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A VOLTA AOS ESTUDOS DOS ALUNOS EVADIDOS DO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO

REGRESO A LOS ESTUDIOS DE LOS ALUMNOS EVADIDOS DE LA EDUCACIÓN SUPERIOR BRASILEÑA

LA REPRISE DES COURS DES ÉTUDIANTS BRÉSILIENS DECROCHES DE L’UNIVERSITÉ

Resumo

O número de alunos no ensino superior brasileiro aumentou muito recentemente. Mas a evasão tem sido alta e objeto de estudo de diversos pesquisadores. Este trabalho analisa microdados do Censo da Educação Superior de 2009 a 2017 sobre a volta aos estudos dos alunos que se evadiram do ensino superior. Os resultados mostram que grande parte dos alunos que se desvincularam voltou para o ensino superior posteriormente, e, apesar de não voltarem para cursos da mesma instituição, a maior parte volta para cursos na mesma área do curso originalmente evadido. Além disso, os cursos da área de Comércio e Administração são um destino importante dos alunos que se desvincularam de cursos superiores, independentemente da área de origem.

ENSINO SUPERIOR; EVASÃO ESCOLAR; CURSOS; CENSO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

Resumen

El número de alumnos en la educación superior brasileña aumentó muy recientemente. Sin embargo, la evasión viene siendo elevada y es objeto de estudio de diversos investigadores. Este trabajo analiza microdatos del Censo de la Educación Superior de 2009 a 2017 sobre el regreso a los estudios de los alumnos que se evadieron de la educación superior. Los resultados muestran que una gran parte de los alumnos que se desvincularon volvió posteriormente a la educación superior y, a pesar de que no regresaron a cursos de la misma institución, la mayor parte volvió a cursos de la misma área del curso originalmente evadido. Por otra parte, los cursos del área de Comercio y Administración son un destino importante de los alumnos que se desvincularon de cursos superiores, independientemente del área de origen.

ENSEÑANZA SUPERIOR; ABANDONO DE ESCUELA; CURSOS; CENSO DE EDUCACIÓN SUPERIOR

Résumé

Le nombre d’étudiants dans l’enseignement supérieur a beaucoup augumenté ces derniers temps. Pourtant l’abandon est élevé et l’objet d’étude de différents chercheurs. Ce travail analyse des microdonnées du Recensement de l’Enseignement Supérieur (Censo da Educação Superior) de 2009 à 2017 sur la reprise des cours par des étudiants ayant abandonné l’enseignement supérieur. Les résultats montrent qu’une grande partie des étudiants qui avait décroché est retournée ultérieurement á l’université, et bien qu’ils n’aient pas repris les cours dans la même institution, la plupart reprend leurs études dans le même domaine. Par ailleurs, les cours supérieurs de commerce et administration sont une destination importante des étudiants décrochés de l’université indépendamment du domaine d’origine.

ENSEIGNEMENT UNIVERSITAIRE; ABANDON SCOLAIRE; COURS; RECENSEMENT DE L’ENSEIGNEMENT SUPÉRIEUR

Abstract

The number of students in Brazilian higher education has increased dramatically in the recent period. However, evasion has been high and object of study by several researchers. This work brings a new look at the problem, analyzing the return of students who have dropped out from higher education with the microdata of the Higher Education Census from 2009 to 2017. The results show that a large part of the students who dropped out of higher education later returned to higher education and, although they did not return to programs from the same higher education institution, most of them returned to the same area of the originally dropped out program. In addition, programs in the area of Business and Administration are an important destination when students who have dropped out from higher education return, regardless of their area of origin.

UNIVERSITY EDUCATION; SCHOOL DROPOUT; COURSES; HIGHER EDUCATION CENSUS

O capital humano, segundo Kapur e Crowley (2008KAPUR, Devesh; CROWLEY, Megan. Beyond the ABCs: higher education and developing countries. s.l.: Center for Global Development Working Paper, 2008.), tem se tornado o centro dos debates sobre desenvolvimento econômico. De acordo com os autores, o ensino superior é fundamental para construir o capital humano, que, por sua vez, constrói as próprias instituições consideradas indispensáveis para o desenvolvimento. Além de um forte sistema de ensino superior ser crucial para o sucesso da democracia, contribuindo para maior mobilidade social e igualitarismo.

