Acessibilidade / Reportar erro

Reestruturação do gênero Deois Fennah; descrição de um novo gênero e de novas espécies (Homoptera, Cercopidae, Tomaspidinae)

Resumo

Restructure of the genus Deois Fennah; description of a new genus and new species (Homoptera, Cercopidae, Tomaspidinae). The genus Deois Fennah is reviewed and some changes in the taxonomy are introduced. The genus and its four subgenera are redefined, having now the following composition: 1) subgenus Deois (Deois) with: D. (D.) correntina (Berg, 1879), D. (D.) grandis Sakakibara, 1979, D. (D.) knoblauchii (Berg, 1879) (formerly in D. (Pandysia)), D. (D.) morialis (China & Myers, 1934), D. (D.) mourei Cavichioli & Sakakibara, 1994, D. (D.) piraporae Sakakibara, 1979, D. (D.) pseudoflavopicta (Lallemand, 1938) comb. nov. (formerly in Mahanarva) = D. (D.) similis Sakakibara, 1979 syn. nov., D. (D.) rubropicta Sakakibara, 1979, D. (D.) spinulata sp. nov., D. (D.) terrea (Germar, 1821), D. (D.) uniformis (Distant, 1909). 2) subgenus Deois (Pandysia) with: D. (P.) bergi sp. nov., D. (P.) crenulata sp. nov., D. (P.) schach (Fabricius, 1787) = Sphenorhyna transiens Walker, 1851 syn. nov.. 3) Deois (Fennahia) with: D. (F.) coerulea (Lallemand, 1924), D. (F.) flexuosa (Walker, 1851). 4) Deois (Acanthodeois) with: D. (A.) flavopicta (Stål, 1854), Deois (A.) incompleta (Walker, 1851). The genus Orodamnis Fennah, 1953 stat. nov. (formerly Deois (Orodamnis)) with: Orodamnis rhynchosporae (China & Myers, 1934) comb. nov. The genus Deoisella gen. nov. is described for: Deoisella fasciata sp. nov. (type species) and Deoisella picklesi (China & Myers, 1934) comb. nov.

Cercopidae; Deois; Homoptera; taxonomy; Tomaspidinae


Cercopidae; Deois; Homoptera; taxonomy; Tomaspidinae

Reestruturação do gênero Deois Fennah; descrição de um novo gênero e de novas espécies (Homoptera, Cercopidae, Tomaspidinae)1 1 . Contribuição no 1325 do Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná.

Antonio Claudio Ferreira da CostaI; Albino Morimasa SakakibaraII

ICurso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas –Entomologia, Universidade Federal do Paraná

IIDepartamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná. Caixa Postal 19020, 81531-980 Curitiba-PR, Brasil. Bolsista do CNPq

ABSTRACT

Restructure of the genus Deois Fennah; description of a new genus and new species (Homoptera, Cercopidae, Tomaspidinae). The genus Deois Fennah is reviewed and some changes in the taxonomy are introduced. The genus and its four subgenera are redefined, having now the following composition: 1) subgenus Deois (Deois) with: D. (D.) correntina (Berg, 1879), D. (D.) grandis Sakakibara, 1979, D. (D.) knoblauchii (Berg, 1879) (formerly in D. (Pandysia)), D. (D.) morialis (China & Myers, 1934), D. (D.) mourei Cavichioli & Sakakibara, 1994, D. (D.) piraporae Sakakibara, 1979, D. (D.) pseudoflavopicta (Lallemand, 1938) comb. nov. (formerly in Mahanarva) = D. (D.) similis Sakakibara, 1979 syn. nov., D. (D.) rubropicta Sakakibara, 1979, D. (D.) spinulata sp. nov., D. (D.) terrea (Germar, 1821), D. (D.) uniformis (Distant, 1909). 2) subgenus Deois (Pandysia) with: D. (P.) bergi sp. nov., D. (P.) crenulata sp. nov., D. (P.) schach (Fabricius, 1787) = Sphenorhyna transiens Walker, 1851 syn. nov.. 3) Deois (Fennahia) with: D. (F.) coerulea (Lallemand, 1924), D. (F.) flexuosa (Walker, 1851). 4) Deois (Acanthodeois) with: D. (A.) flavopicta (Stål, 1854), Deois (A.) incompleta (Walker, 1851). The genus Orodamnis Fennah, 1953 stat. nov. (formerly Deois (Orodamnis)) with: Orodamnis rhynchosporae (China & Myers, 1934) comb. nov. The genus Deoisella gen. nov. is described for: Deoisella fasciata sp. nov. (type species) and Deoisella picklesi (China & Myers, 1934) comb. nov.

Keywords: Cercopidae; Deois; Homoptera; taxonomy; Tomaspidinae.

O gênero Deois foi descrito por FENNAH (1949). Pouco mais tarde (FENNAH 1953), voltou a tratar do gênero, dividindo-o em três subgêneros: Deois (Deois), Deois (Orodamnis) e Deois (Pandisia). SAKAKIBARA (1979) revisou o gênero, ocasião em que acrescentou mais dois subgêneros, Deois (Acanthodeois) e Deois (Fennahia), ficando as espécies assim distribuídas: Deois (Deois) terrea (Germar, 1821), Deois (D.) picklesi (China & Myers, 1934), Deois (D.) grandis Sakakibara, 1979, Deois (D.) piraporae Sakakibara, 1979, Deois (D.) rubropicta Sakakibara, 1979 e Deois (D.) similis Sakakibara, 1979; Deois (Orodamnis) rhynchosporae (China & Myers, 1934); Deois (Pandysia) schach (Fabricius, 1787) e Deois (P.) knoblauchii (Berg, 1879); Deois (Acanthodeois) flavopicta (Stål, 1854) e Deois (A.) incompleta (Walker, 1851); Deois (Fennahia) flexuosa (Walker, 1851). CAVICHIOLO & SAKAKIBARA (1994) descobriram que Deois (D.) picklesi, tratada por SAKAKIBARA (1979), fora erroneamente identificada, tratando-se sim, de uma outra espécie e que descreveram-na como Deois mourei. Acrescentaram ainda, na ocasião, Deois (Fennahia) coerulea (Lallemand, 1924), que estava em Monecphora Amyot & Serville, 1843.

Tendo em mãos um maior número de exemplares, e também fotografias de alguns tipos depositados no The Natural History Museum (BMNH), Londres, a taxonomia do grupo foi refeita, resultando em uma pequena alteração na estrutura geral do gênero. Devido o subgênero Deois (Orodamnis) possuir características peculiares que o distanciam dos demais, optou-se por elevá-lo à categoria de gênero, Orodamnis stat. nov.. A espécie Deois picklesi (China & Myers), por sua vez, baseando-se em caracteres da genitália do macho, foi colocada em um novo gênero, Deoisella, juntamente com uma nova espécie. Além dessas, outras mudanças taxonômicas foram introduzidas, como apresentadas adiante.

Abreviaturas usadas no texto: BMNH –The Natural History Museum, Londres; DZUP –Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba; ISNB –Institut Royal des Sciences Naturelles de Belgique, Bélgica; MNRJ –Museu Nacional, Rio de Janeiro.

