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Modos de vida e trabalho de imigrantes haitianos no Oeste do Paraná/Brasil* ASSOCIATE EDITOR José Manuel Peixoto Caldas * Extraído da Dissertação: “Condições de vida e trabalho de imigrantes haitianos residentes no município de Cascavel/Paraná”, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, 2021.

RESUMO

Objetivo:

Analisar o processo migratório, os modos de vida e trabalho de haitianos que residem no município de Cascavel-Paraná e suas expressões nas condições de saúde, no padrão de consumo e na vida política e ideológica.

Método:

Pesquisa observacional transversal. A coleta de dados se deu por meio de entrevista semiestruturada, de dezembro de 2019 a dezembro de 2020 com 128 participantes, imigrantes haitianos residentes no município. Para análise, utilizou-se estatística descritiva simples, discutidos com a literatura pertinente, tendo como referencial a teoria da determinação social.

Resultados:

A maioria dos participantes foi da população masculina 75,0% (n = 96), adultos jovens 71,0% (n = 91), falam duas línguas ou mais 87,5% (n = 112), de religião católica 61,7% (n = 79), com escolaridade de nível médio ou acima 57,0% (n = 73). Consideram boas suas condições de vida e saúde, mas estão insatisfeitos com as condições de trabalho e salário.

Conclusão:

O favorecimento da vinda de imigrantes haitianos para atuarem em frigoríficos da região, pode indicar exploração do trabalho de grupos vulneráveis econômica e socialmente. Políticas de integração e o reconhecimento da formação escolar do país de origem, podem contribuir para melhorar a condição de vida desta população.

DESCRITORES
Emigração e Imigração; Determinantes Sociais da Saúde; Processo Saúde-Doença

ABSTRACT

Objective:

To analyze the migratory process, ways of living, and working conditions of Haitians residing in the municipality of Cascavel, Paraná, as well as their impact on health conditions, consumption patterns, and political and ideological life.

Method:

cross-sectional observational design. Data was collected through semi-structured interviews conducted from December 2019 to December 2020 with 128 participants who were Haitian immigrants residing in the municipality. Simple descriptive statistics were used for the data analysis, and the findings were discussed in conjunction with relevant literature, with the social determination theory serving as a reference.

Results:

The majority of participants were male 75.0% (n = 96), young adults 71.0% (n = 91), speakers of two or more languages 87.5% (n = 112), catholic 61.7% (n = 79), high school education or higher 57.0% (n = 73). They consider their life and health conditions good but are unsatisfied with the working conditions and salary.

Conclusion:

Haitian immigrants’ arrival facilitation to work in cold stores may indicate labor exploitation of economically and socially vulnerable groups. Immigration policies and the recognition of the educational level of their country of origin may contribute to improving the living condition of this population.

DESCRIPTORS
Emigration and Immigration; Social Determinants of Health; Health-Disease Process

RESUMEN

Objetivo:

Analizar el proceso migratorio, el modo de vida y el trabajo de haitianos que residen en la ciudad de Cascabel, Paraná y sus expresiones en las condiciones de salud, en las costumbres de consumo y en la vida política e ideológica.

Método:

Se trata de una investigación observacional transversal, con datos recopilados y sopesados con la literatura pertinente y la teoría de la determinación social. La entrevista semiestructurada se llevó a cabo con 128 participantes, inmigrantes haitianos residentes en el municipio, de diciembre de 2019 a diciembre de 2020. Para el análisis, se utilizó la estadística descriptiva simple.

Resultados:

La mayoría de los participantes eran hombres (75,0%) (n = 96), adultos jóvenes (71,0%) (n = 91), hablaban dos idiomas o más (87,5%) (n = 112), eran católicos (61,7%) (n = 79) y tenían estudios secundarios o terciarios (57,0%) (n = 73). Consideran que sus condiciones de vida y de salud son buenas, pero están insatisfechos con su situación laboral y su salario.

Conclusión:

La facilitación de la venida de inmigrantes haitianos para trabajar en frigoríficos de la región puede indicar explotación laboral de grupos económica y socialmente vulnerables. Las políticas de integración y el reconocimiento de la escolaridad del país de origen pueden contribuir a mejorar las condiciones de vida de este grupo de inmigrantes.

