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Novo registro e novas espécies de Cerambycinae (Coleoptera, Cerambycidae) de Trinidad and Tobago e da Venezuela

New record and new species of Cerambycinae (Coleoptera, Cerambycidae) from Trinidad and Tobago and Venezuela

Resumos

Novas espécies descritas de Trinidad and Tobago: Plocaederus dozieri sp. nov. (Cerambycini, Cerambycina), Anelaphus trinidadensis sp. nov. (Elaphidionini), Piezocera rufula sp. nov. (Piezocerini), Assycuera marcelae sp. nov. and Ceralocyna venusta sp. nov. (Trachyderini, Ancylocerina). Neocompsa pallida sp. nov. (Ibidionin) é descrita de Trinidad and Tobago e da Venezuela. Ommata (O.) gallardi Peñaherrera & Tavakilian, 2004 (Rhinotragini), descrita originalmente da Guiana Francesa, é registrada para Trinidad and Tobago.

Neotropical; novas espécies; novo registro; taxonomia


New species described from Trinidad and Tobago: Plocaederus dozieri sp. nov. (Cerambycini, Cerambycina), Anelaphus trinidadensis sp. nov. (Elaphidionini), Piezocera rufula sp. nov. (Piezocerini), Assycuera marcelae sp. nov. and Ceralocyna venusta sp. nov. (Trachyderini, Ancylocerina). Neocompsa pallida sp. nov. (Ibidionini) is described from Trinidad and Tobago and Venezuela. Ommata (O.) gallardi Peñaherrera & Tavakilian, 2004 (Rhinotragini), originally described from French Guiana, is recorded for Trinidad and Tobago.

Neotropical; new record; new species; taxonomy


SISTEMÁTICA, MORFOLOGIA E BIOGEOGRAFIA

Novo registro e novas espécies de Cerambycinae (Coleoptera, Cerambycidae) de Trinidad and Tobago e da Venezuela

New record and new species of Cerambycinae (Coleoptera, Cerambycidae) from Trinidad and Tobago and Venezuela

Ubirajara R. MartinsI,III; Maria Helena M. GalileoII,III

IMuseu de Zoologia, Universidade de São Paulo. Caixa Postal 42494, 04218-970 São Paulo-SP, Brasil. urmsouza@usp.br

IIMuseu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Caixa Postal 1188, 90001-970 Porto Alegre-RS, Brasil. galileo@fzb.rs.gov.br

IIIPesquisador do CNPq

RESUMO

Novas espécies descritas de Trinidad and Tobago: Plocaederus dozieri sp. nov. (Cerambycini, Cerambycina), Anelaphus trinidadensis sp. nov. (Elaphidionini), Piezocera rufula sp. nov. (Piezocerini), Assycuera marcelae sp. nov. and Ceralocyna venusta sp. nov. (Trachyderini, Ancylocerina). Neocompsa pallida sp. nov. (Ibidionin) é descrita de Trinidad and Tobago e da Venezuela. Ommata (O.) gallardi Peñaherrera & Tavakilian, 2004 (Rhinotragini), descrita originalmente da Guiana Francesa, é registrada para Trinidad and Tobago.

Palavras-Chave: Neotropical; novas espécies; novo registro; taxonomia.

ABSTRACT

New species described from Trinidad and Tobago: Plocaederus dozieri sp. nov. (Cerambycini, Cerambycina), Anelaphus trinidadensis sp. nov. (Elaphidionini), Piezocera rufula sp. nov. (Piezocerini), Assycuera marcelae sp. nov. and Ceralocyna venusta sp. nov. (Trachyderini, Ancylocerina). Neocompsa pallida sp. nov. (Ibidionini) is described from Trinidad and Tobago and Venezuela. Ommata (O.) gallardi Peñaherrera & Tavakilian, 2004 (Rhinotragini), originally described from French Guiana, is recorded for Trinidad and Tobago.

Keywords: Neotropical; new record; new species; taxonomy.

Com base em material principalmente da coleção James Wappes (American Coleoptera Museum, San Antonio), descrevemos seis novas espécies e estabelecemos um novo registro para Ommata (Ommata) gallardi Peñaherrera & Tavakilian, 2004, conhecida da Guiana Francesa.

Em Cerambycini, Cerambycina, publicamos nova espécie de Plocaederus Megerle in Dejean, 1835, gênero com 16 espécies (Monné, 2005; Monné & Bezark, 2009). Plocaederus foi revisto por Martins & Monné (2002). A nova espécie é do grupo de espécies com tubérculo no mesosterno.

