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A lingüística e a ciência da informação: estudos de uma interseção

The linguistics and the science of information: studies of an intersection

Resumos

A temática da lingüística e da ciência da informação na atualidade reúne alguns dos principais problemas do campo da informação. A lingüística, utilizada para a construção de conceitos no campo do conhecimento humano, e a ciência da informação, responsável pelo tratamento e transmissão deste conhecimento. Partindo-se de uma pesquisa em artigos de periódicos científicos da área, este estudo destaca sete pontos em que ocorre a interseção lingüística e ciência da informação, na tentativa de analisar cada um dentro da perspectiva exposta. Os pontos destacados foram os seguintes: o teórico; o quantitativo, pela visão bibliométrica; o temático, pela representação da informação; o aplicativo, pelos métodos diversos; o ensino, pelas relações curriculares; o tecnológico, pela teoria de sistemas; e normativo, pelas classificações bibliográficas. Procurou-se, com esta linha, colocar de maneira objetiva os pontos que mais suscitam a preocupação dos teóricos em relação ao tema pesquisado. Uma das grandes problemáticas reveladas na pesquisa foi a construção de conceitos e a representação da informação. Esta constatação perpassa pela terminologia e pela análise documentária, que serão as áreas mais estudadas na década que se inicia.

Lingüística; Ciência da informação; Linguagem documentária


The thematic of the linguistics and of the science of the information, at the present time it gathers some of the main problems of the field of the documentation and of the information. The linguistics, used for the construction of concepts in the field of the human knowledge and the science of the information, responsible for the treatment and the transmission of this knowledge. Breaking of the literature revision, in goods of scientific newspapers of the area, this research highlights seven points where it happens the intersection of the linguistics with the Science of the Information. The outstanding points were: the theoretical; the quantitative, the thematic, the application, the teaching, the technological, and the normative. One of the great problems revealed in the research went to construction of concepts and the representation of information. This verification perpassa for the terminology and of the analisys documentary that will be the field more research in the decade that going to begin.

Linguistics; Science of the information; Documentary language


A lingüística e a ciência da informação: estudos de uma interseção

Ercilia Severina Mendonça

Bibliotecária da Divisão de Processamento Técnico da Diretoria de Bibliotecas do Departamento Geral de Cultura da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro. Aluna do Curso de Especialização em Formação de Docentes Universitários da Escola de Educação da Universidade do Rio de Janeiro - Unirio.

E-mail: erciliamendonca@zipmail.com.br

Resumo

A temática da lingüística e da ciência da informação na atualidade reúne alguns dos principais problemas do campo da informação. A lingüística, utilizada para a construção de conceitos no campo do conhecimento humano, e a ciência da informação, responsável pelo tratamento e transmissão deste conhecimento. Partindo-se de uma pesquisa em artigos de periódicos científicos da área, este estudo destaca sete pontos em que ocorre a interseção lingüística e ciência da informação, na tentativa de analisar cada um dentro da perspectiva exposta. Os pontos destacados foram os seguintes: o teórico; o quantitativo, pela visão bibliométrica; o temático, pela representação da informação; o aplicativo, pelos métodos diversos; o ensino, pelas relações curriculares; o tecnológico, pela teoria de sistemas; e normativo, pelas classificações bibliográficas. Procurou-se, com esta linha, colocar de maneira objetiva os pontos que mais suscitam a preocupação dos teóricos em relação ao tema pesquisado. Uma das grandes problemáticas reveladas na pesquisa foi a construção de conceitos e a representação da informação. Esta constatação perpassa pela terminologia e pela análise documentária, que serão as áreas mais estudadas na década que se inicia.

Palavras-chave

Lingüística; Ciência da informação; Linguagem documentária.

The linguistics and the science of information: studies of an intersection

Abstract

The thematic of the linguistics and of the science of the information, at the present time it gathers some of the main problems of the field of the documentation and of the information. The linguistics, used for the construction of concepts in the field of the human knowledge and the science of the information, responsible for the treatment and the transmission of this knowledge. Breaking of the literature revision, in goods of scientific newspapers of the area, this research highlights seven points where it happens the intersection of the linguistics with the Science of the Information. The outstanding points were: the theoretical; the quantitative, the thematic, the application, the teaching, the technological, and the normative. One of the great problems revealed in the research went to construction of concepts and the representation of information. This verification perpassa for the terminology and of the analisys documentary that will be the field more research in the decade that going to begin.

Keywords

Linguistics; Science of the information; Documentary language.

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento de pesquisas na área da ciência e tecnologia, a explosão informacional e a fragmentação do conhecimento impõem a necessidade de se tratar de maneira racional e analítica o conteúdo dos documentos, com o fim de obter uma melhor representação para uma recuperação eficaz da informação produzida. Este processo vem colocando em questão duas áreas distintas no seu fazer científico e ao mesmo tempo aplicativas e complementares: a lingüística, que, após a década de 60, com a revolução elaborada por Noam Chomsky, ganhou status de ciência transformacional e desde então vem constantemente sendo solicitada para a construção de conceitos em diversos campos do conhecimento humano, e a ciência da informação, que, gerada após a II Guerra Mundial, recebeu a incumbência de lidar com o tratamento e transmissão do conhecimento produzido, com a responsabilidade ainda de zelar pelo papel social da informação. Esta interface, inaugurada também na década de 60, tem sido enriquecida com novas abordagens, mas está longe de resultados positivos.

A contribuição da lingüística, via linguagem, e a função social da ciência da informação, via comunicação, fornecem uma das questões prioritárias no meio documental neste final de século. Foucault diz que "a existência da linguagem é soberana, pois que as palavras receberam a tarefa e o poder de representar o pensamento"1 1 FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. São Paulo : Martins Fontes, 1999. 541 p. p. 107. . Pensamento representado pela extensão do vocabulário e pela fertilidade de seus elementos na qual se incluem dois modos operantes: o fixo, em que a palavra é a base da construção limitada, restrita, e o flexível, em que as palavras têm múltiplas definições e são dotadas de combinações associativas, segundo Moles2 2 MOLES, Abraham Antoine. Sociodinâmica da cultura. São Paulo : Perspectiva, 1974. 336 p., p. 22 .