DESCRIPTORES
Emigración e Inmigración; Determinantes Sociales de la Salud; Proceso Salud-Enfermedad

INTRODUÇÃO

As migrações internacionais têm crescido em virtude de desastres naturais, problemas econômicos, sociais, conflitos internos e instabilidade política, os quais obrigam pessoas a deixarem seus países de origem em busca de proteção, trabalho e melhores condições de vida. A busca por estabilidade, melhores oportunidades de trabalho e de renda que permitam realizar projetos de vida pessoal e/ou familiar são as principais variáveis que influenciam a decisão de migrar por indivíduos ou grupo de pessoas(11. Amnesty International. England & Wales, limited by guarantee (no. 02007475) [Internet]. London: Amnesty Internationa; 2021 [cited 2021 Dec 27]. Available from: https://www.amnesty.org/en/what-we-do/refugees-asylum-seekers-and-migrants/.
https://www.amnesty.org/en/what-we-do/re...
,22. Anjos NA, Polli GM. Social Representations of haitian immigrants about labor in Brazil. Paidéia. 2019;29:e2929. doi: https://doi.org/10.1590/1982-4327e2929.
https://doi.org/10.1590/1982-4327e2929...
). A situação frágil da economia haitiana, os desastres naturais e a própria história política do país têm sido determinantes para que muitos jovens, não de hoje, optem pela migração para países com maior oferta de trabalho, anteriormente França e Estados Unidos da América e, nas últimas duas décadas, países latino-americanos como o Brasil.

No caso da imigração haitiana para o Brasil foi decisiva a participação brasileira na Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (2004 a 2017) e o terremoto ocorrido em 2010, associado ao desenvolvimento econômico e social que o Brasil vivenciou nas primeiras décadas do século XXI. Segundo dados do Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra), 106,1 mil haitianos entraram no Brasil entre 2011 e 2018, e embora se tenha observado uma redução no número de registros de imigrantes haitianos nos últimos anos, de janeiro a agosto de 2019 foram 10.682 solicitações de registro e, no mesmo período de 2020, mais 4.339 solicitações(33. Cavalcanti L, Tonhati T. Características sociodemográficas e laborais da imigração haitiana no Brasil. Périplos: Rev Estudos sobre Migrações. 2017 [cited 2021 Feb 27];1(1):68–71. Available from: https://periodicos.unb.br/index.php/obmigra_periplos/article/view/5882.
https://periodicos.unb.br/index.php/obmi...
,44. Fernandes D, Faria AV. O visto humanitário como resposta ao pedido de refúgio dos haitianos. Rev Bras Estud Popul. 2017;34(1):145–61. doi: http://dx.doi.org/10.20947/S0102-3098a0012.
https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0012...
). Os mecanismos de imigração e permanência de haitianos no Brasil têm ocorrido principalmente por meio do “visto humanitário”, criado em 2012 para os imigrantes haitianos e, posteriormente, para sírios e venezuelanos, como resposta a situações emergenciais introduzindo alterações na legislação que reconhecem direitos aos imigrantes(55. Eberhardt LD, Schütz GE, Bonfatti RJ, Miranda AC. Imigração haitiana em Cascavel, Paraná: ponto de convergência entre história(s), trabalho e saúde. Saúde Debate. 2018;42(118):676–86. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0103-1104201811811.
https://doi.org/10.1590/0103-11042018118...
).

A entrada dos primeiros haitianos ocorreu principalmente por via terrestre, pelo estado do Acre, mas com o visto humanitário passou a ser por via aérea, pela cidade de São Paulo, com posterior deslocamento para cidades de menor porte onde se concentram polos industriais, principalmente frigoríficos de aves e suínos. O município de Cascavel/Paraná, pelas características de sua economia baseada no agronegócio, com grandes frigoríficos de abate de aves e suínos para exportação, constituiu-se em um importante destino para os imigrantes haitianos em busca de trabalho, ficando entre os 10 municípios brasileiros com mais imigrantes regularmente registrados(66. Bortoloto CC. Imigração haitiana no Oeste do Paraná e a disponibilidade laboral em frigoríficos. Rev EDUCAmazônia – Educ Soc e Meio Amb. 2018 [cited 2021 Jan 21];11:325–47. Available from: https://periodicos.ufam.edu.br/index.php/educamazonia/article/view/5181/4138.
https://periodicos.ufam.edu.br/index.php...
). A restrita vinculação com a cadeia produtiva de frigoríficos revela o fechamento dos demais setores produtivos para os haitianos, que se submetem a este tipo de trabalho por ser a única alternativa de inserção laboral, não se tratando propriamente de uma escolha, mas de uma imposição pela sua condição de imigrante de país periférico(77. Fernandes D, Castro MG. La Migración haitiana hacia Brasil: caracteristicas, oportunidades y desafíos [Internet]. Buenos Aires: Organización Internacional para las Migraciones; 2014. (Cuadernos Migratorios, no. 6). [cited 2022 Dec 20]. Available from https://repository.iom.int/handle/20.500.11788/1373.
https://repository.iom.int/handle/20.500...
).

