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Systaltocerus platyrhinus Labram & Imhoff, 1840: redescrições e considerações sobre a sinonímia com Homalorhamphus vestitus Haedo Rossi & Viana, 1957 (Coleoptera, Anthribidae, Anthribinae)

Resumo

Systaltocerus platyrhinus Labram & Imhoff, 1840: redescriptions and considerations about the synonymy with Homalorhamphus vestitus Haedo Rossi & Viana, 1957 (Coleoptera, Anthribidae, Anthribinae). The genus Systaltocerus Labram & Imhoff, 1840 and the species S. platyrhinus Labram & Imhoff, 1840 (type species), are redescribed. Illustrations of the mouth pieces, endosternites, wing venation, male and female terminalia, and rectal plates, are given for the first time. New data on geographic distribution are also presented. Nomenclatural changes introduced: Systaltocerus Labram & Imhoff, 1840 = Homalorhamphus Haedo Rossi & Viana, 1957 syn. nov.; Systaltocerus platyrhinus Labram & Imhoff, 1840 = Homalorhamphus vestitus Haedo Rossi & Viana, 1957 syn. nov.

Anthribidae; Gymnognathini; Homalorhamphus; Systaltocerus; Taxonomy


Anthribidae; Gymnognathini; Homalorhamphus; Systaltocerus; Taxonomy

Systaltocerus platyrhinus Labram & Imhoff, 1840: redescrições e considerações sobre a sinonímia com Homalorhamphus vestitus Haedo Rossi & Viana, 1957 (Coleoptera, Anthribidae, Anthribinae)1 1 . Contribuição nº 1352 do Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná.

José Ricardo M. Mermudes

Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná. Caixa Postal 19020, 81531-980; Curitiba-PR, Brasil. Bolsista do CNPq. Endereço eletrônico: jrmermudes@uol.com.br

ABSTRACT

Systaltocerus platyrhinus Labram & Imhoff, 1840: redescriptions and considerations about the synonymy with Homalorhamphus vestitus Haedo Rossi & Viana, 1957 (Coleoptera, Anthribidae, Anthribinae). The genus Systaltocerus Labram & Imhoff, 1840 and the species S. platyrhinus Labram & Imhoff, 1840 (type species), are redescribed. Illustrations of the mouth pieces, endosternites, wing venation, male and female terminalia, and rectal plates, are given for the first time. New data on geographic distribution are also presented. Nomenclatural changes introduced: Systaltocerus Labram & Imhoff, 1840 = Homalorhamphus Haedo Rossi & Viana, 1957 syn. nov.; Systaltocerus platyrhinus Labram & Imhoff, 1840 = Homalorhamphus vestitus Haedo Rossi & Viana, 1957 syn. nov.

Keywords: Anthribidae; Gymnognathini; Homalorhamphus; Systaltocerus; Taxonomy.

INTRODUÇÃO

Systaltocerus Labram & Imhoff, 1840 foi proposto para uma única espécie, Systaltocerus platyrhinus Labram & Imhoff, 1840, proveniente de Caiena, Guiana Francesa. No sistema de classificação proposto por LACORDAIRE (1866), Systaltocerus foi inserido no "Groupe IX. Tropidérides vrais", com outros 12 gêneros, por apresentar, principalmente: a base do rostro mais larga que a cabeça; escrobos foveiformes, localizados nos bordos laterais do rostro e distantes do ápice; olhos laterais; e corpo oblongo-oval. LACORDAIRE (op. cit.) comentou a afinidade do gênero com Gymnognathus Schoenherr, 1826, pelos caracteres da antena e do revestimento elitral, e salientou que a estrutura do rostro confere uma distinção genérica óbvia. Posteriormente o gênero foi mencionado em catálogos (BOVIE 1906; WOLFRUM 1929) e ilustrado por LIMA (1956: 9, fig. 4) na caracterização da família para o Brasil.



HAEDO ROSSI & VIANA (1957) estabeleceram o gênero Homalorhamphus, para H. vestitus Haedo Rossi & Viana, 1957, proveniente da Província del Sara, na Bolívia, com base apenas em dois exemplares machos e distinguiram-no de Systaltocerus pelo maior comprimento do corpo, a forma distinta do rostro, e pelo escrobo antenal fechado para frente. HAEDO ROSSI & VIANA (op. cit.) desconheciam a fêmea e não teceram qualquer comentário para a alocação do gênero nas tribos propostas por LACORDAIRE (1866).