A ciência da informação, que investiga as propriedades e comportamento da informação, as forças governantes dos fluxos e os meios de processar a informação, tendo como objetivo a sua organização, armazenamento, recuperação e disseminação, tem estreita ligação com a lingüística pela intermediação da análise documentária, que se utiliza de métodos e processos para descrever o conteúdo dos documentos. Muitos são os teóricos que colaboram com pesquisas para a interface lingüística e ciência da informação, estudando as subáreas desses campos, como a análise documentária e a lingüística aplicada, a documentação e a lingüística, procurando subsídios para a aplicação dessas duas áreas. Os estudos mais recentes apontam para a tendência terminologia e análise documentária, subáreas mais estudadas nos últimos 10 anos pelos teóricos da informação e semanticistas. Estes estudos visam a buscar na próxima década o rigor para as práticas de construção de vocabulários para fins de documentação.

Pretendeu-se, dentro deste trabalho, colocar em pauta a questão da lingüística no âmbito da ciência da informação, verificando a importância isolada e conjunta dessas duas disciplinas, o grau de interação e comprometimento que cada uma assume diante das perspectivas do conhecimento humano.

A partir desses dados, julgamos ser esta pesquisa um aval importante para a adoção de disciplinas ligadas ao campo da lingüística, como a terminologia, nos currículos inerentes à formação de profissionais bibliotecários, documentalistas, que lidam com a área da ciência da informação, visto que, pelo apresentado, a lingüística abre todo um leque de questões no desenvolvimento da linguagem e da tecnologia, que estão cada vez mais presentes no campo documental.

METODOLOGIA

Para estabelecer as relações entre a lingüística e a ciência da informação, consideraram-se apenas os artigos que reunissem os dados temáticos em periódicos relevantes na área da ciência da informação. Primeiro, efetuou-se um amplo levantamento nos periódicos da área da informação para a coleta de material bibliográfico que tratasse do tema.

Foram analisados os seguintes periódicos:

• Revista de biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul;

• Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação de São Paulo;

• Revista da Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal de Minas Gerais;

• Revista Perspectiva em Ciência da Informação da UFMG (substituiu a anterior);

• Revista de Biblioteconomia de Brasília;

• Revista Informare do Instituto Brasileiro de Informação Ciência e Tecnologia – IBICT.

• Revista Ciência da Informação do IBICT.

O critério utilizado para enquadrar os artigos dos periódicos dentro do tema foi a análise do título e do resumo, preocupando-se em detectar o termo lingüística. Após esta análise, verificou-se que a revista Ciência da Informação do IBICT apresentou-se como o periódico que concentrava o maior número de artigos sobre o tema, sendo por esta razão escolhida para o referido estudo.

A Ciência da Informação é uma publicação científica na qual são publicados os trabalhos dos profissionais e pesquisadores dessa área. Fundada em 1972, a Ciência da Informação, editava, até 1991, dois fascículos anualmente, passando em 1992 a editar três fascículos, que permanecem até hoje. Nos anos de 1976 e 1980, foi editada apenas uma revista em cada um desses anos, reunindo os números 1 e 2 no mesmo volume anual. A Ciência da Informação, como veículo impresso, ocupa papel fundamental na disseminação e na difusão do conhecimento, sendo o mais abrangente meio de comunicação técnico-científico nessa área, servindo como memória e enriquecimento cultural da sociedade como um todo.

Foram utilizados todos os volumes publicados desde o lançamento da revista em 1972 até o último fascículo de 1998. No levantamento propriamente dito, primeiramente foram arrolados todos os fascículos, fazendo-se cópia dos sumários da revista, para uma leitura e seleção dos artigos. Após esta seleção, efetuou-se a cópia dos artigos para leitura e verificação dos termos lingüísticos, que tiveram como representantes: a semântica, que é o meio de representação do sentido dos enunciados ; a morfologia, que é o estudo das formas das palavras em oposição ao estudo das funções ou sintaxe; a fonética, que é o estudo do conjunto de possibilidades fônicas do homem através de todas as línguas naturais; a sintaxe, que é a parte da gramática que descreve as regras pelas quais se combinam as unidades significativas em frases3 3 DUBOIS, Jean et al. Dicionário de Lingüística. São Paulo : Cultrix, 1973. 653 p. . Desta fase resultou o quantitativo de 42 artigos, selecionados nos 27 volumes e 59 fascículos da revista. Após identificar a presença dos termos lingüísticos e constatar a viabilidade da pesquisa, procedeu-se à seleção e divisão dos artigos dentro da temática da interseção criada entre a lingüística e as áreas reconhecidas dos estudos da informação. Observou-se que os artigos nesta interface lingüística e ciência da informação estavam inseridos na grande área da organização do conhecimento e representação da formação, caracterizados pelos: fundamentos teóricos; sistemas de classificação e tesauros, estrutura e construção; classificação e indexação, métodos; representação do conhecimento por linguagem e terminologia; classificação e indexação aplicadas; sistemas de classificação universal e tesauros; ambiente da organização conhecimento. Dentro deste contexto, identificaram-se sete grupos principais, que são:

• teórico – abordagem textual;

• quantitativo – lingüístico e bibliométrico;

• temático – processamento intelectual, abordagem semântica, conceitual e terminológica;

• aplicativo – projetos e modelos de indexação automática e linguagem natural;

• ensino – relações curriculares;

• tecnológico – sistemas especialistas e inteligência artificial;

• normativo – lingüística e classificação decimal universal.

Estes sete grupos temáticos foram analisados posteriormente com maior detalhamento, com o objetivo de identificar o conteúdo específico dos artigos neles contidos, para determinar os subgrupos temáticos. Os grupos possuem de um a quatro subgrupos que são apresentados de acordo com a subdivisão temática do assunto, incluindo a data, o título e a autoria do artigo, bem como o vínculo institucional do autor à época de publicação do artigo.

A LINGÜÍSTICA NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: CONSIDERAÇÕES GERAIS

Todas as ciências são estruturadas perante o desenvolvimento da humanidade, mas nem todas têm uma implicação tão forte, tão dependente desse processo quanto a Lingüistica, podendo-se dizer que interfere nos outros meios de desenvolvimento humano, como a antropologia, a sociologia, a filosofia ou a economia, pelo simples fato de ter como objeto de estudo a linguagem oral, escrita e representada, como um elo de fundamental importância nesse desenvolvimento. Reportamo-nos novamente a Foucault quando diz que:

"O que distingue a linguagem de todos os outros signos e lhe permite desempenhar na representação um papel decisivo não é o fato de ser individual ou coletiva, natural ou artificial, mas sim o fato de que ela analisa a representação segundo uma ordem necessariamente sucessiva (...), a linguagem não pode representar o pensamento de imediato, na sua totalidade ; precisa dispô-lo parte por parte segundo uma ordem linear. (...) É nesse sentido estrito que a linguagem é análise do pensamento: não simples repartição, mas instauração profunda da ordem no espaço"4 4 FOUCAULT, op. cit., p. 113-114. .