A demanda desse tipo de atividade se dirige especialmente para trabalhadores jovens do sexo masculino, o que explica porque apenas 20,0% do total dos imigrantes haitianos com permissão para residir no Brasil são mulheres,, embora essa relação venha se modificando nos últimos anos diante do aumento dos vistos para reunião familiar(88. Mamed LH. Trabalho, migração e gênero: a trajetória da mulher haitiana na indústria da carne brasileira. Temáticas. 2017;25(49):139–76. doi: http://dx.doi.org/10.20396/tematicas.v25i49/50.11132.
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). As dificuldades enfrentadas pelas mulheres imigrantes são maiores que a dos homens, dada a preferência das empresas por jovens do sexo masculino. As mulheres haitianas, como imigrantes e negras, são mais vulneráveis socialmente tendo em vista que são admitidas em postos de trabalhos mais precários e com salários menores(99. Weber JLA, Brunner AE, Lobo NS, Cargnelutti ES, Pizzinato A. Imigração haitiana no Rio Grande do Sul: aspectos psicossociais, aculturação, preconceito e qualidade de vida. Psico-USF. 2019;24(1):173–85. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1413-82712019240114.
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).

Embora estudos(1010. Nüske AGG, Macedo MMK. Haitian migration: the subject facing the (re)encounter with the excess. Psicol USP. 2019;30:e180081.,1111. Silva SAD. Imigração e redes de acolhimento: o caso dos haitianos no Brasil. Rev Bras Estud Popul. 2017;34(1):99–117. doi: http://dx.doi.org/10.20947/S0102-3098a0009.
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) tenham sido realizados com imigrantes haitianos residentes no Brasil, o recorte da presente pesquisa busca, com base na epidemiologia crítica e na teoria da determinação social(1212. Breilh J. La epidemiología crítica: una nueva forma de mirar la salud en el espacio urbano. Salud Colect. 2010;6(1):83–101. doi: http://dx.doi.org/10.18294/sc.2010.359.
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), analisar o processo migratório, os modos de vida e de trabalho dos haitianos que residem no município de Cascavel-Paraná e suas expressões nas condições de saúde, no padrão de consumo e na vida política e ideológica dessa população.

MÉTODO

Desenho do Estudo

Pesquisa observacional transversal.

Local

O estudo foi realizado junto à comunidade haitiana residente no município de Cascavel, Paraná, Brasil.

Critérios de Seleção

Participaram do estudo imigrantes de origem haitiana com residência fixa no município de Cascavel/Paraná há pelo menos seis meses, com idade acima de 18 anos e que concordaram em participar da pesquisa. Foram excluídos os imigrantes que estavam de passagem, em visita a familiares ou sem visto para permanência no Brasil.

Definição da Amostra

A amostra, por conveniência, consistiu em 128 sujeitos, 32 mulheres (25,0%), 96 homens (75,0%), com diferentes momentos de ingresso no país e que representam comunidades locais de haitianos.

Coleta de Dados

A coleta de dados se deu por meio de entrevista com roteiro semiestruturado, nos meses de dezembro de 2019 a dezembro de 2020. Face à pandemia provocada pelo vírus SARS-CoV-2, a coleta foi realizada em dois formatos, um presencial e outro por Entrevista Telefônica Assistida por Computador (ETAC). No formato presencial foram entrevistados, em suas residências, 86 sujeitos a partir de visita a duas comunidades de haitianos na cidade. Por ETAC foram entrevistados 42 sujeitos identificados a partir da indicação de participantes no formato presencial. Todas as entrevistas, em ambos os formatos foram individuais, com gravação de áudio mediante autorização prévia, precedidas de agendamento de data e hora, tendo duração média de 40 minutos. O roteiro de entrevista foi traduzido para a língua crioula, e compreendeu dados de identificação, socioeconômicos, vida produtiva, vida de consumo e cotidianidade, vida ideológica, política e de lazer, aspectos de saúde e aspectos do processo imigratório. Todas as entrevistas foram realizadas pelo primeiro autor, de origem haitiana, o que facilitou o contato e o desenvolvimento das mesmas.