A tribo Elaphidionini é das tribos que possuem mais gêneros (ca. 90) e que foram separados em chave por Lingafelter (1998). Martins (2005) reviu a tribo na América do Sul que, àquela época, continha 53 gêneros. A nova espécie descrita pertence ao gênero Anelaphus Linsley, 1936 com sete espécies sul-americanas e 48 espécies registradas para México e América Central, inclusive Antilhas (Monné, 2005).

O gênero Piezocera Audinet-Serville, 1834, pertence à tribo Piezocerini, que foi estudada por Martins (1976) e que reunia, naquela ocasião, 11 espécies. Galileo & Martins (2000) descreveram P. silvia da Colômbia. Martins (2003) cuidou das espécies sul-americanas.

Uma espécie nova, registrada também para a Venezuela, é descrita em Neocompsa Martins, 1975 (Ibidionini). O gênero envolve espécies das Américas do Norte, Central e do Sul ocorrentes dos Estados Unidos até a Argentina. As 21espécies sul-americanas foram revistas por Martins (2009).

Dentre os Trachyderini (Ancylocerina) são descritas duas espécies, uma em Assycuera Napp & Monné, 2001 e outra em Ceralocyna Viana, 1971. Até o momento estes gêneros não estavam representados na fauna cerambycidológica de Trinidad and Tobago.

As siglas utilizadas no texto correspondem a: ACMS, American Coleoptera Museum, San Antonio; MCNZ, Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre; MIZA, Museo del Instituto de Zoologia Agrícola, Universidad Central de Venezuela, Maracay; MZSP, Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Cerambycini, Cerambycina

Plocaederus dozieri sp. nov.

(Fig. 1)


Etimologia. O nome específico homenageia B. K. Dozier, Resident Research Associate, Florida State Collection of Arthropods, Gainesville, que coletou a maioria do material citado neste artigo.

Macho. Cabeça preto-avermelhada escura. Fronte e tubérculos anteníferos fina e densamente pontuados. Superfície do vértice finamente rugosa. Lobos oculares superiores separados por distância igual a duas fileiras de omatídios; região entre os lobos sem carena e sem pontos. Antenas dos machos atingem a extremidade elitral na extremidade do antenômero VIII; preto-avermelhadas na base e gradualmente mais avermelhas para o ápice. Escapo pontuado, sem cicatriz apical. Antenômeros III-IV nodosos no ápice; III sem projeção externa, densamente pontuado; IV com pequena projeção apical externa, pontuado; V-VII com projeção acentuada no lado externo; VIII-X com projeção externa gradualmente mais curta.

Protórax preto-avermelhado. Espinho lateral do protórax acuminado. Pronoto glabro com mais do que dez rugas transversais e irregulares. Processo prosternal com tubérculo bem projetado. Processo mesosternal com tubérculo evidente. Esternos mesotorácicos e metepisternos preto-avermelhados. Metasterno preto.

Élitros avermelhados com frisos suturais enegrecidos e margens pretas, coloração gradualmente mais estreita em direção ao ápice. Superfície dos élitros revestida por pubescência curta, amarelada. Extremidades elitrais com espinho curto no lado externo.

Pernas preto-avermelhadas. Fêmures fina e densamente pontuados. Abas apicais dos metafêmures projetadas. Urosternitos pretos.

Dimensões, mm. Comprimento total, 13,2; comprimento do protórax, 3,3; maior largura do protórax, 4,0; comprimento do élitro, 8,5; largura umeral, 4,3.

Material-tipo. Holótipo macho, TRINIDAD E TOBAGO, Trinidad, Saint George: Saint Augustine (Mount Saint Benedicte Abby), 27.V.1996, B. K. Dozier col. (ACMS).

Discussão. Pela presença de tubérculo no processo mesosternal e antenômeros III e IV nodosos no ápice, Plocaederus dozieri sp. nov. é discriminada com P. glabricollis (Bates, 1870) e P. rugosus (Olivier, 1795) na chave para espécies de Plocaederus em Martins & Monné (2002). Distingue-se de ambas pelas menores dimensões, pela ausência de carena entre os lobos oculares superiores e pelos espinhos externos dos ápices elitrais reduzidos. Plocaederus dozieri difere de P. rugosus pela ausência de áreas pretas ou acastanhadas no dorso dos élitros e pelos fêmures preto-avermelhados e de P. glabricollis pelos élitros sem área preta na declividade basal. Em P. rugosus e em P. glabricollis as dimensões são maiores, têm carena entre os lobos oculares superiores e os espinhos apicais dos élitros são mais longos. Em P. rugosus o dorso dos élitros tem áreas pretas ou acastanhadas e em P. glabricollis declividade basal dos élitros é preta.