Deois Fennah, 1949

Deois Fennah, 1949:607; Metcalf, 1961:174; Fennah, 1968:178; Sakakibara, 1979:9.

Espécie-tipo: Tomaspis terrea Germar, 1821 (desig. original).

Diagnose. Clípeo, em vista anterior, ovóide e, de perfil, arredondado, moderadamente inflado e não comprimido lateralmente; carena média pouco pronunciada; antenas com o corpúsculo basal do flagelo pequeno, subglobular; arista curta, implantada inferiormente, no mesmo plano do estilo; tégminas opacas, reticuladas distalmente; asas posteriores com a veia Cu abruptamente engrossada na base; pigóforo, normalmente, com dois espinhos látero-posteriores, geralmente o inferior mais desenvolvido; placa subgenital bipartida, em geral, cada qual bilobada apicalmente. Edeago cilíndrico, curvado para cima, bífido no ápice, gonóporo perto do ápice.

Redescrição. Cabeça em vista superior, subtriangular, pubescente. Olhos ovalados, transversos. Vértice finamente pontuado, pubescente, elevado longitudinalmente ao meio, sem formar uma carena, impresso lateralmente entre os ocelos e a base dos lóbulos supra-antenais; uma fóvea ovóide de cada lado, perto dos olhos, mais ou menos paralela à margem posterior; lóbulos supra-antenais, em vista dorsal, triangulares, bordos ligeiramente arrendondados, tão longos quanto a sua largura basal; ocelos situados em uma elevação comum, logo à frente da linha imaginária que tangencia os bordos anteriores dos olhos, um pouco voltados para os lados, mais próximos entre si e do tilo do que dos olhos e da margem posterior. Clípeo, em vista anterior, ovóide, moderadamente inflado, achatado em cima, mais largo medianamente e mais longo do que a sua largura máxima; sulcos transversais evidentes, providos de pêlos; em vista lateral, de contorno arredondado; carena média pouco pronunciada, quando muito, uma linha elevada lisa; em vista superior, não comprimido lateralmente; tilo subquadrangular, bem delimitado, margem com contorno mais ou menos parabólico. Anteclípeo subcônico, fracamente comprimido, pouco mais longo do que a sua largura máxima. Rostro atingindo as coxas ou os trocanteres mesotorácicos; segmento apical mais curto do que o precedente. Antenas conspícuas; escapo, quando visto dorsalmente, escondido sob os lóbulos supra-antenais; pedicelo cilíndrico, dorsalmente com algumas cerdas decumbentes inseridas na base, aproximadamente uma vez e meia mais longo do que o seu diâmetro, grande parte visível por cima; flagelo com o corpo basal pequeno, subglobular, de largura aproximadamente igual à metade do diâmetro apical do pedicelo; estilo longo e fino; arista curta, de comprimento aproximadamente igual ao diâmetro do pedicelo, implantada inferiormente e no mesmo plano do estilo.

Pronoto hexagonal, moderadamente convexo; uma fóvea circular de cada lado da região mediana, próxima à metade da distâcia entre a margem anterior e a linha imaginária que passa pelos ângulos umerais, um conjunto de fóveas na região entre as margens anterior e ântero-lateral, formando um ''V'', com o vértice apontando para o disco do pronoto; pontuação fina e densa; pubescência densa, decumbente; margem anterior reta a ligeiramente arqueada, as ântero-laterais retas, arredondadas nos cantos, convergentes anteriormente, as póstero-laterais sinuosas e a posterior emarginada. Escutelo triangular, uma vez e meia mais longo do que a sua largura basal, com uma fraca depressão central. Tégminas opacas, pubescentes e pontuadas como o pronoto; margens aproximadamente paralelas; veias M e Cu unidas perto da base por um curto trajeto ou por uma curta veia transversal; venação pouco distinta, em alto relevo, formando um reticulado no quarto apical. Asas membranosas mais ou menos corrugadas, enfumaçadas, transparentes, com pubescência densa e decumbente; venação bem distinta com quatro células apicais; veia Cu abruptamente engrossada na porção basal. Pernas pubescentes; fêmures posteriores com um espinho curto no lado interno da margem apical voltado para dentro; tíbias posteriores com dois espinhos laterais, o basal menor, comparável, em tamanho, ao maior dos espinhos apicais; estes variando em número de 11 a 14, dispostos em duas fileiras e em arranjo irregular.

Genitália. Macho. Pigóforo, em geral, com dois dentes na margem látero-posterior, o inferior maior; placa subgenital côncava, bipartida, com as pontas curvas para cima, cada qual bilobada ou simples; parâmeros robustos, ligeiramente curvos para dentro; a porção distal curva para cima, com um dente na parte apical superior pontiagudo ou rombo, inferiormente liso ou denteado, voltado em sentido caudal e para fora; edeago com ápice geralmente bífido, liso, microdenticulado ou com projeções dorsais pares, gonóporo situado perto do ápice.

Fêmea. Ovipositor com processos basais geralmente bem desenvolvidos, em forma de colher ou de dedo, com a parte côncava voltada para dentro.

Comentário. No aspecto geral, este gênero é semelhante a Monecphora Amyot & Serville. O clípeo é moderadamente inflado, com a carena média pouco pronunciada e de contorno largamente arredondado. Entretanto, estes caracteres usados isoladamente não são suficientes para identificá-lo pois, vários outros gêneros também os possuem. É importante associá-los com outras estruturas, tais como o formato do corpúsculo basal do flagelo, genitália masculina, processos basais do ovipositor, número de espinhos apicais nas tíbias e tarsos posteriores, veia Cu abruptamente engrossada na base.

Deois (Deois) Fennah, 1949

Deois (Deois) Fennah, 1949:607; Fennah, 1953:356; Metcalf, 1961:174; Sakakibara, 1979:11.

Diagnose. Tíbias posteriores com 11 a 14 espinhos apicais. Placa subgenital com as pontas bilobadas; parâmeros com elevação dorsal da base bem desenvolvida, espinho apical pontiagudo; edeago cilíndrico, bífido no ápice, com as partes convergentes.

Deois (Deois) correntina (Berg, 1879)

Tomaspis correntina Berg, 1879:215 (loc.-tipo:Argentina, Corrientes).

Tomaspis (Tomaspis) correntina; Lallemand, 1912:92.

Deois (Deois) correntina; Carvalho & Sakakibara, 1988:59.

Comentários. Esta espécie é parecida com D. mourei Cavichioli & Sakakibara, diferindo dela pelas faixas amareladas das tégminas que são mais evidentes e mais longas. O estudo foi feito com base em CARVALHO & SAKAKIBARA (1988), uma vez que não foi possível a obtenção de exemplares machos.

Deois (Deois) grandis Sakakibara, 1979

Deois (Deois) grandis Sakakibara, 1979: 14 (loc.-tipo: Brasil-Minas Gerais-Passos).