Análise e Tratamento dos Dados

Os dados objetivos foram transcritos e registrados em planilha Excel, apresentados em tabelas, distribuídas em itens que correspondem as dimensões da matriz de processos críticos proposta por Breilh(1212. Breilh J. La epidemiología crítica: una nueva forma de mirar la salud en el espacio urbano. Salud Colect. 2010;6(1):83–101. doi: http://dx.doi.org/10.18294/sc.2010.359.
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), analisados por meio de estatística descritiva simples e discutidos com a literatura pertinente, tendo como referencial a teoria da determinação social(1212. Breilh J. La epidemiología crítica: una nueva forma de mirar la salud en el espacio urbano. Salud Colect. 2010;6(1):83–101. doi: http://dx.doi.org/10.18294/sc.2010.359.
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).

Aspectos Éticos

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), com parecer número 3.535.040, no ano de 2019 e termo aditivo com parecer número 4.021.535, no ano de 2020. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para participar e foram seguidas todas as orientações constantes nas Resoluções nº 466/2012 e nº 510/2016, que tratam da pesquisa com seres humanos. Na coleta de dados mediante ETAC, o TCLE foi enviado via digital em que, após o entendimento dos termos, lidos pelo entrevistador, foi procedida a autorização verbal e, posteriormente, coletado o termo assinado pelo entrevistado.

RESULTADOS

Na Tabela 1 constam dados acerca do perfil sociodemográfico dos 128 participantes da pesquisa, sendo 75,0% (n = 96) do sexo masculino e 25,0% (n = 32) feminino. A grande maioria 71,0% (n = 91) possui idade entre 26 e 40 anos, com destaque para a faixa etária de 31 a 35 anos, com 32,8% (n = 42). A menor quantidade está entre 46 e 50 anos, com 4,7% (n = 6). Nota- se que 42,2% (n = 54) vivem em união estável e 37,5% (n = 48) são casados. Em relação à escolaridade, 57,0% (n = 73) dos participantes possuem ensino médio (completos/incompletos) e outros 87,5% (n = 112) falam dois ou mais idiomas (francês, crioulo e português).

Tabela 1.
Número e porcentagem de imigrantes haitianos, segundo sexo, estado civil, faixa etária, idioma e escolaridade. Cascavel, Paraná, Brasil, 2020.

Aspectos do processo migratório são apresentados na Tabela 2, a qual mostra que os imigrantes começaram a chegar ao Brasil no ano de 2012, sendo que a maioria 57,8% (n = 74) chegou entre 2015 e 2017. O meio aéreo foi a opção de 96,9% (n = 124) dos participantes e 70,3% (n = 90) residiu em outra cidade antes de se instalar no município de Cascavel/Paraná. Parte deles, cerca de 35,2% (n = 45), teve como primeira residência a cidade de São Paulo. O processo de migração se deu para 43,7% (n = 56) por iniciativa própria e 28,1% (n = 36) teve ajuda de familiares. Em relação ao tipo de atividade realizada no país de origem, 40,6% (n = 52) atuavam no comércio e 25,0% (n = 32) na agricultura. Chamou a atenção o fato de que 6,2% (n = 8) eram professores do ensino médio. A condição de vida no Brasil é avaliada como boa para 67,9% (n = 87), e 32,1% (n = 41) não estão satisfeitos, ou seja, consideram como ruim a sua condição de vida no município de residência. A totalidade dos entrevistados mencionou a estabilidade de trabalho como principal motivo para optarem pelo referido município.

Tabela 2.
Número e porcentagem de imigrantes haitianos, segundo a 1ª cidade de residência, meio de entrada, ano de chegada, processo de imigração, trabalho que realizava no país de origem e avaliação sobre sua condição de vida no Brasil. Cascavel, Paraná, Brasil, 2020.

Dados sobre o trabalho atual dos imigrantes haitianos entrevistados estão na Tabela 3, em que 82,0% (n = 105) afirmaram estar empregados e 73,6% (n = 93) tinham conhecimento sobre direitos trabalhistas no Brasil. Entre os empregados, 91,4% (n = 96) tem vínculo empregatício formal por meio da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e 8,6% (n = 9) são autônomos. O trabalho em frigoríficos de aves e suínos é a atividade de 72,4% (n = 76), e 16,2% (n = 17) estão empregados na construção civil, desenvolvendo atividades de ajudante de pedreiro 14,3% (n = 15). Os postos de trabalho ocupados nos frigoríficos são de corte para 61,0% (n = 64) e lavagem para 11,4% (n = 12); 71,9% (n = 92) não recebeu treinamento prévio para sua inserção no trabalho e 25,7% (n = 27) trabalham mais de 8 horas/dia, sendo a renda da grande maioria 92,4% (n = 97) de um salário-mínimo mensal. O tempo de trabalho para a maioria 89,5% (n = 94) é 1 até 3 anos ou mais. O meio de transporte para 83,8% (n = 88) é o público. Já em relação ao ambiente de trabalho e satisfação no trabalho, os resultados mostram que 79,1% (n = 83) considera o ambiente de trabalho ruim e 93,3 (n = 98) está insatisfeito com o trabalho.