Segundo Durham (2003DURHAM, Eunice Ribeiro. O ensino superior no Brasil: público e privado. São Paulo: Nupes-USP, 2003.), o desenvolvimento do ensino superior no Brasil tem duas características importantes: um caráter tardio e o desenvolvimento precoce de um poderoso sistema de ensino privado paralelo ao setor público. No Brasil, as primeiras escolas de ensino superior foram fundadas em 1808, com a chegada da família real portuguesa ao país: as escolas de Cirurgia e Anatomia, em Salvador, e a de Anatomia e Cirurgia e a Academia da Guarda Marinha, ambas no Rio de Janeiro (MARTINS, 2002MARTINS, Antonio Carlos Pereira. Ensino superior no Brasil: da descoberta aos dias atuais. Acta Cirúrgica Brasileira, São Paulo, v. 17, Supl. 3, p. 4-6, 2002.). Em 1968, houve a reforma do ensino superior, modernizando uma parte significativa das universidades (MARTINS, 2009). Foram abolidas as cátedras vitalícias por meio da introdução do regime departamental e institucionalizou-se a carreira acadêmica, com o ingresso e a progressão docente relacionados à titulação acadêmica. Além disso, a reforma abriu caminho para o ensino privado estruturado nos moldes de empresas educacionais, voltadas para o atendimento de demandas de consumidores educacionais.

O ensino superior brasileiro ampliou consideravelmente a oferta de vagas nos últimos anos, tanto nas instituições de ensino superior (IES) públicas quanto nas privadas. Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) (BRASIL, 2019), o número de alunos matriculados no ensino superior passou de 5,9 milhões em 2009 para 8,2 milhões em 2017. Porém o número de alunos concluintes no ensino superior permanece relativamente baixo, passando de 959 mil em 2009 para 1,1 milhão em 2018. Na Figura 1, estão a quantidade de alunos matriculados e a quantidade de concluintes no ensino superior em cada ano.

FIGURA 1
ALUNOS MATRICULADOS E CONCLUINTES NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO

Os dados mostram que o fluxo de concluintes é bem menor que o fluxo de alunos matriculados no ensino superior, e isso é devido à evasão. Segundo Silva Filho et al. (2007), a evasão é um desperdício social, acadêmico e econômico, afetando tanto as IES quanto os estudantes.

A evasão do ensino superior tem sido objeto de estudos de diversos autores no Brasil. Os estudos sobre evasão do ensino superior podem ser categorizados em três grupos. Estudos do primeiro grupo, como de Silva Filho et al. (2007), estabelecem um método de estimativa da evasão dos cursos por meio do número de matriculados, número de concluintes e número de ingressantes em cada ano. Essa abordagem era necessária quando os dados dos cursos e instituições eram disponibilizados de maneira agrupada pelo Inep, sem o detalhamento das informações sobre os alunos. Do segundo grupo são os estudos com abordagens utilizando os dados internos das instituições para calcular a evasão e tentar entender os fatores determinantes para a desistência dos cursos. Segundo Silva (2013), os trabalhos desse grupo, em geral, aplicam questionários ou entrevistam os alunos evadidos para conhecer os motivos para a desistência do curso. Nessa linha estão estudos como os de Cunha, Tunes e Silva (2001CUNHA, Aparecida Miranda; TUNES, Elizabeth; SILVA, Roberto Ribeiro da. Evasão do curso de química da Universidade de Brasília: a interpretação do aluno evadido. Química Nova, São Paulo, v. 24, n. 2, p. 262-280, mar./abr. 2001.), Braga, Peixoto e Bogutchi (2003BRAGA, Mauro Mendes; PEIXOTO, Maria do Carmo, L.; BOGUTCHI, Tânia F. A evasão no ensino superior brasileiro: o caso da UFMG. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Sorocaba, SP, v. 8, n. 3, p. 161-189, mar. 2003.), Campello e Lins (2008CAMPELLO, Antonio de Vasconcellos Carneiro; LINS, Luciano Nadler. Metodologia de análise e tratamento da evasão e retenção em cursos de graduação de instituições federais de ensino superior. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 28., 2008, Rio de Janeiro. Anais [...]. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Engenharia de Produção, 2008. Disponível em: http://www.abepro.org.br/biblioteca/ enegep2008_TN_STO_078_545_11614.pdf. Acesso em: 20 jan. 2020.
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), Mercuri e Polydoro (2003MERCURI, Elizabeth; POLYDORO, Soely Aparecida J. O compromisso com o curso no processo de permanência/evasão no ensino superior: algumas contribuições. In: MERCURI, Elizabeth; POLYDORO, Soely Aparecida J. (org.). Estudante universitário: características e experiências de formação. Taubaté: Cabral Editora e Livraria Universitária, 2003. p. 188-219.), Andriola, Andriola e Moura (2006ANDRIOLA, Wagner Bandeira; ANDRIOLA, Cristiany Gomes; MOURA, Cristiane Pascoal. O fenômeno da evasão discente dos cursos de graduação da Universidade Federal do Ceará (UFC): proposição de modelo causal. I Reunião da Associação Brasileira de Avaliação Educacional. 2006.), Andrade et al. (2007ANDRADE, Selma Maffei de; NUNES, Elisabete de Fátima Polo de A.; JÚNIOR, Luiz C.; HADDAD, Maria do Carmo L.; SOUZA, Nadia Aparecida de; GARANHANI, Maria Lúcia. Análise da evasão de alunos dos cursos de profissionalização da área de enfermagem no Paraná. Ciência, Cuidado e Saúde, Maringá, PR, v. 6, n. 4, p. 433-440, 2007. https://doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v6i4.3869
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) e Polydoro et al. (2005). Os resultados desses estudos indicam que a evasão deve-se a diversos fatores, como baixo nível de comprometimento com o curso, falta de apoio familiar, baixa participação em atividades acadêmicas, instalações precárias, baixo desempenho escolar e falta de perspectivas na carreira, e esses fatores variam entre as diferentes IES (SILVA, 2013SILVA, Glauco Peres da. Análise de evasão no ensino superior: uma proposta de diagnóstico de seus determinantes. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Sorocaba, SP, v. 18, n. 2, p. 311-333, jul. 2013.).