VALENTINE (1960: 75) estabeleceu a tribo Gymnognathini para os gêneros Gymnognathus Schoenherr, 1826, Systaltocerus Labram & Imhoff, 1840, Domoptolis Jordan, 1904 e Strabopis Jordan, 1953, afirmando que: "the four genera constituing a natural and closely related group, the tribe Gymnognathini". VALENTINE (1960, 1998) nunca mencionou o gênero Homalorhamphus e caracterizou a tribo pelos seguintes caracteres: metade anterior do escutelo parcialmente rodeada pelas bases elitrais; olhos volumosos, inteiros e muito finamente facetados.

Recentemente, ALONSO-ZARAZAGA & LYAL (1999) acrescentaram à tribo Gymnognathini, mais dois gêneros: Homalorhamphus Haedo Rossi & Viana, 1957 e Orthotropis Jordan, 1904. O primeiro arrolado na tribo apenas com base na descrição original.

A proposta deste trabalho é estabelecer fundamentos morfológicos para subseqüentes descrições e contribuir com a sistemática de antribídeos neotropicais. O estudo desperta a relevante variação morfológica e do revestimento entre os machos de Systaltocerus platyrhinus, bem como do seu dimorfismo sexual.

O estudo comparado entre exemplares-tipos de Homalorhamphus vestitus e Systaltocerus platyrhinus, permitiu estabelecer a sua sinonímia e conseqüentemente, entre os gêneros. Os caracteres apresentados por HAEDO ROSSI & VIANA (1957) na caracterização de Homalorhamphus, podem ser encontrados em Systaltocerus platyrhinus e que compreendem variações dos exemplares machos, muitas vezes, provenientes de uma mesma localidade.

A distribuição de Systaltocerus platyrhinus era restrita à Guiana Francesa (WOLFRUM 1929; ALONSO-ZARAZAGA & LYAL, 1999). O material estudado permitiu ampliar a sua distribuição geográfica, evidenciando a sua relação com a Floresta Amazônica.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram estudados 59 exemplares pertencentes às seguintes instituições (com nome dos respectivos curadores entre parênteses): NHMB, Naturhistorisches Museum Basel, Basel, Suiça (E. Sprecher); MACN, Museo Argentino de Ciencias Naturales - "Bernardino Rivadavia", Buenos Aires, Argentina (A. Bachmann); DZUP, Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Brasil (G. H. Rosado-Neto); MNRJ, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil (M. A. Monné); MZSP, Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil (U. R. Martins); CPMT, Coleção Particular Milos Tryzna, Decin, República Checa (Milos Tryzna).

As medidas dos exemplares foram obtidas com auxílo de ocular micrométrica. As mensurações, como definidas neste trabalho, demonstraram a variação entre machos e entre os sexos de Systaltocerus platyrhinus, independentes da sua localização geográfica: CT = comprimento total, distância entre o meio dos olhos e ápice dos élitros; CR = comprimento do rostro, distância entre a margem basal do labro e a margem anterior dos olhos; LAR = largura apical do rostro; LBR = largura basal do rostro; LC = largura da cabeça; DEO = distância entre a margem posterior do escrobo e a margem anterior do olho; CP = comprimento do protórax na linha longitudinal mediana; LP = largura do protórax na altura da carena ante-basal; CE = comprimento do élitro, dorsalmente da margem anterior ao ápice; LE = largura dos élitros na linha transversal basal.

Foram dissecados, para o estudo da morfologia, dois machos e uma fêmea de Systaltocerus platyrhynus provenientes de Sinop-MT, Brasil e uma fêmea de Benjamin Constant-AM, Brasil. Para o amolecimento do exoesqueleto e decomposição de tecidos, os exemplares foram previamente aquecidos em solução de KOH a 10%, por um período de três a cinco minutos. Posteriormente, lavados em água destilada para retirada do excesso de KOH. As dissecções foram procedidas em placas de Petri com água e com auxílio de pinças e estiletes sob estereomicroscópio. As ilustrações foram realizadas com o auxílio do estereomicroscópio Zeiss SV6, com câmara-clara. A acomodação das peças para as ilustrações foi realizada em placas de Petri com fundo de areia coberto com água, exceto as asas que foram observadas sobre lâmina com glicerina. Após o estudo, o material foi acondicionado em microtubos de vidro, contendo glicerina para evitar o ressecamento.

