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Novas solteiras: ecos do feminismo na mídia Brasileira

New single women: echoes of feminism in Brazilian media

Resumos

A proliferação de produtos culturais sobre as solteiras sugere uma preocupação internacional com o tema na contemporaneidade. A mídia brasileira também focaliza o fenômeno da nova solteira em sintonia com a literatura e filmografia sobre mulheres com mais de 30 anos, solteiras, moradoras das grandes cidades. A emergência da expressão "novas solteiras" remete ao ideário feminista de autonomia, liberdade e independência, em oposição à solteirona do passado. Neste artigo, analiso como as mulheres sós costumam ser retratadas em textos da mídia brasileira através de polarizações marcadas por gênero, idade e posição social e geográfica. Ressalto a utilização recorrente de informações validadas por vozes autorizadas de especialistas acadêmicos, sobretudo da área psi. Por fim, mostro como algumas matérias enfatizam a solidão e a transitoriedade do morar só, operando outras oposições marcadas por gênero

mulheres; mídia; feminismo; cultura


The proliferation of cultural products on single women implies an international and contemporary concern about the issue. Brazilian media also draws attention to the new single woman attuned with the literature and filmography on singles over 30s, living in big cities. The emergency of the expression new single women, is rooted in the feminist ideas of autonomy, freedom and independency, opposed to the spinster of the past. In this paper I analyze how lone women are often portrayed in Brazilian media texts through gendered polarizations, age social and geographic position. I also point out the validation of information by academic specialists, mainly from the psych field. Finally, I show how some articles portray is way of life emphasizing loneliness and transiency, operating with other gender biased oppositios

women; media; feminism; culture


OUTROS TEMAS

Novas solteiras: ecos do feminismo na mídia Brasileira

New single women: echoes of feminism in Brazilian media

Eliane Gonçalves

Professora da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás elianego@uol.com.br

RESUMO

A proliferação de produtos culturais sobre as solteiras sugere uma preocupação internacional com o tema na contemporaneidade. A mídia brasileira também focaliza o fenômeno da nova solteira em sintonia com a literatura e filmografia sobre mulheres com mais de 30 anos, solteiras, moradoras das grandes cidades. A emergência da expressão "novas solteiras" remete ao ideário feminista de autonomia, liberdade e independência, em oposição à solteirona do passado. Neste artigo, analiso como as mulheres sós costumam ser retratadas em textos da mídia brasileira através de polarizações marcadas por gênero, idade e posição social e geográfica. Ressalto a utilização recorrente de informações validadas por vozes autorizadas de especialistas acadêmicos, sobretudo da área psi. Por fim, mostro como algumas matérias enfatizam a solidão e a transitoriedade do morar só, operando outras oposições marcadas por gênero.

Palavras-chave: mulheres, mídia, feminismo, cultura

ABSTRACT

The proliferation of cultural products on single women implies an international and contemporary concern about the issue. Brazilian media also draws attention to the new single woman attuned with the literature and filmography on singles over 30s, living in big cities. The emergency of the expression new single women, is rooted in the feminist ideas of autonomy, freedom and independency, opposed to the spinster of the past. In this paper I analyze how lone women are often portrayed in Brazilian media texts through gendered polarizations, age social and geographic position. I also point out the validation of information by academic specialists, mainly from the psych field. Finally, I show how some articles portray is way of life emphasizing loneliness and transiency, operating with other gender biased oppositios.

Keywords: women, media, feminism, culture

A NOÇÃO TRADICIONAL de família tem sofrido profundas alterações nas chamadas sociedades ocidentais da contemporaneidade. O casamento, consequentemente, não possui as mesmas consignas que o tornaram a aliança material e simbólica capaz de reunir a um só tempo amor, fidelidade, atração sexual e amizade entre um homem e uma mulher, culminando no cuidado bem-sucedido dos filhos. O feminismo, entre outros movimentos sociais que deitaram raízes e marcaram profundamente os modos de ser e estar no mundo, produziu alternativas afetivas para as mulheres e também inspirou modos de vida não centrados no casamento e na maternidade. Sair da casa dos pais e morar sozinha passou a figurar entre essas alternativas.

Estudos de base demográfica mostram que pessoas morando sozinhas, independentemente do estado civil, constituem, hoje, um segmento social em crescimento nos países industrializados, atingindo cerca de seis milhões de domicílios brasileiros, o que corresponde a 10,4 % da população residente no país (Fundação IBGE, 2006). Cunhadas como um tipo de família, unipessoal (Fundação IBGE, 2006), não família (Goldani, 1993; Scott, 1990), sem família (Berquó, Cavenaghi, Oliveira, 1990), pessoas que moram sozinhas são frequentemente denominadas "solteiras".

A proliferação de produtos culturais sobre as "solteiras" sugere uma preocupação internacional com o tema. A mídia brasileira também focaliza o fenômeno da nova solteira em sintonia com a literatura e filmografia sobre mulheres com mais de 30 anos, solteiras, moradoras das grandes cidades - ao estilo Bridget Jones e Sex and the city1 1 Bridget Jones é protagonista do livro de Helen Fielding (2000), autora britânica dos best-sellers O Diário de Bridget Jones e Bridget Jones: no limite da razão, publicados no Brasil pela Editora Record. O primeiro livro, levado às telas em 2001, tornou ainda mais popular a personagem. Ao lado da produção nacional, outros livros sobre o tema foram traduzidos para o português e lançados no Brasil. Alguns exemplos: Como encontrar um marido depois dos 35, de Rachel Greenwald (2004); Por que não sobraram homens bons (de Barbara Whitehead, 2003); O sexo e a cidade, de Candance Bushnell (2003); Só: dores e delícias de morar sozinha, de Rosane queiroz (2004); Morar só: uma nova opção de vida, de Christinne Victorino (2001); Solteira, sim, sozinha nunca, de Barbara Feldon (2007); Solteira e feliz da vida, de Amanda Ford (2007). O seriado Sex and the city, produzido pela HBO, foi exibido no Brasil pelo canal a cabo Multishow. . Quando objeto de discussão na mídia, o segmento aparece como portador de um novo estilo de vida com alto potencial de consumo, traduzido em referências ao mercado e à produção de bens e serviços.

Neste artigo, esquivo-me das observações sobre o mercado e o consumo e lanço olhares sobre como as mulheres sós costumam ser retratadas em textos da mídia brasileira por meio de polarizações marcadas por gênero, idade e posição social e geográfica. Nele, analiso a utilização recorrente de informações oriundas de estudos acadêmicos cuja validação se dá mediante vozes autorizadas de especialistas, sobretudo da área psi. Analiso, ainda, a emergência da expressão "novas solteiras", cunhada basicamente pela mídia, que remete ao ideário feminista de autonomia, liberdade e independência, em oposição à solteirona do passado. Por fim, mostro que algumas matérias retratam o morar só com ênfase na solidão, operando outras oposições marcadas por gênero. Ressalto que a maioria das matérias analisadas utiliza personagens femininas não casadas e sem filhos, morando sozinhas, referidas como solteiras. Compreendo que a categoria abarca, também, pessoas separadas, viúvas, com ou sem filhos, coabitantes ou não. A rubrica solteiros/as não é muito precisa, pois está longe de caracterizar, nesta etapa da modernidade, apenas o estado civil2 2 Na literatura anglofônica, a categoria é partnership status (Simpson, 2003, 2005). . Portanto, neste artigo, o termo "solteiras", referindo-se a pessoas de ambos os sexos - analisadas em seções distintas -, deve ser lido, preferencialmente, como não casadas ou não coabitantes, sem par fixo.

A imprensa escrita é, por intermédio de jornais e revistas e de portais da internet, uma forma privilegiada de produção da informação e, portanto, fundamental como formadora de opiniões (Rios, 2002), muitas vezes, exacerbando o significado original das terminologias por ela incorporadas.