A área da documentação, de modo geral, envolve segmentos que estão inseridos nas partes que formam o todo, de modo que a divisão temática dos artigos possibilitou melhor análise do seu conteúdo. Estas análises foram feitas com vistas ao reconhecimento dos aportes teóricos da lingüística. Em cada grupo temático procedeu-se a descrever de que maneira foi estabelecida a relação entre a lingüística e a ciência da informação.

Nos 27 anos de publicação da revista Ciência da Informação foram editados 59 fascículos, apenas em 26 desses fascículos foram publicados artigos com o tema lingüística e ciência da informação, ou seja, quase a média de um artigo por ano de publicação sobre o tema.

Na década de 70, produziram-se nove artigos, sendo três no ano de 1977, nos quais a ênfase está toda voltada para o termo conceito; 1973 e 1974 tiveram como assunto principal a bibliometria, ou seja, na década de 70 priorizaram-se a estruturação de conceitos e a quantificação do conhecimento/informação. Nos anos de 1972, 1976 e 1979, não foram encontrados artigos sobre o tema. A década de 80, a mais produtiva em termos anuais, trouxe a representação do conhecimento como tema principal. Os anos de 1983 e 1986, voltaram-se para as políticas de indexação. Nos anos de 1980 e 1981, não foram encontrados artigos sobre o tema. Já na década de 90, publicaram-se 19 artigos, com uma maior produção no ano de 1995, no qual foi abordada amplamente a questão lingüística, via léxico e terminologia. No ano de 1996, publicaram-se quatro artigos que discutiam a questão da representação, via ciência da informação. Dentro desta análise de dados, podemos concluir que a década de 90, independentemente do aumento de fascículos da revista, foi a que mais abordou e produziu sobre o tema lingüística e ciência da informação. Nos anos de 1990, 1994 e 1998, não foram encontrados artigos sobre o tema. O crescimento exponencial de produção científica entre as décadas foi igual, em uma média de cinco artigos.

Todos os assuntos tiveram a média de um autor para cada artigo, sendo que a terminologia e a representação do conhecimento apresentaram dois autores que publicaram mais de um artigo (Anexo 1 ANEXO 1 ). Os assuntos mais discutidos nesta interface foram terminologia, indexação automática, ciência da informação, bibliometria, biblioteconomia, linguagem documentária, base de dados e sistemas especialistas (Anexo 2 ANEXO 2 ). Esta tendência terminológica e tecnológica reflete a preocupação dos teóricos da ciência da informação com a abordagem lingüística.

GRUPO 1: ABORDAGEM TEXTUAL

Os artigos enquadrados neste primeiro grupo da pesquisa tratam da relação teórica entre a lingüística e a ciência da informação. São estudos desenvolvidos com o intuito de descrever ou aprofundar a compreensão dessa interface. Foram selecionados neste grupo nove artigos que abordam as problemáticas da área documental, tais como o acesso à informação, a estruturação e a representação do conhecimento e o uso da informação. Esta parte teórica está fundamentada nos estudos produzidos nos artigos, que foram divididos em quatro subgrupos.

SUBGRUPOS

1.1- Abordagem geral e profunda dos aspectos da linguagem e da linguagem documentária.

1.2- A estruturação e a representação do conhecimento por meio de elementos da linguagem e da psicologia cognitiva.

1.3- Os parâmetros das áreas da documentação e da pesquisa.

1.4- As novas disciplinas que interagem no campo da ciência da informação.

ENFOQUE SUBGRUPO 1.1

Fruto de uma dissertação, este artigo aborda as relações entre a linguagem e o universo da representação formal, objeto da linguagem documentária. É interessante no âmbito desta pesquisa destacar um trecho da introdução dessa dissertação, em que o autor também se pergunta sobre as condições lingüísticas na ciência da informação.

"Então não estaríamos estado, nós, bibliotecários e documentaristas, a fazer lingüistica sem o saber – quase diríamos sem a saber? – a criar linguagens que desejamos tão significativas quanto a natural? a traduzirmos em códigos os textos em nossa custódia? a frasear-lhes o conteúdo em resumos sinaléticos ou informativos, produzindo documentos derivados que dão acesso aos primários, numa palavra, ao comunicarmos ao leitor mensagens que no intuíto de lhe responderem as questões, os autores confiaram ao nosso zelo e guarda?"5 5 WANDERLEY, Manoel Adolpho. Linguagem documentária, acesso à informação : aspectos do problema. Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v.2, n.2, p. 175-217, 1973. p.175.

O texto bastante amplo no sentido de abordagens, discorre sobre várias vertentes, modelos, teorias, idéias e resoluções em que habitam essas interfaces. Analisa a lingüística e suas implicações : fonemas, morfemas, sintagmas. Analisa a semântica, a gramática, a lógica e os domínios da linguagem documentária e seus referentes. Na verdade, o subtítulo "acesso à informação" abre um grande leque de parâmetros que envolvem a linguagem documentária, tendo-se por este motivo uma abordagem teórica múltipla, que em parte engloba todas as outras temáticas dos artigos analisados nesta pesquisa.

ENFOQUE SUBGRUPO 1.2

Os artigos deste subgrupo enfocam o conceito visto pelo prisma do conhecimento e recuperação da informação. O primeiro artigo apresenta a exposição e análise de sistemas de relações semânticas desenvolvidas por Farradane e Guilford, os mecanismos mentais e a origem dos conceitos básicos e os seus níveis de complexidade. São vários os tipos de organização de conceitos.

Coloca também a inter-relação semântica e a psicologia do pensamento na formação de conceitos, visando a uma maior estruturação do conhecimento para maior flexibilidade de uso de termos da classificação geral. Já Dahlberg enfoca toda uma referência do termo conceito, por meio de tipologias, funções, relações e extensão de conceitos. A formação de conceitos pode ser definida segundo Dahlberg como:

"A reunião e compilação de enunciados verdadeiros a respeito de determinado objeto. Para fixar o resultado dessa compilação necessitamos de um instrumento. Este instrumento é constituído pela palavra ou por qualquer signo que possa traduzir e fixar essa compilação. É possível definir, então, o conceito como a compilação de enunciados verdadeiros sobre determinado objeto, fixado por um símbolo lingüístico"6 6 DAHLBERG, Ingetraut. Teoria do conceito. Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 7, n. 2, p. 101-107, 1978. p. 102. .