A terminologia utilizada seguiu HOLLOWAY (1982) para a morfologia geral e terminálias masculina e feminina; HOLLOWAY (op. cit.) complementada por ZHERIKHIN & GRATSHEV (1995) para a venação alar; TING (1936) para as peças bucais; Crowson (1938, 1944) para o metendosternito; KUSCHEL (1964) para as placas retais.

SystaltocerusLabram & Imhoff, 1840

Systaltocerus Labram & Imhoff, 1840: fasc. 6; Lacordaire, 1866: 531; Bovie, 1906: 252 (cat.); Wolfrum, 1929: 36 (cat.); Blackwelder, 1947: 767 (cat.); Haedo Rossi & Viana, 1957: 21; Alonso-Zarazaga & Lyal, 1999: 31 (cat.).

Espécie-tipo: Systaltocerus platyrhinus Labram & Imhoff, 1840, por monotipia.

Homalorhamphus Haedo Rossi & Viana, 1957: 21; Alonso-Zarazaga & Lyal, 1999: 31. Syn. nov.

Espécie-tipo: Homalorhamphus vestitus Haedo Rossi & Viana, 1957: 21, por designação original.

Cabeça (Figs. 1-13) fortemente transversa e estreita, vértice ligeiramente convexo, forâmen suboval, com lados convergentes na metade inferior. Olhos (Figs. 1-13) dorso-laterais, oblongo-transversos, convexos e finamente facetados. Fronte (Figs. 7, 10, 12 ) vertical e transversa, ligeiramente deprimida entre os olhos. Rostro (Figs. 1-13) oblíquo, alongado, pelo menos 1,5x até 2,3x mais longo que a largura basal, fortemente aplanado no dorso; largura basal maior que a largura apical; os lados, na base, ligeiramente convergentes, cobrindo a área entre os escrobos e olhos, depois estreitando-se no meio e algo divergentes para o ápice. Escrobos laterais, submedianos, próximos da base rostral, fechados na frente e abaixo com sulco subescrobal muito raso e estreito direcionado para frente. Ápice do rostro discretamente sinuoso. Superfície ventral do rostro subplana; na base, a cada lado, com fóvea profunda. Posmento (Fig. 9) plano, com chanfro apical profundo e subanguloso. Labro (Fig. 14 ) pouco mais largo que longo, convexo; lados subarredondados; margem apical acuminada. Mandíbulas (Figs. 15-18 ) delgadas, fortemente deprimidas e com largura basal pouco mais longa que o maior comprimento; margem externa curva nos 2/3 basais e discretamente angulosa no 1/3 apical; bordo cortante ao nível do meio com dois dentes pouco desenvolvidos, mola basal desenvolvida, suboblíqua e fortemente côncava; ápice aguçado e projetado. Maxilas (Fig. 19 ): gálea delgada, cilíndrica-alongada, alcançando o ápice do segundo artículo do palpo, lados com pilosidade alongada, ápice arredondado com setas alongadas e achatadas; lacínia alongada, alcançando a base do segundo artículo do palpo, alargada na base e estreitando-se na direção do ápice, margem interna fracamente oblíqua, com setas alongadas, ápice arredondado; palpos maxilares com artículo basal curto e pouco esclerotizado, segundo artículo pouco mais longo que o apical e engrossado, terceiro artículo cilíndrico, um terço mais curto que o apical, este alongado e estreito na metade apical. Lábio (Fig. 20 ): premento com os palpígeros fusionados na base, no terço apical individualizados por um chanfro mediano anguloso; palpos labiais com artículos alongados e cilíndricos, o basal pouco mais curto que o apical, segundo artículo, o mais longo e engrossado, artículo apical algo atenuado no ápice. Lígula (Fig. 21 ) alcançando o terço apical do artículo basal do palpo, com lados discretamente divergentes, lobos laterais algo desenvolvidos e com chanfro arredondado e raso; face interna com linha longitudinal mediana esclerotizada, pilosidade alongada na margem apical e na base do chanfro.