A leitura cuidadosa de 28 matérias específicas, em um volume de mais de 100 reportagens pré-selecionadas, permitiu-me contextualizar noções que circulam na mídia impressa brasileira a respeito da temática do morar só. Essas matérias foram selecionadas em quatro tipos de fontes: dois grandes jornais de circulação nacional (O Globo; Folha de S. Paulo), dois jornais goianos (Diário da Manhã; O Popular), três revistas de interesse geral de maior circulação nacional (Veja; Isto É; Época) e três revistas femininas que atingem públicos-alvo distintos (Marie Claire; Cláudia; Criativa). Os textos analisados compreendem o período de 1995 a 2007. As matérias foram lidas e anotadas em uma ficha com os seguintes dados: título, chamada principal, ilustração, perfil das personagens, fontes das informações, vozes autorizadas (tipo de profissional ou especialista consultado), modo de iniciar e fechar, terminologia utilizada pelo/a articulista, pelos profissionais e pelas personagens, local (região geográfica) de produção da matéria, veículo (jornal, revista, site), autoria e enfoque. Para a composição do perfil, foram observadas as informações sobre as personagens: nome, idade, ocupação/profissão, renda, estado civil anterior, vida afetiva atual e anterior, se mora ou não sozinha, raça/cor (apenas do ponto de vista da caracterização pelas fotos, pela pesquisadora), região geográfica, adjetivos utilizados para descrevê-las e frases ditas pela personagem. Essas reportagens estão alocadas, recorrentemente, nas colunas ou seções específicas sobre comportamento ou sociedade3 3 Neste artigo as notações bibliográficas referentes a matérias de revistas e jornais pesquisados foram relacionadas separadamente como "Matérias analisadas e respectivos veículos de comunicação". .

A produção da informação percorre uma rede de interesses resultantes de relações compostas por atores heterogêneos (Citeli, 2002) e, nesse sentido, "o comunicador deixa de figurar como 'intermediário' [...] para assumir o papel de mediador" (Martín-Barbero, 2003, p.69). Partindo do pressuposto de que "a mídia é uma expressão das formas de pensar vigentes na nossa sociedade" (Piscitelli, 1996, p.13), em vez de interrogar quais realidades ela espelha, proponho uma reflexão sobre as noções por ela produzidas e recriadas.

MORAR, VIVER, ESTAR SÓ

Morar e viver só podem ser tratados como sinônimos, uma vez que, em português, os verbos morar e viver significam residir, habitar. Contudo, quando se deseja enfatizar o caráter de solidão de quem mora sozinho, utiliza-se frequentemente o viver em detrimento do morar. Não haveria razão para distinções dessa natureza não fossem as confusões proporcionadas por algumas matérias que tratam das mulheres sozinhas, referindo-se, sem distinção, às solteiras (estado civil), às que moram sozinhas e às sem par masculino, o que gera ambigüidades, como no artigo de Veja:

Entre as inúmeras mudanças pelas quais o mundo vem passando nos últimos anos, há uma que não tem sido observada em todas as suas tremendas implicações. É o fato de que há cada vez mais gente vivendo sozinha no planeta. Estima-se que um terço da população mundial adulta viva sem um parceiro. [...] Fala-se aqui de gente

sozinha

, não necessariamente solitária. Há muitas pessoas que

vivem

bem sozinhas

e não fazem muita questão de casar

. [...] Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número dos brasileiros que

vivem

sós saltou de 1,6 milhão em 1981 para 3,8 milhões em 1998. A vida

solitária

ficou mais fácil nos últimos tempos. (Gianella, Ramiro, 2000, grifos meus)

O primeiro trecho sugere que as pessoas não são casadas, não coabitam, mas podem ter alguém, já que não são solitárias, mas não fica claro se moram sozinhas. No segundo, os dados demográficos dos domicílios unipessoais referem-se às pessoas que moram sozinhas e, neste caso, morar só é sinônimo de vida solitária.

Embora imbricadas, as razões que ajudam a compreender a solidão das mulheres sem par nem sempre são as mesmas para compreender o morar só como modo de vida. As mulheres sem par são descritas como as "novas solteiras", que recusam modelos tradicionais de homens e de relações conjugais; elas podem morar sozinhas ou não. Quanto à tendência de crescimento das pessoas que moram sozinhas, as explicações apostam no individualismo moderno e na afirmação de um novo estilo de vida, resultante de escolhas mais ou menos voluntárias, como informam Gilberto Velho e Miriam Goldenberg, respectivamente4 4 Lembrando que nem sempre o/a especialista mencionado foi ouvido. É comum que a/o articulista recolha trechos de depoimentos ou obras publicadas pelo/a autor/a em outros lugares e dê à fala o caráter de depoimento. É, no entanto, impossível para a pesquisadora distinguir essas situações e esta observação é válida aqui para todas as citações mencionadas ao longo do artigo. citados na Folha de S. Paulo e na Agência Radiobrás:

Este fato está muito ligado à noção de modernidade ocidental e é bem acentuado em grandes metrópoles, como Paris e nova York. [...] Essa é uma escolha mais ou menos restrita às camadas mais intelectualizadas da sociedade que vivem nas metrópoles cosmopolitas. É uma escolha que as pessoas estão valorizando mais nos últimos tempos. (Gois,2000, s.p.)

As pessoas querem ter a sua casa, a sua independência. Esse é um conceito que cada vez mais vem sendo valorizado no país. A tendência é que com o maior desenvolvimento da economia brasileira, a população procure cada vez mais morar só, como já ocorre muito nos Estados Unidos e na Europa. (Beckstein, 2005, s.p.)

Apesar da vinculação do morar só a um desejo subjetivo de individualidade e independência, algumas matérias que utilizam a expressão "pessoas sozinhas" associam o fato de alguém morar só à solidão e à recusa de relacionamentos, uma espécie de isolamento da vida social, mesmo que as personagens se refiram a relacionamentos em habitações separadas, como nas frases a seguir, extraídas de "Sozinhos e satisfeitos", artigo de Época:

Muitas vezes, as pessoas se casam por dificuldade financeira. Não pode ser assim. O ideal é ter um namorado por perto, mas cada um com a sua casa [...] Quero morar sozinha sempre [...] A duração de um casamento é diretamente proporcional ao tempo que se leva até descobrir que a coabitação é impossível. (Vieira, 1999, p. 52-57)

Como mostram as análises subsequentes, morar só tende a ser apresentado nas matérias da mídia como um estilo de vida marcado por uma eleição voluntária, de caráter temporário ou transitório, como uma experiência de amadurecimento que, em geral, é percebida como preparação para o casamento ou alguma forma de união mais duradoura5 5 A afirmação é do psicólogo Ailton Amélio da Silva, entrevistado na matéria de Época por Adriana de Souza Silva (2003). . Disso decorre que as positividades de estar solteira (sem par) são acentuadas como marcas de diferenciação típicas de uma condição ou estatuto social provisório - "enquanto o príncipe encantado não chega".

SOLTEIRAS E FELIZES

As matérias sobre as "novas solteiras" parecem contestar a imagem estereotipada da solteira do passado. Aqui, vale mencionar o perfil dominante nas matérias analisadas: mulheres heterossexuais, brancas, independentes financeiramente, com escolaridade superior e uma profissão definida ou uma carreira específica. Elas têm entre 20 e 49 anos, com uma ligeira concentração na faixa dos 25 aos 35 anos. São predominantemente mulheres urbanas, morando sozinhas, sem filhos, da Região Sudeste, mais precisamente, das capitais São Paulo e Rio de Janeiro6 6 Para uma compreensão sobre como a mídia elege as cidades e regiões para compor personagens para as matérias, ver Iara Beleli (2005). . Nas matérias que focalizam personagens do sexo masculino, estes são também heterossexuais, entre 20 e 49 anos, brancos, a maioria com filhos de casamentos anteriores, atualmente considerados solteiros, morando sozinhos em grandes cidades das regiões Sudeste e Sul.

As "novas solteiras" são caracterizadas como mulheres independentes, estudadas, malhadas, inteligentes, bem-sucedidas, viajadas, elegantes, com vida social intensa, intelectualmente inquietas, que vivem em grandes centros urbanos, geralmente bonitas, extremamente exigentes e que se dizem felizes. O que as diferencia das solteironas7 7 Sobre "solteironas" na mídia impressa brasileira nas primeiras décadas do século de outrora ou das que ficavam para titia é o aspecto econômico - elas se tornaram um grupo consumidor "de peso" - e a escolha ou a opção por estar só - morando ou vivendo sem um par. Ambos os grupos contribuem para pensar o morar só como uma decisão pessoal por um estilo de vida próprio, em um dado momento histórico no qual essas mulheres possuiriam maior margem de manobra em um amplo campo de possibilidades, cenário típico das grandes cidades (Velho, 1999). De acordo com alguns/as articulistas (Gianella, Ramiro, 2000), em Veja, essas "novas solteiras" estariam colhendo os frutos das conquistas da revolução feminina, ou feminista8 8 Terminologias apresentadas como equivalentes em algumas matérias, embora historicamente distintas para o feminismo. , e suas falas conferem positividade à "solteirice", em frases como "Casar não é fundamental. Amar é fundamental".