O terceiro artigo coloca o usuário da informação como o sujeito do conhecimento, baseado nas premissas cognitivas que transformam os processos do saber. Todos esses artigos se utilizam da linguagem e da lingüística como um sistema de relações para estabelecer normas na organização de conceitos.

ENFOQUE SUBGRUPO 1.3

Este subgrupo, representado por dois artigos, apresenta dois autores que retomam e discutem o conteúdo histórico e teórico da área da informação e da comunicação. Fonseca relata, na tentativa de esclarecer a interdependência entre a biblioteconomia, a documentação e a ciência da informação, os fatos relevantes de cada uma dessas áreas, apresentando como delimitadores de fronteiras os seus campos de interseção. O autor contraria a zona de conflito denominada por outros autores e faz uma descrição histórica das áreas da informação, passando pela interdisciplinaridade. A lingüística encontra-se posicionada na área da documentação e da ciência da informação como uma ciência conexa. Mostafa, em seu artigo de teor filosófico, aborda a busca de conhecimento no âmbito da realidade contraditória, identificando as áreas de concentração e contradição das novas disciplinas como uma nova forma para novas ciências e novas revistas. Analisa o contexto da ciência da informação enquanto ciência e disciplina, comparando-a à lingüística, que também remodela seus espaços de conhecimento, gerando novas disciplinas no intuito de se encontrar dentro destes recortes. Coloca a linguagem como uma área fundamental para a ciência da informação e que é pouco desenvolvida pela biblioteconomia, pelo fato de exigir aprofundamento no campo lingüístico.

ENFOQUE SUBGRUPO 1.4

Estes três artigos, datados de 1995 e publicados no mesmo fascículo da revista, abordam o contexto de duas disciplinas: a terminologia e a socioterminologia. A terminologia moderna, fundada por Eugen Wüster em 1931, ganha em 1981 um novo desdobramento da sua metodologia através da disciplina denominada por Jean-Claude Boulanger como socioterminologia. Faulstich, que estuda este assunto no Brasil, contribui com dois desses artigos: o primeiro apresenta a sobreposição da socioterminologia à terminologia. A autora ressalta que esta última disciplina não possui ainda estudos teóricos definidos e já ganha uma releitura da sua metodologia. Faulstich define a socioterminologia como prática de trabalho terminológico que se fundamenta na análise do termo e como disciplina descritiva que estuda o termo sob perspectiva lingüística. Coloca ainda os dois princípios que auxiliam a pesquisa socioterminológica, como a sociolingüística e a etnografia. Em seu segundo artigo, Faulstich destaca a formação de grupos de pesquisa e de profissionais em terminologia pelo Projeto Brasilterm, que tem como finalidade a implantação e a difusão da terminologia científica e técnica no Brasil e nos países da América Latina, visando também ao Mercosul. Dentro desse conteúdo terminológico, Peixoto e Oliveira abordam a metodologia de ensino por computador, com o objetivo de preparar instrumentos para a coleta de dados antes da elaboração de glossário de termos relativos a este ensino, e enfatizam a necessidade de um consenso terminológico, tendo em vista as mudanças no quadro educacional do país. Destacam a elaboração e avaliação de softwares educacionais, o ensino de informática e linguagem própria, além da formação de profissionais para atuar na área.

GRUPO 2: LINGÜÍSTICA E BIBLIOMETRIA

Os artigos enquadrados neste grupo dois da pesquisa tratam das questões estatísticas relacionadas ao campo de interseção entre a lingüística e a bibliometria. Foram selecionados neste grupo apenas dois artigos que abordam a quantificação da informação mediante procedimentos das leis bibliométricas. A ciência da informação, como área abrangente da pesquisa, tem na bibliometria, campo da biblioteconomia, a sua área de estudos quantitativos, pois a bibliometria indica o tratamento quantitativo da comunicação escrita através de várias aplicações, sendo a freqüência das palavras no texto o método mais utilizado. Estabelecida em 1916 por J. B. Estoup e popularizada por G. K. Zipf em 1949, que, segundo Maia, "formulou leis estabelecendo relações entre a ordem de série de uma palavra em ordem de freqüência e a freqüência de seu aparecimento em um texto suficientemente longo"7 7 MAIA, Elza Lima e Silva. Comportamento bibliométrico na língua portuguesa, como veículo de representação da informação. Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 99-138. 1973. p. 99. . Esta primeira lei de Zipf foi baseada na relação empírica observada por Estoup. A segunda lei de Zipf, que se refere às palavras de baixa freqüência, ainda não foi suficientemente estudada para ser aplicada à língua portuguesa. Pela ausência significativa de artigos que tratam deste assunto, em nosso campo empírico, este grupo se restringe a um só subgrupo, que de maneira geral verifica a validade das leis de Zipf para a língua portuguesa.

SUBGRUPO

2.1 - A validade da Lei de Zipf na quantificação da informação.

ENFOQUE SUBGRUPO 2.1

Ambos os artigos analisam a validade da lei de Zipf para a língua portuguesa, sendo que o primeiro se atém à quantificação da comunicação escrita como um todo e o segundo priorisa os métodos estatísticos da análise lingüística via computador. A segunda lei de Zipf, complementada pela fórmula de transição de Goffman, poderá também ser utilizada para a língua portuguesa, conforme estudos apresentados no primeiro artigo deste subgrupo. Os referenciais teóricos dos artigos são o tratamento quantitativo da informação escrita, a freqüência das palavras no texto, as relações entre ordem de série de palavras, palavras de baixa freqüência, uso de fórmula de transição, princípio do menor esforço, palavras de alta freqüência no texto e métodos de análise lingüística. Dentro da análise lingüística, foram examinados os níveis sintático, semântico e fonológico das palavras analisadas no texto.

É importante observar que o artigo de Ribeiro traz um contexto histórico da época, uma vez que analisa um veículo de informação popular em um período de 15 anos dentro da ótica editorial jornalística. Escrito na década de 70, este artigo aborda a contribuição das técnicas computacionais na lingüística. Ribeiro acrescenta que a representação da informação tem como principal veículo a linguagem, sendo por isto obrigatória a interface ciência da informação e lingüística. A primeira estuda os aspectos da comunicação, a segunda estuda a linguagem para a comunicação.