Além dos estudos tradicionais sobre a evasão, alguns autores passaram a utilizar métodos quantitativos avançados para entender o problema da evasão do ensino superior. Silva (2013SILVA, Glauco Peres da. Análise de evasão no ensino superior: uma proposta de diagnóstico de seus determinantes. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Sorocaba, SP, v. 18, n. 2, p. 311-333, jul. 2013.) utiliza métodos estatísticos sofisticados, no caso a Análise de Sobrevivência; Tontini e Walter (2014TONTINI, Gérson; WALTER, Silvana Anita. Pode-se identificar a propensão e reduzir a evasão de alunos? Ações estratégicas e resultados táticos para instituições de ensino superior. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Sorocaba, SP, v. 19, n. 1, p. 89-110, mar. 2014.) utilizam redes neurais artificiais e análise de cluster para avaliar o fenômeno da evasão do ensino superior. Santos Junior e Real (2017) fizeram um levantamento dos artigos científicos, teses e dissertações sobre a evasão do ensino superior e constataram que estudos relacionados às causas e também às estratégias de controle da evasão em um curso ou instituição específicos são quantitativamente mais expressivos. Na evolução das pesquisas sobre evasão escolar do ensino superior brasileiro temos uma mudança de foco. No primeiro grupo, a abordagem é focada nos dados gerais disponíveis do curso ou IES. Já no segundo grupo, o foco da análise são os dados dos alunos evadidos no contexto de IES específicas.

Porém a evasão de um aluno de um curso pode não implicar necessariamente que ele teria abandonado os estudos, e sim que iniciou os estudos em outra IES. Isso pode ser devido a fatores simples, como uma mudança de cidade, ou a fatores mais complexos, como mudanças no interesse do aluno causadas por uma escolha profissional muito precoce, expectativas irrealistas com o curso, dentre outros (BARDAGI; HUTZ, 2009BARDAGI, Marucia Patta; HUTZ, Cláudio Simon. “Não havia outra saída”: percepções de alunos evadidos sobre o abandono do curso superior. Psico-USF, Itatiba, SP, v. 14, n. 1, p. 95-105, jan./abr. 2009.). Santos Junior e Real (2017) lembram que, na década de 1990, as discussões acerca da evasão do ensino superior separavam três tipos de evasão: “Evasão de curso”, que ocorre quando o estudante tem uma evasão temporária para outro curso na mesma instituição; “Evasão da instituição”, quando o estudante se matricula em outra IES; e “Evasão do sistema de ensino superior”, quando o estudante abandona o ensino superior.

Este artigo busca trazer novas informações para a análise do problema da evasão do ensino superior por meio da análise da situação dos alunos que, após o desligamento de um curso superior, voltam a estudar. Embora já existam estudos sobre a evasão do ensino superior, não se encontram, tanto na literatura nacional quanto na internacional, estudos que avaliem o perfil dos alunos que voltam a estudar após a evasão de um curso superior. Diante dessa lacuna, este estudo apresenta a seguinte pergunta central de pesquisa: quantos são e quem são os alunos que voltam a estudar após saírem de um curso superior? A importância desse estudo reside no fato de que, ao se identificarem os alunos que voltam a estudar após a evasão, é possível entender melhor o problema da evasão do ensino superior e desenvolver estratégias para reduzi-la. De maneira específica, o presente trabalho tem como objetivos: a) quantificar o número de alunos que voltam a estudar após a evasão e sua representatividade no ensino superior brasileiro; b) quantificar a quantidade de alunos que volta a estudar no mesmo curso, seja na mesma de IES ou não; c) verificar a transição de alunos entre as diferentes áreas do ensino superior.

O artigo está dividido em quatro seções, sendo a primeira esta introdução. Na segunda seção, está descrita a base de dados e metodologia utilizada. Na terceira seção, estão os resultados e análise; e, na quarta seção, as considerações finais e a discussão sobre as limitações do estudo e indicações para possíveis estudos futuros.