A noção de escolha voluntária está associada à ideia de autonomia que, por sua vez, se vincula à ideia de individualização. Segundo Norbert Elias, a individualização é um processo no qual os indivíduos se deslocam cada vez mais de seus pequenos grupos de origem (família, comunidade local, grupos de parentesco) para relações com outros indivíduos nas sociedades complexas. Ao deixar para trás os grupos de parentesco e se concentrarem nos grandes centros urbanos, os indivíduos "se descobrem diante de um número crescente de opções, mas têm que decidir por si. Não apenas podem, como devem ser mais autônomos" (1994, p.102). Para Jeffrey Weeks (1989, p.185) a palavra-chave, que ilustra as sociedades contemporâneas a partir dos anos 1960, é "liberdade de escolha". No entanto, a ênfase nas conquistas é, em geral, entrecortada pela noção de "falta", reduzindo o impacto das positividades conferidas ao estar só e expressando ambiguidades: "Adoraria amar de novo, não acredito em quem diz que não quer ninguém do lado", escreve Camacho (2003), articulista de Veja.

Um dos pontos centrais na discussão sobre estilo de vida é sua inevitabilidade no mundo contemporâneo, que interroga sobre a própria noção de escolha "voluntária". Para Anthony Giddens (2002, p.79), "na alta modernidade, não só seguimos estilos de vida, mas num importante sentido, somos obrigados a fazê-lo - não temos escolha, a não ser escolher". Não apenas porque estamos diante de mais opções disponíveis, mas porque, no "projeto reflexivo do eu", tomar decisões sobre si mesmo - casar ou não, casar de que modo, ter ou não ter filhos, como educá-los, escolher uma profissão, fazer uma terapia e qual método escolher etc. - é uma condição que se impõe cada dia mais, requerendo um planejamento da vida. Na contemporaneidade, mulheres escolarizadas e profissionalizadas, de camadas médias emergem como um grupo social historicamente diferenciado, com características próprias.

Inspirada na personagem de Helen Field, a reportagem "As Bridget Jones: meus trinta e poucos anos" (Lopes, 2000), em Marie Claire, mistura vozes distintas. A articulista de Marie Claire, Sarah Lopes, afirma que Bridget Jones, uma solteira independente, têm "clones" na vida real no mundo todo. A matéria destaca o estilo de vida dessas três mulheres "solteiras e felizes", que já viveram experiências de união e que estão sozinhas no momento, vivendo na "contramão do tradicional modelo de felicidade lar-marido-filhos". Paradoxalmente, a matéria gira em torno de homens - fracassos e sucessos na conquista, separações, namoros seriados - e do relógio biológico, ou seja, da preocupação com a idade para ter filhos.

Para Susan Faludi9 9 Feminista estadunidense, autora de Backlash: the undeclared war against American women, de 1991, tradução brasileira de 2001. (apud Pimenta, 2002, p. 16, na Revista Época), as mulheres conquistaram muitas coisas, mas são pressionadas a arrumar um marido; a personagem Bridget Jones é deliciosa, cria empatia, mas encarna o velho estereótipo da mulher que pode até ser bem-sucedida, mas precisa encontrar um homem. Essas representações que fazem sucesso na mídia são parte de estratégias sutis, segundo a escritora, para pressionar as mulheres a reverem suas conquistas. Kristin Aune comenta que Bridget Jones é celebrada por ter "dado voz às ansiedades de mulheres em torno de sua solteirice", reforçando o mito cultural da solteirice como algo ruim e a melhor coisa é arrumar um parceiro, de preferência, um marido: "ela vive na romântica ilha da fantasia, de onde Mr. Right a resgatará, trazendo-lhe felicidade total, caso consiga perder alguns quilos e parecer adequadamente bonita" (Aune, s.d.).

CONSUMIDORAS E CONQUISTADORAS: NOVAS FEMINILIDADES?

No artigo de Cláudia "50 ideias para ser feliz sozinha" (Angelia, Leite, 2002), as mulheres sós são estimuladas a preencher o vazio temporário com atividades incessantes que variam de telefonemas aos amigos à imersão em cursos de fotografia, culinária, filosofia, línguas etc. Reproduzindo o slogan de um livro de autoajuda - "a solidão nada mais é que do que um estado passivo" (Stevens, apud Angelia, Leite, 2002) -, as autoras convidam as mulheres sós a serem proativas, a tomarem a iniciativa. Entretanto, formulada com uma visão marcada por gênero, essa iniciativa deve ser coerente com as "armas femininas" - um modo "charmoso e sutil de seduzir" - e jamais imitar o estilo masculino Don Juan de conquista.

Um antídoto para a solidão é estar sempre ocupada, evitando, propositalmente, a si mesma, o que remete, de certa maneira, a um afastamento dos pensamentos profundos e dos sentimentos indesejáveis, como aparece na Veja, em "Adoro ser solteira" (Granjeia, 2002). A personagem Renata - analista comercial, sozinha há um ano e meio - tem uma "rotina alucinante que inclui natação, ginástica, aulas de francês, dança do ventre, sessões de massagem, fora as noitadas com amigos e em boites e restaurantes". Se namorasse, diz, "não faria metade das coisas". Reafirmando velhos pressupostos tidos como do universo feminino, associados a valores identificados como de classe média e alta, ir às compras, "lotar o carro com sacolas" é oferecido como antídoto certo contra a solidão. Não importa o que se compra - mais um par de sapatos pretos, um vestido deslumbrante -, mas o ato de comprar e seu efeito psicológico benéfico.

Por meio de textos e imagens, a mídia amplia ainda mais o leque de possibilidades, expondo variações justapostas que se insinuam ao indivíduo. Entretanto, há algo de mais fundamental em torno do estilo de vida para além de consumismo superficial, pois um estilo de vida é "um conjunto mais ou menos integrado de práticas que um indivíduo abraça, não só porque essas práticas preenchem necessidades utilitárias, mas porque dão forma material a uma narrativa particular da autoidentidade" (Giddens, 2002, p.79). Essa discussão aponta para a necessidade de a mídia encontrar um lugar de inteligibilidade para as mulheres "sós", e o faz, lançando mão de oposições que contrastam o velho - a "solteirona", figura caricata, considerada fracassada e infeliz - e o novo - a "nova solteira", mulher independente, em geral bonita e sozinha não por ter sido preterida ou recusada, mas porque suas escolhas se tornaram por demais exigentes.

Aparentemente invertendo as regras, nessas matérias, as novas solteiras desarrumam noções de feminilidade tradicionais e, ao mesmo tempo, atualizam sonhos românticos, agora em contextos mais igualitários. Se as novas solteiras têm dúvidas quanto ao casamento e à maternidade, elas mostram uma inequívoca sexualidade liberada. A vida sexual ativa é apresentada como um fato, uma obviedade sobre a qual não pairam dúvidas. O ar de revanche, que sugere uma inversão nas convenções de gênero, aparece em "Diário de uma mulher só", publicado por Marie Claire (Queiroz, 2000, p.62). A narrativa em primeira pessoa, escrita à semelhança dos diários íntimos, evidencia marcas de um cotidiano que pode ter ressonância em outras jovens de classe média e alta.

A protagonista, jovem publicitária de 29 anos, que mora em São Paulo com sua gata Kitty, narra suas aventuras de "mulher independente, mas nem tanto", durante cerca de um mês. Em meio a inúmeras atividades de trabalho e vida social intensa, Roberta narra o prazer de morar sozinha, porque sabe que se trata de uma experiência passageira; ela sonha com o grande amor. Como muitas mulheres liberadas de seu tempo, ela experimenta uma vida sexual livre que pode incluir ex-namorados para transas eventuais "de manutenção", casos, flertes, namoricos e divide os homens em duas categorias: os para investir (casar, constituir relações estáveis e duradouras) e os para viver (desfrutar sexualmente). Roberta afirma uma autonomia sexual ao aceitar, entre hesitante e fascinada, a corte de um amigo casado. Ao mesmo tempo, afirma a espera pelo homem dos seus sonhos, que comece do zero com ela, recusando, como fez no passado, um "kit pronto", um pretendente descasado e pai de dois filhos. O homem que a faz suspirar é idealizado, perfeito, e sua existência concreta é percebida por sinais intuitivos - um olhar, uma conduta, um jeito de se portar diante dela, incluindo valores igualitários -, curiosidade intelectual, amorosidade, bom humor, companheirismo etc. Para encontrar esse homem, é preciso continuar independente "sem deixar de ser mulher", pois na opinião de Roberta as mulheres [independentes?] estão muito ranzinzas e é preciso ser um pouco Pollyana. Desse modo, ela recria uma noção de feminilidade clássica, sem romper com a norma10 10 Lembrando que Pollyana, personagem que dá nome ao livro de Eleanor H. Porter, de 1931, é a boa menina/moça que pratica o "jogo do contente", uma visão otimista e esperançosa diante de qualquer situação adversa, buscando sempre o lado bom (Porter, 1942). .

