências de prazer no trabalho, como a realização profissional.

As vivências de prazer por meio da realização profissional e liberdade de expressão apresentaram correlação positiva neste estudo. Esse resultado reforça que os aspectos subjetivos relacionados à atividade laboral em serviços de saúde necessitam ser considerados, uma vez que possuem influência na qualidade do ambiente e do próprio trabalho(1212 Garcia AB, Dellaroza MSG, Haddad MCL, Pachemshy LR. Prazer no trabalho de técnicos de enfermagem do pronto-socorro de um hospital universitário público. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2012 [cited 2014 nov. 02];33(2):153-9. Disponível em: http:// http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v33n2/22.pdf
http:// http://www....
). Assim, o estímulo às vivências de prazer, especialmente por meio do reconhecimento e liberdade de expressão, pode repercutir positivamente não apenas na saúde dos trabalhadores, mas também na qualidade do trabalho realizado.

Nessa perspectiva, pode-se inferir que as vivências de prazer no trabalho relacionam-se e viabilizam outros sentimentos de bem-estar, o que pode conferir satisfação adicional ao trabalhador e, consequentemente, proteção à saúde.

Os fatores de sofrimento no trabalho, esgotamento profissional e falta de reconhecimento apresentaram correlação negativa com o prazer pela realização profissional. Ao analisar estas correlações é preciso considerar que os ambientes hospitalares configuram-se como contextos laborais insalubres, árduos e com elevados riscos ocupacionais(2222 Monteiro JK, Oliveira ALL, Ribeiro CS, Grisa GH, Agostini N. Adoecimento psíquico de trabalhadores de Unidades de Terapia Intensiva. Psicol Ciênc Prof [Internet]. 2013 [citado 2014 set. 04];33(2):366-79. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pcp/v33n2/v33n2a09.pdf
http://www.scielo.br/pdf/pcp/v33n2/v33n2...
), o que remete às vivências de sofrimento e possibilidade de esgotamento profissional dos trabalhadores.

Estudo sobre as causas atribuídas pelos profissionais de enfermagem para as faltas ao trabalho identificou elementos como a sobrecarga dos trabalhadores, os recursos inadequados, a falta de incentivo ao desenvolvimento e à qualificação profissional, a remuneração salarial insatisfatória e a carga horária laboral excessiva. Conforme os autores, tais elementos contribuem para a insatisfação dos profissionais diante do não reconhecimento do esforço realizado, da falta de valorização e exposição a condições laborais inadequadas(2929 Abreu RMD, Gonçalves RMDA, Simões ALA. Motivos atribuídos por profissionais de uma Unidade de Terapia Intensiva para ausência ao trabalho. Rev Bras Enferm.2014;67(3):386-93.).

Aspectos semelhantes foram descritos em um estudo iraniano, o qual identificou a sobrecarga de trabalho e o esgotamento físico e mental dos enfermeiros como fatores de frustração e de motivação para deixar a profissão. Na mesma pesquisa, o reconhecimento foi considerado como facilitador no trabalho da enfermagem(3030 Jafaraghaee F, Mehrdad N, Parvizy S. Influencing factors on professional commitment in Iranian nurses: a qualitative study. Iran J Nurs Midwifery Res [Internet]. 2014 [cited 2014 Dec 09];19(3):301-8. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4061633/
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles...
).

Os resultados evidenciados neste estudo reiteram que o sofrimento pode ser potencializado quando ocorre a falta de reconhecimento do esforço investido para a realização do trabalho. Dessa forma, o reconhecimento constitui-se em um elemento central para a realização profissional e constituição da integridade psíquica do trabalhador, possibilitando a atribuição de sentido ao sofrimento vivenciado e, dessa forma, sua conversão em prazer(3Mendes AM. Psicodinâmica do trabalho: teoria, método e pesquisas. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2007.). Assim, identifica-se a convergência dos resultados encontrados com o referencial teórico da psicodinâmica do trabalho, na medida em que o prazer e o sofrimento compõem um constructo único(3Mendes AM. Psicodinâmica do trabalho: teoria, método e pesquisas. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2007.).

A limitação metodológica deste estudo está relacionada ao tamanho da população investigada e ao fato de o estudo ter sido realizado em um único serviço de hemodiálise. Esses aspectos necessitam ser reavaliados em novas pesquisas para possibilitar a realização de análises mais aprofundadas ou mesmo confrontar os resultados já encontrados.

Conclusão

Os trabalhadores de enfermagem do serviço de hemodiálise pesquisado consideraram a liberdade de expressão crítica, enquanto que a realização profissional, o esgotamento profissional e a falta de reconhecimento foram avaliados satisfatoriamente. Dessa forma, o prazer relacionado à atividade laboral sobressaiu-se no contexto do trabalho investigado.

No que tange à associação entre os indicadores de prazer e sofrimento, e as características sociodemográficas e laborais, evidenciou-se uma associação significativa entre a atuação no turno da noite e o comprometimento da liberdade de expressão. Da mesma forma, os trabalhadores menos satisfeitos com a remuneração foram os que avaliaram de forma mais crítica o esgotamento profissional. Evidenciou-se o sofrimento pela falta de reconhecimento associado ao tempo de atuação no serviço de 6 a 12 anos e à presença de outro emprego.

O comprometimento das vivências de prazer no trabalho da enfermagem, no serviço de hemodiálise, expresso pela falta de liberdade de expressão, foi um aspecto evidenciado e que necessita de intervenção por parte dos gestores do serviço, a fim de evitar prejuízo à saúde dos trabalhadores. Nesse sentido, uma possível medida inicial seria proporcionar espaços de escuta e discussão no âmbito individual e coletivo em que os trabalhadores pudessem expressar e socializar experiências e sentimentos relacionados à atividade laboral.

A presença de correlação entre os fatores da EIPST sinaliza a convergência dos resultados do estudo com o referencial teórico da psicodinâmica do trabalho. Apesar de a EIPST não ter sido construída especificamente para avaliar as vivências de prazer e sofrimento em trabalhadores de enfermagem, mostrou-se internamente consistente ao ser aplicada nesta população. A utilização do instrumento mostrou-se útil, por possibilitar a realização de uma avaliação que poderá ser aprofundada com a utilização de técnicas qualitativas e aplicação de outros instrumentos.

Como possíveis contribuições do estudo, menciona-se a visibilidade da temática saúde do trabalhador de enfermagem que atua em serviços de hemodiálise, cenário que precisa ser explorado em estudos brasileiros, e a inclusão de novos dados que possam subsidiar discussões referentes ao prazer e sofrimento no trabalho. Além disso, os resultados deste estudo avançam no conhecimento científico e sugerem que, apesar de se ter um contexto de trabalho em que o prazer prevalece, existem aspectos da organização do trabalho, como a liberdade de expressão e o reconhecimento, que necessitam ser (re)pensados com vistas a minimizar os prejuízos à saúde dos trabalhadores.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jun 2015

Histórico

  • Recebido
    18 Jul 2014
  • Aceito
    02 Mar 2015
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