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Bundle de Cateter Venoso Central: conhecimento e comportamento de profissionais em Unidades de Terapia Intensiva adulto * * Extraído da dissertação: “ Bundle de Cateter Venoso Central: conhecimento e comportamento de profissionais de saúde das Unidades de Terapia Intensiva Adulto de um hospital de grande porte”, Universidade Federal de Minas Gerais, 2017.

Bundle de Catéter Venoso Central: conocimiento y comportamiento de los profesionales en Unidades de Cuidados Intensivos de adultos

RESUMO

Objetivo

Avaliar conhecimento e comportamento dos profissionais de Unidades de Terapia Intensiva quanto às ações recomendadas no bundle de prevenção de infecção de corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central.

Método

Estudo transversal, descritivo, com abordagem quantitativa, realizado em três Unidades de Terapia Intensiva. Os dados foram coletados por meio de questionário aplicado face-a-face com profissionais de saúde. Utilizou-se o software R 3.3.1 para análise dos dados.

Resultados

Participaram 292 profissionais. Quanto ao conhecimento, o item higienização das mãos apresentou maior nível tanto no momento da inserção (92,46%) como na manutenção (97,27%). O uso do degermante clorexidina, seguido por alcoólico (47,94%) e datar hub ou conectores (19,87%) foram os itens de menor conhecimento. Quanto ao comportamento, os profissionais relataram: sempre usar a paramentação correta para inserção do cateter (84,25%), nunca esperar a secagem do antisséptico antes de inserir o cateter (25,34%) e nunca realizar limpeza do hub ou conectores com álcool 70% (23,86%).

Conclusão

Os resultados demonstram que o conhecimento e comportamento dos profissionais em relação ao bundle de cateter venoso central apresentam fragilidades, revelando a importância de incentivar programas de capacitação nesta área do conhecimento.

Infecção Hospitalar; Infecções Relacionadas a Cateter; Cateteres Venosos Centrais; Segurança do Paciente; Unidades de Terapia Intensiva; Enfermagem de Cuidados Críticos

RESUMEN

Objetivo

Evaluar el conocimiento y el comportamiento de los profesionales de la Unidad de Cuidados Intensivos en relación con las acciones recomendadas en el bundle de prevención de la infección del torrente sanguíneo relacionada con el catéter venoso central.

Método

Estudio descriptivo transversal, con enfoque cuantitativo, realizado en tres Unidades de Cuidados Intensivos. Los datos se reunieron mediante un cuestionario presencial aplicado a profesionales de la salud. Se utilizó el software R 3.3.1 para el análisis de los datos.

Resultados

Participaron 292 profesionales. En cuanto al conocimiento, el tema de la higiene de las manos presentó un nivel más alto tanto en el momento de la inserción (92,46%) como en el mantenimiento (97,27%). El uso del antiséptico clorhexidina, seguido por el alcohol (47,94%) y la datación de hub o conectores (19,87%) fueron los elementos de menor conocimiento. En cuanto a la conducta, los profesionales informaron: siempre usar la vestimenta correcta para la inserción del catéter (84,25%), nunca esperar a que el antiséptico se seque antes de insertar el catéter (25,34%) y nunca limpiar el hub o los conectores con alcohol al 70% (23,86%).

Conclusión

Los resultados muestran que el conocimiento y el comportamiento de los profesionales en relación con el bundle sobre el catéter venoso central presentan debilidades, lo que revela la importancia de fomentar programas de formación en esta área de conocimiento.

Infección Hospitalaria; Infecciones Relacionadas con Catéteres; Catéteres Venosos Centrales; Seguridad del Paciente; Unidades de Cuidados Intensivos; Enfermería de Cuidados Críticos

ABSTRACT

Objective

To evaluate knowledge and behavior of professionals in Intensive Care Units regarding the actions recommended in the bundle on preventing central venous catheter-related bloodstream infection.

Method

Cross-sectional descriptive quantitative study, conducted in three Intensive Care Units. The data were collected through a face-to-face questionnaire applied to health professionals. The software R 3.3.1 was used for data analysis.

Results

Two-hundred and ninety-two professionals participated. Regarding knowledge, the hand hygiene item presented a higher level both for the insertion (92.46%) and maintenance (97.27%) moments. Usage of chlorhexidine as an antiseptic, followed by alcohol (47.94%) and providing a date for hub or connectors (19.87%) were the least known items. As for behavior, the professionals reported: using always the correct attire for catheter insertion (84.25%), never waiting for the antiseptic to dry before catheter insertion (25.34%) and never cleaning hub or connectors with 70% alcohol (23.86%).