Comentários. É muito parecida, no aspecto geral e coloração, com Deois (D.) terrea; o seu tamanho, entretanto, é maior. A estria longitudinal na metade distal do clavo e o ponto próximo ao final do terço basal da margem costal, podem desaparecer por completo. Do mesmo modo, os dois pontos no início do terço apical, em geral de coloração avermelhada; há exemplares cujos pontos se tornam desbotados, amarelo-claros ou esbranquiçados.

Deois (Deois) knoblauchii (Berg, 1879)

Tomaspis knoblauchii Berg, 1879: 218. (loc.-tipo: Argentina).

Deois (Pandysia) knoblauchii; Fennah, 1953: 357; Sakakibara, 1979:26.

Comentários. FENNAH (1953) ao incluir esta espécie em Deois colocou-a no subgênero Pandysia, provavelmente influenciado pela sua semelhança externa com D. schach Fabricius. SAKAKIBARA (1979) manteve em Deois (Pandysia). No entanto, o exame da genitália masculina mostra que as partes distais da placa subgenital são distintamente bilobadas; as margens látero-posteriores com dois dentes; e o edeago bífido distalmente. O posicionamento taxonômico desta espécie é, portanto, em Deois (Deois).

Deois (Deois) morialis (China & Myers, 1934)

(Fig. 16)








Tomaspis morialis China & Myers, 1934:456 (loc.-tipo: Brasil, Amazonas).

Deois morialis; Fennah, 1949:608.

Deois (Deois) morialis; Fennah, 1953:356.

Comentários: É a única espécie do gênero que apresenta a coloração do clípeo e do pronoto com duas tonalidades o que, aliado aos desenhos das tégminas, facilitam a sua identificação. Não obstante, os demais caracteres concordam satisfatoriamente com os do subgênero s. str. Esta espécie não foi tratada por SAKAKIBARA (1979). O material para o presente estudo foi obtido posteriormente.

Material examinado. BRASIL, Amazonas: Lago Januaca 2.1.1977 (B.C. Ratcliffe), 1 fêmea (DZUP); Paraná da Eva, 23.X.1963 (G. Marlier), 1 macho (ISNB). CHILE. Santiago: Canelo, 1.1953 (M.A. Fritz), 1 macho (ISNB).

Deois (Deois) mourei Cavichioli & Sakakibara, 1994

Deois (Deois) picklesi; Sakakibara, 1979:13 (identificação errônea).

Deois mourei Cavichioli & Sakakibara, 1994:747 (loc-tipo: Brasil, Paraná).

Comentários. Esta espécie, embora tenha sido confundida com Deois picklesi, apresenta características bem diferentes. É uma espécie que se distribui da região central a sul do Brasil. Tem uma coloração pálida com duas faixas amareladas: uma no clavo e outra na margem costal. O edeago é fortemente curvo para cima e provido de pequenos dentes no ápice, acima do gonóporo.

CAVICHIOLI & SAKAKIBARA (1994) quando descreveram a espécie, não citaram o subgênero, porém, como se referiram à Deois picklesi, subentende-se que enquadraram-na no mesmo grupo. As características observadas confirmam esta posição.

Deois (Deois) piraporae Sakakibara, 1979

Deois (Deois) piraporae Sakakibara, 1979: 18 (loc.-tipo: Brasil, Minas Gerais, Pirapora).

Comentários. Esta espécie lembra um pouco a Deois (A.) incompleta no tocante ao padrão de desenho das tégminas. Normalmente é de coloração castanho-escura, possuindo uma faixa avermelhada longitudinal sobre o clavo e três máculas arredondadas, também avermelhadas: duas junto à margem costal, respectivamente no terço basal e no terço apical, e outra na altura do ápice do clavo. A coloração geral varia muito, podendo apresentar-se castanho-clara, com desenhos amarelados. A genitália do macho é parecida com a de D. (D.) terrea.

Deois (Deois) pseudoflavopicta (Lallemand, 1938) comb. nov.

(Fig. 22)

Monecphora pseudoflavopicta Lallemand, 1938: 140 (loc.-tipo: Brasil); Metcalf, 1961: 229.

Mahanarva pseudoflavopicta; Fennah, 1968: 186.

Deois (Deois) similis SAKAKIBARA, 1979: 20 (loc.-tipo: Brasil, Mato Grosso, Chapada dos Guimarães). Syn. nov.

Comentários. Sakakibara (1979) descreveu esta espécie como Deois (D.) similis em virtude de ser muito parecida, tanto na cor como no padrão do desenho, com Deois flavopicta (Stål). O exame do diapositivo do holótipo de Monecphora pseudoflavopicta Lallemand, depositado no BMNH e confrontando com sua descrição original, permitiu colocar D. similis Sakakibara como seu sinônimo. O edeago com duas projeções pontiagudas dorsais, curvadas em sentido caudal, são características desta espécie, facilitando a sua identificação.

Deois (Deois) rubropicta Sakakibara, 1979

Deois (Deois) rubropicta Sakakibara, 1979: 16 (loc.-tipo: Brasil, Mato Grosso, Cáceres).

Comentários. No aspecto geral assemelha-se à Deois schach; distingue-se dela pela presença de desenhos vermelhos no terço basal e ao longo do clavo. A genitália é parecida com a de Deois terrea (Germar), com pequenas diferenças como ápices da placa subgenital menos divergentes e alguns espinhos isolados no dorso do ápice do edeago.

Deois (Deois) spinulata sp. nov.

(Figs. 1-3, 17)

Diagnose. Tégminas marrom-escuras com duas pequenas manchas arredondadas, uma junto à margem costal no início do terço distal, outra na altura do ápice do clavo, junto à sutura claval, uma faixa longitudinal estreita, interrompida na sua região mediana, iniciando no final do quarto basal do clavo, seguindo medianamente pelo mesmo até desaparecer junto à sutura claval, avermelhadas; ápice do rostro atingindo as margens anteriores das coxas mesotorácicas; tíbias posteriores com 13 ou 14 espinhos apicais; pigóforo com dois dentes látero-posteriores bem desenvolvidos, o superior curto e rombo, o inferior maior e digitiforme; placa subgenital com as partes fortemente divergentes na região apical, margem distal de cada parte emarginada, formando dois lobos, o interno um pouco mais longo, o externo pontiagudo.

Medidas (mm). Macho. Comprimento total 10,50; comprimento das tégminas 9,02; largura máxima das tégminas 2,84; largura máxima da cabeça 2,40; distância interorbital 1,44; largura do tilo 0,42; largura entre os ângulos umerais 3,40; comprimento mediano do pronoto 2,08.

Descrição. Holótipo macho. Coloração geral marrom; cabeça, tórax, abdômen, rostro e fêmures marrom-escuros; pubescência do pronoto com reflexos bronzeados; tégminas marrom-escuras com duas pequenas manchas arredondadas, de diâmetro não superior ao dos olhos, uma junto à margem costal no início do terço distal e outra na altura do ápice do clavo, junto à sutura claval, uma faixa longitudinal estreita e interrompida na sua região mediana, iniciando no final do quarto basal do clavo e seguindo medianamente pelo mesmo até desaparecer junto à sutura claval, avermelhadas.