GRUPO 3: A REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO, ABORDAGEM SEMÂNTICA, CONCEITUAL E TERMINOLÓGICA

Os artigos enquadrados neste grupo três da pesquisa tratam dos textos e dos documentos resultantes da área da organização do conhecimento. Os 11 artigos selecionados neste grupo abordam a temática da representação do conhecimento com diversas acepções. O objetivo da ciência da informação é estudar o tratamento e a transmissão da informação mediante procedimentos metodológicos de caráter científico. A contribuição da lingüística neste contexto é fornecer subsídios que auxiliem os outros campos do conhecimento na construção de conceitos e parâmetros que definirão a sua própria estrutura científica. Visando à amplitude de representações deste grupo, os artigos foram divididos em quatro subgrupos para análise.

SUBGRUPOS

3.1- A tradução do termo descritor e a temática do empréstimo lingüístico

3.2- Questões e contribuições filosóficas na representação do conhecimento

3.3- As relações e estruturações lexicográficas

3.4- A estruturação de conceitos visando à recuperação da informação

ENFOQUE SUBGRUPO 3.1

Estes artigos enfocam a tradução do termo descritor pelo processo lingüístico e terminológico, bem como as relações que qualificam o conceito. Abordam-se amplamente os problemas de tradução e a temática da equivalência entre a língua fonte e a língua alvo; assim, os termos sinonímia, homonímia, polissemia, cognatos, neologismos, empréstimos lingüísticos e ambigüidade fazem parte desse referencial teórico. A lingüística, a semântica e as regras gramaticais são consideradas como peças fundamentais no processo de tratamento, normalização, tradução, construção e disseminação da informação através dos descritores. A tradução do termo descritor e a problemática do empréstimo lingüístico são dois dos grandes desafios da era documental, pois prima-se por um termo que represente, de maneira clara e objetiva, a informação por meio da normalização e padronização dos empréstimos lingüísticos que atualmente assolam a terminologia brasileira. O artigo de Nakayama utiliza-se da área da lingüística no processo de construção de descritores, em que descreve as classes gramaticais que servem como base para formar os termos. Esta problemática de uso da lingüística na formação de descritores abrange várias áreas do conhecimento humano, especificamente dentro da área informacional, tais como a terminologia, a tradutologia e, mais recentemente, a socioterminologia – uma hiperespecialização da terminologia. Tanto Nakayama quanto Medeiros, Alves e Miranda abordam este tema de padronização e, embora sob enfoques diferentes, concorrem para o mesmo resultado. Os autores colocam propostas de normalização e esbarram em obstáculos inerentes a estes procedimentos, tais como a sinonímia, a homonímia, a polissemia, os cognatos, os neologismos, a ambigüidade e a equivalência entre a língua fonte e a língua alvo nos empréstimos lingüísticos. Os artigos apontam também para as dificuldades em relação ao prestígio da língua detentora de tecnologia que impõe barreira à normalização brasileira. Como diz Miranda: "A terminologia de informática em língua inglesa parece estar influenciando diferentemente as terminologias brasileira e portuguesa"8 8 MIRANDA, Ligia Maria Café de. Terminologia de informática em língua portuguesa: uma análise lingüística e terminológica. Ciência da Informação, Brasília, v. 18, n. 2, p. 183-190, jul./dez. 1989. p. 183. . Cruz, em artigo do grupo quatro, analisará o impacto desta influência em Portugal. O surgimento de conceitos novos essencialmente de origem inglesa tem na lingüística e na semântica as peças fundamentais para tratar estes fatores extralingüísticos a caminho da normalização brasileira.

ENFOQUE SUBGRUPO 3.2

Os dois únicos artigos deste subgrupo apresentam as questões e as contribuições filosóficas na temática da representação do conhecimento, abordando a representação da informação sem comprometimento de significado. Nestes dois artigos, o foco principal é a contribuição da filosofia da linguagem e da semiótica na representação dos signos documentários da informação controlada. A transferência da informação nos contextos social e técnico pelos processos culturais através de suportes que viabilizem a sua acessibilidade e comunicação. Neste campo, discute-se o valor do signo dentro das temáticas filosófica e lingüística como elemento de linguagem documentária.

ENFOQUE SUBGRUPO 3.3

Estes três artigos abordam as relações morfológicas do léxico na construção do vocabulário especializado, técnico e científico e sustentam a eliminação da informação redundante com base no princípio da economia. Tal princípio representa dois aspectos: o limite de termos e de regras de uma linguagem e a simplificação pela eliminação de termo redundante. Tais características constituem o princípio do menor esforço, que, segundo Correia, "é a eliminação de toda e qualquer informação que possa ser tida como redundante"9 9 CORREIA, Margarita. O léxico na economia da língua. Ciência da Informação, Brasília, v. 24, n. 3, p. 299-307, set./dez. 1995. p. 299. . Estes artigos tratam das estruturas lingüísticas propriamente ditas, porque discutem o léxico, o vocabulário, a palavra, o signo, a língua e toda a gama de termos que envolvem essas relações. Na formação de conceitos e na adoção das linguagens documentárias, é imprescindível a construção do vocabulário como meio de normalização e recuperação da informação. Por outro lado, discute-se também a polissemia das palavras, como coloca Correia, já que "uma mesma palavra é capaz de denotar entidades completamente distintas"10 10 CORREIA, op. cit., p. 304, nota 9. . Não existe uma relação unívoca entre uma forma significante e um conceito, esta mesma forma está relacionada com vários conceitos. Este fato remete ao conceito da metáfora derivada das acepções propostas pelos dicionários e à sinédoque. Dentro dessas extensões de significados, aborda-se também a importância da área lexicográfica como fator de aprimoramento do saber, porque se admite a necessidade de um vocabulário técnico científico como um importante instrumento de pesquisa e sustentação do arcabouço teórico. Nesta discussão, estão incluídos os tesauros, mais especificamente os dicionários e os glossários.