BASE DE DADOS E METODOLOGIA

Neste artigo serão utilizados os microdados do Censo da Educação Superior divulgados pelo Inep (BRASIL, 2019) como base de dados. Esse censo é realizado anualmente e considera todas as instituições de ensino superior brasileiras e as informações sobre seus alunos, docentes e cursos. As informações detalhadas de todos os alunos passaram a estar disponíveis a partir do censo de 2009. Desde então, alunos possuem um código único de identificação (CO_ALUNO), que possibilita acompanhar sua evolução em qualquer censo, em qualquer IES que o aluno frequente. Porém, a partir do censo de 2018, a identificação mudou sua codificação e divulgação, para aumentar a proteção do dado pessoal presente nas bases de dados, e passou a ser ID_ALUNO, impossibilitando a comparação direta dos alunos com censos anteriores a 2018. Por esses motivos, os censos a serem considerados neste artigo serão do período de 2009 a 2017.

Nas informações do censo, será utilizada a variável CO_ALUNO_SITUAÇÃO para avaliar os alunos que evadiram do ensino superior e se, posteriormente, eles retornaram aos estudos. A variável CO_ALUNO_SITUAÇÃO considera os seguintes estados dos alunos: “Cursando”, “Trancado”, “Desvinculado”, “Transferido para outro curso da mesma IES”, “Formado”, “Falecido”. O aluno será considerado como evadido se apresentar o CO_ALUNO_SITUAÇÃO como “Desvinculado”.

A análise consiste em separar, para cada censo de 2009 até 2017, os alunos “Desvinculados”, procurar esses mesmos alunos em censos posteriores em que o “CO_ALUNO_SITUAÇÃO” esteja como “Cursando” e procurar no mesmo censo se o aluno iniciou um curso em outra IES no mesmo ano. Por meio da identificação desses alunos, é realizada uma análise descritiva das suas características através das variáveis disponíveis no censo sobre eles.

ANÁLISE E RESULTADOS

A primeira etapa é avaliar a situação, até a informação mais recente, dos alunos em cada censo. Na Figura 2, temos a situação atualizada, até os dados do censo de 2017, dos alunos ingressantes para cada ano de ingresso, de 2009 até 2017. A análise é feita por meio da variável CO_ALUNO_SITUAÇÃO, que considera seis estados possíveis: “Cursando”, “Trancado”, “Desvinculado”, “Transferido para outro curso da IES”, “Formado” e “Falecido”. Para cada ano de ingresso são levantados o total de alunos que iniciaram algum curso em uma IES e qual o último estado disponível da variável CO_ALUNO_SITUAÇÃO para cada aluno nos censos posteriores.

FIGURA 2
SITUAÇÃO DOS ALUNOS POR ANO DE INGRESSO ATÉ O CENSO DE 2017

A proporção de alunos com o estado “Cursando” oscila de 7,52% dos alunos que ingressaram em 2009 a 4,38% dos alunos que ingressaram em 2010. A proporção de alunos que estão com o estado “Trancado” se mantém menor que 10% em quase todos os anos, com exceção de 2016, que apresenta 11,39%. Nos anos 2009 até 2014, os alunos que estão com o estado “Desvinculado” são a maioria. Já nos anos de 2015 e 2016, a proporção de “Desvinculado” ainda é maior que 30%. Em 2017, a proporção de “Desvinculado” foi de 15,9%, ou seja, alunos que se desvincularam do curso no mesmo ano de ingresso. A proporção dos alunos transferidos para outros cursos da mesma IES fica em torno de 3% na maioria dos anos. A proporção de alunos formados por ano tem o maior valor para os alunos ingressantes em 2009, com 42,13%. A proporção é decrescente para os anos mais recentes (e que, consequentemente, tiveram menos tempo decorrido). Já a proporção de alunos que saíram por falecimento não é maior que 0,05% em nenhum ano.

A principal questão deste trabalho são os alunos que, uma vez desvinculados do ensino superior, voltam a estudar. Para tanto, a base de análise será o aluno que está com o estado “Desvinculado” em um curso em um determinado censo e, posteriormente, em outros censos, apareça com o estado “Cursando”. Na Figura 3, temos a quantidade de alunos que se desvincularam do curso em cada censo e a quantidade desses alunos que, posteriormente, em outros censos, voltaram a ter vínculo com algum curso superior, seja na mesma IES ou não.

FIGURA 3
PERCENTUAL DE ALUNOS EVADIDOS QUE VOLTARAM A ESTUDAR ATÉ O CENSO DE 2017

Podemos ver que, com exceção do ano de 2009, a proporção de alunos que se desvincularam de um curso superior e depois voltaram a se vincular a um curso superior tende a ser maior que 50%. Dos alunos que se desvincularam em 2010, 58,50% voltaram a estudar em algum momento até o ano de 2017. Já dos alunos que se desvincularam em 2016, 34,31% voltaram a estudar. 23,12% dos alunos que se desvincularam de algum curso superior em 2017 estavam com vínculo em outro curso superior no mesmo ano.