Laura Araujo (s.d.), no site bolsa de mulher.com, em "Vida de solteira", afirma que existem três tipos de solteiras, a diferença está na forma de encarar o estereótipo. As "desesperadas" dispensam explicações, as "mentirosas" saem muito, dizem que estão ótimas, mas estão cansadas de esperar o príncipe encantado, e as "satisfeitas" é o que todas deveriam se esforçar para ser. Nem sempre são solteiras por opção, mas sabem lidar com isso e curtem cada minuto da vida. Não é fácil enquadrar as personagens do conjunto das matérias nessas categorias, mas é possível acrescentar uma quarta, a "satisfeita resignada", que está à "procura de", mas, de certo modo, tanto faz se encontrar ou não um parceiro, que ela deseja, embora não queira abrir mão de certas conquistas para ter a seu lado um "sapo" qualquer.

Existem, ainda, as "proativas" - mulheres capazes de investir "qualquer coisa, exceto as ilegais e imorais" para arrumar um marido, segundo entrevista concedida à revista Época, por Rachel Greenwald (2004). A autora se apresenta como pós-feminista e defende que se casar exige estratégias tão sofisticadas quanto um plano de ação no mundo dos negócios. Em tempos de crise, afirma, é preciso começar cedo; as mulheres devem se esforçar para mudar a situação e traçar planos realizáveis. Admitindo que seu método dá resultados entre 12 a 18 meses e que 80% das mulheres encontram maridos maravilhosos, ela destaca que é importante encontrar o homem certo.

Na mídia, algumas noções atribuídas ao feminismo também expressam sentidos diversos. Assim, proposições como as descritas por Rachel Greenwald colidem frontalmente com as noções mais radicais do ideário feminista que ela julga ultrapassar quando se autoproclama "pós-feminista". Vale lembrar que o contrato de casamento foi severamente criticado por perpetuar as desigualdades de gênero e relegar a mulher à condição de complementar ao homem (Pateman, 1993; Gordon, 1994). Aparentemente, o que está em jogo no programa estratégico de Greenwald é menos o acesso à propriedade - considerado por Carole Pateman como uma explicação de o porquê algumas feministas ainda defendem o contrato de casamento -, uma vez que mulheres economicamente independentes não teriam necessidade desse artifício, mas a ordem simbólica, as normas sociais que veem a mulher sem par masculino como manquée, uma anomalia. Na análise de Gayle Rubin (1989), concepções como as de Greenwald alinham-se à política de segregação social e sexual que valoriza as relações de matrimônio - heterossexual, monogâmico, estável, procriativo, homogâmico em termos de classe, idade e raça - em detrimento dos comportamentos e práticas desviantes, que não se aproximam desse modelo, entre os quais certamente figuram as mulheres sós.

O FANTASMA DA "SOLIDÃO" FEMININA

De uma perspectiva sombria, "O fantasma da solidão" - matéria de capa da revista Veja, ilustrada pela imagem de uma mulher de costas, bebendo num bar solitariamente; ao fundo, as prateleiras repletas de garrafas de bebidas variadas - destaca: "Solidão: lição de casa: aprender a viver só [...] No Brasil, 9% dos lares já são compostos de pessoas que moram sozinhas. Elas formam um mercado respeitável e se dizem felizes. Mas ninguém gosta de se imaginar solitário para sempre" (Veiga, 2001, p.102). A ilustração interna mostra um porta-escovas de dentes com apenas uma, denunciando a falta nos três buracos vazios. Colaborando com ilustrações sugestivas, a articulista interfere com suas observações de caráter atemorizante: "à medida que o diálogo avança, não é difícil extrair dos solitários a confissão de que a perspectiva de viver só para sempre é preocupante. Para alguns chega a ser apavorante" (p.103, grifos meus). Prossegue:

É claro que é possível viver bem sozinho - em especial quando dá para jogar para um futuro incerto a hora de dizer sim a alguém que deseje dividir o mesmo teto. Em certos momentos, contudo é difícil driblar a

tristeza

de não ter ninguém ao lado. Para não falar dos

pensamentos terríveis

que

atormentam

as pessoas sós de qualquer idade - do tipo

"e se eu cair, bater a cabeça e desmaiar, quem vai me socorrer?" Tudo fica mais complicado

, porém, para os que deixam de ver no horizonte a possibilidade de ter um companheiro. Nessa hora,

bate a culpa e a autoestima baixa a níveis abissais

. (Veiga, 2001, p.104, grifos meus)

Atualmente, afirma a articulista, ser solteiro já não carrega tanto as marcas que estigmatizaram homens como homossexuais e mulheres como as "encalhadas que ficaram para titia". "Está mais fácil bancar o autossuficiente, mas um certo sentimento de fracasso persiste e, em muitos casos a solidão atrapalha a vida" (p.104-105, grifos meus). A utilização de paradigmas de estudos médicos sobre a solidão mostra como a seleção das vozes autorizadas é feita com precisão no sentido de corroborar os argumentos da articulista em favor de uma solidão ruim:

Segundo estudos médicos, a falta de parceiro contribui para debilitar a saúde. Explica-se: os solitários tendem a levar dia a dia mais desregrado, com menos rotina, o que do ponto de vista orgânico é uma

bomba relógio

. Perturbações de ordem psicológica também podem surgir: a solidão força a pessoa a conviver consigo mesma dentro de um quadro de introspecção que pode tornar-se insuportavelmente

sufocante

. Tudo somado, as estatísticas

confirmam

que solteiros e divorciados têm mais possibilidade de cometer suicídio e são vítimas mais frequentes de depressão, diabetes, câncer de fígado e de pulmão. Sua expectativa de vida é menor. (Veiga, 2001, p.105-106, grifos meus)

Ressalto que não aparecem as fontes dessas estatísticas, aparentemente seguras. A voz do psicanalista Luiz Alberto Py crava a última sentença: "É muito chato não ter ninguém para cuidar da casa ou de nós quando ficamos doentes. Além disso, nem sempre é satisfatório ter de pegar a agenda de telefones e sair pelos bares para dar um jeito na vida sexual" (p.106). A fala do especialista sinaliza para uma demarcação quanto ao gênero, reafirmando pressupostos tradicionais de masculinidades e feminilidades, uma vez que cuidar da casa e do outro é uma prerrogativa socialmente associada às mulheres. Se, por um lado, homens e mulheres podem lamentar não ter quem lhes cuide nos momentos de adoecimento, "dar um jeito na vida sexual" remete a visões de masculinidade associada a um impulso sexual inato.

No desfecho da matéria, que insere uma nota sobre produtos - pães, ovos, vinho, sopas e queijo em tamanhos reduzidos - para o "segmento dos sozinhos", Veiga reforça que "ter família ou alguma companhia é uma apólice de seguro para a velhice". A articulista introduz duas personagens mais velhas - uma senhora de 78 anos e um senhor de 80 anos, ambos moradores do asilo Lar Golda Meir, em São Paulo -, chamando a atenção para "um dos piores pesadelos de quem mora sozinho: o de terminar seus dias num asilo de velhos" (p.108).

Se a perspectiva da articulista aponta para modos femininos e masculinos de encarar a solidão - elas saem mais em grupos, frequentam mais teatros, cinemas, restaurantes, enquanto eles só saem com outros homens para paquerar, jogar futebol -, a dedicação integral à vida profissional é comum a ambos, uma compensação para os que "não têm uma família".

O excedente de mulheres no mercado matrimonial explica as causas da solidão feminina. A noção de que toda mulher solteira está em busca de um par é reforçada por uma socióloga do grupo: "por mais emancipadas que sejamos, sempre guardamos um véu e grinalda na bolsa. [...] a vida não compartilhada ainda é uma ideia difícil de ser encarada por nós, brasileiras. Somos muito ligadas à família" (p.106, grifos meus). As ambivalências entre independência, autonomia e prazer de morar só e o sentido da "falta" do par são reiteradas em outras matérias analisadas.