Elaphidionini

Anelaphus trinidadensis sp. nov.

(Fig. 2)

Etimologia. Epíteto alusivo ao país de origem.

Macho. Cabeça com tegumento castanho-avermelhado. Fronte revestida por pubescência branco-amarelada densa, menos numa faixa estreita ao longo do meio. Vértice com pontos esparsos. Lobos oculares superiores com três fileiras de omatídios. Antenas avermelhadas aproximam-se, mas não atingem o ápice dos élitros. Escapo esparsamente pontuado e, de cada ponto, emerge um pelo amarelado. Antenômeros III a VI com espinho interno gradualmente mais curto em direção aos antenômeros mais apicais. Antenômeros V a X com espinho externo no ápice, gradualmente menos projetado. Antenômero III apenas mais longo que o IV.

Protórax castanho-avermelhado; tão longo quanto largo; lados arredondados. Partes laterais do protórax com pequena mancha de pubescência branca no meio. Pronoto pontuado menos numa faixa estreita, centro-longitudinal; manchas pequenas de pubescência amarelada, mais concentrada em: duas manchas a cada lado da faixa glabra, no centro do pronoto; duas mais laterais e pouco à frente das centrais; duas menores, laterais, no nível do terço posterior; três na base (uma central na extremidade posterior da faixa glabra e duas laterais). Escutelo coberto por densa pubescência esbranquiçada. Esternos torácicos revestidos por pubescência esbranquiçada moderadamente densa.

Élitros avermelhados com manchas pequenas de pubescência branca mais concentrada: na declividade basal, no centro do dorso e mais abundantes no terço apical. Pontuação elitral densa e mais manifesta na metade anterior. Extremidades elitrais obliquamente truncadas e desarmadas.

Pernas avermelhadas. Fêmures e urosternitos revestidos por pubescência branco-amarelada, esparsa. Urosternitos avermelhados.

Dimensões mm. Comprimento total, 9,5; comprimento do protórax, 2,0; maior largura do protórax, 2,1; comprimento do élitro, 6,7; largura umeral, 2,6.

Material-tipo. Holótipo macho, Trinidad and Tobago, Trinidad, Saint George: Curepe (Saint Margarita circular Road), 11.I.1978, F. Bennett col. "black light trap" (ACMS).

Discussão. Até o momento não foram registradas espécies de Anelaphus Linsley, 1936 para Trinidad and Tobago. Da Venezuela, conhece-se Anelaphus martinsi Monné, 2006, (figurada por Martins, 2005:308, fig. 239) que apresenta padrão de colorido completamente diverso de A. trinidadensis sp. nov. Separa-se de Anelaphus subfasciatum (Gahan, 1895) ocorrente em Guadeloupe, pela pubescência densa da fronte, pelo antenômero III apenas mais longo que o IV, pelo pronoto com manchas de pubescência amarelada e pelos élitros com pequenas manchas isoladas. Em A. subfasciatum, a pubescência amarelada da fronte está restrita aos lados, o antenômero III tem o dobro do comprimento do IV; o pronoto não tem manchas definidas de pubescência amarelada e a pubescência dos élitros é mais concentrada numa faixa transversal, esparsa, no meio. Assemelha-se pelo padrão de colorido a A. giesberti Chemsak & Linsley, 1979 procedente da Guatemala e Honduras, mas distingue-se pela fronte densamente pubescente, pelo maior número de máculas de pubescência amarelada no pronoto e pelas extremidades elitrais obliquamente truncadas. Em A. giesberti a pubescência amarelada da fronte está restrita aos lados, a pubescência pronotal está mais concentrada em apenas duas manchas e os ápices dos élitros são providos de espinho no lado externo.

Ibidionini

Neocompsa pallida sp. nov.

(Fig. 3)

Etimologia. Latim, pallidus = pálido, descorado.

Tegumento alaranjado. Cabeça com pubescência esparsa. Lobos oculares superiores com três fileiras de omatídios. Antenas atingem o ápice dos élitros na metade do antenômero VIII (macho). Escapo brilhante. Flagelômeros carenados; os basais ligeiramente engrossados. Comprimento do antenômero IV subigual a metade do III.