Com os dados dos alunos que voltaram a estudar após a evasão, é possível calcular o tempo médio entre o ano em que o aluno se desvinculou de um curso superior e o ano em que ele voltou para o ensino superior (seja no mesmo curso ou não) e observar a proporção dos alunos que voltaram no mesmo ano, depois de um ano, depois de dois anos, etc. O menor tempo disponível é zero anos, representando os alunos que se desvincularam de um curso e se vincularam a outro curso no período do mesmo censo, e o maior tempo disponível é de oito anos, referente aos alunos que se desvincularam no censo de 2009 e voltaram a estudar apenas no censo de 2017. Na Figura 4, temos, para cada tempo disponível, a proporção de alunos que voltaram a estudar.

FIGURA 4
PERCENTUAL DOS ALUNOS EVADIDOS QUE VOLTARAM A ESTUDAR A CADA ANO QUE SE PASSA

Cerca de um terço dos alunos (29,20%) que voltaram a estudar, o fez no mesmo ano em que se desvinculou do curso superior (Tempo 0). A proporção dos alunos que voltou a estudar depois de um ano (Tempo 1) é de 10,55%. A proporção vai diminuindo no decorrer do tempo, sendo que apenas 0,19% dos alunos que voltaram a estudar o fizeram depois de oito anos. O tempo médio para a volta aos estudos, utilizando a média ponderada, é de 0,77 ano. Ou seja, os alunos evadidos que voltam a estudar o fazem em média em menos de um ano após a evasão.

O próximo passo é avaliar as características dos cursos dos alunos que voltaram a estudar. Na Figura 5, está a proporção dos alunos que voltaram a estudar em um curso na mesma cidade e a dos que voltaram a estudar em um curso em outra cidade.

FIGURA 5
PROPORÇÃO DOS ALUNOS EVADIDOS QUE VOLTARAM A ESTUDAR EM RELAÇÃO À CIDADE DE ORIGEM DO CURSO EVADIDO

A proporção de alunos que voltaram para cursos na mesma cidade em que estudavam anteriormente oscila em torno de 50%, o que indica um possível fator geográfico na evasão dos cursos superiores. Ou então que os alunos de regiões metropolitanas podem estar estudando em cursos mais próximos de suas residências ou de seus trabalhos. Porém, o aprofundamento da questão geográfica está fora do escopo deste artigo.

Além da questão geográfica, é importante avaliar se o aluno volta, após se desvincular do curso, para outros cursos da mesma IES. Na Figura 6, está a proporção de alunos que voltaram para cursos da mesma IES.

FIGURA 6
PROPORÇÃO DOS ALUNOS EVADIDOS QUE VOLTARAM PARA CURSOS NA MESMA IES

Da mesma maneira que a proporção de alunos que voltaram para cursos na mesma cidade é estável, a proporção de alunos que voltaram a se vincular a cursos da mesma IES é estável no período observado, em torno de 25%. Ademais, essa proporção é maior que a proporção de alunos cujo estado na variável CO_SITUACAO_ALUNO é igual a “Transferido para outro curso da IES”, podendo ser um indicativo de casos em que o estudante prestou vestibular novamente para ingressar em cursos para os quais não é possível realizar transferência.

Além de avaliar se os alunos voltam para cursos da mesma IES, é possível avaliar se os alunos voltam para IES da mesma categoria administrativa ou não. O Censo da Educação Superior classifica as IES nas seguintes categorias administrativas: Pública Federal, Pública Estadual, Pública Municipal, Privada com Fins Lucrativos, Privada sem Fins Lucrativos, Privada Confessional e Especial. No Quadro 1, temos as proporções dos alunos que voltaram a estudar em todas as origens e destinos de categorias administrativas das IES.

QUADRO 1
PERCENTUAL DOS ALUNOS EVADIDOS QUE VOLTARAM PARA CADA CATEGORIA DE IES

Em cada linha da tabela temos a categoria administrativa da IES de que o aluno se desvinculou, e, em cada coluna, temos a categoria administrativa da IES em que o aluno voltou a estudar. Por exemplo, na primeira linha da tabela temos os alunos que se desvincularam de cursos em IES Pública Federal. Desses alunos, 28,81% voltaram a estudar em cursos ofertados em IES Pública Federal, e 12,91%, em cursos ofertados em IES Pública Estadual. É possível notar na tabela que, dos alunos que estudaram em IES Pública Federal e IES Pública Estadual, cerca de 40% dos que voltam a estudar o fazem em cursos ofertados em IES dessas duas categorias administrativas. Grande parte dos alunos oriundos de IES Privada com Fins Lucrativos que voltam a estudar, fazem-no em cursos de IES Privada com Fins Lucrativos (71%). Já entre alunos de IES Privada sem Fins Lucrativos e de IES Privada Confessional que voltam a estudar, o percentual em IES Privada com Fins Lucrativos é menor (61,87% e 57,77%, respectivamente).