Conclusion

Results show that the professionals’ knowledge and behavior regarding the central venous catheter bundle present deficiencies, revealing the importance of promoting training programs for this knowledge domain.

Cross Infection; Catheter-Related Infections; Central Venous Catheters; Patient Safety; Intensive Care Units; Critical Care Nursing

INTRODUÇÃO

Infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) representam um dos maiores desafios para a segurança do paciente, sendo um dos principais eventos adversos que acometem usuários de serviços de saúde em todo o mundo. O risco de aquisição de IRAS é significantemente maior em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), onde aproximadamente 30% dos pacientes são afetados por ao menos um episódio de infecção. A frequência elevada de infecções está associada ao uso de dispositivos invasivos. Dentre estas, destaca-se a infecção primária de corrente sanguínea (IPCS), associada ao uso de cateter venoso central (CVC) (11. Allen-Bridson K. NHSN Central Line-associated bloodstream infection surveillance in 2014. NHSN training 2014 [Internet]. Washington : CDC; 2014 [cited 2019 Feb 02]. Available from: http://www.cdc.gov/nhsn/PDFs/training/training-CLABSI-2014-with-answersBW.pdf
http://www.cdc.gov/nhsn/PDFs/training/tr...
- 22. World Health Organization. Clean Care is Safer Care. The burden of health care-associated infection worldwide [Internet]. Geneva : WHO; 2018 [cited 2019 Nov 12]. Available from: https://www.who.int/gpsc/country_work/burden_hcai/en/
https://www.who.int/gpsc/country_work/bu...
).

Em 2014, a National Healthcare Safety Network já apresentava como estimativa a “ocorrência de 30.000 novos casos desta infecção em UTIs dos Estados Unidos a cada ano” (33. National Healthcare Safety Network. Patient safety component manual [Internet]. Washington : CDC; 2017 [cited 2019 Nov 12]. Available from: https://www.cdc.gov/nhsn/pdfs/pscmanual/pcsmanual_current.pdf
https://www.cdc.gov/nhsn/pdfs/pscmanual/...
). No Brasil, sua incidência em UTIs adulto em 2016 foi de 4,6 infecções a cada 1.000 CVC/dia (44. Brasil. Ministério da Saúde; Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Avaliação dos indicadores nacionais das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) e resistência microbiana do ano de 2016. Brasília : ANVISA; 2017.).

Diante da relevância das IPCSs associadas ao uso de cateter venoso central (CVC) e de suas repercussões tanto para os pacientes quanto para as unidades de saúde, sabe-se que as instituições hospitalares têm investido continuamente em medidas e estratégias que visam ao controle e prevenção dessas infecções, seguindo recomendações evidenciadas na literatura. Dentre as recomendações, destacam-se as apresentadas no Guideline for the Prevention of Intravascular Catheter-Related Infections, pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Nesse documento, as medidas multimodais para prevenção de infecções relacionadas ao uso de cateter devem ser incorporadas na assistência à saúde por meio de um pacote (bundle) ou conjunto de ações a serem empregadas na inserção ou manutenção do CVC (55. O’Grady NP, Alexander M, Burns LA, Dellinger EP, Garland J, Heard SO, et al. Guidelines for the prevention of intravascular catheter-related infections. Clin Infect Dis [Internet]. 2011 [cited 2019 Mar 29]; 52 (9): 162 - 93. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3106269/
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).

No bundle de inserção do CVC, é recomendada a higienização das mãos, uso de barreiras máximas de precaução, antissepsia da pele com gluconato de clorexidina, seleção do local de inserção, evitando veia femoral, revisão diária da necessidade de permanência do cateter e remoção imediata quando não mais indicado (66. Santos SF, Viana RS, Alcoforado CLGC, Campos CC, Matos SS, Ercole FF. Ações de enfermagem na prevenção de infecções relacionadas ao cateter venoso central: uma revisão integrativa. Rev SOBECC [Internet]. 2014 [citado 2019 mar. 30]; 19 (4): 219 - 25. Disponível em: http://sobecc.org.br/arquivos/artigos/2015/pdfs/v19n4/SOBECC_v19n4_219-225.pdf
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). Após a inserção do CVC, os aspectos a serem considerados são: higienização das mãos antes de manipular o dispositivo, fricção dos conectores e conexão do cateter com álcool 70% por 30 segundos, cuidados com curativo e verificação diária da necessidade da permanência do cateter (55. O’Grady NP, Alexander M, Burns LA, Dellinger EP, Garland J, Heard SO, et al. Guidelines for the prevention of intravascular catheter-related infections. Clin Infect Dis [Internet]. 2011 [cited 2019 Mar 29]; 52 (9): 162 - 93. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3106269/
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6. Santos SF, Viana RS, Alcoforado CLGC, Campos CC, Matos SS, Ercole FF. Ações de enfermagem na prevenção de infecções relacionadas ao cateter venoso central: uma revisão integrativa. Rev SOBECC [Internet]. 2014 [citado 2019 mar. 30]; 19 (4): 219 - 25. Disponível em: http://sobecc.org.br/arquivos/artigos/2015/pdfs/v19n4/SOBECC_v19n4_219-225.pdf
http://sobecc.org.br/arquivos/artigos/20...
- 77. Araújo FL, Manzo BF, Costa ACL, Corrêa AR, Marcatto JO, Simão DAS. Adherence to central venous catheter insertion bundle in neonatal and pediatric units. Rev Esc Enferm USP. 2017; 51 : e03269. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1980-220X2017009603269
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).