Cabeça aproximadamente duas vezes e meia mais larga do que longa; clípeo com carena média distinta; o limite com o anteclípeo distinto; tilo aproximadamente duas vezes mais largo do que longo; ápice do rostro atingindo as margens anteriores das coxas mesotorácicas.

Pronoto com carena média levemente marcada, aproximadamente duas vezes mais largo do que longo; margem anterior reta. Tégminas opacas, aproximadamente três vezes mais longas do que largas. Asas membranosas com três hâmulos. Tíbias posteriores com 13 ou 14 espinhos apicais, tarsômeros I e II com 15-16 e 18-20 espinhos apicais respectivamente.

Pigóforo (Figs. 1, 1a) com dois dentes látero-posteriores bem desenvolvidos, o superior curto e rombo, o inferior maior e digitiforme; placa subgenital com as partes fortemente divergentes na região apical, margem distal de cada parte emarginada, formando dois lobos, o interno um pouco mais longo, o externo pontiagudo; parâmeros (Figs. 3, 3a) com o dente apical superior pontiagudo, elevação dorsal sub-apical bem desenvolvida, de formato semicircular em vista lateral, elevação dorsal da base bem desenvolvida; edeago (Figs. 2, 2a) cilíndrico, delgado, fortemente curvo para cima, com uma fileira de espinhos nas margens laterais do quarto distal, orientados dorso-apicalmente e três espinhos curtos e rombos, látero-ventralmente na região mediana; porção à frente do gonóporo bífida, as partes convergentes.

Material examinado. Holótipo macho de ''MINEIROS - GO / 27-X-89 / PNE / B. B. SANTOS leg.''. (DZUP). Parátipos. 2 machos de ''MINEIROS - GO / 27-X-89 / PNE / B. B. SANTOS leg.''. (DZUP).

Comentários. Esta espécie assemelha-se a D. piraporae Sakakibara; distingue-se pelo seu maior tamanho, e por apresentar os desenhos das tégminas um pouco diferentes. Os caracteres de genitália masculina levaram a sua inclusão no subgênero Deois s. str..

Etimologia. O nome desta espécie advém da fileira de espinhos situada nas margens laterais do quarto distal do edeago.

Deois (Deois) terrea (Germar, 1821)

Cercopis terrea Germar, 1821: 46 (loc.-tipo: Brasil).

Tomaspis argentina Berg, 1879: 217 (loc.-tipo: Argentina); Sakakibara, 1979: 11.

Tomaspis perezii Berg, 1879: 217 (loc.-tipo: Argentina-Buenos Aires); Sakakibara, 1979: 11.

Deois terrea; Fennah, 1949: 608.

Deois (Deois) terrea; Fennah, 1953: 356; Sakakibara, 1979:11.

Comentários. Em geral, esta espécie apresenta a cabeça e o tórax castanho-escuros e uma tonalidade mais clara nas tégminas, evidenciando as duas faixas pálidas: uma sobre o clavo e outra ao longo da margem costal. Em alguns exemplares, a coloração das tégminas se mostra acastanhada uniforme, pela ausência das faixas longitudinais. Distingue-se de D. grandis Sakakibara, com a qual é muito parecida, pelo tamanho menor, pelas faixas claras nas tégminas e o número de espinhos no ápice das tíbias posteriores. A localização do tipo de T. terrea Germar é desconhecida. Os tipos de T. argentina Berg e de T. perezii Berg, estão depositados no Museu de La Plata, Argentina.

Deois (Deois) uniformis (Distant, 1909)

Mahanarva uniformis Distant, 1909:212 (loc.-tipo: Equador).

Deois uniformis; Fennah, 1968:178.

Comentários. Em virtude de FENNAH (1968) não ter colocado de forma explícita esta espécie dentro de um subgênero, deduz-se que a mesma deva ficar em D. (Deois).

Não foi possível obter exemplares desta espécie. Uma fotografia (diapositivo) do tipo existente no BMNH permitiu confirmar a sua posição dentro do gênero.

Deois (Pandysia) Fennah, 1953

Deois (Pandysia) Fennah, 1953:356; Metcalf, 1961:178; Sakakibara, 1979:11.

Espécie-tipo: Cercopis schach Fabricius, 1787 (desig. original).

Diagnose. Tíbias posteriores com 11 espinhos apicais. Pigóforo com o dente látero-posterior inferior digitiforme; placa subgenital com as pontas bilobadas ou simples; parâmeros com elevação dorsal da base bem desenvolvida; espinho apical pontiagudo; edeago sem projeções, com microdentículos e ápice bífido ou com duas cristas denteadas e o ápice simples.

Deois (Pandysia) bergi sp. nov.

(Figs. 4-6, 19)

Diagnose. Tégminas amarronzadas, com duas manchas vermelho-sanguíneas junto à margem costal, uma aproximadamente triangular, próxima ao final do terço basal, outra irregular, no início do terço apical, uma estreita faixa longitudinal da mesma cor, junto à margem anal do clavo, desde a base até na altura da margem posterior do pronoto, ápice do rostro atingindo os trocanteres mesotorácicos; tíbias posteriores com 11 espinhos apicais; placa subgenital com as partes levemente divergentes na região distal; bordo superior, junto à base com uma projeção triangular, a ponta desta quase tocando o dente látero-posterior inferior do pigóforo.

Medidas (mm). Macho. Comprimento total 8,50; comprimento das tégminas 6,83; largura máxima das tégminas 2,28; largura máxima da cabeça 1,92; distância interorbital 1,14; largura do tilo 0,56; largura entre os ângulos umerais 2,80; comprimento mediano do pronoto 1,58.

Descrição. Macho. Coloração geral marrom; cabeça marrom-escura; tórax por baixo, avermelhado, enegrecido nas pro e mesopleuras; pilosidade do pronoto com reflexos prateados; fêmures e ápices dos últimos tarsos enegrecidos; tégminas amarronzadas com duas manchas vermelho-sanguíneas junto à margem costal, uma aproximadamente triangular, próxima ao final do terço basal, com extensão aproximada igual à medida do comprimento da margem póstero-lateral, outra irregular, com diâmetro aproximado igual ao dos olhos, no início do terço apical, uma estreita faixa longitudinal da mesma cor, junto à margem anal do clavo, desde a base até na altura da margem posterior do pronoto; escutelo com uma faixa longitudinal, mediana, estreita, da depressão central até o ápice, vermelho-sanguínea; abdômen avermelhado por baixo.

Cabeça aproximadamente duas vezes e meia mais larga do que longa; clípeo com carena média distinta; o limite com o anteclípeo distinto; tilo aproximadamente duas vezes mais largo do que longo; ápice do rostro atingindo os trocanteres mesotorácicos.

Pronoto com carena média levemente marcada, aproximadamente duas vezes mais largo do que longo; margem anterior reta. Tégminas translúcidas; aproximadamente três vezes mais longas do que largas. Asas membranosas com três hâmulos. Tíbias posteriores com 11 espinhos apicais, tarsômeros I e II com 12-14 e 13-15 espinhos apicais respectivamente.