Tabela 3.
Número e porcentagem de imigrantes haitianos, segundo setor de trabalho, postos de trabalho, treinamento, transporte para o trabalho, hora diária de trabalho, tempo no trabalho, renda, ambiente de trabalho e satisfação em relação ao trabalho. Cascavel, Paraná, Brasil, 2020.

Na Tabela 4 são apresentados aspectos relacionados à saúde dos imigrantes entrevistados, ao serem questionados sobre o que fazem quando têm algum problema de saúde, cerca de 40,6% (n = 52) e 29,7% (n = 38) afirmaram, respectivamente, recorrer a hospital ou Unidade Básica de Saúde (UBS). Apenas 10,2% (n = 13) afirmou se automedicar, embora a utilização da farmácia por 19,5% (n = 25) possa ser considerada uma forma de automedicação. A grande maioria 72,7% (n = 93) afirmou não fazer uso de qualquer medicamento, 67,1% (n = 86) não realiza atividade física e 52,3% (n = 67) não toma medidas de prevenção. Sobre a qualidade da alimentação, 52,3% (n = 67) e 28,9 (n = 37) a consideram, respectivamente, saudável ou muito saudável. A condição de saúde foi considerada boa por 72,7% (n = 93), enquanto 27,0% (n = 35) a qualificaram como ruim, 19,5% (n = 25) já ficaram afastados do trabalho por causa de doença, sendo que 5,5% (n = 7) já estiveram afastados por mais de seis meses.

Tabela 4.
Número e porcentagem de imigrantes haitianos, segundo como enfrenta os problemas de saúde, uso de medicamento, prática de atividades físicas, prevenção à saúde, alimentação, situação de saúde, afastamento do trabalho por doença, avaliação do SUS e acesso a programas sociais. Cascavel, Paraná, Brasil, 2020.

A vida de consumo e cotidianidade, vida política, ideológica e lazer de imigrantes haitianos estão representados na Tabela 5, onde se observa que 100,0% das residências são alugadas, compostas em sua maioria 57,8% (n = 74) de 4 a 5 cômodos, onde vivem de 3 a 4 pessoas em 57,0% (n = 73) dos casos. Para a maior parte dos entrevistados, 74,2% (n = 95), o principal gasto é para sua própria manutenção no Brasil, como aluguel de casa e alimentação, os outros 25,8% (n = 33) utilizam a maior parte da renda para envio de remessas para os familiares deixados no país de origem e 67,2% (n = 86) informaram que recorrem aos amigos em momentos de dificuldades. O acesso à educação pública foi mencionado por apenas 2,3% (n = 3), mas 90,6% (n = 116) afirmaram ter acesso aos serviços de saúde pública. A religião católica é praticada por 61,7% (n = 79) e 57,8% (n = 74) tem como principal atividade de lazer a televisão, 86,7% (n = 111) declararam não ter sofrido discriminação no Brasil e 100% não participam de sindicatos ou associações políticas.

Tabela 5.
Número e porcentagem de imigrantes haitianos, segundo tipo de residência, número de cômodos, número de moradores na residência, principais gastos, acesso à educação pública, acesso à saúde pública, religião, apoio/econômico, discriminação, lazer. Cascavel, Paraná, Brasil, 2020.