A questão seguinte é se os cursos para os quais os alunos voltam são da mesma área ou se há uma mudança de área no retorno do aluno. Os cursos superiores são classificados no Censo da Educação Superior em nove áreas gerais, definidas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). São elas: 0 - Área Básica; 1 - Educação; 2 - Humanidades e Artes; 3 - Ciências Sociais, Negócios e Direito; 4 - Ciências, Matemática e Computação; 5 - Engenharia, Produção e Construção; 6 - Agricultura e Veterinária; 7 - Saúde e Bem-Estar Social; e 8 - Serviços. Na Figura 7, está a proporção dos alunos que voltaram para cursos da mesma área.

FIGURA 7
PROPORÇÃO DOS ALUNOS QUE VOLTARAM PARA CURSOS NA MESMA ÁREA

A maioria dos alunos que voltaram, em torno de 60%, o fizeram para cursos da mesma área. Porém uma parcela relevante de alunos voltou para cursos de área diferente do curso de que foi desvinculado. Para avaliar a movimentação dos alunos entre as áreas, temos, No Quadro 2, uma matriz de origem e destino dos alunos que voltaram a estudar. Em cada linha do quadro está a área do curso de origem do aluno, e em cada coluna está a área do curso para o qual o aluno voltou. Em cada combinação de linha e coluna está a proporção de alunos nessa situação.

QUADRO 2
PROPORÇÃO DE ORIGEM X DESTINO DOS CURSOS

Dos alunos que pertenciam à Área Básica e que voltaram a estudar, apenas 5,53% voltaram para a Área Básica. A maioria voltou a estudar em cursos de Ciências Sociais, Negócios e Direito (21,96%), Ciências, Matemática e Computação (21,81%) e Engenharia, Produção e Construção (20,44%). Estudantes da área de Educação voltaram, na maior parte, para cursos da área de Educação (55,04%) e para cursos da área de Ciências Sociais, Negócios e Direito (20,37%). Estudantes de Humanidades e Artes, em sua maioria, voltaram para cursos das áreas de Humanidades e Artes (30,90%) e Ciências Sociais, Negócios e Direito (30,84%), seguidas da área de Educação (16,52%). Já estudantes de Ciências Sociais, Negócios e Direito têm a maior taxa de retorno para cursos da mesma área (74,40%), com nenhuma outra área com 10% ou mais. Dos estudantes de Ciências, Matemática e Computação que voltaram, 40,95% foram para cursos da mesma área, seguidos de 24,56% que foram para a área de Ciências Sociais, Negócios e Direito e por 11,61% que foram para Engenharia, Produção e Construção. Estudantes das áreas de Engenharia, Produção e Construção, Agricultura e Veterinária e Saúde e Bem-Estar Social que retornaram seguiram o mesmo padrão de sua maioria voltar para cursos da mesma área, seguidos por Ciências Sociais, Negócios e Direito. Já dos estudantes da área de Serviços que retornaram aos estudos, a maioria voltou para cursos da área de Ciências Sociais, Negócios e Direito (33,48%), seguidos de cursos da área de Serviços (25,89%).

Em todas as áreas, a quantidade de alunos que retornaram para cursos de Ciências Sociais, Negócios e Direito é relevante. Para detalhar mais a transição entre cursos, no Quadro 3 estão as proporções dos cursos de cada área específica de Ciências Sociais, Negócios e Direito, que são Jornalismo e Informação, Comércio e Administração, Direito e Ciências Sociais e Comportamentais.

QUADRO 3
PROPORÇÃO PARA OS CURSOS ESPECÍFICOS DA ÁREA CIÊNCIAS SOCIAIS, NEGÓCIOS E DIREITO

É possível observar que a maior parte dos alunos que muda para a área de Ciências Sociais, Negócios e Direito o faz para cursos de Comércio e Administração, com exceção dos alunos dos cursos de Ciências Sociais e Comportamentais.

Dentre os alunos que se desvincularam de um curso superior, podemos ter cinco perfis diferentes de alunos baseados em o curso ser da mesma área ou não e em o curso ser da área de Ciências Sociais, Negócios e Direito (CSND). Nas figuras 8, 9 e 10 estão o percentual de mulheres, a média de idade e as médias de tempo de estudo no curso que foi abandonado, respectivamente, para cada um dos cinco grupos.