Antenas (Figs. 1-6, 23 ): escapo subcônico, engrossado na base; antenômero II cônico; III-VIII fortemente deprimidos na face externa e interna; III-IV mais fortemente expandidos no ápice e aspecto laminado; IX-XI pouco mais robustos.

Protórax (Figs. 24-27) transverso, quase 1,5x mais largo que longo, lados subparalelos; margem anterior sinuosa; margem posterior recurva. A carena ante-basal (Fig. 24) elevada, inteira, pouco curva no meio, aos lados curva, formando um ângulo quase reto com a carena lateral. Carena lateral (Fig. 25) curta, ultrapassando apenas o meio do protórax, declive. Carena secundária (Fig. 24) curta, pouco elevada e interrompida no meio. Prosterno discretamente elevado no disco e ligeiramente deprimido a frente das procoxas. Sutura pleural desenvolvida, encoberta pelo revestimento. Processo prostenal (Fig. 26) subtriangular, curto, não ultrapassa a metade da cavidade cotilóide, ápice agudo e dirigido para cima. Cavidade cotilóide anterior subarredondada. Procoxas subglobosas, verticais, projetadas e quase contíguas. Proendosternito (Fig. 27) desenvolvido, com projeções individualizadas, afastadas entre si, dirigidas para o dorso do protórax e algo divergentes; ápice das projeções pouco expandido nos lados externos. Mesoscuto (Fig. 28) elevado na margem anterior e lateral, bordo anterior recurvo entre as projeções anteriores, estas estreitas e aguçadas; superfície do disco com pilosidade curta e densa na metade anterior e com diminutos nódulos muito adensados na metade posterior. Escutelo (Fig. 28) subtrapezoidal, ápice arredondado. Mesosterno (Fig. 29) transverso e subconvexo. Mesepimero (Fig. 29) alongado e pouco alargado para o dorso. Processo mesosternal (Figs. 29, 30) alongado, subvertical na base e curvo no terço apical; lados ligeiramente convergentes; ápice arredondado, sobrepondo-se à linha anterior do metasterno entre as mesocoxas; estas, subovais e verticais. Mesendosternito (Fig. 31) alongado, curvo e dirigido para o mesepimero, base alargada com ampla projeção anterior para implante dos tendões, porção apical delgada e sinuosa. Metasterno (Fig. 29) com cerca de 1,5x o comprimento do mesosterno, convexo; margem anterior discretamente elevada próximo da cavidade cotilóde mediana. Metacoxas deprimidas, com a largura do abdômen. Metepisterno (Fig. 32) subplano, alargado na porção anterior, ápice pouco projetado. Metepimero projetado no ápice, pouco esclerotizado. Metendosternito (Figs. 33-35) com lâminas curtas, cerca de um terço do comprimento dos braços, perpendiculares ao pedúnculo; projeção mediana pouco desenvolvida e com tendões anteriores muito aproximados; braços alongados, divergentes entre si, oblíquos às lâminas; pedúnculo alongado e pouco estreito. Asas (Fig. 36) desenvolvidas e alongadas; o comprimento da região apical, do ápice da célula Radial (Rc) ao ápice da asa, pouco mais longo que o comprimento da região basal, da base da asa ao ápice da célula Radial e pelo menos com o dobro da largura basal; lobo anal pouco definido; Subcosta (Sc) alongada, um terço mais curta que a Radial (R); célula Radial (Rc) fechada, quadrangular e reduzida; Setor Radial (Rs) desenvolvida; transversa radial-média (r-m) sinuosa e pouco esclerotizada; Média (M) pouco desenvolvida, dirigida para a base; primeira Anal (1A) presente, subigual a metade do comprimento da segunda Anal (2A); terceira Anal (3A) vestigial, quarta anal e Jugal ausentes.







