Acessibilidade / Reportar erro

Espécie nova de Riatia Walker (Blattaria, Blattellidae) do Estado do Pará, Brasil

New species of Riatia Walker (Blattaria, Blattellidae) from Pará State, Brazil

Resumos

Riatia tucuruiense sp. nov. é descrita do Estado do Pará (Brasil) com base na genitália do macho. Ilustrações das peças genitais são apresentadas.

Blattaria; Pará; Riatia tucuruiense sp. nov; Taxonomia


Riatia tucuruiense sp. nov. is described from the Pará State (Brazil) based on the male genitalia. Illustrations of the pieces of genitalia are presented.

Blattaria; Pará; Riatia tucuruiense sp. nov; Taxonomy


SISTEMÁTICA, MORFOLOGIA E BIOGEOGRAFIA

Espécie nova de Riatia Walker (Blattaria, Blattellidae) do Estado do Pará, Brasil

New species of Riatia Walker (Blattaria, Blattellidae) from Pará State, Brazil

Sonia Maria Lopes; Edivar Heeren de Oliveira

Departamento de Entomologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Quinta da Boa Vista, São Cristóvão, 20940-040 Rio de Janeiro-RJ, Brasil. sonialf@acd.ufrj.br

RESUMO

Riatia tucuruiensesp. nov. é descrita do Estado do Pará (Brasil) com base na genitália do macho. Ilustrações das peças genitais são apresentadas.

Palavras-chave: Blattaria; Pará; Riatia tucuruiense sp. nov; Taxonomia.

ABSTRACT

Riatia tucuruiensesp. nov. is described from the Pará State (Brazil) based on the male genitalia. Illustrations of the pieces of genitalia are presented.

Keywords: Blattaria; Pará; Riatia tucuruiense sp. nov; Taxonomy.

O gênero Riatia foi descrito por Walker (1868) com base na espécie-tipo Riatia pallicornis. Foi sinonimizado por Hebard (1920) a Lissoblatta e por Brunner & Retenbacher (1892) a Anaptycta. Kirby (1904), Hebard (1933), Princis (1946,1951, 1959) e Bruijning (1959) publicaram trabalhos acrescentando espécies ao mesmo.

Rocha e Silva-Albuquerque & Aguiar (1976) consideraram-no próximo de Anaplecta Burmeister, 1838 e Plectoptera Saussure, 1864 e apresentaram uma chave para separação desses gêneros.

O gênero caracteriza-se pelo tamanho pequeno e afilado do corpo, superfície brilhante, fronte projetada, tégminas amplas, alongadas, afinando para o ápice com setores discoidais oblíquos, apresentando vênulas transversais que formam uma espécie de retículo; triângulo apical desenvolvido, medindo quase a metade do comprimento da asa, unhas assimétricas. Genitália do macho com placa supra-anal projetada entre os cercos com o bordo apical arredondado, paraproctos retangulóides, intensamente ciliados na face dorsal e placa subgenital assimétrica, larga, com o bordo apical pouco projetado.

Atualmente o gênero conta com 18 espécies distribuídas da América do Norte até América do Sul com amostras significativas no México, Guatemala, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Venezuela, Colômbia, Guianas, Argentina e Brasil nas regiões norte, nordeste, sudeste e centro-oeste.

Para análise do material foram utilizadas técnicas descritas em Lopes & Oliveira (2000). O holótipo e o parátipo foram depositados no Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro (MNRJ). A observação e desenho das placas e peças genitais foram feitas com base em material montado em lâmina com bálsamo. A designação das peças genitais foi feita com respaldo nos conceitos propostos por Mckittrick (1964).

Neste trabalho descreve-se uma espécie nova de Riatia proveniente do Estado do Pará, cujo registro também é novo para o gênero.

Riatia tucuruiense sp. nov.

(Figs.1-8)


Holótipo macho. Coloração geral castanho-claro brilhante. Cabeça com vértice amarelado; fronte com área compreendida entre o espaço interocular e a base do clípeo castanho mais escuro; olhos dourados com nuances escuras e antenas castanhas. Pronoto hialino, com disco central amarelado e fosco, com detalhes castanho mais escuro. Pernas na região dorsal da tíbia com realces castanho-escuro próximo à base de inserção dos espinhos.

Cabeça (Fig. 1) triangular com vértice exposto sob o pronoto; fronte levemente projetada; espaço interocular amplo, semelhante à área que separa as bases das antenas, as quais são longas, ultrapassando em comprimento o ápice dos cercos. Olhos relativamente pequenos, posicionados lateralmente na cabeça; palpos maxilares com o quarto artículo maior que os demais, e quinto artículo dilatado e tomentoso.

Tórax. Pronoto liso, convexo, trapezoidal com as abas laterais de entorno arredondado (Fig. 2). Tégminas longas ultrapassando em comprimento o ápice dos cercos; campo marginal bem marcado e abaulado, campos escapular e discoidal oblíquos, campo anal amplo com quatro nervuras axilares espaçadas. Asas desenvolvidas, ápices dos ramos radiais dilatados e triângulo apical muito desenvolvido. Pernas alongadas, fêmur anterior na face antero-ventral com três espinhos desenvolvidos e espaçados até a região mediana, seguidos por uma série cerrada de pequeninos espinhos, até o ápice onde encontram-se dois espinhos apicais desenvolvidos; face póstero-ventral com espinhos ciliformes e espaçados, e um espinho apical pouco desenvolvido; fêmur médio nas faces antero-ventral e póstero-ventral com dois ou três espinhos desenvolvidos e espaçados, intercalados por poucos espinhos ciliformes e um espinho apical; fêmur posterior em ambas as faces antero-ventral e póstero-ventral com espinhos ciliformes e um apical desenvolvido; pulvilos presentes, porém de tamanho reduzido, nos artículos das pernas anterior e média, e na perna posterior apenas no quarto artículo; unhas simples e assimétricas; arólios presentes e desenvolvidos.