Pigóforo (Figs. 4, 4a) com o dente látero-posterior, superior, inconspícuo; o inferior bem desenvolvido, digitiforme, ligeiramente curvo para baixo; placa subgenital com as partes levemente divergentes na região distal, bordo superior, junto à base com uma projeção triangular, a ponta desta quase tocando o dente látero-posterior inferior do pigóforo, margem distal de cada parte emarginada formando dois lobos, o interno ligeiramente convergente, o externo mais curto e largo; parâmeros (Figs. 6, 6a) com um dente na parte apical superior pontiagudo, elevação dorsal da base pouco desenvolvida; edeago (Figs. 5, 5a) cilíndrico, sem projeções, delgado, curvo para cima, bífido, as partes levemente divergentes; porção à frente do gonóporo dorsalmente com uma dilatação globosa, provida de espinhos, orientados dorso-basalmente; microdentículos presentes, ventralmente, da região basal até o início do terço apical, dorsalmente, da região basal até a mediana e lateralmente, junto à base.

Material examinado. Holótipo macho de ''PARAOPEBA - MG / XI - 1977 / Sakakibara''. (DZUP). Parátipos. 2 machos de ''PARAOPEBA - MG / XI - 1977 / Sakakibara''. (DZUP); 1 macho de ''Prudente de Morais / MG/BR/ 21 - XI - 1976 / Mello, L. A. S. leg''. (DZUP).

Comentários. Esta espécie se assemelha a D. knoblauchii (Berg) na sua coloração geral e nos desenhos das tégminas, porém distingue-se pelos caracteres da genitália masculina. Alguns exemplares podem apresentar os lóbulos supra-antenais vermelho-sanguíneos.

Etimologia. O nome desta espécie é em homenagem a Carlos Berg (in memoriam).

Deois (Pandysia) crenulata sp. nov.

(Figs. 7-9, 18)

Diagnose. Tégminas castanho-escuras, com duas faixas longitudinais, mais ou menos paralelas, partindo da base, uma junto à margem anal, até a altura do ápice do escutelo, outra levemente sinuosa, acompanhando a sutura claval, terminando no início do seu terço apical, uma faixa transversal no início do terço apical não atingindo a sutura claval, uma mancha irregular no final do terço basal, vermelho-sanguíneas; tíbias posteriores com 11 espinhos apicais; ápice do rostro atingindo os trocanteres mesotorácicos; placa subgenital com as partes ligeiramente divergentes na região apical, margem distal de cada parte fracamente emarginada, formando dois lobos pouco distintos.

Medidas (mm). Macho/fêmea. Comprimento total 8,92/9,25; comprimento das tégminas 7,42/7,50 largura máxima das tégminas 2,88/2,84; largura máxima da cabeça 2,12/2,44; distância interorbital 1,28/1,46; largura do tilo 0,56/0,72; largura entre os ângulos umerais 3,00/3,40; comprimento mediano do pronoto 1,32/1,90.

Descrição. Holótipo macho. Coloração geral marrom-escura; cabeça e tórax marrom-escuros com reflexos verde-metálicos; lóbulos supra-antenais vermelho sanguíneos; rostro avermelhado; pubescência do pronoto com reflexos prateados; pernas avermelhadas; tégminas castanho-escuras, com duas faixas longitudinais, mais ou menos paralelas, partindo da base, uma junto à margem anal, até a altura do ápice do escutelo, outra levemente sinuosa, acompanhando a sutura claval, terminando no início do seu terço apical, uma faixa transversal no início do terço apical não atingindo a sutura claval, uma mancha irregular no final do terço basal, com diâmetro médio aproximado igual ao dos olhos, vermelho-sanguíneas; abdômen ventralmente escurecido, com os bordos dos segmentos vermelho-sanguíneos.

Cabeça aproximadamente duas vezes e meia mais larga do que longa; clípeo com carena média pouco distinta; o limite com o anteclípeo distinto; tilo aproximadamente duas vezes mais largo do que longo; ápice do rostro atingindo os trocanteres mesotorácicos.

Pronoto com carena média distinta, aproximadamente duas vezes mais largo do que longo; margem anterior quase reta, levemente arqueada. Tégminas opacas; aproximadamente três vezes mais longas do que largas. Asas membranosas com três hâmulos. Tíbias posteriores com 11 espinhos apicais, tarsômeros I e II com 8-13 e 13-16 espinhos apicais respectivamente.

Pigóforo (Figs. 7, 7a) com o dente látero-posterior superior pouco desenvolvido, o inferior grande, digitiforme; placa subgenital com as partes ligeiramente divergentes na região apical, a margem distal de cada parte fracamente emarginada, não formando dois lobos pouco distintos; parâmeros (Figs. 9, 9a) com um dente pontiagudo na parte apical superior, elevação dorsal da base bem desenvolvida; edeago (Figs. 8, 8a) cilíndrico, delgado, curvo para cima, com duas pequenas expansões laminares crenuladas látero-ventrais da região mediana até próximo ao gonóporo, a partir de onde passam, gradualmente, para a posição látero-dorsal, até atingir o ápice; porção à frente do gonóporo não partida.

Fêmea. Processos basais do ovipositor em forma de colher, com a parte côncava voltada para dentro, as extremidades se tocando.

Material examinado. Holótipo macho de ''Águas Vermelhas / Brasil - XII - 1983 / M. Alvarenga'' (DZUP). Parátipos: 11 machos de ''Águas Vermelhas / Minas Gerais / XII.83 / Alvarenga leg.'' (DZUP); 8 machos de ''Águas Vermelhas / Brasil -XII.83 / Alvarenga leg.'' (DZUP); 1 fêmea de ''Pedra Azul, MG / XI.1972 / F. M. Oliveira leg.'' (DZUP); 1 fêmea de ''B. Guandú - ES, Brasil / 24-31.VIII.1970 / Tadeu & C. Elias col'' (DZUP). 1 macho de ''Encruzilhada, BA, 980 m, XI/74, M. Alvarenga''; 6 machos de ''Águas Vermelhas, MG, XII-1983, M. Alvarenga''; 1 macho de ''Pedra Azul, MG, XI-72, Seabra & Oliveira'' (MNRJ); 1 fêmea de ''Santa Bárbara, S. Caraça, 1450 m, I-1970, F. M. Oliveira'' (DZUP). 1 macho de ''Rio de Janeiro, RJ, VII.1972, M. Alvarenga'' (DZUP).

Comentários. Esta espécie assemelha-se a D. flexuosa no tocante ao padrão de desenho das tégminas. Os caracteres da genitália masculina entretanto, colocam-na próxima de D. schach. Alguns exemplares podem apresentar os lóbulos supra-antenais marrom-escuros, ao invés de vermelho-sanguíneos.

Etimologia. O nome desta espécie advém das pequenas expansões laminares crenuladas existentes no edeago.

Deois (Pandysia) schach (Fabricius, 1787)

Cercopis schach Fabricius, 1787:274 (loc.-tipo: ?)