Para que os profissionais de saúde possam contribuir para prevenção e minimização da infecção relacionada ao uso do cateter venoso central e, consequentemente, para segurança do paciente, é necessário que as equipes multiprofissionais que atuam nas UTIs tenham informações baseadas em evidências científicas e comportamentos coerentes com as recomendações do bundle de prevenção de infecção relacionada ao uso de cateteres (88. Brasil. Ministério da Saúde; Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Brasília : ANVISA; 2017. ).

Este estudo foi proposto com o objetivo de avaliar o conhecimento e o comportamento dos profissionais de Unidade de Terapia Intensiva no que se refere às ações recomendadas em bundles de prevenção de IPCS associada ao uso do CVC. Este estudo poderá contribuir para avaliar a implementação de protocolos e repensar as estratégias de capacitação e adequação do processo de trabalho, visando a efetivar as medidas recomendadas para prevenir IPCS decorrente da utilização do CVC.

MÉTODO

TIPO DE ESTUDO

Estudo transversal, descritivo, com abordagem quantitativa.

CENÁRIO

Pesquisa desenvolvida em três Unidades de Terapia Intensiva de adultos de um hospital público de grande porte em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

A população do estudo incluiu os profissionais das equipes de assistência envolvidos no manejo de CVC (médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem) das unidades pesquisadas.

Os critérios para a inclusão dos participantes foram estar lotado na UTI e exercer ativamente a função assistencial no período da coleta de dados. Foram excluídos aqueles profissionais que se encontravam em férias ou licença médica.

DEFINIÇÃO DA AMOSTRA

Seguindo tais critérios, foram convidados a participar do estudo 345 profissionais. Do total, sete estavam em licença médica e 46 recusaram-se a participar. Assim, a amostra final era composta de 292 sujeitos (84,6%). Realizou-se a comparação entre as categorias profissionais, uma vez que todos os profissionais são responsáveis pela prevenção de infecções de cateter, independentemente de sua categoria. O nível de formação dos profissionais é variado, o que pode influenciar seu conhecimento e comportamento quanto ao controle das IPCSs. Para essas comparações, foram realizados testes para verificar a homogeneidade entre os grupos. Ressalta-se que tais testes serão descritos na análise de dados.

Ademais, o investimento nas capacitações e atualizações em serviço, bem como a participação dos profissionais em análise de indicadores e construções de plano de ações, poderiam causar interferência na adesão às ações para prevenir a infecção devida ao cateter venoso central.

COLETA DE DADOS

Para a realização da pesquisa, foi construído, em três fases, o instrumento “Conhecimento e comportamento autorrelatado sobre o bundle de CVC”. Na primeira fase, para elaboração do instrumento, foi conduzida uma revisão bibliográfica em periódicos indexados nas bases de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Literatura Internacional em Ciências da Saúde e Biomédica (MEDLINE), utilizando como descritores: infecções relacionadas a cateter, cateterismo, controle de infecções, unidades de terapia intensiva. As recomendações do bundle de CVC descritas pelo CDC e fomentados pela ANVISA subsidiaram a construção do instrumento (55. O’Grady NP, Alexander M, Burns LA, Dellinger EP, Garland J, Heard SO, et al. Guidelines for the prevention of intravascular catheter-related infections. Clin Infect Dis [Internet]. 2011 [cited 2019 Mar 29]; 52 (9): 162 - 93. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3106269/
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).

O instrumento de coleta de dados foi composto por características sociodemográficas e laborais dos profissionais (sexo, idade, turno de trabalho, tempo de formação, vínculo, carga horária, profissão e especialização). No que se refere ao conhecimento sobre o bundle de inserção de CVC, foram verificados os itens sobre higienização das mãos, uso de barreiras máximas de proteção, degermação da pele e local adequado para inserção do cateter. Sobre o conhecimento relativo à manutenção do CVC, consideraram-se a higienização das mãos, desinfecção de hubs e conectores, data em equipos e extensores e verificação diária sobre a necessidade de permanência do CVC. As questões avaliaram o conhecimento por meio de uma entre as alternativas “discordo”, “concordo plenamente” e “concordo parcialmente”.