Abdome. Placa supra anal estreitada, com leve reentrância mediana apicalmente (Fig. 3); placa subgenital e estilos assimétricos, sendo o esquerdo muito desenvolvido em forma de garra e bífido e o direito menor e afilado apicalmente (Fig. 6).

Genitália. Esclerito mediano (L2vm) simples afilado sendo a base aguliforme; com a extremidade (L2d) em forme de foice (Fig. 7); falômero direito (R2) em forma de gancho pequeno e afilado apicalmente (Fig. 5); esclerito do falômero direito reduzido com extremidade pentiforme (Fig. 8); falômero esquerdo (L1) em forma de U invertido com os braços assimétricos de tamanho diferenciado (Fig. 4).

Dimensões (mm). Comprimento total 7,5; comprimento do pronoto: 1,5; largura do pronoto: 2,5; largura da tégmina: 2,0.

Holótipo e um parátipo, ambos machos: BRASIL, Pará, Tucuruí, I/1979, Alvarenga col. (MNRJ).

Comentário: A placa supra-anal (fig. 3) foi desenhada sem os cercos e o falômero direito (R2) (fig. 5) de perfil. A espécie apresenta similaridade com R. venezuelana Rocha e Silva-Albuquerque, 1964 e R. stylata (Hebard, 1926) porém diferencia-se das duas espécies pela configuração da placa subgenital e dos estilos (Rocha e Silva-Albuquerque, 1964 e Hebard, 1926).

Agradecimentos. À Dra. Janira Martins Costa (MNRJ) pelo apoio técnico.

Recebido em 05.XI.2004; aceito em 23.III.2005

  • Bruijning, C. F. A. 1959. The Blattidae of Surinam. Studies on the Fauna of Suriname and other Guyanas, 2: 1103.
  • Brunner W., C & J. Redtenbacher. 1892. On the Orthoptera of the Island of St. Vincent, West Indies. Proceedings of the Zoological Society of London 1892, London: 196220.
  • Hebard, M. 1920. The Blattidae of Panama. Memoirs of the American Entomological Society, Philadelphia, 4: 1148.
  • Hebard, M. 1926. The Blattidae of French Guiana. Proceedings of Academy of Natural Sciences of Philadelphia, 78: 135244.
  • Hebard, M. 1933. Notes on Panamanian Dermaptera and Orthoptera. Transactions of the American Entomological Society, Philadelphia, 59: 103144.
  • Kirby, W. F. 1904. A synonymic catalogue of Orthoptera Euplexoptera, Cursoria et Goessinia (Forficulidae, Hemimeridae, Blattidae, Mantidae, Phasmidae) British Museum, London, 1: 501pp.
  • Lopes, S. M. & E. H. Oliveira 2000. Espécie nova de Eublaberus Hebard, 1919 do Estado de Goiás, Brasil e notas sobre E. marajoara Rocha e Silva-Albuquerque, 1972 (Blaberidae, Blaberinae). Boletim do Museu Nacional, N. S., Zoologia 433: 15.
  • Mckittrick, F. A. 1964. Evolutionary Studies of Cockroaches. Cornell University Agricultural New York State College of Agriculture Memoir 389: 1197.
  • Princis, K. 1946. Colombianische Blattodeen, gesammelt von Herrn G. Dahl und Frau M. Althin-Dahl in den Jahren 19361939. Kungl. Fysiografiska Sallskapets I Lund Förhandlingar, 16: 115, 7 figs.
  • Princis, K. 1951. Neue und wenig bekannte Blattarien aus dem Zoologischen Museum Kopenhagen. Spolia Zoologica Musei Hauniensis, 12: 572, 6 pls.
  • Princis, K. 1959. Revision der Walkerschen und Kyrbyschen Blattarientypen in British Museum of Natural History. III. Opuscula Entomologica, Lund, 24: 125150.
  • Rocha e Silva-Albuquerque, 1964. On a Collection of Cockroaches from Venezuela (Orthoptera, Blattoidea). Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi (n.s.) Zoologia, Belém, 45: 122.
  • Rocha e Silva-Albuquerque, I. & G. M Aguiar, 1976. Sobre o gênero Riatia Walker, 1868 com descrição de 9 espécies novas (Dictyoptera, Blattaria). Revista Brasileira de Biologia, 36: 847860.
  • Walker, F. 1868. Catalogue of Specimens of Blattariae in the Collection of the British Museum, printed for the Trusters of the British Museum, London. 239pp.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Nov 2005
  • Data do Fascículo
    Set 2005

Histórico

  • Aceito
    23 Mar 2005
  • Recebido
    05 Nov 2004
Sociedade Brasileira De Entomologia Caixa Postal 19030, 81531-980 Curitiba PR Brasil , Tel./Fax: +55 41 3266-0502 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: sbe@ufpr.br