No Jornal da Cidade, de Sergipe, a coluna "Saúde e comportamento" traz uma longa matéria sobre vibradores, enfatizando as estatísticas sobre mulheres e consumo de produtos eróticos para turbinar o sexo:

Elas só pensam, cada vez mais, nos prazeres do sexo. Isso mesmo: o mais novo fenômeno cultural do século XXI atinge sobretudo as mulheres. O mercado erótico no brasil cresce de 10% a 15% por ano e elas estão à frente da nova bandeira da busca do orgasmo total. [...] É comum ver senhoras da sociedade na fila de espera de "brinquedinhos" que as levem à lua de prazer. (Loucos por sexo, 2006, s. p.)

Uma das entrevistadas, a antropóloga Mirian Goldenberg, associa o enunciado à "pirâmide da solidão": "a proporção de mulheres acima de 60 anos no Brasil é infinitamente maior que a de homens. Elas não têm alternativa. Ou viram homossexuais, e isso vem ocorrendo cada vez mais na terceira idade feminina, ou, então, compram vibradores" (s.p.).

ESCASSEZ DE HOMENS E MERCADO MATRIMONIAL

Para o psicólogo Ailton Amélio da Silva, voz recorrente nas matérias analisadas, não faltam homens estrito senso no mercado afetivo/matrimonial. Ao analisar os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE -, ele afirma que, excluindo viúvos e viúvas, sobram homens disponíveis, no entanto, a preferência dos homens por mulheres mais jovens (e das mulheres por homens mais velhos) causa o excedente de mulheres acima dos 30 anos. Em diversas matérias, o psicólogo afirma que a diferença de idade aumenta proporcionalmente ao envelhecimento: aos 30 anos, o homem se casa com mulheres quatro anos mais jovens; aos 40, com mulheres nove anos mais jovens e na faixa dos 50/60 anos, em média, os homens se casam com mulheres 15 anos mais jovens11 11 Em "Capitais da solidão", os articulistas Weinberg e Mizuta (2005) atribuem ao psicólogo a versão de que, aos 60, os homens se casariam com mulheres 14 anos mais jovens. Referências similares são encontradas em: "O guru do amor" (Silva, 2003). .

De forma mais detalhada, essa teoria remete às noções desenvolvidas em Pirâmide da solidão?, pela demógrafa Elza Berquó (1986), texto amplamente difundido na mídia, como se constata nas matérias analisadas. Para Amélio da Silva, um complicador na situação das mulheres é a forma pela qual os sexos se relacionam a partir dos 30 anos; o mercado é desfavorável para as que passam dessa idade. Ancorado em suas pesquisas, o psicólogo afirma que a maioria dos divórcios ocorre entre os 30-39 anos; os homens não têm problemas em olhar para o degrau de baixo da pirâmide social e casar com uma mulher que ganhe menos ou não tenha um diploma; elas, ao contrário, só olham para cima, querem parceiros mais velhos, mais instruídos, mais bem-sucedidos, categorias em que há menos candidatos disponíveis, e aconselha a mulher a olhar para baixo na pirâmide social. A articulista de Época, Adriana Souza Silva (2003), intervém e diz: "não é fácil, como sabem todas as mulheres maduras que não se chamam Marília Gabriela". O "olhar para baixo" foi imediatamente compreendido, como fator geracional, silenciando sobre a posição de classe ou "raça".

Conforme registra O Popular, a antropóloga Miriam Goldenberg reforça a teoria da escassez do mercado matrimonial e da "pirâmide da solidão", afirmando que: "É fato: os homens morrem mais cedo do que as mulheres, viajam mais, vão presos mais que elas. Para uma mulher de 50 anos é quase impossível se casar. Ela busca um homem mais velho, mas eles ou estão comprometidos ou estão mortos" (apud Borges, 2005).

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, por ocasião do lançamento de seu livro - Why there are no good men left? [Por que não sobraram homens bons?] -, a historiadora social Barbara Whitehead afirma que "todas as sociedades têm um sistema de acasalamento, ou seja, um papel em proporcionar o encontro entre as pessoas tendo em vista o casamento e os filhos" (apud Trevisan, 2003). Sua visão normativa do casamento explicita que o enlace não decorre de um encontro natural e espontâneo na vida das pessoas, mas necessita de uma intervenção externa, portanto, não cabe aos homens e às mulheres cuidarem disso sozinhos. Suas análises encontram ressonância nos escritos de Lévi-Straus (1980), ao afirmar que o casamento, sendo um dispositivo de aliança, não é um assunto privado, mas atribuição do grupo social, ou, mais diretamente, do Estado.

A historiadora defende, ainda, outro argumento para explicar ou justificar o aumento de mulheres sós - uma crise geracional, de modelos, de gênero - o gender gap. Enquanto as mulheres conquistavam sua independência, homens e mulheres continuaram a ser educados da mesma maneira, provocando uma crise de expectativas quanto ao comportamento de um e de outro. Segundo Whitehead, a próxima geração talvez tenha tempo de se adaptar às novas circunstâncias das relações entre os sexos, desde que enfrente algumas questões: inventar uma nova forma de paquera ou corte amorosa; formar redes e montar estratégias de aproximação que ultrapassem a escola, a família ou a igreja, instituições que favoreciam aproximações no passado. As velhas expectativas que as mulheres modernas carregam também precisam ser ajustadas, assim como as expectativas dos homens; afinal, enfatiza, as mulheres mudaram. A autora reafirma que as mulheres podem fazer por si mesmas aquilo que, antes, esperavam de um homem - suporte emocional, intimidade e amizade. Os homens se sentem intimidados com as conquistas femininas e, segundo ela, muitas das expectativas errôneas são fruto de uma educação ainda diferenciada com mensagens contraditórias.

Nesse mesmo ano, a reportagem da revista Época (Silva, 2003) mostra a concordância de Miriam Goldenberg com Whitehead: "as mulheres querem as mesmas coisas que suas mães, mas vivem uma vida completamente diferente da que elas tiveram". Na mesma matéria, uma personagem de 40 anos diz: "as mulheres de 40 assistiram a revolução sexual, mas ainda carregam o conto de fadas: da casinha, do filhinho e do príncipe encantado".

A partir de estatísticas norte-americanas, o artigo de Veja "Poder e solidão" realça a relação "negativa" entre carreira feminina e mercado matrimonial, recorrendo à figura pública de Condoleezza Rice e sua "queixa sobre a dificuldade de achar um parceiro compreensivo". Mais uma vez, o saber acadêmico é utilizado para persuadir:

Para as mulheres, quanto maior o sucesso na carreira, menor a probabilidade de casar e ter filhos. O oposto é igualmente verdadeiro para os homens. Estudos publicados recentemente nos Estados Unidos abalam o mito da mulher maravilha, capaz de ser feliz em todos os aspectos da vida. A economista Sylvia ann Hawlett, da Universidade Harvard,

vem provocando a ira das feministas

. No livro recém-lançado

Creating a life

(Gerando uma vida numa tradução literal), ela entrevista 1200 mulheres em cargos de chefia, com idades entre 28 e 55 anos e conclui que quanto mais perto do topo da hierarquia, menores as chances de casar e ter filhos. (Grecco, 2002, s. p., grifos meus)

Outro trecho da mesma matéria soa ainda mais dramático: "Numa passada de olhos na lista de vítimas dos atentados ao World Trade Center, descobre-se que, na maioria, as executivas eram solteiras. Deixaram sobrinhos e amigos. Os homens, filhos e esposas".

No contexto, "sobrinhos e amigos" não se equiparam, em termos de status, a "filhos e esposas" na comparação sobre as mortes dos executivo/as. Nos trechos recortados, fica evidenciada a pressão social sobre as mulheres de carreira em relação à maternidade, provocando, segundo a articulista, a ira das feministas. Essa discussão acerca da maternidade adiada e sua relação com a emergência da mulher de carreira [career woman] está presente de modo agudo na mídia internacional ocidental. Um programa realizado pela BBC de Londres12 12 O programa (que foi ao ar em 18 de junho de 2006) discute a questão da maternidade adiada, mostrando que mulheres de carreira pecam ao adiá-la e pagam o preço de não engravidarem nunca. As reações das ouvintes (depoimentos transcritos na página) demonstram uma perspectiva francamente feminista e me perguntei como seria a reação das brasileiras a um programa semelhante aqui ( http://news.bbc.co.uk/1/hi/programmes/panorama/5097780.stm; acesso em: 10 set. 2006). mostrou que a sociedade enuncia mensagens contraditórias: as mulheres são encorajadas a buscar educação e profissionalização e ao atingir o ápice de suas vidas produtivas são pressionadas a rever suas escolhas. Uma rápida leitura das mensagens enviadas por ouvintes de diferentes faixas etárias e inserções profissionais evidencia indignação ao tipo de abordagem corrente na mídia, que trata da equação carreira-casamento-maternidade como se as mulheres tivessem de ser punidas por terem se esforçado para satisfazer as expectativas de sucesso profissional e o preço a pagar seria não terem filhos e ficarem sozinhas. É notável como esses comentários estão presentes, também, na teoria social (Bourdieu, 2003; Beck, Beck-Gernsheim, 1995) e mesmo em certas produções feministas (Stacey, 1986) que celebram as conquistas e os avanços, mas sugerem que as mulheres sacrificaram outras esferas da vida, considerando-as perdas lamentáveis.