O comportamento foi avaliado com base nos itens referentes à inserção, tais como higienização das mãos, uso de barreiras máximas de proteção e degermação da pele. Quanto ao comportamento durante a manutenção, consideraram-se higienização das mãos, desinfecção de hubs e conectores, datas em equipos e extensores e verificação diária sobre o CVC. As perguntas apresentavam quatro alternativas como resposta (“sempre”, “quase sempre”, “algumas vezes” e “nunca”).

O instrumento elaborado foi submetido à análise por três doutores na área de segurança do paciente e terapia intensiva para avaliação de seu conteúdo e forma de apresentação. Considerou-se especialista o enfermeiro com experiência profissional de pelo menos dois anos no ensino ou na assistência na área de terapia intensiva e/ou controle de infecção. Foi realizado pré-teste do instrumento com profissionais de todas as categorias deste estudo, a fim de averiguar clareza e compreensão do instrumento elaborado, o que evidenciou a necessidade de ajustes quanto à linguagem no item de avaliação sobre o comportamento dos profissionais.

A coleta de dados ocorreu no período de outubro de 2017 a janeiro de 2018, por meio de entrevista face a face. O entrevistador lia as questões em voz alta para o profissional participante do estudo e marcava a resposta no questionário conforme o entrevistado as apontava. Em relação ao conhecimento, foi solicitado ao profissional que respondesse se o item lido pelo entrevistador fazia parte ou não de bundles de prevenção de IPCS associada ao CVC. Quanto ao comportamento, foi solicitado aos profissionais que relatassem a frequência na qual realizavam as ações preconizadas pelo bundle de prevenção de IPCS associada ao CVC.

ANÁLISE E TRATAMENTO DOS DADOS

Tabularam-se os dados coletados em planilha do Programa Excel 16.0 e sua análise foi conduzida no software R versão 3.3.1. Para análise descritiva das variáveis qualitativas, foram calculadas as frequências absoluta e relativa, ao passo que medidas de tendência central e dispersão foram utilizadas para as variáveis quantitativas. Para verificar a homogeneidade entre os grupos (Médico, Enfermeiro, Técnico de Enfermagem), foram utilizados, para as variáveis qualitativas, os testes Qui-Quadrado e Exato de Fisher. Empregou-se o teste Qui-Quadrado nos casos em que as tabelas de contingência apresentaram todas as células com frequências maiores que 5, enquanto o exato de Fisher foi utilizado quando as células tinham frequências iguais ou inferiores a 5. Para as variáveis quantitativas, foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis e, quando o teste indicou diferença significativa, foi utilizado o teste de Nemenyi para as comparações múltiplas. Os resultados do teste final foram considerados significativos, com nível de significância de 5% (p < 0,05) e intervalo de confiança de 95%.

ASPECTOS ÉTICOS

Os participantes da pesquisa foram orientados quanto aos objetivos do estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), após a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Instituição Coparticipante, sob o Parecer n. 1.288.258/15, de acordo com a Resolução n. 466/12, do Conselho Nacional de Saúde.

RESULTADOS

Entre os 292 profissionais entrevistados, a maioria era do sexo feminino (77,74%), com idade variando entre 20 e 62 anos e mediana de 32 anos. A maioria dos participantes era técnico de enfermagem (n=179; 61,30%), seguida por médicos (n= 60; 20,55%) e os demais enfermeiros (n=53; 18,15%). Dentre os 53 enfermeiros participantes, 38 (71,69%) possuíam especialização. Destes, 27 (71,05%) eram da área de Enfermagem em Terapia Intensiva. Dos 60 médicos respondentes, 42 (70,05%) reportaram ser especialistas em Terapia Intensiva. Entre os participantes, o tempo de formação profissional variou de 29 dias a 36 anos, com mediana de oito anos. O tempo de atuação na UTI variou entre 29 dias e 30 anos, com mediana de três anos.

Em relação ao conhecimento dos entrevistados acerca do bundle de prevenção de infecção de CVC, técnicos de enfermagem (n=126; 70,39%) e enfermeiros (n=46; 86,79%) foram os profissionais que mais receberam treinamentos. Quanto ao modo de aquisição do conhecimento sobre o bundle, 48 médicos (80%) relataram obtê-lo por meio de livros/revistas/internet, enquanto no grupo dos enfermeiros, 37 (69,81%) o adquiriram por meio de treinamentos no hospital, assim como no grupo de técnicos de enfermagem (n=152; 84,92%). Em relação à participação na análise de indicadores da unidade e planejamento de intervenções relacionado à infecção de cateter, 6 (10%) dos médicos e 15 (28,3%) dos enfermeiros relataram tê-la vivenciado, enquanto 100% dos técnicos disseram não participar dessa etapa.

