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Editorial

EDITORIAL

Cara leitora, caro leitor,

A complexa relação entre pobreza, educação e trabalho de crianças e jovens é analisada no Tema em Destaque. Organizado por Moysés Kuhlmann Jr. reúne artigos de cunho histórico e antropológico sobre realidades tão diversas como a tutela de órfãos em Bragança, interior de São Paulo, no final do século XIX, a regulamentação do trabalho infantil na Argentina na primeira quadra do século XX e as práticas e representações de famílias dos subúrbios de Maputo, em Moçambique, nos dias de hoje. A contraposição permite iluminar processos sociais e históricos e ressaltar aspectos menos reconhecidos neste debate de renovada atualidade.

Questões relativas a gênero estão muito presentes em Outros Temas. Kaizô Iwakami Beltrão e José Eustáquio Diniz Alves, municiados pelos censos demográficos de 1960 a 2000, examinam os diferenciais educacionais por sexo das coortes nascidas após 1890 e fornecem uma visão panorâmica do processo que levou à reversão do hiato de gênero na educação brasileira ao longo do século XX.

A articulação entre trabalho e família para mulheres de camadas urbanas de baixa renda é o cerne do artigo de Cristina Bruschini e Arlene Ricoldi que investiga dificuldades e conflitos na vida cotidiana de mulheres trabalhadoras que têm responsabilidades familiares. A análise, apoiada em dados quantitativos e qualitativos, contempla o uso do tempo em afazeres domésticos, a divisão sexual do trabalho doméstico e permite ressaltar as políticas sociais que favorecem a atividade laboral feminina.

Dois artigos tratam de educação sexual. Fabíola Rohden relata uma bem-sucedida experiência piloto de formação a distância de profissionais de educação nas temáticas de gênero, sexualidade e relações étnico-raciais. O curso, voltado para professores de ensino fundamental de seis municípios da rede pública, teve como objetivo primordial ampliar a compreensão sobre a dinâmica dos processos de discriminação na sociedade brasileira. Helena Altmann apresenta um estudo de caso sobre educação sexual em uma escola municipal do Rio de Janeiro. Sua análise assinala algumas contradições quanto à abordagem, como um certo distanciamento em relação às preocupações adolescentes e a ênfase em métodos anticoncepcionais e na sexualidade adulta.

Maria Manuela Alves Garcia discute a influência de pedagogias e didáticas autodenominadas críticas na conformação de uma ética e uma moralidade pedagógica de docentes e intelectuais de esquerda nas décadas de 80 e 90 do século passado.

Em pesquisa realizada pelo Observatório de Violências nas Escolas, Candido Alberto Gomes e Marlene Monteiro Pereira analisam as percepções de licenciandos a respeito das violências em ambiente escolar e do preparo em sua formação para manejar o problema.

Ao examinar como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais estruturou sua estratégia de criação de pós-graduação, Maria Lígia Moreira e Léa Velho constatam que a principal característica do instituto é a aliança entre pesquisa-desenvolvimento e ensino.

Diante dos questionamentos acerca da contribuição das pesquisas para enfrentar os desafios da escola básica, Maria Malta Campos examina as formas pelas quais professores e gestores da educação incorporam e reinterpretam os resultados das investigações na área. Evidencia também as relações entre a produção acadêmica e as disputas provenientes da dinâmica social mais ampla.

O texto de Elizabeth Tunes e Zoia Prestes trata do relacionamento entre Vigotski e Leontiev, que trabalharam juntos nos anos 20 e que, juntamente com Luria, são considerados fundadores da teoria histórico-cultural da Psicologia soviética. Traz correspondência entre os autores, inédita em português.

As Editoras

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Ago 2009
  • Data do Fascículo
    Abr 2009
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