Protórax com comprimento quase igual ao dobro da largura. Pronoto sem tubérculos, com pubescência visível conforme a incidência da luz, mas aspecto geral brilhante. Lados do terço anterior do pronoto com pubescência mais concentrada. Partes laterais do protórax com faixa pubescente no limite com o prosterno. Prosterno brilhante com pubescência esparsa restrita às proximidades do processo prosternal.

Élitros alaranjados com pubescência esparsa em toda a superfície; cada um com duas manchas esbranquiçadas: uma mais alongada, adiante do meio, distante da sutura e mais aproximada da margem; outra no terço apical mais arredondada, próxima da margem. Nos machos, costas elitrais evidentes, inclusive no interior das manchas esbranquiçadas. Extremidades elitrais obliquamente truncadas com espículo no ângulo sutural e espinho no ângulo externo.

Fêmures com pedúnculo amarelado na base assim como tíbias e tarsos. Profêmures carenados próximo ao ápice. Face ventral do corpo com pubescência esbranquiçada.

Dimensões, mm, respectivamente macho/fêmea. Comprimento total, 9,6-13,4/7,1-11,5; comprimento do protórax, 2,3-3,4/1,9-2,8; maior largura do protórax, 0,9-1,9/1,0-1,6; comprimento do élitro, 6,3-8,2/4,4-7,6; largura umeral, 1,6-2,3/1,3-2,2.

Material-tipo. Holótipo macho, Trinidad and Tobago, Trinidad, Saint George: Saint Agustine ( Mount Saint Benedicte Abby), 23.V.1996, B. K. Dozier col. (ACMS). Parátipos: Trinidad: Simla (Arima-Blanchisseuse Road), 3 fêmeas, 12.VII.1975, 14.VII.1975, 30.VII. 1975. J. Price col., "black light trap" (ACMB, MZSP, MCNZ); Saint George: Curepe (Santa Margarita circular road), fêmea, 21.VI.1972, F. D. Bennett col. (ACMS). VENEZUELA, Aragua: Rancho Grande (1100 m), fêmea,28.X.1948, F. Fernandez Y. col. (MIZA).

Discussão. Pela chave das espécies ocorrentes na América do Sul (Martins, 2009), Neocompsa pallida é discriminada no item 18 com N. squalida (Thomson, 1867) e N. macrotricha Martins, 1970 por apresentar as manchas claras dos élitros coplanares com a superfície elitral. Distingue-se de N. macrotricha pelas extremidades elitrais com espinho externo e de N. squalida pela ausência de bordadura escura nas manchas elitrais que também são mais alongadas, especialmente a anterior; pela cabeça e pronoto praticamente desnudos. Em N. macrotricha as extremidades elitrais são desarmadas; em N. squalida as manchas dos élitros são arredondas e bordejadas por castanho ou preto e a cabeça e pronoto são pubescentes.

Joly (1991) registrou N. squalida para Venezuela, Aragua: Rancho Grande (1100 m) e é possível que o(s) exemplar(es) corresponda(m) na realidade a N. pallida.

Piezocerini

Piezocera rufula sp. nov.

(Fig. 4)


Etimologia. Latim, rufulus = diminutivo de rufus, ruivo e cor de canela.

Coloração geral vermelho-alaranjada com as antenas mais claras, alaranjadas. Lobos oculares superiores com três fileiras de omatídios. Tubérculos anteníferos pouco projetados. Antenas ultrapassam o meio dos élitros. Antenômero III não projetado no ápice externo. Antenômeros IV-X projetados no ângulo externo, com espículo no ápice interno.

Lados do protórax com tubérculos; os do terço posterior mais projetados. Elevações anteriores do pronoto demarcadas e evidentes, separadas por sulco longitudinal. Superfície pronotal (50x) microesculturada. Esternos torácicos lisos.

Élitros sem faixa escura longitudinal; pontuação demarcada na metade basal; pêlos organizados em quatro fileiras longitudinais. Extremidades elitrais cortadas em curva, pouco profunda, com o lado externo projetado, mas arredondado na ponta.

Metatíbias com o ápice projetado no lado externo. Urosternitos muito fina e densamente pontuados (50x), principalmente nos lados.