Na Tabela 1, observam-se as variáveis relacionadas ao conhecimento e ao comportamento autorrelatado dos profissionais quanto ao bundle de inserção do cateter venoso central.

Tabela 1
– Conhecimento e comportamento autorrelatado sobre o bundle de inserção de cateter venoso central – Belo Horizonte, MG, Brasil, 2018.

Em relação aos itens do bundle, houve maior discordância entre os médicos quanto ao uso de barreiras máximas de proteção ser um item do bundle, quer seja para o profissional que insere o cateter (p=0,019) ou para a aquele que auxilia a inserção (p=0,001). Quanto à degermação da pele, a menor resposta de concordância foi observada entre os técnicos de enfermagem (p=0,043). Em relação ao comportamento autorrelatado durante a inserção de CVC, houve diferenças estatisticamente significativas entre os grupos para os itens: higienização e/ou degermação das mãos antes da inserção do cateter (p=0,043); espera da secagem do antisséptico antes da inserção do cateter (p=0,03); ruptura da técnica estéril durante a inserção do cateter (p=0,02). Ressalta-se que os técnicos de enfermagem afirmaram seguir as condutas preconizadas pelo bundle mais frequentemente que outros profissionais, embora os mesmos profissionais tenham respondido que rompem mais com a técnica estéril.

Na Tabela 2, observam-se as variáveis relacionadas ao conhecimento e ao comportamento autorrelatado dos profissionais quanto ao bundle de manutenção do cateter venoso central, estratificados por profissão.

Tabela 2
– Conhecimento e comportamento autorrelatado sobre o bundle de manutenção de cateter venoso central – Belo Horizonte, MG, Brasil, 2018.

Sobre o conhecimento dos profissionais em relação ao bundle de manutenção de CVC, observaram-se diferenças significativas entre os grupos quanto a: limpeza do hub ou conectores com álcool a 70% (p=0,032); troca de equipo (p=0,002); data em hub ou conectores (p=0,001); evitar manipulação excessiva do cateter (p=0,006). Para a maioria das variáveis, os enfermeiros mostraram-se mais assertivos quando comparados aos demais grupos. Contudo, chama a atenção o fato de que, para a variável “datar conectores”, houve predominância no grupo de médicos, já que se trata de uma ação frequentemente atribuída à enfermagem.

Em relação ao comportamento autorrelatado dos profissionais sobre o bundle de manutenção de CVC, observaram-se diferenças significativas de frequência entre os grupos quanto a: limpeza do hub ou conectores com álcool a 70% (p=0,005); higienização prévia das mãos antes de manipular o cateter pelos profissionais do setor (p=0,000); troca de equipo (p=0,000); uso de gorro e máscara durante a troca de curativo pelos profissionais do setor (p=0,039). Para a maioria das variáveis, os técnicos de enfermagem responderam que adotam com mais frequência as condutas preconizadas pelo bundle de manutenção de CVC. Destacam-se os baixos valores de média de limpeza do hub ou conectores com álcool a 70%, mesmo no grupo de técnicos de enfermagem (média=53,77%). Isso revela a baixa adesão a essa prática, mesmo que a maioria dos profissionais desse grupo concorde plenamente com a conduta (média=83,24).

DISCUSSÃO

Neste trabalho, os grupos dos técnicos de enfermagem e enfermeiros apresentaram o maior percentual de indivíduos que tiveram treinamento sobre prevenção de infecção relacionada ao CVC, sendo essa diferença estatisticamente significativa. O investimento nas capacitações e atualizações em serviço, bem como a participação dos profissionais em análise de indicadores e construções de plano de ações, podem interferir na adesão às ações de prevenção de infecção do cateter venoso central. Além disso, os programas de educação continuada, com treinamentos periódicos para os profissionais diretamente responsáveis pelos cuidados que envolvem o CVC, podem contribuir para a melhora da cultura de segurança e maior comprometimento dos profissionais na adesão as estratégias que visem a reduzir as taxas de infecção (55. O’Grady NP, Alexander M, Burns LA, Dellinger EP, Garland J, Heard SO, et al. Guidelines for the prevention of intravascular catheter-related infections. Clin Infect Dis [Internet]. 2011 [cited 2019 Mar 29]; 52 (9): 162 - 93. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3106269/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/article...
, 99. National Institute for Health and Care Excellence. Infection prevention and control: quality standard [Internet]. London : NICE; 2014 [ cited 2019 Mar 30]. Available from: https://www.nice.org.uk/guidance/qs61/resources/infection-prevention-and-control-pdf-2098782603205
https://www.nice.org.uk/guidance/qs61/re...