Cercopis humeralis Le Pel & Serville, 1825:606 (loc.-tipo: Brasil); Fennah, 1953:356 (syn.).

Monecphora solita Walker, 1851:682 (loc.-tipo: Brasil).

Deois humeralis; Fennah, 1949:608.

Deois (Pandysia) schach; Fennah, 1953:356; Sakakibara, 1979:24.

Sphenorhina transiens Walker, 1851:696 (loc.-tipo: Brasil). Syn. nov.

Deois (Orodamnis) transiens; Fennah, 1953:357.

Comentários. O exame do diapositivo do tipo de Sphenorhina transiens Walker (BMNH) possibilitou colocá-la como sinônimo de Deois schach (Fabricius). As diferenças observadas com relação à região dorsal do edeago foram consideradas como uma variação intraespecífica.

Deois (Fennahia)Sakakibara, 1979

Deois (Fennahia) Sakakibara, 1979:11.

Espécie-tipo: Monecphora flexuosa Walker, 1851 (desig. original).

Diagnose. Tíbias posteriores com 11 espinhos apicais. Placa subgenital alongada, pontas inteiras, mais ou menos afiladas; curvas para dentro em forma de arco, os ápices superpostos; parâmeros com elevação dorsal da base bem desenvolvida, espinho apical mais ou menos obtuso; edeago tubular, microdenticulado ao longo de toda a região dorsal, ápice não partido.

Deois (Fennahia) coerulea (Lallemand, 1924)

Monecphora coerulea Lallemand, 1924:383 (loc.-tipo: Brasil, São Paulo); Metcalf, 1961:225.

Deois coerulea; Cavichioli & Sakakibara, 1994:750.

Comentários. Esta espécie apresenta o mesmo padrão de genitália de D. flexuosa. As tégminas são castanho-escuras e sem faixas. A mancha avermelhada no início do terço apical da margem costal, pode tornar-se pálida ou até mesmo desaparecer por completo. De acordo com o material examinado, a distribuição desta espécie restringe-se à região litorânea.

Deois (Fennahia) flexuosa (Walker, 1851)

Monecphora flexuosa Walker, 1851:677 (loc.-tipo: ?).

Monecphora viridescens Walker, 1851:679 (loc.-tipo: América do Sul); Metcalf, 1961:95.

Monecphora vacillans Walker, 1858:86 (loc.-tipo: Brasil); Metcalf, 1961:95.

Tomaspis flexuosa; Metcalf, 1961:95.

Deois flexuosa; Guagliumi, 1970:85; Cavichioli & Sakakibara, 1994:750.

Deois (Fennahia) flexuosa; Sakakibara, 1979:27.

Comentários. A coloração dos desenhos das tégminas pode se apresentar amarelada; freqüentemente acontece também a redução ou ausência de uma ou ambas as faixas longitudinais. Em exemplares com os desenhos de coloração vermelha não se observou esta variação.

Deois (Acanthodeois)Sakakibara, 1979

Deois (Acanthodeois) Sakakibara, 1979:11.

Espécie-tipo: Monecphora incompleta Walker, 1851 (desig. original).

Diagnose. Tíbias posteriores com 13 espinhos apicais. Placa subgenital com as pontas bilobadas; parte dorsal junto à base com um dente bem desenvolvido; parâmeros com elevação dorsal da base pouco desenvolvida, espinho apical rombo, inferiormente denteado; edeago com duas cristas denteadas ou duas expansões laminares pontiagudas no dorso; ápice partido, com duas projeções dorsais bem desenvolvidas, pontiagudas e recurvadas presentes ou não.

Deois (Acanthodeois) flavopicta (Stål, 1854)

Monecphora flavopicta Stål, 1854:250 (loc.-tipo: Brasil).

Tomaspis multicolor Distant, 1909:198 (loc.-tipo: Brasil, Mato Grosso); Sakakibara, 1979:24 (syn.).

Deois (Orodamnis) multicolor; Fennah, 1953:357; Metcalf, 1961:176.

Tomaspis flavopicta; Metcalf, 1961:95.

Deois flavopicta; Guagliumi, 1970:85; 1972:191.

Deois (Acanthodeois) flavopicta; Sakakibara, 1979:23.

Comentários. As faixas amarelas das tégminas são características: uma oblíqua tomando quase todo o clavo e duas transversais partindo da margem costal até à sutura claval. O padrão pode variar, com as faixas desaparecendo em parte ou totalmente. A genitália é semelhante a de D. incompleta.

Deois (Acanthodeois) incompleta (Walker, 1851)

Monecphora incompleta Walker, 1851:684 (loc.-tipo: Brasil, Pará).

Sphenorhina diluta Walker, 1858:92 (loc.-tipo: Região Amazônica); Distant, 1909:205 (sin.).

Tomaspis incompleta; Distant, 1909:205.

Deois incompleta; Fennah, 1949:608.

Deois (Deois) incompleta; Fennah, 1953:356.

Deois (Acanthodeois) incompleta; Sakakibara, 1979:22.

Comentários. Apresenta o mesmo padrão de genitália de D. flavopicta, com o edeago cilíndrico, denticulado na região mediana dorsal, e provido de duas projeções laminares dorso-apicais. As tégminas também apresentam desenhos parecidos porém, mais pálidos, sendo a mancha basal ao longo da margem costal e a distal interrompida no meio. O exame do tipo de Sphenorhina diluta Walker (BMNH) permitiu sinonimizá-la com Deois incompleta, apesar do espécime apresentar uma coloração desbotada.

Orodamnis Fennah, 1953 stat. nov.

Deois (Orodamnis) Fennah, 1953: 356; Metcalf, 1961:176; Sakakibara, 1979: 11.

Espécie-tipo: Tomaspis rhynchosporae China & Myers, 1934 (Designação original)

Diagnose. Tíbias posteriores com 11 espinhos apicais. Placa subgenital alongada; as pontas simples e abruptamente afiladas; parâmeros com a elevação dorsal da base pouco acentuada, espinho apical pontiagudo; edeago cilíndrico, afilado, levemente curvo para cima.

Comentários. Apresenta somente a espécie Orodamnis rhynchosporae (China & Myers, 1934). A elevação de Orodamnis à categoria de gênero, deveu-se ao seu pequeno tamanho, pigóforo com a placa subgenital alongada e com as pontas gradativamente afiladas, o edeago cilíndrico e levemente curvado para cima, com gonóporo apical.

Orodamnis rhynchosporae (China & Myers, 1934) comb. nov.

Tomaspis rhynchosporae China & Myers, 1934: 457 (Loc.-tipo: Venezuela-Mt. Roraima).

Deois rhynchosporae; Fennah, 1949: 608.

Deois (Orodamnis) rhynchosporae; Fennah, 1953: 356; Metcalf, 1961: 177; Sakakibara, 1979: 27.

Comentários. É uma espécie de pequeno porte, com colorido geral castanho-claro, com as tégminas translúcidas, sem desenho. Os caracteres de genitália masculina facilitam a sua identificação.

Deoisella gen. nov.

Espécie-tipo: Deoisella fasciata sp. nov.