Dimensões mm, respectivamente macho/fêmea. Comprimento total, 4,2/6,0; comprimento do protórax, 1,0/1,2; maior largura do protórax, 0,7/1,1; comprimento do élitro, 3,1/4,4; largura umeral, 1,0/1,3.

Material-tipo. Holótipo macho, Trinidad and Tobago, Trinidad, Saint George: Curepe (Saint Margarita circular Road), 11.I.1978, F. Bennett col. "black light trap" (ACMS); Saint Augustine ( Mount Saint Benedicte Abby), parátipo fêmea, 6.VII.1994, B. K. Dozier col. (MZSP).

Discussão. Piezocera rufula sp. nov. distingue-se de P. silvia Galileo & Martins, 2000, descrita da Colômbia, pelas antenas mais curtas, pelos antenômeros III-X levemente expandidos na metade apical e pelos ápices elitrais projetados no lado externo com ponta arredondada, sem constituir espinho. Em P. silvia as antenas alcançam o terço apical dos élitros, os flagelômeros são alargados para o ápice e o espinho externo do ápice dos élitros é pontiagudo.

Rhinotragini

Ommata (Ommata) gallardi Peñaherrera-Leiva & Tavakilian, 2004

Ommata (Ommata) gallardi Peñaherrera-Leiva & Tavakilian, 2004:126; Monné 2006: 175 (cat.).

A espécie foi descrita da Guiana Francesa. A distribuição é ora ampliada para Trinidad and Tobago, uma vez que examinamos um casal que se enquadra perfeitamente na descrição original.

Material examinado. Trinidad and Tobago, Trinidad, Saint George: Saint Augustine ( Mount Saint Benedicte Abby), macho 24.V.1996, B. K. Dozier col. (ACMS); fêmea, mesma localidade, 7.VI.1996, B. K. Dozier col. (MZSP).

Trachyderini, Ancylocerina

Assycuera marcelae sp. nov.

(Fig. 5)

Etimologia. O nome específico é em homenagem a Marcela Laura Monné (Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro), que muito pesquisou a subtribo Ancylocerini.

Macho. Cabeça preto-avermelhada. Tubérculos anteníferos e vértice, pontuados. Região entre os tubérculos anteníferos côncava. Genas pontuadas. Antenas pretas atingem o ápice elitral no meio do antenômero X. Escapo pontuado. Pedicelo projetado no lado externo. Antenômeros III e IV com comprimento subiguais; V-X com comprimentos ligeiramente crescentes; XI pouco mais curto do que o X com ápice curvo.

Protórax avermelhado; com pelos curtos; comprimento aproximadamente o dobro da largura. Pronoto com pontuação grossa no centro; terço posterior e quarto anterior finamente pontuados com raros pontos maiores entremeados. Partes laterais do protórax com pontos e rugas finas (25x). Prosterno pontuado menos junto às orlas anterior e posterior. Metasterno com pontos esparsos.

Élitros avermelhados, densamente pontuados; ápices transversalmente truncados.

Fêmures avermelhados no pedúnculo e pretos na clava. Meso- e metafêmures com espinho no lado interno do ápice tão longos quanto a metade da largura apical do fêmur. Tíbias avermelhadas, mais escurecidas para os ápices. Tarsos avermelhados.

Face ventral avermelhada. Urosternitos finamente pontuados principalmente nos lados.

Fêmea. Antenas atingem o sexto apical dos élitros. Protórax com pontuação semelhante a do macho.

Dimensões mm, respectivamente macho/fêmea. Comprimento total, 10,7-10,9/9,6-9,7; comprimento do protórax, 3,4-3,5/3,0-3,0; maior largura do protórax, 1,9-1,9/1,8-1,9; comprimento do élitro, 6,2-6,3/5,6-5,7; largura umeral, 2,2-2,2/2,0-2,0.

Material-tipo. Holótipo macho, Trinidad and Tobago, Trinidad, Saint George: Saint Augustine ( Mount Saint Benedicte Abby), 4.VI.1996, B. K. Dozier col. (ACMS). Parátipos: mesmos dados do holótipo, macho, 23.V.1996, B. K. Dozier col. (MZSP); fêmea, 4.VI.1996, B. K. Dozier col. (ACMS); fêmea, 7.VI.1996, B. K. Dozier col. (ACMS).