10. Infusion Nurses Society Brazil. Diretrizes Práticas para Terapia Infusional [Internet]. São Paulo : INS; 2013 [citado 2019 mar. 30]. Disponível em: http://www.insbrasil.org.br/ins/
http://www.insbrasil.org.br/ins/...

11. Cooper K, Frampton G, Harris P, Jones J, Cooper T, Graves N, et al. Are educational interventions to prevent catheter-related bloodstream infections in intensive care unit cost-effective? J Hosp Infect. 2014; 86 (1): 47 - 52. DOI: 10.1016/j.jhin.2013.09.004
https://doi.org/10.1016/j.jhin.2013.09.0...
- 1212. Oliveira FT, Stipp MAC, Silva LD, Frederico M, Duarte SCM. Behavior of the multidisciplinary team about Bundle of Central Venous Catheter in Intensive Care. Esc Anna Nery [Internet] 2016 [cited 2019 Mar 31]; 20 (1): 55 - 62. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452016000100055
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
).

Em relação ao conhecimento sobre o bundle de inserção, considerando o preparo da pele, o grupo dos médicos apresentou o menor percentual de indivíduos que recomendam a associação das soluções degermante e alcoólica. Resultado divergente foi encontrado em outro estudo, que evidenciou 100% de assertividade (1313. Oliveira FJ, Menezes LST, Caetano JA, Silva VM, Oliveira MLB, Machado JJA. Avaliação das práticas de adesão à higienização das mãos relacionadas com linhas vasculares em uma Unidade de Terapia Intensiva. Vigil Sanit Debate [Internet]. 2015 [citado 2019 mar. 30]; 3 (4): 55 - 61. Disponível em http://www6.ensp.fiocruz.br/visa/?q=node/6943
http://www6.ensp.fiocruz.br/visa/?q=node...
). Ressalta-se que o preparo da pele do paciente com solução alcoólica de clorexidina a 0,5% é de suma importância para a redução de infecção relacionada ao cateter e deve ser realizado antes da inserção do CVC. É recomendado respeitar o tempo de secagem do produto de acordo com as instruções do fabricante (55. O’Grady NP, Alexander M, Burns LA, Dellinger EP, Garland J, Heard SO, et al. Guidelines for the prevention of intravascular catheter-related infections. Clin Infect Dis [Internet]. 2011 [cited 2019 Mar 29]; 52 (9): 162 - 93. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3106269/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/article...
).

Nota-se que o grupo de médicos, que representa a maior atuação em todo o processo de inserção do CVC, apresentou um grau de concordância inferior em relação às outras categorias sobre o uso de barreiras máximas de proteção durante a inserção do CVC. Estudo que acompanhou os procedimentos de inserção de CVC em unidades de terapia intensiva neonatal e pediátrica encontrou resultados próximos a 97% de assertividade dos profissionais responsáveis pelo procedimento em relação a essa conduta ( 1313. Oliveira FJ, Menezes LST, Caetano JA, Silva VM, Oliveira MLB, Machado JJA. Avaliação das práticas de adesão à higienização das mãos relacionadas com linhas vasculares em uma Unidade de Terapia Intensiva. Vigil Sanit Debate [Internet]. 2015 [citado 2019 mar. 30]; 3 (4): 55 - 61. Disponível em http://www6.ensp.fiocruz.br/visa/?q=node/6943
http://www6.ensp.fiocruz.br/visa/?q=node...
).

O grupo dos técnicos de enfermagem apresentou maior grau de concordância quanto ao uso das barreiras máximas de proteção para auxiliar a inserção do cateter venoso central. Resultado semelhante foi encontrado em estudo realizado em unidade de terapia intensiva em um Hospital Universitário no Rio de Janeiro, apesar das diferenças entre as categorias profissionais não apresentarem resultado estatisticamente significativo (1414. Silva AG, Oliveira AC. Adesão às medidas para prevenção da infecção da corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central. Enferm Foco [Internet] 2017 [citado 2019 mar. 30]; 8 (2): 36 - 41. Disponível em: http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/977/378
http://revista.cofen.gov.br/index.php/en...
). A fim de garantir que todo o procedimento de inserção aconteça de maneira segura, os autores discutem que é necessária a interrupção do processo se qualquer etapa não for realizada corretamente. O enfermeiro pode ter autonomia para suspender o procedimento eletivo (1414. Silva AG, Oliveira AC. Adesão às medidas para prevenção da infecção da corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central. Enferm Foco [Internet] 2017 [citado 2019 mar. 30]; 8 (2): 36 - 41. Disponível em: http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/977/378
http://revista.cofen.gov.br/index.php/en...
).