Diagnose. Características gerais de Deois. Tamano pequeno, mais ou menos 6 mm. Edeago cilíndrico, alongado, com a metade distal curvada para cima e provida de dentículos na margem dorsal até o ápice; gonóporo distante do ápice.

Descrição. Cabeça em vista superior, subtriangular, pubescente. Olhos ovalados, transversos. Vértice finamente pontuado, pubescente, elevado longitudinalmente ao meio, sem formar uma carena, impresso lateralmente entre os ocelos e a base dos lóbulos supra-antenais; fóvea ovóide lateralmente aos olhos, próxima e paralela à margem posterior. Lóbulos supra-antenais, em vista dorsal, triangulares, bordos ligeiramente arrendondados, tão longos quanto a sua largura basal. Ocelos situados em uma elevação comum, logo após a linha imaginária que tangencia os bordos anteriores dos olhos, um pouco inclinados para os lados, mais próximos entre si e do tilo do que dos olhos e da margem posterior. Clípeo, em vista anterior, ovóide, moderadamente inflado, achatado em cima, mais largo medianamente e mais longo do que a sua largura máxima; sulcos transversais evidentes, providos de pêlos; em vista lateral, de contorno arredondado; carena média pouco pronunciada, quando muito, uma linha elevada lisa; em vista superior, não comprimido lateralmente. Tilo subquadrangular, bem delimitado, margem com contorno mais ou menos parabólico. Anteclípeo subcônico, fracamente comprimido, pouco mais longo do que a sua largura máxima. Rostro atingindo as coxas ou os trocânteres mesotorácicos; segmento apical mais curto do que o precedente. Antenas conspícuas; escapo, em vista dorsal, escondido sob os lóbulos supra-antenais; pedicelo cilíndrico, dorsalmente com algumas cerdas decumbentes inseridas na base, atingindo a margem apical, aproximadamente uma vez e meia mais longo do que o seu diâmetro, grande parte visível por cima; flagelo com o corpo basal pequeno, subglobular, largura aproximadamente igual à metade do diâmetro apical do pedicelo; estilo longo e fino; arista curta, comprimento aproximadamente igual ao diâmetro do pedicelo, implantada inferiormente e no mesmo plano do estilo.

Pronoto hexagonal, moderadamente convexo; uma fóvea circular de cada lado da região mediana, próxima à metade da distâcia entre a margem anterior e a linha imaginária que passa pelos ângulos umerais, um conjunto de fóveas na região entre as margens anterior e ântero-lateral, formando um ''V'', com o vértice apontando para o disco do pronoto; pontuação fina e densa; pubescência densa, decumbente. A margem anterior reta a ligeiramente arqueada, as ântero-laterais retas, arredondadas nos cantos, convergentes anteriormente, as póstero-laterais sinuosas e a posterior emarginada. Escutelo triangular, uma vez e meia mais longo do que a sua largura basal, com uma fraca depressão central, a margem basal sinuosa e pontiagudo posteriormente. Tégminas pubescentes e pontuadas como o pronoto; ápice parabólico; margens aproximadamente paralelas; veias M e Cu unidas perto da base por um curto trajeto ou por uma curta veia transversal; venação pouco distinta, em alto relevo, formando um reticulado no quarto apical. Asas membranosas mais ou menos corrugadas, enfumaçadas, transparentes, com pubescência densa e decumbente; venação bem distinta com quatro células apicais; veia Cu abruptamente engrossada na porção basal. Pernas pubescentes; fêmures posteriores com um espinho curto no lado interno da margem apical voltado para dentro; tíbias posteriores com dois espinhos laterais, o basal menor, comparável, em tamanho, ao maior dos espinhos apicais; estes variando em número de 11 a 14, dispostos em duas fileiras e em arranjo irregular.

Genitália. Macho. Pigóforo com apenas o dente látero-posterior inferior desenvolvido; placa subgenital com as partes levemente divergentes na região apical, margem distal de cada parte emarginada, formando dois lobos, o externo um pouco mais largo; parâmeros com um dente pontiagudo na parte apical superior, elevação dorsal da base bem desenvolvida; edeago cilíndrico, delgado, curvo para cima na metade distal, provido de dentículos em sua porção dorsal até o ápice; gonóporo distante do ápice, situado aproximadamente no terço final do edeago; porção à frente do gonóporo em forma de canaleta, com a parte apical bífida, com diversos espinhos ao longo das margens laterais; gonóporo localizado aproximadamente a um terço do ápice.

Fêmea. Ovipositor com processos basais geralmente bem desenvolvidos, em forma de colher ou digitiforme, a parte côncava voltada para dentro.

Comentário. Este gênero distingue-se de Deois Fennah pela forma do edeago que é bastante longo e fino, curvado para cima em ângulo aproximadamente reto, e com o gonóporo distante do ápice.

Etimologia. Diminutivo de Deois.

Deoisella fasciata sp. nov.

(Figs. 10-12, 20)

Diagnose. Tégminas amarronzadas, com duas faixas longitudinais paralelas de largura aproximadamente igual ao diâmetro dos olhos, partindo da base e terminando na metade do terço apical, uma junto à margem costal até a metade da tegmina a partir de onde passa a não mais atingi-la, outra cortando o clavo e a sutura claval, obliquamente, depois correndo paralela à margem anal sem atingi-la; ápice do rostro atingindo a margem posterior das coxas mesotoráxicas; tíbias posteriores com 11 espinhos apicais; placa subgenital com as partes levemente divergentes na região apical, margem distal de cada parte emarginada, formando dois lobos, o externo um pouco mais largo.

Medidas (mm). Macho/fêmea. Comprimento total 5,58/6,75; comprimento das tégminas 4,16/5,25; largura máxima das tégminas 1,52/1,68; largura máxima da cabeça 1,46/1,86; distância interorbital 0,82/1,08; largura do tilo 0,36/0,52; largura entre os ângulos umerais 1,84/2,26; comprimento mediano do pronoto 1,06/1,28.

Descrição. Holótipo macho. Coloração geral castanho-escura; cabeça castanho-escura; tégminas amarronzadas, com duas faixas longitudinais de largura aproximadamente igual ao diâmetro dos olhos, terminando no terço apical, sem atingir o seu ápice, uma, acompanhando a margem costal desde a base e outra, a partir da base, cortando o clavo e a sutura claval, obliquamente, depois correndo paralela à margem anal sem atingi-la; tórax acastanhado.

Cabeça aproximadamente duas vezes e meia mais larga do que longa; clípeo com carena média pouco distinta; limite com o anteclípeo distinto; tilo aproximadamente duas vezes e meia mais largo do que longo; ápice do rostro atingindo a margem posterior das coxas mesotorácicas.

Pronoto com carena média levemente marcada, duas vezes mais largo do que longo; margem anterior quase reta, levemente arqueada. Tégminas translúcidas, três vezes mais longas do que largas. Asas membranosas com 2-4 hâmulos. Tíbias posteriores com 11 espinhos apicais, tarsômeros I e II com 19 e 16 espinhos apicais respectivamente.