Élitros (Figs. 1-6, 37-42) quase 4,5x mais longos que a metade da largura basal, aplanados no dorso com fileiras de pontos finos pouco aparentes, terço basal com discreta elevação, lados subparalelos e discretamente convergentes no terço apical. Úmeros arredondados, pouco mais largos que o protórax; margem basal arredondada e elevada e próximo aos ângulos suturais, emarginada e encoberta pelo escutelo. Epipleura em declive, mais estreita nos dois terços apicais.

Pernas alongadas, ligeiramente decrescentes (Figs. 4-6). Fêmures subclavados. Tíbias cilíndricas. Tarsômeros I alongados, com o dobro dos comprimento do seguintes. Unhas apendiculadas.

Abdômen (Figs. 43, 44) curto, com o dobro do comprimento do metasterno; ventritos I-V convexos, fortemente transversos e com lados subverticais. Ventrito I, o mais longo, com projeção intercoxal larga, subtriangular e ápice arredondado; II-III ligeiramente decrescentes no comprimento; IV discretamente mais longo que o III; V emarginado no ápice. Pigídio (Fig. 45) quase 1,5x mais longo que a largura da base, elevado na base, deprimido perto das margens laterais e apical, lados convergentes, ápice truncado e discretamente sinuoso. Intestino posterior com placas retais esclerotizadas (Fig. 46): a ventral pouco mais curta; as laterais discretamente mais longas que as ventrais; a dorsal alongada, fortemente projetada; alça retal projetada e truncado-arredondada no dorso.


Discussão. Systaltocerus distingue-se dos demais gêneros da tribo pela conformação conspícua do rostro. No entanto, pelo padrão do revestimento e pela conformação geral dos élitros, metasterno, abdômen e pigídio das fêmeas, aproxima-se de Gymnognathus Schoenherr, 1826, mas difere deste principalmente por apresentar: 1) cabeça fortemente transversa e estreita; 2) olhos dorso-laterais, oblongo-transversos; 3) fronte vertical e transversa; 4) rostro oblíquo, alongado, fortemente aplanado no dorso, com a largura basal maior que a largura apical e carena mediana pouco elevada, não alcançando o ápice do rostro; 5) escrobos laterais, submedianos e fechados na frente; 6) superfície ventral do rostro subplana, não carenada; 7) antenômeros III-IV com aspecto laminado, V-VIII deprimidos dorso-ventralmente; IX-XI pouco robustos; 8) protórax mais largo que longo; 9) processo prosternal com ápice agudo; 10) processo mesosternal curvo no terço apical; 11) sutura metasternal vestigial. Em Gymnognathus a cabeça é alongada; os olhos laterais, subovais ou subarredondados; rostro robusto, subcilíndrico e oblíquo, com o dorso ligeiramente convexo, largura da base mais estreita que a largura apical, ápice com chanfro arredondado e raso, a superfície ventral com carena longitudinal; escultura do rostro não obliterada pelo revestimento e a carena medina elevada e engrossada, que estende-se do ápice ao vértice; escrobos oblongos e oblíquos estão situados mais próximos do ápice rostral; antenas muito variáveis no comprimento, mas os anteômeros III-IV nunca com aspecto laminado; protórax mais longo que largo; processo prosternal alargado; processo mesosternal vertical; e a sutura metasternal alcança a margem anterior do metasterno.

Systaltocerusplatyrhinus Labram & Imhoff, 1840

(Figs. 1-59) - Distr. (Fig. 60)



Systaltocerus platyrhinus Labram & Imhoff, 1840: fasc. 6; Lacordaire, 1866: 531; Bovie, 1906: 252 (cat.); Wolfrum, 1929: 36 (cat.); Blackwelder, 1947: 767 (cat.); Lima, 1956: 9 (fig. 4). Alonso-Zarazaga & Lyal, 1999: 31 (cat.). Localidade-tipo: Guiana Francesa, Caiena.

Homalorhamphus vestitus Haedo Rossi & Viana, 1957: 22 (fig. 1-2). Alonso-Zarazaga & Lyal, 1999: 31 (cat.). Localidade-tipo: Bolívia, Província de Sara (Dep. de Santa Cruz de la Sierra). Syn. nov.