O ato de higienizar/degermar as mãos antes da inserção do CVC apresentou maior grau de concordância no grupo dos técnicos de enfermagem. Tal ação deve ser realizada como medida preventiva de infecção relacionada ao cateter, uma vez que os principais microrganismos que causam esta infecção são provenientes das mãos dos profissionais (55. O’Grady NP, Alexander M, Burns LA, Dellinger EP, Garland J, Heard SO, et al. Guidelines for the prevention of intravascular catheter-related infections. Clin Infect Dis [Internet]. 2011 [cited 2019 Mar 29]; 52 (9): 162 - 93. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3106269/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/article...
). Estudo ressalta que a precariedade da infraestrutura, como acesso a pias, disponibilidade de álcool gel, falta de tempo e esquecimento contribuem para a baixa adesão à higienização das mãos (1515. Rynga D, Kumar S, Gaind R, Rai AK. Hand hygiene compliance and associated factors among health care workers in a tertiary care hospital: self-reported behaviour and direct observation. Int J Infect Control. 2017; 13 (1): 1 - 9. DOI: https://doi.org/10.3396/ijic.v13i1.17137
https://doi.org/10.3396/ijic.v13i1.17137...
).

Constatou-se também diferença significativa na frequência da conduta de espera da secagem do antisséptico antes da inserção do cateter, sendo que o grupo dos técnicos de enfermagem apresentou o maior percentual da frequência de que “sempre” o responsável adota essa conduta, enquanto médicos e enfermeiros apresentaram maiores percentuais de frequência de “quase sempre”. Com esse resultado, pode-se inferir que há falhas quanto à adesão em relação ao preparo da pele pelo profissional que o realiza e insere o cateter. Torna-se importante conduzir treinamentos e estratégias que reforcem a adesão a essa prática, que apresenta um alto nível de evidência na prevenção de infecção de cateter (88. Brasil. Ministério da Saúde; Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Brasília : ANVISA; 2017. ).

A ruptura da técnica estéril durante a inserção do cateter pelo responsável por implantar o CVC obteve maiores percentuais de frequência para “algumas vezes” entre o grupo dos enfermeiros e dos médicos. Trata-se de um resultado alarmante, uma vez que essa conduta impacta diretamente na contaminação da pele e corrente sanguínea do paciente, contribuindo para a ocorrência de infecção (1414. Silva AG, Oliveira AC. Adesão às medidas para prevenção da infecção da corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central. Enferm Foco [Internet] 2017 [citado 2019 mar. 30]; 8 (2): 36 - 41. Disponível em: http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/977/378
http://revista.cofen.gov.br/index.php/en...
).

Em relação ao comportamento autorrelatado dos profissionais quanto ao bundle de manutenção do cateter venoso central, embora não tenha havido diferença significativa na frequência da conduta de verificação quanto à necessidade de permanência do cateter, houve diferença significativa na média de frequência dessa conduta. O grupo dos técnicos de enfermagem apresentou a maior estimativa média. A realização de rounds de toda a equipe diariamente, ou a utilização de instrumentos como os checklists para avaliação da necessidade de permanência do CVC e a retirada do dispositivo imediatamente quando não necessário, é recomendada por vários autores (99. National Institute for Health and Care Excellence. Infection prevention and control: quality standard [Internet]. London : NICE; 2014 [ cited 2019 Mar 30]. Available from: https://www.nice.org.uk/guidance/qs61/resources/infection-prevention-and-control-pdf-2098782603205
https://www.nice.org.uk/guidance/qs61/re...
).

Observou-se que o grupo dos enfermeiros apresentou maior percentual da frequência de que “algumas vezes” realizam a limpeza do hub ou conectores com álcool a 70% em comparação aos demais grupos. Corroborando esse resultado, uma pesquisa realizada com profissionais que trabalham em unidade de terapia intensiva de um hospital público em Belo Horizonte apontou uma baixa adesão da equipe de enfermagem na desinfecção dos hubs (1414. Silva AG, Oliveira AC. Adesão às medidas para prevenção da infecção da corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central. Enferm Foco [Internet] 2017 [citado 2019 mar. 30]; 8 (2): 36 - 41. Disponível em: http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/977/378
http://revista.cofen.gov.br/index.php/en...
).