ENFOQUE SUBGRUPO 3.4

Os artigos deste subgrupo abordam o conceito de relevância na análise da comunicação científica e a medida de produção da informação relacionada à representação. O artigo sobre relevância, pioneiro e único no tema na área documental brasileira, coloca o sistema de medida de produção da informação relacionada à estrutura do conhecimento e sua representação. O conceito de relevância na análise da comunicação está intrinsecamente ligado às leis da bibliometria, pois apareceu dentro do contexto de medida de uma fonte de informação e apresenta uma conotação probabilística, como consta do artigo de Figueiredo. Surgido no ano de 1950, na área da recuperação da informação, o conceito de relevância é estudado por cientistas da informação e semanticistas. Segundo estes últimos, "a informação com conteúdo significativo é equivalente à informação relevante"11 11 FIGUEIREDO, Laura Maia de. O conceito de relevância e suas implicações. Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 6, n. 2. p. 75-78, 1977. p. 75, 77. . A autora ainda explica que "a ciência da informação tem tentado entender e explicar o fenômeno relevância através de diversas abordagens, mas ainda existem várias falhas, como as que se relacionam com valores humanos envolvidos na comunicação do conhecimento"12 12 FIGUEIREDO, op. cit., p. 75, nota 11. . Conclui dizendo que o conceito de relevância não pode ser estudado como um fenômeno isolado, pois depende de diversos fatores neste processo de comunicação.

GRUPO 4: O ESTUDO DA INDEXAÇÃO AUTOMÁTICA E DA LINGUAGEM NATURAL

Os nove artigos enquadrados neste grupo quatro da pesquisa tratam dos assuntos indexação automática e linguagem natural na área da automação e recuperação de documentos em diferentes aspectos, como mostram as divisões dos subgrupos. A finalidade deste grupo é apresentar a análise e avaliação dos sistemas de indexação mediados pelo uso do computador e que se pautam na lingüística como área de apoio à sua evolução. Os documentos na linguagem de indexação são tratados pela análise de conteúdo, que consiste na ordenação, separação e classificação desses documentos. Segundo Robredo, a condensação da informação nos documentos e a indexação são tão antigas quanto as bibliotecas, porém estas partes não foram devidamente estudadas e estruturadas como os outros procedimentos da documentação13 13 ROBREDO. Jaime. Documentação de hoje e de amanhã : uma abordagem informatizada da blioteconomia e dos sistemas de informação. São Paulo : Global, 1994. 400 p. p. 201. . Atualmente, a indexação é um dos campos mais estudados pelos especialistas e constitui uma parte de fundamental importância dentro da ciência da informação, pelo avanço tecnológico e o emprego da inteligência artificial na recuperação da informação. De acordo com o histórico de evolução da área de indexação e as abordagens feitas dentro dos artigos, dividiu-se este grupo em três subgrupos para fins de análise.

SUBGRUPOS

4.1 - As abordagens da indexação automática que estudam a aplicação operacional da estrutura de projetos.

4.2 - A recuperação automática e o processamento eletrônico da informação em base de dados.

4.3 - O uso do sintagma nominal no encadeamento da informação.

ENFOQUE SUBGRUPO 4.1

Os artigos inseridos neste subgrupo priorizam a análise dos sistemas automatizados no que tange aos aspectos metodológicos, estruturais e conceituais, bem como a sua aplicação e funcionamento. É comum, entre os estudiosos desta área, a divulgação dos métodos de testagem e operacionalidade destes sistemas, abordando o desempenho das funções de processamento, armazenamento e recuperação da informação, como meio de dar-lhes legitimação. Na relação com a lingüística, os autores dos artigos se utilizam da abordagem semântica e gramatical como suporte de análise desses sistemas de indexação, porém cada um expõe uma temática diferente na medida em que enfocam os principais sistemas, como o Sírius, o Spirit, o Precis e o Automindex. O Sírius é um método de recuperação da informação por meio de linguagens de busca, utilizando palavras-chave com comandos sintáticos e semânticos. O Spirit é um sistema francês que é apresentado como proposta de adaptação para língua portuguesa, com uso da ferramenta da lingüística e da estatística, para recuperar a informação filtrada, sem ambigüidades. O Precis é um sistema de indexação alfabética de assuntos, com metodologia e vocabulário próprio, dotado de sintaxe e semântica especialmente criados para a indexação. O Automindex é um sistema de indexação que se baseia na identificação de palavras ou expressões significativas por eliminação de palavras vazias, através de processos de análise léxica, sintática e semântica dos textos. Estes artigos avaliam o funcionamento destes sistemas objetivando trazer esclarecimentos de como a indexação interfere – positiva ou negativamente –, auxilia ou causa ruído no sistema, diante da formulação de solicitação do usuário, e como, de que maneira, a informação poderá ser apresentada nas bases de dados. A recuperação da informação é hoje um dos grandes desafios da ciência da informação. A fragmentação do conhecimento trouxe para a indexação o desafio constante de se adaptar às novas formas de gerenciar a massa gigantesca de dados acumulados nas bases de dados. O uso de palavras-chave é fundamental para esta recuperação, e a lingüística entra como processo natural na recuperação dessa informação, resolvendo problemas de representação de termos no sistema utilizado pelos usuários. Robredo explica este fenômeno no texto a seguir:

"À medida que o volume dos documentos a processar e a ordenar aumenta além de um certo ponto crítico, não é mais possível contentar-se com a organização dos documentos por grandes classes, pois o usuário exige informações muito mais precisas na representação do conteúdo dos documentos, para poder chegar o mais rapidamente possível a aqueles – e só aqueles – que lhe interessam"14 14 ROBREDO, op. cit., p. 201, nota 13. .

ENFOQUE SUBGRUPO 4.2

Este subgrupo aborda a análise dos níveis de aplicação da informática no contexto da informação automatizada, tendo como princípio comum a recuperação da informação. Cruz apresenta e defende, em seu artigo, o desenvolvimento de uma política voltada para a informática lingüística, com o fim de estabelecer uma cooperação visando ao enriquecimento do vocabulário científico e técnico nacional dos países de língua portuguesa. A autora expõe elementos que definirão as estratégias de defesa da língua portuguesa e da cultura nacional, como meio de resistência aos produtos estrangeiros no que tange à aceitação da linguagem desses produtos. Já Mamfrim & Brito abordam a questão do tratamento automático das linguagens naturais, com análise da gramática empregada no texto. Mamfrim destaca três pontos: a problemática da representação e recuperação da informação via computador, a ausência de uma filosofia política para a indexação e a possibilidade de uma recuperação automática de texto integral em língua portuguesa, com aplicações da semântica nas palavras representadas no texto. Os artigos apresentam a normalização do termo em língua portuguesa, no entanto cada um aborda um ângulo do problema.