DISCUSSÃO

A imigração de haitianos para o Brasil, embora tenha certo apoio institucional, foi precedida por dificuldades no país de origem, como a falta de circulação de informações sobre os mecanismos de pedido de visto, o que fez com que alguns usassem as redes de coiotes e rotas ilegais para ingressar no país, pelas fronteiras terrestres. Alguns dos aspectos observados — tais como: o bom nível de escolaridade dos imigrantes haitianos, em que 71,0% (n = 91) têm formação no ensino médio ou acima (escola técnica e ensino superior) e 87,5% (n = 112) falam dois idiomas ou mais — não garantem uma inserção no mercado de trabalho que corresponda ao seu nível de formação. Dificuldades semelhantes, como acesso aos postos de trabalho no mercado formal, além de desafios em âmbito social e cultural, também foram identificados em um estudo, em outra localidade no Brasil(1313. Marra GC, Cohen SC, Cardoso TAO. Reflections on labor in slaughterhouses and its impacts on workers’ health. Trab Educ. 2019;28(2):231–43.). Associado a isso, destaca-se as frustrações dos projetos pessoais face aos baixos salários, ao tipo de trabalho que realizam, além da ausência de políticas de inclusão que favoreçam a integração e o enfrentamento da discriminação, muitas vezes não verbalizada, mas manifestada a partir de gestos, olhares e expressões não verbais. As dificuldades enfrentadas pelos imigrantes haitianos, seja na integração na sociedade local, nas atividades laborais exercidas ou no preconceito que sofrem se assemelham às enfrentadas pela população negra brasileira, vítima do racismo estrutural existente.

Ademais, a inserção no mercado formal de trabalho não garante segurança aos imigrantes, uma vez que o setor de indústria frigorífica apresenta alta rotatividade de mão de obra, tanto para diminuir custos com eventuais questões trabalhistas, como para os próprios trabalhadores que buscam outras opções dada a enorme insatisfação que esse tipo de trabalho provoca. O trabalho nas indústrias frigoríficas, tanto para os trabalhadores brasileiros quanto para os imigrantes, não favorece a realização profissional nem melhora significativamente o padrão de vida, de forma que compense os efeitos sobre a saúde decorrentes das atividades laborais. No ambiente de trabalho de frigorífico, há elementos de carga física, como ruídos, vibrações, calor e frio, umidade e iluminação. Os elementos, ao interagirem com o corpo do trabalhador, provocam processos complexos, desencadeando mecanismos de adaptação, tais como, irritação, sudorese, resfriado e reações alérgicas(1313. Marra GC, Cohen SC, Cardoso TAO. Reflections on labor in slaughterhouses and its impacts on workers’ health. Trab Educ. 2019;28(2):231–43.). Isso pode explicar o porquê 93,3% dos participantes da presente pesquisa declararam estar insatisfeitos e 70,1% afirmaram que o ambiente de trabalho é ruim.

A discussão trazida aqui aborda os processos gerais, particulares e singulares por Breilh(1212. Breilh J. La epidemiología crítica: una nueva forma de mirar la salud en el espacio urbano. Salud Colect. 2010;6(1):83–101. doi: http://dx.doi.org/10.18294/sc.2010.359.
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), em que se busca discutir como determinados grupos sociais são inseridos nos meios de produção, os possíveis efeitos sobre a saúde decorrentes das atividades laborais desses grupos específicos e as diferenças salariais e de padrão de vida. A produção capitalista, ao agregar mais valor criado pelos trabalhadores, torna possível o aparecimento de uma espiral de acumulação de valor econômico (acumulação de capital), que coexiste com uma espiral de exploração, acumulação de pobreza e com uma inserção em novas esferas de vida social(1414. Lima SS, Silva LMM. Imigração haitiana no Brasil : os motivos da onda migratória, as propostas para a inclusão dos imigrantes e a sua proteção à dignidade humana. Dir Est Soc. 2016 [cited 2021 Jan 21];48(44):167–95. Disponivel em: https://revistades.jur.puc-rio.br/index.php/revistades/article/view/541.
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). Ao mesmo tempo que os postos de trabalho oferecem uma estabilidade no mercado formal aos imigrantes, o impacto na saúde deve ser considerado, tendo em vista as rotinas e os diferentes postos de trabalho que exigem força e repetição em sua execução. Como se viu nos resultados da pesquisa, 74,3% dos participantes têm uma jornada de mais de 8h diárias, em geral de segunda a sábado, com um dia de descanso, isso porque devido aos baixos salários os imigrantes realizam horas extras estendendo a jornada de trabalho ou trabalhando nos dias de descanso. A ocorrência de acidente de trabalho se deve principalmente às atividades desenvolvidas que demandam ações repetitivas e esforço físico.