O reiterado descompasso entre "velhos homens" e "novas mulheres" alinha explicações de ordem sociológica ou psicológica nas vozes autorizadas. Quando as normas de gênero são desafiadas, vemos emergir um homem amedrontado, fragilizado, que se sente objeto, segundo a compreensão de alguns especialistas. É o que conclui o psiquiatra Luiz Cushnir, apresentado como coordenador do Centro da Identidade do Homem e da Mulher, na matéria de Época: "Os homens se sentem descartáveis, parte de um pacote em que não são prioridade. Elas querem um homem para sair, para não continuar solteiras a partir de certa idade, para ter filho, para ter sexo em casa, mas não fazem esse homem se sentir particularmente desejado" (Silva, 2003).

O trecho sugere um modelo de feminilidade não tradicional, pois a afirmação "ter sexo em casa" pressupõe que a nova mulher também está buscando "sexo na rua". Igualmente, o homem ser tratado como objeto de desejo desloca a ideia naturalizada das mulheres nesta posição.

Essas ideias - gender gap, solidão, excedente de mulheres etc. - reaparecem nos jornais locais. Goiânia também é apresentada como uma cidade cujo número de mulheres supera o de homens e as matérias analisadas privilegiam mulheres aparentemente convictas de sua solteirice como reação ao machismo local, afirmando a seletividade das novas solteiras. Em "Mulheres cada vez mais solitárias", publicado em O Popular, a personagem Mavione (48 anos) afirma que um dos motivos de estar sem um companheiro é seu nível de exigência:

Gostaria de encontrar alguém que saiba dialogar, capaz de manter uma conversa profunda, que também seja estabilizado profissional, sentimental e financeiramente. [A articulista resume] "não é pouca coisa". [A antropóloga Miriam Goldenberg empresta sua fala autorizada para enfatizar a idealização do parceiro] "elas não aceitam qualquer coisa, mas o parceiro que buscam é idealizado. Então, é óbvio que vão ficar sozinhas. É difícil para o homem ser ao mesmo tempo sensível e forte, romântico e provedor". (Borges, 2005, s. p.)

No conjunto de algumas falas autorizadas, chama a atenção o modo, com frequência, condescendente das/os especialistas para aludir, ao comportamento dos homens - amedrontados, acuados ante a independência das mulheres etc. -, reforçando a noção de um estilo de masculinidade pouco flexível e com dificuldades de lidar com essas mudanças. Novamente, prevalece a ideia de que são elas que devem se ajustar a eles, reiterando expectativas sociais que incitam mulheres independentes a preencher todos os requisitos - amantes perfeitas, mães dedicadas, profissionais competentes13 13 Esse discurso é recorrente em vários textos que analisam a condição da mulher moderna na mídia. Ver entrevista de Maureen Doud concedida a Tania Menail (2006), em Veja (esp. Mulher); ver também Goldenberg e Toscano (1992). .

Assim, são raras são as noções dissonantes de solidão das mulheres nas matérias analisadas. "A geração do antes só", publicada pelo O Popular no Dia Internacional da Mulher, oferece basicamente as mesmas referências discutidas até aqui - desencontro de valores e expectativas entre homens e mulheres, individualismo etc. -, embora pareça realçar de modo mais positivado a experiência das mulheres sós a partir dos 40 anos, recorrendo a uma voz autorizada local:

Feminista e PhD em Antropologia, Telma Carmargo atribui o fenômeno a um descompasso entre valores e comportamento. Telma destaca que suas considerações são sobre uma categoria muito específica: mulheres de classe média, que vivem em Goiânia, brancas e na faixa entre os 40 e 50 anos. "Cada contexto e faixa etária têm as suas próprias especificidades", explica. Quatro fatores explicariam a busca solitária dessas mulheres. O primeiro é a reestruturação dos novos papéis desempenhados por homens e mulheres. "As mulheres estão mais preocupadas do que os homens e há um descompasso na construção do novo modelo". Nessa faixa etária, as mulheres também já teriam vivenciado suas experiências amorosas. Como no ciclo de vida anterior, elas se voltaram muito ao outro (pais, filhos, ex-maridos), nessa fase elas estão em busca do que Telma chama de "momento criativo prazeroso". É o momento da "individuação", hora de alcançar o máximo da individualidade. O terceiro fator é como o mundo vê essas mulheres. A mídia impõe como modelo a mulher jovem e bonita em detrimento das mulheres maduras. Por fim, tem o olhar da mulher sobre si mesma. Nessa fase, ela acredita que "toda a forma de amor vale a pena", mas "não é qualquer amor que vale a pena". Na prática, o nível de exigência delas aumenta. (Queiroz, 2005, s. p. )

Entretanto, a voz de Telma Camargo não encontra eco nesse especial do "Segundo Caderno" (Magazine), cujo texto apresenta, entre outras coisas, receitas de como tornar as mulheres mais sedutoras14 14 O título traz o enunciado: "Cabelos e unhas impecáveis, pernas depiladas, equilíbrio sobre o salto. Confira algumas dicas importantes para manter a aparência impecável" (Queiroz, 2005). . A sedução reaparece em outras matérias com nova roupagem - a dos cinquentões disponíveis -, marcando mais um contraste na discussão sobre mercado afetivo/matrimonial do ponto de vista de gênero.

FRAGILIDADE E LIBERDADE: MASCULINIDADES EM CONTRASTE

A solidão masculina nos textos analisados apresenta uma polarização: de um lado, homens frágeis e dependentes do cuidado de uma mulher; de outro, homens seguros de si, que escolheram morar sós para escapar às restrições e pressões do casamento. Muitas matérias, frequentemente, comparam homens e mulheres, enfatizando a importância das conquistas femininas, embora o feminismo só seja mencionado em matérias específicas, compondo edições especiais como as de Veja Mulher. Algumas matérias reiteram feminilidades e masculinidades tradicionais, mesmo quando contestadas pelas normas e práticas resultantes de transformações sociais recentes.

Ainda que por razões opostas, o casamento aparece como o cerne das caracterizações de homens solteiros na mídia - necessitam dos cuidados de uma mulher e precisam se casar ou, se são/foram casados, querem se sentir livres. O homem solteiro, ou sem companheira, não é questionado, uma vez que sua solteirice é presumida como fase transitória livremente escolhida. Não sendo um problema, apenas se constata sua vida desregrada: mal alimentado, bebe e fuma muito, dorme pouco. Se já foi casado e quer a liberdade de volta, morar sozinho é apresentado como a escolha de um estilo de vida e, nesse sentido, convive bem com a solidão, desfrutando das conveniências e facilidades. O olhar condescendente de parte da mídia para essas tipologias é evidenciado em duas matérias.

A segunda parte do Especial Veja Homem, de outubro de 2003, sobre os sozinhos oferece uma matéria sobre os impactos da solteirice na vida dos homens. A chamada constatação científica: não apresenta ambiguidades "por trás de um homem saudável, há sempre uma mulher zelosa. Os solitários tendem a descuidar da própria saúde". Se em outra matéria de Veja, "O fantasma da solidão", Veiga (2001) utilizou as informações "científicas" sobre os riscos da vida de solteiro, estendendo-as também às mulheres, aqui elas são claramente distintas e encontram eco nas falas de duas personagens: "Como moro sozinho, a minha vida acaba sendo desregrada: [...] durmo só umas cinco horas por noite [....]. Só quando estou com namorada séria atinjo o peso ideal. Se ela mandar comer, obedeço (Edson Zampronha, 37 anos, compositor paulista). A articulista indaga: "alguma leitora se habilita a endireitar o sujeito?"