ENFOQUE SUBGRUPO 4.3

Único sobre o tema em toda a pesquisa, este artigo traz uma abordagem alternativa para o uso do sintagma nominal como estruturação do encadeamento do texto, visando ao tratamento e a uma recuperação eficaz da informação em bases de dados. Neste artigo, o sintagma nominal serve como acesso ao documento informatizado. Destacando os elementos necessários ao uso de um sistema de recuperação de informação, aborda ainda a função dos descritores e o significado isolado ou em conjunto de um mesmo termo. Kuramoto afirma que "não se deve confundir significado com referente. As palavras passam a ter um valor referencial a partir do momento em que elas passam fazer parte de um universo do discurso"15 15 KURAMOTO, Hélio. Uma abordagem alternativa para o tratamento e a recuperação da informação textual : os sintagmas nominais. Ciência da Informação, Brasília, v. 25, n. 2, p. 182-192, maio/ago. 1996. p. 183. . Apresenta figuras das estruturas de análise considerando os níveis de forma absoluta e a relatividade dos seus níveis.

GRUPO 5: AS RELAÇÕES CURRICULARES

Os artigos enquadrados neste grupo cinco da pesquisa tratam da formação profissional no contexto lingüístico. Foram selecionados cinco artigos que tratam de maneira ampla a questão da formação do profissional da informação sob diferentes pontos de vista, porém todos engajados na necessidade de maior reflexão desse profissional no seu campo de atuação. A biblioteconomia no Brasil, que teve o seu início nos porões da Biblioteca Nacional, está hoje em um patamar bastante evoluído em relação às questões de ensino, em que se procura adequar os cursos para as necessidades profissionais do mercado, criando outros cursos complementares à formação, tais como os cursos de especialização e de pós-graduação stricto sensu. Como as abordagens dos artigos são idênticas, pois fazem uma reflexão sobre a profissão, examinaremos os cinco artigos dentro de um único subgrupo.

SUBGRUPO

5.1 - As relações curriculares da lingüística com a biblioteconomia, a documentação e a ciência da informação.

ENFOQUE SUBGRUPO 5.1

São abordados e apontados diferentes pontos de vista da formação profissional, com destaques para a parte intelectual e reflexiva deste profissional. Mueller examina o conteúdo histórico da formação, Shera destaca o seu caráter social, Baranow e Boulanger abordam a formação do especialista e cientista da informação, e Lucas questiona a intelectualidade do bibliotecário. A grande preocupação do bibliotecário, do cientista da informação ou especialista da informação é tornar acessível a informação produzida mediante a democratização do conhecimento humano. Tratar e transmitir informação implica e requer conhecimento não só da área biblioteconomica, mas também conhecimento de lingüística, pois a interdependência do conhecimento trouxe complexidade à informação, e, para que ela seja transmitida e entendida dentro do contexto do usuário, é necessária uma estrutura semântica adequada. Shera, em artigo social e filosófico, aborda a interdependência e a fragmentação do conhecimento, demonstrando preocupação com o registro e posterior recuperação deste conhecimento. Destaca e enaltece a figura do bibliotecário como agente principal neste processo de socialização da informação, reunindo áreas de fundamental importância, como a epistemologia e a semântica. Baranow destaca a contribuição da lingüística na área da informação e a sua importância na formação de profissionais que irão atuar neste campo, principalmente os terminólogos. Ressalta as novas disciplinas que necessitam de apoio lingüístico para se estabelecerem como teoria e enfatiza os aspectos da lingüística relevantes para a ciência da informação. Mueller faz mais uma retomada do contexto histórico da biblioteconomia no Brasil, na qual traça um perfil deste ensino abordando questões curriculares e a reformulação dos programas de ensino. Este último artigo é importante pelas análises curriculares e profissionais apresentadas, dando uma idéia da evolução da formação profissional nestes últimos 15 anos. Também de teor curricular, Boulanger reafirma a necessidade de maior conhecimento lingüístico para o profissional da informação. Boulanger diz: "A terminologia está situada na junção de diversas disciplinas das ciências da linguagem"16 16 BOULANGER, Jean-Claude. Alguns componentes lingüisticos no ensino da terminologia. Ciência da Informação. Brasília, v.24, n. 3, p. 313-318, set./dez. 1995. p. 317. . Estas disciplinas inerentes à área da Lingüística são atualmente as mais discutidas no âmbito da ciência da informação. Lucas, por sua vez, coloca dois pontos: a análise do discurso pela prática bibliotecária e a leitura de textos como prática simbólica inserida no conjunto de práticas profissionais e sociais. Discorre sobre os métodos e tratamento da informação através da leitura, com o fim de torná-la acessível pela gestão do conhecimento, representada na capacidade de leitura, análise e interpretação do profissional da informação.

GRUPO 6: AS TECNOLOGIAS DOS SISTEMAS ESPECIALISTAS E A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Os artigos enquadrados neste grupo seis da pesquisa abordam o processamento e o tratamento automático da informação por sistemas especialistas. Foram selecionados neste grupo quatro artigos que discutem a estrutura, os modelos e usos operacionais dos sistemas especialistas, que atuam como provedores de informação e agentes na interação com o usuário, gerenciando massas de informações. A função e o objetivo dos sistemas especialistas é tornar mais ágil e dinâmico o processo de uso e recuperação da informação, ou seja, facilitar a interface homem/máquina.

Pautado neste raciocínio, os sistemas especialistas, dentro do contexto da inteligência artificial, apresentam o componente lingüístico e semântico como fator de comunicação auxiliar. Os quatro artigos têm em comum vários pontos: a preocupação da recuperação da informação pelo usuário; a comunicação entre especialista, usuário e máquina; a disponibilidade de várias leituras de um mesmo texto e a eficácia dos sistemas especialistas. Como todos os artigos abordam o processamento de recuperação da informação no sistema, analisaram-se todos os artigos em um só subgrupo.