FIGURA 8
PERCENTUAL DE MULHERES

FIGURA 9
MÉDIA DE IDADE DOS ALUNOS

FIGURA 10
MÉDIA DO TEMPO DE ESTUDO NO CURSO EVADIDO

Há indícios de que a proporção de mulheres é maior no grupo de alunos que não voltaram a estudar após se desvincularem do curso superior. A média de idade dos alunos que não voltaram a estudar é maior que a média nos outros grupos durante o período analisado. O mesmo ocorre com o tempo médio cursado na graduação de que o aluno se desvinculou, em que o grupo de alunos que não voltou a estudar tem uma média maior do que os outros grupos. Para os dois grupos de alunos que voltaram a estudar em cursos da mesma área (“Voltou para mesma Área/Não CSND” e “Voltou para mesma Área/CSND”), os valores para a proporção de mulheres é parecido (cerca de 60%), assim como a média de idade (cerca de 26 anos) e o tempo de estudo na graduação (1,7 ano). Já nos dois grupos de alunos que voltaram a estudar em outra área (“Voltou para outra Área/Não CSND” e “Voltou para outra Área/CSND”), a idade média é parecida (cerca de 25 anos), enquanto a proporção de mulheres e o tempo de graduação apresentam uma pequena diferença. O tempo médio de estudo na graduação é maior entre os alunos que não voltaram. Nos grupos dos alunos que voltaram, não existe um padrão visível de diferença entre o tempo médio de estudo na graduação. Na idade média dos alunos, entre os grupos, parece existir uma tendência decrescente, partindo do grupo de alunos que não voltaram a estudar (maior média de idade), passando pelos grupos de alunos que voltaram para cursos da mesma área, até os grupos de alunos que voltaram para cursos de outras áreas (menor média de idade). O mesmo ocorre na proporção de mulheres, com a maior proporção no grupo de alunos que não voltaram a estudar, passando pelo grupo de alunos que voltaram para cursos da mesma área, até chegar na menor proporção de mulheres nos grupos de alunos que voltaram a estudar em outras áreas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A evasão de alunos do ensino superior é um problema de grande importância no Brasil. Este trabalho utiliza uma nova abordagem para o problema da evasão no ensino superior ao avaliar a volta aos estudos dos estudantes evadidos e traz três contribuições principais para o debate. A primeira contribuição deste trabalho é a informação sobre a quantidade de alunos que volta a estudar depois de se evadirem. Mais de 50% dos alunos evadidos do ensino superior voltam a estudar em algum momento. A segunda contribuição é a informação de que, os que voltam aos estudos, o fazem, em média, em menos de dois anos após se evadirem. A terceira contribuição foca na relação entre os cursos buscados após a evasão. A análise dos dados mostrou que, apesar do percentual de alunos que voltam para cursos da mesma área ser alto, o percentual de alunos que volta para cursos da mesma IES é baixo, além da quantidade considerável de alunos que, independentemente da área inicial, escolhem cursos na área de Comércio e Administração no retorno aos estudos após a evasão.

Essas novas informações trazem a seguinte questão: a escolha de cursos da área de Ciências Sociais, Negócios e Direito, mais especificamente Administração e Comércio, por parte dos alunos evadidos que voltaram a estudar, se deve a uma necessidade de inserção rápida no mercado de trabalho, ou pode estar relacionada a uma possível diferença no nível de exigência de estudos? De acordo com Oliveira e Sauerbronn (2007OLIVEIRA, Fátima Bayma de; SAUERBRONN, Fernanda Filgueiras. Trajetória, desafios e tendências no ensino superior de administração e administração pública no Brasil: uma breve contribuição. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 41, n. especial, p. 149-170, 2007.), o curso de Administração é, na maioria das vezes, composto por estudantes que desejam um diploma universitário, mas que não têm um real interesse pela profissão. Nas palavras de Bertero (2007BERTERO, Carlos Osmar. A docência numa universidade em mudança. Cadernos Ebape.BR, Rio de Janeiro, v. 5, n. especial, p. 1-11, jan. 2007.), o curso de Administração tem sido “mais um curso de educação geral (general education) do que um curso marcado pelo rigor de conteúdos” (p. 6). Fora do Brasil, essa visão também é compartilhada por Neem (2019NEEM, Johann. Abolish the Business Major! Anti-intellectual degree programs have no place in colleges. The Chronicle of Higher Education, August 13, 2019. Disponível em: https://www.chronicle.com/interactives/2019-08-13-abolish-the-business-major. Acesso em: 21 jun. 2020.
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), para quem o diploma na área de Administração é para estudantes que querem um diploma universitário sem ter uma educação universitária. Nos Estados Unidos, os estudantes de Administração passam menos tempo estudando do que qualquer outra pessoa no campus e também gastam menos tempo lendo e escrevendo do que estudantes de outros cursos (SELLINGO, 2017SELLINGO, Jeffrey J. Business is the most popular college major, but that doesn’t mean it’s a good choice. Washington Post, 28 Jan. 2017. Disponível em: https://www.washingtonpost.com/news/grade-point/wp/2017/01/28/business-is-the-most-popular-college-major-but-that-doesnt-mean-its-a-good-choice/. Acesso em: 22 jun. 2020.
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). No Brasil, o ensino das áreas de Administração e Comércio já esteve separado do ensino superior. Como exemplo, na criação do Ministério da Educação e Saúde Pública (MES) na década de 1930, seu primeiro ministro, Francisco Campos, implementou reformas de ensino e organizou os ensinos secundário, superior e comercial (FÁVERO, 2006FÁVERO, Maria de Lourdes de Albuquerque. A universidade no Brasil: das origens à reforma universitária de 1968. Educar em Revista, Curitiba, n. 28, p. 17-36, 2006.). O ensino comercial sucumbiu em virtude da expansão dos cursos de Administração em nível superior, mais atraentes quanto ao prestígio social dos formados (PERES, 2007PERES, Fernando Antonio. Alguns apontamentos sobre o ensino comercial no Brasil. In: ENCONTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM HISTÓRIA, TRABALHO E EDUCAÇÃO NO BRASIL, 2007, Campinas. Anais [...] Campinas, SP: Unicamp, 2007. Disponível em: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/encontro/encontro1/trab_pdf/t_fernando%20antonio%20peres.pdf. Acesso em: 21 jun. 2020.
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).