Para ilustrar a cura efetuada por uma esposa, a matéria apresenta a fala de outro personagem: "por causa da minha mulher, eu me tornei muito mais saudável. Parei de fumar e de comer carne, aderi à ioga, reservo tempo para lazer e não acordo mais de ressaca" (Sérgio Palmiro Serra, designer gráfico, paulista, 38 anos). E a articulista comenta: "Nessa toada, quando chegar aos 48 anos, as chances de Serra viver até os 65 serão de quase 90%. Se continuasse solteiro, a probabilidade de isso acontecer baixaria para 60%. [...] Então, minha amiga, o casamento acabou? Viva o casamento!" (Veja, ed. caderno especial Homem, out. 2004).

"A solidão que dói", quadro que encerra a matéria, apresenta os homens solteiros, divorciados e viúvos como mais propensos às doenças - hipertensão, problemas cardíacos, câncer na garganta e pneumonia. Análises sobre este tipo de pesquisa que compara solteiros/as e casadas/os com base em dados epidemiológicos, em geral manipulados, têm sido alvo de profundas críticas de estudiosos/as do assunto (De Paula, 2002; Trimberger, 2005)15 15 Conferir as discussões da lista de pesquisadores/as da "solteirice" [ singleness studies] em Single-W, disponível em: < http://medusanet.ca/singlewomen/resources/bib_hist.htm>. .

O artigo de Época "Morar sozinho é uma escolha" (Paulino, 2004) enfatiza a liberdade no estilo de vida dos que moram sozinhos. O subtítulo - "após longos casamentos, muitos homens sentem falta da individualidade. Para tê-la de volta, optam por viver sós - e não se arrependem" - é seguido pela apresentação das vantagens desse estilo de vida, escolhido após terem passado pela experiência do casamento e, atualmente, optando por relacionamentos nos quais cada um tem o seu espaço. Embora valorizado como experiência, o casamento é apresentado como um lugar de restrições impostas pela convivência e também pela esposa: "todas tentaram me mudar".

Se a matéria não coloca como problema querer morar só depois de uma experiência de casamento, o mesmo não acontece com a solteirice crônica. Na tentativa de reforçar que essa escolha só é saudável quando ocorre após um casamento, o articulista encerra a matéria inspirado nos argumentos do terapeuta Sérgio Savian - que acredita que o casamento mata a individualidade e, depois de um tempo, é natural querer ficar sozinho, uma opção para ser mais feliz - "sem ter experimentado, como alguém pode dizer que não gosta de determinada situação?". Ainda nessa edição do Especial Homem, a revista reforça o papel das mulheres no cuidado da saúde dos homens: "o 'empurrãozinho' feminino é fundamental para que o homem visite o médico e faça check-ups preventivos que podem salvar sua vida".

Em evidente contraste, as matérias que focalizam os solteiros não fazem referências às preocupações com problemas de oferta/demanda no mercado matrimonial, afinal, como afirma a coordenadora da Comsenso, referindo-se ao grupo de discussão apresentado na Veja, em "O fantasma da solidão" (Veiga, 2001), "elas nem falam em filhos porque acreditam que só por um golpe de sorte vão constituir família. Já o homem tem certeza de que vai encontrar uma parceira".

"A sedução aos 50", artigo de Época (Paiva, 2001), aposta no contraponto "vaidade masculina", enunciada no subtítulo - "os homens cuidam-se melhor, investem em estilo de vida e se rendem aos apelos da vaidade" -, e continua discorrendo sobre a alta performance dos cinquentões, valorizando o investimento em beleza e cuidado com o corpo: "Todos nasceram na primeira metade do século passado e driblam as décadas como atletas do bem-viver. Tornaram-se mais atraentes com o decorrer do tempo. Jogam no time cada vez mais numeroso, no Brasil e no mundo, dos grisalhos em plena forma".

A busca por parceiros/as é tratada de forma distinta em Veja, na matéria "Homens solteiros procuram... farra e fama" (Rogar, 2002) que abre com o slogan "Para isso dão festas de arromba e não economizam no champanhe" e é ilustrada com nomes de milionários e suas companhias femininas, apresentadas como troféus exibidos nas festas - eles estão solteiros, mas nunca sozinhos. Se em "Mulher solteira procura" a articulista de Época (Mageste, 2003) acentua a dificuldade das mulheres para encontrar parceiros estáveis, no caso dos homens, ao contrário, há exibição de um estilo de vida livre e desimpedido no qual as mulheres figuram como adereços, como símbolo de status, de conquista.

As novas mulheres são, ainda, interpretadas como seres fora do eixo, adotando metáforas que as desqualificam e infantilizam. De acordo com o artigo de Marie Claire, a psicóloga Ana Bock da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo declara:

Ser solteira é não ter respostas prontas, e sim estar em busca delas. São mulheres na fase da descoberta, como uma criança que abre os olhos para o mundo. A criança acha difícil escolher porque tem que decidir o que irá perder. A mulher também. [...] casamento significa ter que escolher apenas "um brinquedo". Elas encaram a opção pelo casamento não pelo que estão ganhando, mas pelo que estão perdendo. (apud Gianini, 2003, p. 78)

As conclusões sobre o futuro das solteiras apresentam uma visão mais otimista, que aposta na mudança de comportamento das pessoas, homens e mulheres, e num certo equilíbrio para a próxima geração, e uma mais pessimista, que enfatiza o acirramento da concorrência para as mulheres, aprofundando a distância entre expectativa e realidade, ou seja, ampliando o gender gap. Barbara Whitehead (apud Trevisan, 2003) na Folha de S. Paulo, e a psicanalista Beatriz Kuhn, em Caras, acreditam que o novo homem já existe e que as mulheres precisam ter paciência; elas não ficarão sozinhas, otimismo compartilhado por Miriam Goldenberg, em O Popular: "As relações estão muito melhores, mais próximas, mais satisfatórias do que sempre foram. [...] A dificuldade não significa crise, mas sim que deve haver negociação maior, porque as mulheres estão podendo mais" (apud Borges, 2005).

Em entrevista à Época (Mageste, 2003), o filósofo francês Gilles Lipovetsky tem uma compreensão distinta das exigências da nova solteira. Ao ser questionado se não é anacrônico as mulheres idealizarem um certo tipo de homem, responde: "Não, elas estão exercendo um direito de escolha e isso é muito moderno. A dinâmica individualista não exclui o amor, mas criou a reivindicação da autonomia dentro dele. É o amor não sacrificial". No tocante à compreensão entre os sexos, Lipovetsky acredita que não houve progresso, ambos continuam se desencontrando.

GENDER GAP?

De modo geral, a mídia constrói seus argumentos sobrepondo noções extraídas das ciências sociais e das áreas psi às do senso comum, fundamentadas nas histórias construídas a partir das personagens. Explicações sociológicas, econômicas ou psicológicas são tomadas de empréstimo sem qualquer problematização. Ainda que a produção acadêmica sobre o tema seja relativamente escassa, a ideia de que existe uma "pirâmide da solidão", utilizando ou não essa terminologia, é amplamente aceita nas matérias analisadas.

Apesar de estudos como os de Tânia Navarro-Swain (2001) apontarem para o diferencial das revistas femininas como prioritariamente voltadas para assuntos tais como a sedução, a família, o casamento e futilidades, no tocante ao tema aqui desenvolvido, as revistas femininas não apresentam abordagens significativamente distintas daquelas dirigidas ao público geral. Nas matérias analisadas, o "drama das solteiras" tem sido apresentado em termos de um típico desencontro resultante da emancipação das mulheres. O "velho homem" não corresponde, não atende, não satisfaz, não compreende essa "nova mulher" determinada, independente e autônoma, que já não aceita casar por casar e, quando o faz, reivindica um relacionamento em bases igualitárias. Sem lugar no imaginário social, ela é descrita em termos que ora a comparam aos homens, ora às solteironas do passado e, ao lhe atribuir adjetivos que a infantilizam ou demonizam, ela é, ao mesmo tempo, vítima e culpada pela sua condição.

Estudos como os de Ellen Ross (1980) demonstram que não há nada de natural no encontro amoroso entre os sexos e, em diferentes épocas, as sociedades encontram modos de intervir no sentido de favorecer ou não o casamento, sendo a permanência de mulheres solteiras interpretada como uma necessidade, uma aberração ou um valor. Cláudia Fonseca (1989, 1995) observou que suas "senhoritas" de 80 anos, nascidas no início do século XX, na França, não haviam sobrado em virtude da alta mortalidade de homens na Primeira Guerra Mundial. Ao contrário, elas faziam parte de uma engrenagem complexa, altamente referida ao contexto de classe, às condições sociais e econômicas vigentes na época e, sobretudo, ao universo simbólico que valorizava as virtudes da moça casta e leal a seus pais e irmãos. Para essas mulheres burguesas do começo do século XX, permanecer solteira poupava alguns constrangimentos de casamentos arranjados e lhes destinava um papel social que, para elas, era tão ou mais importante que o de esposa e mãe.