O trabalho realizado pelos imigrantes permite condições mínimas para sua subsistência e provoca situações de insatisfações decorrentes das condições de trabalho e dos salários que não possibilitam realizar os projetos pessoais. Apesar disso, o salário derivado das atividades laborais dos imigrantes haitianos ajuda a sustentar a economia do país de origem por meio de envio de remessas aos familiares, ao mesmo tempo movimenta a economia local por meio de gastos com aluguéis e compra de produtos de primeira necessidade. Estudo(1515. Butikofer EA, Silva EA. Imigração e periferias urbanas: experiências haitianas em São Paulo. REMHU. 2021;29(62):151–9. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1980-85852503880006210.
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) realizado sobre os imigrantes haitianos no Brasil destaca que a maior parte dos salários dos trabalhadores imigrantes se transformam em remessas para seus familiares no país de origem, situação que reflete as experiências transnacionais que atravessam os Estados-nação e se configuram em complexo campo social das migrações. O consumo no sistema capitalista gera desafios para as classes sociais desfavorecidas na adequação de suas despesas em relação ao salário recebido(1616. Laurell AC, Blanco J, Machetto T, Palomo J, Pérez C, Chávez MR, et al. Enfermedad y desarrollo: análisis sociológico de la morbilidad en dos pueblos mexicanos. Rev Mex Cienc Polit Soc. 2021;22(84):131–58. PubMed PMid: 11633012.).

Autores do campo da epidemiologia crítica(1212. Breilh J. La epidemiología crítica: una nueva forma de mirar la salud en el espacio urbano. Salud Colect. 2010;6(1):83–101. doi: http://dx.doi.org/10.18294/sc.2010.359.
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,1616. Laurell AC, Blanco J, Machetto T, Palomo J, Pérez C, Chávez MR, et al. Enfermedad y desarrollo: análisis sociológico de la morbilidad en dos pueblos mexicanos. Rev Mex Cienc Polit Soc. 2021;22(84):131–58. PubMed PMid: 11633012.) defendem que a comprovação empírica do caráter histórico da doença não deve ser buscada nas características individuais, mas nos processos que ocorrem nas coletividades, ou seja, as condições de vida são coletivamente produzidas, e nesse mesmo processo de produção, geram-se as relações sociais e de poder que determinam a distribuição do sistema de bens dos quais depende a reprodução social.

A situação de maior vulnerabilidade dos imigrantes observada na pesquisa se dá pela difícil adaptação e integração no país receptor, pelas péssimas condições de trabalho, associado ao racismo no caso dos haitianos, o que aumenta os riscos à saúde. Os dados revelaram que o trabalho ocupa a maior parte do tempo dos imigrantes haitianos entrevistados, mas, como grupos populacionais com processos culturais diferentes, precisam manifestar sua cultura e realizar integração na sociedade local. Nos dados da pesquisa, observou-se a não participação dos entrevistados em sindicatos e organizações trabalhistas, mas as igrejas se constituem em espaços de manifestação cultural onde grupos de imigrantes se encontram para discutir experiências do cotidiano, criar redes de apoio e compartilhar lembranças do país de origem, além de ser fonte de informação. A formação de grupos de imigrantes, seja para jogos de lazer, seja para compartilhamento de experiências, cria redes de apoio e solidariedade. Estudo realizado sobre os imigrantes haitianos em Campinas, destacou o papel central que tem a religião na continuidade de integração social na sociedade local(1717. Déus FR. Migração haitiana em São Paulo pós-terremoto de 2010: a religião como suporte. Tematicas. 2017;25(49):203–32.). Os entrevistados afirmaram que utilizam as igrejas para expressarem sua cultura, por meio de festas originárias do país natal, como a festa das bandeiras e corais de canto de imigrantes. Esses aspectos da cultura compartilhados permitem a socialização e integração com a sociedade local apesar dos diversos desafios enfrentados. Estudo(99. Weber JLA, Brunner AE, Lobo NS, Cargnelutti ES, Pizzinato A. Imigração haitiana no Rio Grande do Sul: aspectos psicossociais, aculturação, preconceito e qualidade de vida. Psico-USF. 2019;24(1):173–85. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1413-82712019240114.
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) sobre os imigrantes haitianos enfatizou sobre os diferentes desafios para se integrarem na sociedade local, em especial o acesso ao mercado formal de trabalho.