Macho. Tegumento de coloração geral castanho-escura a preta. Revestimento (Figs. 1-7; 24-26; 37-42): porção mediana do vértice, protórax, lados dos élitros e lados do pigídio com escamas castanho-claras, lineares, curtas, decumbentes e pouco adensadas; dorso do rostro, fronte, parte anterior da cabeça e bordo anterior do pronoto com escamas alaranjadas, lineares, longas, decumbentes e densas. Pronoto (Fig. 24), élitros (Figs. 37-42) e pigídio com escamas amareladas, alongadas, decumbentes e densas. No pronoto formando uma faixa longitudinal mediana, estreita e irregular, pouco mais larga antes da carena ante-basal; ângulos basais do protórax com manchas subarredondadas a ovais; lados do prosterno (Fig. 25) com larga faixa oblíqua estendida desde a cavidade cotilóide anteriore até o ínicio da carena lateral; nos élitros recobrindo a base, estreitando-se à sutura no quarto basal, no terço mediano uma mancha retangular que pode prolongar-se anteriormente para a epipleura; no terço apical com mancha transversa e estreita alcançando, ou não, a epipleura; no pigídio com faixa longitudinal mediana e engrossada. No terço apical dos élitros, próximo da sutura elitral com faixa longitudinal, alongada e irregular formada por escamas vermelho-alaranjadas, alongadas, decumbentes e densas. Revestimento ventral: no rostro, prosterno, parte posterior das procoxas, processo mesosternal, mesocoxas, metasterno, o meio dos ventritos, fêmures, tíbias e dorso dos tarsômeros com pubescência branca, brilhante, curta, decumbente e pouco adensada; parte anterior das procoxas, base do rostro, borda anterior e lateral do prosterno, mesepimeros, terço apical e posterior do metepisterno, ângulos posteriores do metasterno e dos ventritos com escamas amareladas, lineares, alongadas e fortemente adensadas; lados do metasterno, terço mediano do metepisterno e ângulos anteriores dos ventritos com escamas castanhas, brilhantes, lineares e adensadas. Antenômeros V-XI com pubescência castanha e brilhante.

Cabeça no dorso com pontos finos e contíguos; vértice fortemente microcorrugado; aos lados, atrás dos olhos e orla posterior e ventral com rugas transversais, finas e contíguas. Olhos com margens anterior e posterior discretamente arredondadas. Fronte e dorso do rostro com escultura obliterada pelo revestimento. Rostro com carena mediana discretamente elevada, que estende-se desde o meio do rostro e alcançando o vértice; distância entre escrobo e olho, pouco mais longa que o diâmetro do olho. Sulco subescrobal, direcionado para a frente, alcançando o meio da distância entre escrobo e ápice do rostro. Superfície ventral do rostro pontuado-corrugada e coberta por pubescência branco-amarelada. Posmento glabro, microesculturado e com raros pontos finos. Labro com pilososidade pouco alongada e densa.

Antenas (Fig. 22 ) ultrapassando o ápice elitral em até quatro antenômeros. Escapo um terço mais longo que o antenômero II e este curto; III pouco mais curto que o IV; IV-V subiguais em comprimento; VI-VIII ligeiramente decrescentes. Clava discreta, antenômeros IX-XI pouco deprimidos; IX um terço mais curto que o VIII; X subigual a metade do IX; XI um pouco mais curto que o X, acuminado na metade apical. Superficie ventral dos antenômeros com franja de pêlos castanho-escuros, eretos e alongados, dispersos nos antenômeros V-VIII, densos nos IX-XI.

Pronoto ligeiramente convexo e fortemente microcorrugado. Prosterno microesculturado. Mesosterno com pontos finos e densos. Metasterno sem sulco anterior; sutura metasternal vestigial, que apenas ultrapassa o meio. Élitros, na base, deprimidos na linha entre escutelo e úmero. Epipleura com margem sinuosa e com carena discreta. Metafêmures mais engrossados que os demais, alcançam o ventrito IV. Metade apical da face interna das tíbias com cerdas castanhas, alongadas e suberetas, mais adensadas nas protíbias.