Os resultados aqui apresentados também trazem a necessidade de expansão do escopo dos estudos sobre a evasão do ensino superior. Como implicação prática imediata, está a necessidade de dividir os alunos que evadem do curso superior entre aqueles que estão apenas mudando de curso e aqueles que estão realmente saindo do ensino superior, separação essa que já foi considerada pelos pesquisadores na década de 1990 (SANTOS JUNIOR; REAL, 2017SANTOS JUNIOR, José da Silva; REAL, Giselle Cristina Martins. A evasão na educação superior: o estado da arte das pesquisas no Brasil a partir de 1990. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Sorocaba, SP, v. 22, n. 2, p. 385-402, 2017.). Essa separação abre novos caminhos tanto nos levantamentos para compreender os motivos da evasão como nas ações a serem tomadas pelos Institutos Federais de Ensino Superior (Ifes) para minimizar a evasão. Uma possível opção para minimizar a evasão seria desenhar opções para facilitar a troca de curso. Outra possível opção são os bacharelados interdisciplinares (BI) que têm surgido nas universidades brasileiras. Segundo Teixeira, Coelho e Rocha (2013TEIXEIRA, Carmen Fontes de Souza; COELHO, Maria Thereza Ávila Dantas; ROCHA, Marcelo Nunes Dourado. Bacharelado interdisciplinar: uma proposta inovadora na educação superior em saúde no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 18, p. 1635-1646, jun. 2013., p. 1.636), o bacharelado interdisciplinar é “um primeiro ciclo no processo de formação superior, em caráter não profissionalizante, constituindo uma etapa preparatória para a continuidade da formação profissional e acadêmica”. Porém essas alternativas podem esbarrar tanto na estrutura tradicional dos cursos nas universidades brasileiras, em que o desenho das disciplinas, na maioria das vezes, tem como foco a formação para carreiras específicas, como também podem esbarrar na expectativa dos alunos de já ingressarem em uma carreira definida.

Apesar das contribuições, esta pesquisa tem limitações. Dentre elas temos a utilização apenas de dados secundários públicos (os microdados dos Censos do Ensino Superior) e os resultados apresentados para toda a população de estudantes, sem detalhamento das características regionais e contextos específicos de cada IES e de cada área do conhecimento. Portanto, é necessária a realização de outros estudos para entender os determinantes dos cursos de destino dos alunos que evadiram dos cursos superiores e também trazer outros dados para a análise, como qualidade do curso, mensalidade, perspectivas profissionais, fatores regionais, dentre outros. Além disso, diversas novas questões são trazidas pelas análises realizadas, como qual o motivo da diferença na proporção de mulheres entre os grupos de alunos que voltam a estudar e de alunos que não voltam a estudar? Qual o papel da idade na relação entre os alunos que voltam a estudar e os que não voltam a estudar? Assim como entre os que voltam a estudar em cursos da mesma área e os que voltam a estudar em cursos de outra área?

Em suma, os resultados aqui encontrados abrem novos caminhos para o estudo da evasão do ensino superior, tanto por parte das instituições responsáveis pelas políticas educacionais como por pesquisadores do assunto, problema de extrema relevância enfrentado pelas IES.

REFERÊNCIAS

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Nov 2020
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2020

Histórico

  • Recebido
    23 Fev 2020
  • Aceito
    03 Jul 2020
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