O grupo dos técnicos de enfermagem apresentou o maior percentual da frequência de que “sempre” realizam a higienização prévia das mãos antes de manipular o cateter. Vale ressaltar que, nas unidades em que foi realizado o estudo em questão, todos os boxes possuem pias com sabão e álcool, além de lavatórios maiores nos corredores com soluções antissépticas degermante e alcoólica para higienizar as mãos dos profissionais. Assim, o acesso a materiais e a infraestrutura não são fatores que dificultam a adesão da equipe a essa medida. Uma pesquisa realizada em uma UTI brasileira concluiu que a maioria dos profissionais não realizou a higienização das mãos em nenhum momento das atividades observadas (troca do sistema de infusão, administração de medicamentos e troca e realização de curativo). Tal prática repercute diretamente na qualidade da assistência, o que contribui para o aparecimento de infecções cruzadas (1313. Oliveira FJ, Menezes LST, Caetano JA, Silva VM, Oliveira MLB, Machado JJA. Avaliação das práticas de adesão à higienização das mãos relacionadas com linhas vasculares em uma Unidade de Terapia Intensiva. Vigil Sanit Debate [Internet]. 2015 [citado 2019 mar. 30]; 3 (4): 55 - 61. Disponível em http://www6.ensp.fiocruz.br/visa/?q=node/6943
http://www6.ensp.fiocruz.br/visa/?q=node...
).

Em relação à troca de equipo, os técnicos de enfermagem apresentaram o maior percentual de indivíduos que adotam esta conduta e maior percentual médio da frequência desta conduta. A troca de equipo é responsabilidade do técnico de enfermagem, processo checado pelo enfermeiro diariamente. Tal fator pode ter contribuído para a elevada frequência de que “sempre” essa conduta é realizada, na perspectiva dessas categorias. Ressalta-se que o risco de contaminação das linhas centrais diminui consideravelmente quando ocorre a troca de equipos entre 72 a 96 horas (55. O’Grady NP, Alexander M, Burns LA, Dellinger EP, Garland J, Heard SO, et al. Guidelines for the prevention of intravascular catheter-related infections. Clin Infect Dis [Internet]. 2011 [cited 2019 Mar 29]; 52 (9): 162 - 93. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3106269/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/article...
).

Quanto ao uso de gorro e máscara durante a troca de curativo, o grupo dos enfermeiros apresentou maior percentual da frequência de que “sempre” os profissionais adotam essa conduta e maior percentual médio de frequência dessa conduta. O fato de a responsabilidade do procedimento ser do enfermeiro poderia ter interferido no resultado. Porém, o resultado não foi expressivo e não demonstra adesão do profissional, sendo um aspecto a ser trabalhado. Apresentar cuidados recomendados na realização dos curativos é uma prática importante, pois, nesse momento, tornam-se a via de entrada dos microrganismos após a inserção do cateter (55. O’Grady NP, Alexander M, Burns LA, Dellinger EP, Garland J, Heard SO, et al. Guidelines for the prevention of intravascular catheter-related infections. Clin Infect Dis [Internet]. 2011 [cited 2019 Mar 29]; 52 (9): 162 - 93. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3106269/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/article...
).

Adicionalmente, deve-se destacar que, para alguns itens do bundle, a maioria dos profissionais possui o conhecimento; porém, o comportamento autorrelatado não é congruente com o conhecimento relatado. Assim, tornam-se necessárias investigações adicionais sobre determinantes do comportamento dos profissionais que elucidem as motivações, intenções e fatores influentes para a não realização de determinada prática quando se tem ciência de seus benefícios.

CONCLUSÃO

Os resultados evidenciaram fragilidades no conhecimento e comportamento dos profissionais em relação às ações preconizadas. Em relação ao conhecimento da equipe, o item higienização das mãos apresentou maior nível de conhecimento tanto no momento da inserção como na manutenção do CVC. O uso do degermante clorexidina, seguido por alcoólico e datar hub ou conectores, foi o item de menor conhecimento. Sobre o comportamento, os profissionais reportaram sempre usar a paramentação correta para inserção do cateter; entretanto, revelaram a deficiência da prática com a limpeza do hub ou conectores com álcool 70%.

A realização de treinamentos e programas de educação permanente para todos os profissionais de saúde engajados na inserção e manutenção do CVC é imprescindível para prevenir a infecção de corrente sanguínea associada a esse dispositivo. O diagnóstico sobre o conhecimento e comportamento da equipe torna-se necessário para implementação de ações e determinação de estratégias mais assertivas em prol da segurança do paciente internado na UTI em uso de CVC.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Out 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    28 Abr 2019
  • Aceito
    14 Nov 2019
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