Abdômen (Figs. 43, 44): ventrito I sem sulco na margem anterior. Pigídio (Fig. 45) sem projeções nos ângulos apicais. Terminália (Figs. 47-54): oitavo tergito pouco mais largo que longo, pouco esclerotizado apenas nas proximidades laterais e apical, lados discretamente convergentes, ápice fracamente bisinuoso; oitavo esternito membranoso, transverso, com lobos apicais pouco definidos e pigmentados apenas na porção apical e basal, apódema ausente; nono esternito (= espícula gástrica) com apódema pelo menos 2,5x mais longo que os braços. Tégmen (Fig. 49. 50) com ápodema subigual ao comprimento do anel esclerotizado, este com bordo pré-apical discretamente emarginado, parâmeros fusionados, estreitos na base e com ápice acuminado. Edeago (Figs. 52-54) pouco encurvado e alongado, o corpo com metade do comprimento dos apódemas; ponte entre apódemas presente; tectum alongado, quase 4x mais longo que largo, membranoso, com bordos laterais pigmentados, ápice truncado; pedon contínuo com os apódemas, lados pouco convergentes para o ápice, este subtruncado; ápodemas engrossados para a base. Saco interno tão longo quanto os apódemas, com lobo dorsal pouco desenvolvido; área dorsal e ventral espículadas (Fig. 54); ducto ejaculatório inserido sob o lobo dorsal e antes da peça esclerotizada do saco interno. Peça esclerotizada dorsal em forma de "c".

Fêmea. Rostro (Fig. 12 , 13 ) com comprimento 2x mais longo que a largura basal; lados discretamente estreitados na frente dos escrobos; estes com sulco subescrobal curto; distância entre escrobo e olho subigual ao diâmetro do olho. Olhos subarredondados. Antenas (Figs. 3, 6, 22 ) pouco alongadas, clava apenas ultrapassando a base do protórax; antenômeros III-VII pouco deprimidos; VIII-XI pouco mais robustos; III cilíndrico, 2x mais longo que o II; IV cerca de dois terços do III, pouco expandido no ápice; V-VII subiguais, cônicos; VIII pouco mais longo que o VII; IX e XI subiguais, pouco mais longos que o X; XI estreito na metade apical. Ventrito V com ápice arredondado. Pígidio (Fig. 55) com projeções aguçadas, nos ângulos apicais; margem apical, entre as projeções, subarredondada; superfície com diminutos nódulos esparsos. Terminália (Figs. 56-59): nono tergito (Fig. 56) alongado, com lados subparalelos na base e discretamente convergentes para o ápice; porção látero-basal pouco esclerotizada, hastes laterais alongadas, fortemente estreitadas e esclerotizadas. Oitavo tergito (Fig. 57) membranoso, mais longo que largo; com hastes laterais esclerotizadas; ápice truncado-arredondado. Oitavo esternito (Fig. 58) membranoso, mais longo que largo; fortemente bilobado no ápice; apódema esclerotizado, com comprimento 3,5x mais longo que o braços. Ovipositor (Fig. 59) com corpo distinto das hastes laterais, cerca de 3,5x mais curto que as hastes; lobos ventrais e dorsal presentes; ápice fortemente esclerotizado, com três dentes: os basais rombóides e o apical acuminado; estilo cilíndrico-curto; hastes medianas, pouco mais curtas que as hastes laterais, fusionadas e estreitas; bolsa copuladora desenvolvida, pelo menos 1,5x mais longa que as hastes laterais, com área esclerotizada na inserção do ducto da espermateca e este ligeiramente mais longo que a glândula da espermateca; espermateca discretamente falciforme, com glândula tubular e alongada, pelo menos com o dobro do comprimento da espermateca.

Variabilidade. Nos machos, o comprimento do rostro pode variar desde 1,5x até 2,3x mais longo que a largura basal. Em machos e fêmeas, o revestimento dorsal do rostro e da borda anterior do pronoto é alaranjado até vermelho-alaranjado; no pronoto as manchas dos ângulos posteriores são desde arredondadas a subovais; nos élitros (Figs. 37-42) as manchas irregulares são formadas por escamas amareladas se prolongam obliquamente na direção da sutura elitral, e transversalmente na direção da epipleura, formando muitas vezes, no meio, próximo da sutura, uma célula fechada com escamas castanho-escuras; a epipleura pode apresentar uma mancha branco-amarelada.

O exame do edeago de dois espécimens de Sinop, Mato Grosso permitiu diferenciar apenas a projeção mediana da ponte entre os apódemas, que pode apresentar-se vestigial.