Nas representações da mídia, o estar solteira é visto com mais simpatia quando percebido como um momento transitório, de investimento pessoal, e o casamento como um sonho idealizado, mesmo quando não explicitamente referido pelas personagens. A despeito das mudanças sociais e das críticas, o casamento permanece como um lugar de estabilidade e de segurança, algo mais fixo e duradouro, capaz, por consequência, de dissolver a insustentável transitoriedade da vida de solteiro.

As visões aqui analisadas remetem à existência de conexões importantes entre noções produzidas nos estudos acadêmicos e as disseminadas pela mídia. Como mediadora, a mídia traduz as informações consideradas relevantes, selecionando-as e as reinterpretando num determinado contexto, para o público não especializado, e também produz, sistematicamente, novas informações com "efeitos de verdade" (Foucault, 1985, 1995). A mídia valoriza os dados produzidos e disseminados pelas pesquisas acadêmicas, dando-lhes uma dimensão mais dramática, às vezes, de cunho sensacionalista. Valendo-me da análise de Veiga-Neto (1994) no âmbito da educação, diria que, quando a mídia tenta apresentar com realismo as ocorrências do mundo social numa época determinada, ela concede um alto valor aos dados empíricos, tomados como fatos. Na dimensão da notícia, esse realismo opera sustentando a crença de que é possível apresentar a realidade aos leitores de forma direta e transparente.

Alguns estudos (Showalter, 1993; Vicinus, 1985; Bennet, Froide, 1999; Holden, 2002, 2005) mostram que a relação cooperativa entre mídia e ciência a respeito das mulheres não é recente. O problema das surplus women na Inglaterra no final do século XIX e no período entre guerras foi, sobretudo, um fenômeno jornalístico, no qual as estatísticas eram tomadas sem critério, produzindo pânico social. Showalter, analisando os mitos, imagens e metáforas sexuais produzidos na virada do século XIX para o século XX, na Inglaterra e nos Estados Unidos, mostra que a imprensa britânica, com base nas informações demográficas da época, veiculou imagens exageradas sobre o "excedente de mulheres" muito semelhantes às descritas nesse nosso fin de siècle. As mulheres sem par (odd women) eram aconselhadas a migrar "sob patrocínio do governo, para as colônias onde mulheres inglesas estavam em falta e onde talvez conseguissem marido" (Showalter, 1993, p.37). A autora aponta, ainda, para a oposição sistemática ao trabalho feminino, que tornaria a vida de solteira uma opção como muitas, "estimulando um celibato antinatural". A imagem da "nova mulher" (sufragista, independente, celibatária) estava vinculada, segundo Showalter, ao nascimento de um novo grupo social com expressão política. Por isso, não é casual que as "novas mulheres" (autônomas, independentes, solteiras), consideradas herdeiras da "revolução feminista" e identificadas como um grupo com alto potencial de consumo, sejam convidadas a migrarem para a Inglaterra para assegurar um marido em um momento de potencial surplus men, conforme assinalado na revista Época, de 6 de dezembro de 1999. Ao invés de transgredir, como parece, a solução estabiliza a norma heterossexual e conjugal (do par), desvalorizando a existência singular das mulheres ímpares.

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Recebido em: JULHO DE 2008

Aprovado para publicação em: JUNHO 2010

Esse artigo corresponde a uma versão modificada de capítulo de tese de doutorado, sob orientação da professora doutora Adriana Piscitelli (Gonçalves, 2007).

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  • QUEIROZ, R. Diário de uma mulher só. Marie Claire, São Paulo, n. 109, p.62-66, abr.2000.
  • ROGAR, S. Homens solteiros procuram... farra e fama. Veja, São Paulo, n.1761, 24 jul.2002. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/240702/p_050html>. Acesso em: jun. 2008.
  • SILVA, A. S. O Guru do amor. Época, 3 mar. 2003. Disponível em: <www.aol.com.br>. Acesso: 10 jul. 2005.
  • TREVISAN, C. Guerra dos sexos. Folha de S. Paulo, São Paulo, 26 out. 2003. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u2950.shtml>. Acesso em: nov. 2003.
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  • ZAIDAN, P.; CHAVES, D. A Nova solteira. Cláudia, São Paulo, n. 500, maio 2003.
  • 1
    Bridget Jones é protagonista do livro de Helen Fielding (2000), autora britânica dos best-sellers
    O Diário de Bridget Jones e
    Bridget Jones: no limite da razão, publicados no Brasil pela Editora Record. O primeiro livro, levado às telas em 2001, tornou ainda mais popular a personagem. Ao lado da produção nacional, outros livros sobre o tema foram traduzidos para o português e lançados no Brasil. Alguns exemplos:
    Como encontrar um marido depois dos 35, de Rachel Greenwald (2004);
    Por que não sobraram homens bons (de Barbara Whitehead, 2003);
    O sexo e a cidade, de Candance Bushnell (2003);
    Só: dores e delícias de morar sozinha, de Rosane queiroz (2004);
    Morar só: uma nova opção de vida, de Christinne Victorino (2001);
    Solteira, sim, sozinha nunca, de Barbara Feldon (2007);
    Solteira e feliz da vida, de Amanda Ford (2007). O seriado
    Sex and the city, produzido pela HBO, foi exibido no Brasil pelo canal a cabo Multishow.
  • 2
    Na literatura anglofônica, a categoria é
    partnership status (Simpson, 2003, 2005).
  • 3
    Neste artigo as notações bibliográficas referentes a matérias de revistas e jornais pesquisados foram relacionadas separadamente como "Matérias analisadas e respectivos veículos de comunicação".
  • 4
    Lembrando que nem sempre o/a especialista mencionado foi ouvido. É comum que a/o articulista recolha trechos de depoimentos ou obras publicadas pelo/a autor/a em outros lugares e dê à fala o caráter de depoimento. É, no entanto, impossível para a pesquisadora distinguir essas situações e esta observação é válida aqui para todas as citações mencionadas ao longo do artigo.
  • 5
    A afirmação é do psicólogo Ailton Amélio da Silva, entrevistado na matéria de
    Época por Adriana de Souza Silva (2003).
  • 6
    Para uma compreensão sobre como a mídia elege as cidades e regiões para compor personagens para as matérias, ver Iara Beleli (2005).
  • 7
    Sobre "solteironas" na mídia impressa brasileira nas primeiras décadas do século
  • 8
    Terminologias apresentadas como equivalentes em algumas matérias, embora historicamente distintas para o feminismo.
  • 9
    Feminista estadunidense, autora de
    Backlash: the undeclared war against American women, de 1991, tradução brasileira de 2001.
  • 10
    Lembrando que Pollyana, personagem que dá nome ao livro de Eleanor H. Porter, de 1931, é a boa menina/moça que pratica o "jogo do contente", uma visão otimista e esperançosa diante de qualquer situação adversa, buscando sempre o lado bom (Porter, 1942).
  • 11
    Em "Capitais da solidão", os articulistas Weinberg e Mizuta (2005) atribuem ao psicólogo a versão de que, aos 60, os homens se casariam com mulheres 14 anos mais jovens. Referências similares são encontradas em: "O guru do amor" (Silva, 2003).
  • 12
    O programa (que foi ao ar em 18 de junho de 2006) discute a questão da maternidade adiada, mostrando que mulheres de carreira pecam ao adiá-la e pagam o preço de não engravidarem nunca. As reações das ouvintes (depoimentos transcritos na página) demonstram uma perspectiva francamente feminista e me perguntei como seria a reação das brasileiras a um programa semelhante aqui (
  • 13
    Esse discurso é recorrente em vários textos que analisam a condição da mulher moderna na mídia. Ver entrevista de Maureen Doud concedida a Tania Menail (2006), em
    Veja (esp. Mulher); ver também Goldenberg e Toscano (1992).
  • 14
    O título traz o enunciado: "Cabelos e unhas impecáveis, pernas depiladas, equilíbrio sobre o salto. Confira algumas dicas importantes para manter a aparência impecável" (Queiroz, 2005).
  • 15
    Conferir as discussões da lista de pesquisadores/as da "solteirice" [
    singleness studies] em Single-W, disponível em: <
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      19 Set 2011
    • Data do Fascículo
      Abr 2011

    Histórico

    • Recebido
      Jul 2008
    • Aceito
      Jun 2010
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