Discussão. Na chave para as espécies de Assycuera (Napp & Monné, 2001:980), Assycuera marcelae sp. nov., pela cabeça e protórax avermelhados, assemelha-se a A. rubella (Bates, 1892) que ocorre no México. Distingue-se pela cabeça preto-avermelhada, pela região entre os tubérculos anteníferos côncava, pelas tíbias avermelhadas com os ápices escurecidos e pelos tarsos preto-avermelhados. Em A. rubella a cabeça é avermelhada, a região entre os tubérculos anteníferos é plana, as tíbias e os tarsos são pretos.

Ceralocyna venusta sp. nov.

(Fig. 6)

Etimologia. Latim, venustus = formoso, elegante.

Macho. Cabeça preta. Fronte, tubérculos anteníferos e vértice densamente pontuados. Tubérculos anteníferos projetados, separados por depressão côncava. Genas paralelas, pontuadas. Antenas alcançam o ápice dos élitros. Escapo preto com pontos grandes e esparsos, cerca da metade do comprimento do antenômero III. Flagelômeros pretos na base e gradualmente avermelhados para os ápices. Antenômero III pouco mais longo do que o IV; V-X com comprimentos subiguais. Antenômero III levemente deprimido nos dois terços apicais. Antenômero XI um terço mais longo do que o X, com ligeiro adelgaçamento no terço apical.

Protórax avermelhado; disco pronotal preto; orla anterior do prosterno e das partes laterais do protórax pretas; mancha triangular preta adiante do processo prosternal. Pronoto levemente convexo. Partes laterais do protórax e pronoto com pontuação grossa, profunda com interstícios menores que o diâmetro de um ponto. Escutelo preto-avermelhado. Prosterno pontuado com faixa, a cada lado, microesculturada e também pontuada. Mesosterno preto-avermelhado. Mesepisterno com pontos microesculturados. Metasterno com pontos grandes e esparsos, mais concentrados nos lados.

Dois terços anteriores dos élitros avermelhados e terço apical com áreas pretas; densamente pontuados em toda a superfície. Extremidades elitrais transversalmente truncadas.

Fêmures pretos com as bases avermelhadas. Ápices dos mesofêmures com espinho pequeno no lado interno. Ápice dos metafêmures com espinho longo no lado interno. Pro- e mesotíbias pretas; metatíbias quebradas. Urosternitos avermelhados e brilhantes.

Dimensões mm. Comprimento total, 9,3; comprimento do protórax, 2,7; maior largura do protórax, 1,6; comprimento do élitro, 5,6; largura umeral, 1,7.

Material-tipo. Holótipo macho, Trinidad and Tobago, Trinidad, Saint George: Saint Augustine (Mount Saint Benedicte Abby), 4.VI.1996, B. K. Dozier col. (ACMS).

Discussão. Ceralocyna venusta sp. nov. pelo protórax vermelho com faixas ou áreas pretas no pronoto é discriminada no item 14 da chave para espécies do gênero de Monné & Napp (2000). Separam-se nesse item dois grupos de espécies: (1) pronoto convexo nos dois terços anteriores, com faixa mediana preta e élitros unicolores: C. nigropilosa Monné & Napp, 1999 e C. parkeri (Chemsak, 1964) e (2) pronoto plano quase inteiramente preto e élitros bicolores: C. seticornis (Bates, 1870) procedente do Pará (Brasil) e C. nigricollis (Gounelle, 1911) registrado para Goiás e Minas Gerais (Brasil) (Monné & Bezark, 2009).

A nova espécie enquadra-se no grupo 2 e difere de C. seticornis por apresentar o protórax avermelhado com pronoto preto (inteiramente preto em C. seticornis) e bases dos fêmures avermelhadas (terço basal do fêmures amarelos em C. seticornis).

Difere de C. nigricollis, pelos úmeros avermelhados, pelas antenas do macho que não ultrapassam os ápices dos élitros e pelo pronoto sem pontuação sexual. Em C. nigricollis os úmeros são pretos; as antenas dos machos atingem os ápices dos élitros no antenômero IX e o pronoto tem pontuação sexual nos lados.

Agradecimentos. A James Wappes (ACMS) e Luis José Joly (MIZA) pelo envio de material para estudo; a Eleandro Moysés (Bolsista IC/CNPq/FZB – MCNZ) pelas fotografias e tratamento das imagens.

Recebido 27/11/2009;

aceito 25/10/2010

Editor: Marcela Laura Monné

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Jan 2011
  • Data do Fascículo
    2010

Histórico

  • Recebido
    27 Nov 2009
  • Aceito
    25 Out 2010
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