Pigóforo (Figs. 10, 10a) com apenas o dente látero-posterior inferior desenvolvido; placa subgenital com as partes levemente divergentes na região apical, margem distal de cada parte emarginada, formando dois lobos, o externo um pouco mais largo; parâmeros (Figs. 12, 12a) com um dente pontiagudo na parte apical superior, elevação dorsal da base bem desenvolvida; edeago (Figs. 11, 11a) cilíndrico, sem projeções, delgado, curvo para cima; porção à frente do forâmen em forma de canaleta, parte apical bífida, com diversos espinhos ao longo das margens laterais.

Fêmea. Processos basais do ovipositor desenvolvidos, em forma de colher, curvos para dentro, com as extremidades se tocando.

Material examinado. Holótipo macho de ''BRASIL/ Campo Grande-MS / XII-1983 / L. A. N. de Sá leg.'' (DZUP). Parátipos: 7 fêmeas e 8 machos, com os mesmos dados do holótipo (DZUP); 1 macho e 1 fêmea, com os mesmos dados (BMNH).

Comentários. Esta espécie é muito parecida a Deoisella picklesi, tanto no tamanho quanto na coloração geral. Difere na presença de duas faixas castanho-escuras longitudinais e mais ou menos paralelas, nas tégminas; o edeago é semelhante porém distintamente mais curvo.

Etimologia. Alusivo às duas faixas escuras das tégminas.

Deoisella picklesi (China & Myers, 1934) comb. nov.

(Figs. 13-15, 21)

Tomaspis picklesi China & Myers, 1934:459 (loc.-tipo: Brasil, Amazonas, Santarém).

Deois picklesi; Fennah, 1949:606.

Deois (Orodamnis) picklesi; Fennah, 1953:357.

Deois (Deois) picklesi; Sakakibara, 1979:13 (identificação errônea).

Comentários. No aspecto geral assemelha-se a Deois mourei Cavichioli & Sakakibara, embora o seu tamanho seja bem menor. Juntamente com D. fasciata sp. nov., formam o gênero Deoisella gen. nov. que tem como característica principal o edeago cilíndrico, delgado, com o gonóporo abrindo-se distante do ápice. D. picklesi apresenta o edeago largamente arqueado enquanto que o de D. fasciata, é fortemente curvo, praticamente em ângulo de 90o. Difere também, pelas tégminas unicoloridas, sem faixas escuras.

Agradecimentos. Ao Dr. Gervásio Silva Carvalho que gentilmente cedeu as fotos (diapositivos) dos tipos de Mahanarva uniformis Distant, 1909 e de Sphenorhina transiens Walker, 1851, que obteve durante a sua estada no BMNH. Ao Mick Webb (BMNH) pelas importantes informações taxonômicas sobre o gênero.

Recebido em 29.X.2001; aceito em 15.III.2002

  • BERG, C. 1879. Hemiptera Argentina. Anales de la Sociedad Cientifica Argentina 8:209-226.
  • CARVALHO, G. S. & A. M. SAKAKIBARA 1988. Redescrição de Deois (Deois) correntina (Berg, 1879), comb. n. (Homoptera, Cercopidae). Iheringia Série Zoologia. 67:59-64.
  • CAVIVHIOLI, R. R. & A. M. SAKAKIBARA 1994. Deois Fennah, descrição de uma espécie nova e notas taxonômicas (Homoptera, Cercopidae, Tomaspidinae). Revista Brasileira de Zoologia 10 (4):747-750.
  • CHINA W. E. & J. G. MYERS 1934. Critical notes on some Neotropical species of Tomaspis (Homoptera-Cercopidae). Annals and Magazine of Natural History (10) 14:448-466.
  • DISTANT, W. L. 1909. Rhynchotal notes. XLVI. Annals and Magazine of Natural History (8) 3:187-213.
  • FABRICIUS, J. C. 1787. Rhyngota. Mantissa Insectorum sistems species nuper detectas adiectis synonymis, obsrvationibus, descriptionibus, emendationibus 2:260-275.
  • FENNAH, R. G. 1949. New genera and species of Neotropical Cercopidae (Homoptera) Annals and Magazine of Natural History (12) 1:605-620.
  • FENNAH, R. G. 1953. Revisionary notes on Neotropical Monecphorine Cercopoidea (Homoptera). Annals and Magazine of Natural History (12) 6:337-360.
  • FENNAH, R. G. 1968. Revisionary notes on the New World genera of Cercopid Froghoppers (Homoptera: Cercopoidea). Bulletin of Entomological Research 58 (1):165-189.
  • GERMAR, E. F. 1821. Bemerkungen über einige Gattungen der Cicadarien. Magazin der Entomologie 4:1-106.
  • GUAGLIUMI, P. 1970. As cigarrinhas dos canaviais (Hom. Cercopidae) no Brasil (VI contribuição). A nova nomenclatura e distribuição das espécies mais importantes. Brasil Açucareiro 76 (1):75-90.
  • GUAGLIUMI, P. 1972. Pragas da cana de açúcar Nordeste do Brasil. Coleção Canavieira no 10. M.I.C.- Instituto do Açúcar e do Álcool. 622 p.
  • LE PELETIER, A. L. M. & J. G. SERVILE 1825. Encyclopédie Méthodique. Histoire Naturelle. Entomologie ou Histoire Naturelle de Crustacés, des Arachnides e des Insectes 10:600-613.
  • LALLEMAND, V. 1912. Homoptera. Fam. Cercopidae. Genera Insectorum, fasc. 143:1-167.
  • LALLEMAND, V. 1924. Homoptères nouveaux de la collection du Muséum National de Paris et de la mienne. Bulletin du Muséum d'Histoire Naturelle de Paris:378-385
  • LALLEMAND, V. 1938. Notes sur les Cercopides. Bulletin et Annales de la Societé Entomologique de Belgique 78:137-147.
  • METCALF, Z. P. 1961. General Catalogue of the Homoptera. Fasc. VII, part 2, Cercopidae. North Carolina State College. Raleigh. 616 p.
  • SAKAKIBARA, A. M. 1979. Sobre algumas espécies brasileiras de Deois Fennah, 1948 (Homoptera, Cercopidase). Revista Brasileira de Biologia 39 (1):9-30.
  • STÅL, C. 1854. Nya Hemiptera. Öfversigt Svenska Vetenskaps-Akademiens Förhandlingar 11:231-255.
  • WALKER, F. 1851. List of specimens of Homopterous insects in the collection of the British Museum 3:637-907.
  • WALKER, F. 1858. Insecta Saundersiana: or characters of undescribed insects in the collection of William Wilson Saunders. Homoptera London. 117p.
  • 1
    . Contribuição no 1325 do Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      18 Set 2008
    • Data do Fascículo
      2002

    Histórico

    • Aceito
      15 Mar 2002
    • Recebido
      29 Maio 2001
    Sociedade Brasileira De Entomologia Caixa Postal 19030, 81531-980 Curitiba PR Brasil , Tel./Fax: +55 41 3266-0502 - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: sbe@ufpr.br