O Sistema Único de Saúde (SUS) foi avaliado positivamente pelos entrevistados, com destaque para as mulheres que procuram mais os serviços de saúde que os homens, seja acompanhando seus filhos, seja durante a gestação. As condições de saúde têm relação com as rotinas e os postos de trabalho que, no caso dos frigoríficos, exigem força física contínua. Os sintomas como dores nas mãos, braços e coluna; o estresse; o frio congelante; os resfriados, entre outros, ainda não configuram doenças ocupacionais, mas são indicativos da forma que assume a relação trabalho-saúde nos frigoríficos. Além dos aspectos relacionados à atividade laboral, os efeitos da própria imigração sobre a saúde devem ser levados em consideração, dado o contexto de vulnerabilidades que afetam os imigrantes(1818. Souza JB, Heidemann ITSB, Walker F, Schleicher ML, Konrad AZ, Campagnoni JP. Vulnerability and health promotion of Haitian immigrants: reflections based on Paulo Freire’s dialogic praxis. Rev Esc Enferm USP. 2021;55:e03728. doi: http://dx.doi.org/10.1590/s1980-220x2020011403728. PubMed PMid: 34161445.
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).

A maioria dos imigrantes entrevistados não realizam medidas de promoção e prevenção à saúde, o que se assemelha a dados de estudo realizado em Cuiabá, em que os serviços de saúde mais usados pelos imigrantes haitianos foram a urgência e emergência(1919. Alves JFDS, Martins MAC, Borges FT, Silveira C, Muraro AP. Use of health services by Haitian immigrants in Cuiabá-Mato Grosso, Brazil. Ciên saúde coletiva. 2019;24(12):4677–86.). Várias podem ser as causas de sofrimento dos imigrantes haitianos, que vão desde o próprio processo migratório, somado à rotina de trabalho nas indústrias frigoríficas, à necessidade de fazer horas extras para melhorar a renda, à ausência de familiares deixados no país de origem, até a falta de integração e acesso às políticas sociais, que geram pressão e estresse, com efeitos sobre a saúde física e mental. Embora a maioria dos imigrantes entrevistados sejam adultos jovens, com boas condições de saúde, as condições de trabalho avaliadas como muito ruins, associadas à falta de prática de atividades de promoção à saúde, à dificuldade no acesso a melhores empregos que permitam melhores condições de vida podem ocasionar problemas de saúde a curto ou médio prazo, tanto físicos como psicológicos.

Como limitações do estudo indicamos: a impossibilidade de observar o processo de trabalho nas empresas e realizar entrevistas com os responsáveis dos setores que empregam os imigrantes. Portanto, estudos qualitativos e observacionais realizados dentro das empresas, em conjunto com os relatos dos participantes da presente pesquisa, podem ampliar as análises, necessárias para aprofundar a compreensão do fenômeno migratório na região Oeste do Paraná e que possam contribuir para formulação de políticas públicas que minimizem os efeitos perversos deste processo.

CONCLUSÃO

Os resultados da pesquisa permitiram analisar aspectos do modo de vida, trabalho, consumo e saúde dos imigrantes haitianos residentes no município de Cascavel/Paraná, assim como as dificuldades próprias do processo de imigração e integração na sociedade local. Além dos desafios para se inserirem no mercado de trabalho, outras dificuldades e limitações objetivas são vivenciadas, como a falta de acesso à educação e formação, além falta de reconhecimento das qualificações obtidas em seu país de origem. As discriminações sofridas pelos imigrantes, se não abertamente manifestadas, são percebidas por expressões verbais e não verbais.

As condições de trabalho insalubres, associadas a extensas jornadas de trabalho, insatisfação com os postos de trabalho e distanciamento dos familiares deixados no país de origem caracterizam os imigrantes como grupos vulneráveis, sujeitos a processos de adoecimentos tanto físicos como psicológicos. Por outro lado, a solidariedade entre eles, o acesso a serviços públicos de saúde e a possibilidade de diferentes formas de manifestação cultural constituem fatores protetores que devem ser reconhecidos e valorizados na construção de sua cidadania.

O favorecimento da vinda de imigrantes haitianos para atuarem em frigoríficos da região, em substituição ao trabalho de brasileiros que relutam em permanecer nas condições insalubres desses locais, pode indicar não uma ajuda humanitária, mas o favorecimento da exploração do trabalho de grupos vulneráveis econômica e socialmente, portadores de boas condições de saúde, uma vez que se trata de uma população de adultos jovens. A situação dessa população que tem semelhanças aos grupos sociais nacionais inseridos nos ramos de atividades (indústrias frigoríficas e construção civil), os quais exigem esforço físico repetitivo, com o processo de envelhecimento certamente surgirão doenças que caracterizam o modo de vida e trabalho desses grupos.

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Editado por

EDITOR ASSOCIADO

José Manuel Peixoto Caldas

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Jun 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    22 Fev 2023
  • Aceito
    04 Maio 2023
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