Não se constatou qualquer relação entre as variações observadas e a distribuição geográfica.

Estágios imaturos desconhecidos.

Dimensões em mm, macho/fêmea, respectivamente. CT = 8,1-5,2/8,0-7,1; CR = 6,8-2,8/2,9-2,3; LAR = 2,0-1,2/2,0-1,6; LBR = 2,9-1,7/2,5-2,0; LC = 2,4-1,6/2,4-2,3; DEO = 1,9-1,9/1,0-0,8; CP = 2,1-1,6/2,8-2,1; LP = 2,8-1,9/3,1-2,5; CE = 5,2-3,6/5,4-4,5; LE = 3,0-1,9/3,2-2,6.

Distribuição geográfica (Fig. 60): GUIANA FRANCESA. EQUADOR. PERU. BOLÍVIA. BRASIL, Rondônia, Amazonas, Pará, Maranhão e Mato Grosso.

Material examinado. GUIANA FRANCESA: Cayenne, 1 macho, IV.1956, Oberthür col., ex-coleção H. Bonvouloir (NHMB). EQUADOR. Napo: Loreto, 1 macho, II-III.1996, Payamino, 1 fêmea, III-1996, Strnad col. (CPMT). PERU. Loreto: Pucallpa, 4 machos, IX-XII.1950, 1 macho III.1951, H. Zellibor col. (MNRJ). Junin: Chanchamayo, 1 macho, 16.I.1950, H. Zellibor col. (MNRJ). BOLÍVIA. Santa Cruz: Prov. De Sara, 2 machos, XI.1918, J. Steinbach col. (MACN). BRASIL. Amazonas: Benjamin Constant, 1 macho, XII.1960, Pereira col. (DZUP), 2 machos, IX.1955, 1 macho VIII.1957, Lima col. (MNRJ); 1 macho, 2 fêmeas, XI.1961, 1 macho, VIII. 1960, ex-coleção Dirings (MZSP), 1 fêmea, X.1960, Pereira col. (DZUP); Tabatinga, 3 machos, 2 fêmeas, IX.1958, 2 machos, 2 fêmeas, I.1957, 2 machos, 2 fêmeas, X-XI.1956, F. M. Oliveira col. (MNRJ); Tapuruquara, 1macho e 1 fêmea, VIII.1962, F. M. Oliveira col. (DZUP); Tefé, 4 machos e 1 fêmea XII.1961, F. M. Oliveira col. (DZUP), 1 fêmea, V.1962, ex-coleção Dirings (MZSP). Maranhão: Imperatriz, 1 fêmea, VII.1974 (MNRJ). Mato Grosso: Sinop, 4 machos, X.1974, 1 macho, X.1975, 1 macho IX.1976, Alvarenga & Roppa col. (MNRJ), 2 fêmeas, X.1974, B. Silva col. (DZUP); Vila Vera, 1 macho, X.1973, Alvarenga & Roppa col. (MNRJ). Pará: Santarém, 1 fêmea, VIII.1938, Zellibor & Haeff col. (MNRJ). Rondônia: Porto Velho, 2 machos, XII.1944, Parko col. (MNRJ); Vilhena, 1 macho, 1 fêmea, XI.1960, Alvarenga col. (MNRJ). Sem dados de localidade: 1 fêmea, 1882, A. Staudinger col. (NHMB); 1 fêmea, s/data (NHMB).

Agradecimentos. Ao Dr. Axel Bachmann (MACN), Dr. Miguel A. Monné (MNRJ), Dr. Ubiraja R. Martins (MZSP), Dra. Eva Sprecher (NHMB), Dr. Germano H. Rosado-Neto (DZUP) e Milos Tryzna (República Checa) pelo empréstimo do material. Ao Dr. Albino M. Sakakibara (DZUP) pelas fotos. Ao CNPq pelo suporte financeiro.

Recebido em 17.XII.2001; aceito em 30.VI.2002

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  • 1
    . Contribuição nº 1352 do Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      16 Set 2008
    • Data do Fascículo
      2002

    Histórico

    • Aceito
      30 Jun 2002
    • Recebido
      17 Dez 2001
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