SUBGRUPO

6.1 Os sistemas especialistas e a temática da inteligência artificial para uso na recuperação da informação.

ENFOQUE SUBGRUPO 6.1

Nestes quatro artigos, o ponto principal é o usuário. Segundo Figueiredo, "estudos de usuários são investigações que se fazem para saber o de que os indivíduos precisam em matéria de informação, ou então, para saber se as necessidades de informação por parte dos usuários de uma biblioteca ou de um centro de informação estão sendo satisfeitas de maneira adequada"17 17 FIGUEIREDO, Nice Menezes de. Estudos de uso e usuários da informação. Brasília : IBICT, 1994. 154 p. p.7. . O advento do computador no tratamento e processamento da informação alterou as atividades documentárias. Os sistemas especialistas desenvolvidos a partir da inteligência artificial trabalham os processos de comunicação homem/máquina. Os sistemas especialistas têm a preocupação de oferecer várias leituras a partir da automatização do texto em linguagem de computador. A introdução do analisador semântico nos sistemas especialistas tem a finalidade de proporcionar uma recuperação eficaz, por meio da facilidade de comunicação. Cassim relata em seu artigo as mudanças culturais, as vantagens do uso da informática e o ponto de vista do usuário que terá ao seu dispor uma série de informações através de uma nova maneira de gerenciamento do conhecimento. Furnival e Mendes abordam os sistemas especialistas como ferramenta para viabilizar a comunicação via inteligência artificial. Já Sayão enfoca a representatividade da linguagem documentária como uma metalinguagem com semântica e sintaxe própria e a recuperação dessa informação.

GRUPO 7: A CLASSIFICAÇÃO DECIMAL UNIVERSAL E A LINGÜÍSTICA

Os artigos enquadrados neste grupo sete da pesquisa tratam da abordagem, na Classificação Decimal Universal (CDU), da questão da lingüística e da linguagem. Foram selecionados neste grupo apenas dois artigos: o primeiro trata da ausência da lingüística na CDU; o segundo, da questão da normalização da linguagem nas tabelas de classificação. A CDU, traduzida, editada e difundida no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Informação Ciência e Tecnologia (IBICT), é um esquema de classificação de assuntos em língua portuguesa registrados em qualquer tipo de documento. Derivada originalmente da Classificação Decimal de Dewey (CDD), incorpora as mesmas categorias de divisão, sendo mais representativa e flexível na organização de acervos documentais, permitindo o livre acesso dos usuários ao acervo. Apesar da representatividade do tema em apenas dois artigos, este grupo terá dois subgrupos de análise, haja vista a questão da CDU ser bastante ampla.

SUBGRUPOS

7.1- O atraso no desenvolvimento da CDU em relação ao campo lingüístico.

7.2- A ausência de normalização e o uso da linguagem nas tabelas de classificação.

ENFOQUE SUBGRUPO 7.1

Neste subgrupo da pesquisa, abordam-se as questões de atualização do desenvolvimento processado no campo lingüístico, bem como a ausência de acompanhamento da temática de divisão e denominação destes campos. A falta de aprofundamento das questões semânticas compõe o conteúdo do artigo, que traz um enfoque de revisão e análise crítica da Classificação Decimal Universal, classe 8. Datado de 1975, o artigo retrata a análise feita pelas autoras Carvalho e Carvalho, no contexto da CDU – edição desenvolvida em língua portuguesa da Classe 8 – publicada neste mesmo ano e atualizada até 1973. Antes da revisão e análise crítica da CDU, as autoras procederam a uma revisão histórica fundamental da lingüística para embasamento do seu estudo. A semântica como fator principal do texto recebeu uma análise profunda da sua origem e evolução, desde a revolução da ciência das significações causada por Michel Bréal (1904) e mais tarde por Noam Chomsky (1965), que incluiu a semântica nos estudos lingüísticos. A semântica hoje está alojada nos estudos da psicologia, sociologia e lógica, o que gerou três categorias de semântica. A semântica voltada para a psicologia trata de resolver problemas da comunicação cognitiva entre os seres humanos. A voltada para os estudos da lógica trata da questão do signo e do objeto, com a aplicação do significado correto. No campo da sociologia, tenta esclarecer as relações entre a forma e o significado de uma palavra (termo) que interage na comunicação do indivíduo com a sociedade. Dentro desse contexto, as autoras ainda colocam três aspectos interdependentes considerados pela semântica: o geral, o lógico e o lingüístico. Através de conceitos básicos, as autoras expõem a confusão dos termos e dos significados que variam de acordo com o olhar de cada estudioso da área lingüística. Enfocam a chegada da análise semântica à terminologia, ao estudo dos signos, às representações, aos símbolos e finalmente às referências documentais. Apresentam as análises, as versões diversas e as divergências terminológicas entrando no campo propriamente dito da CDU, em que constatam a ausência de influência das teorias lingüísticas. Alertam para a aplicação inadequada dos termos lingüística, filologia, literatura, ou seja, a junção destes no assunto, como também a ausência da semântica na divisão hierárquica superior e a sua subordinação à gramática. Analisam a questão semântica/CDU pela definição da mesma e pela gramática gerativa moderna (1973), concluindo que não houve evolução da lingüística dentro da estrutura da CDU. Dentro do contexto deste subgrupo, surgiu a necessidade de se verificar a atualização e evolução ocorrida na CDU nas duas últimas décadas, no que se refere ao campo da lingüística (ANEXO 3 ANEXO 3 ).

ENFOQUE SUBGRUPO 7.2

Voltado para o campo histórico e ideológico, Cunha coloca a questão da documentação africanista, em que denuncia a ausência de uso de uma linguagem adequada para o registro e a classificação desses documentos. Relata a dispersão e as dificuldades de recuperação dessas informações, visto que os termos utilizados, quando encontrados em tabelas de classificação, são de teor ideológico. Segundo a autora, as classificações relegam a África e seus assuntos afins, porque não existem conceitos que a representem no âmbito de história, geografia, língua, cultura e economia neste instrumento do conhecimento humano. Reclama por uma linguagem própria, estruturada, como vocabulários controlados e tesauros elaborados por equipes compostas de bibliotecários/documentalistas e especialistas de África em diferentes áreas, como a antropologia, a sociologia, a lingüística e a economia. Conclui que, somente com uma linguagem estruturada reunindo o consenso dos países de língua portuguesa, poder-se-á chegar à obtenção de um instrumento capaz de transferir o produto informação desvinculado da ideologia dessa documentação.

CONCLUSÃO E SUGESTÃO FINAL

Na linha de estudos adotada por esta pesquisa, apresentaram-se várias alternativas de análise, pela própria complexidade do assunto documentação. Optou-se, na conclusão final, pela análise em três grandes grupos. Como foi dito antes, a documentação se caracteriza pelo todo e pela parte. Este questionamento surge a partir do momento em que se sai do âmbito da ciência da informação e se insere no contexto da lingüística, que tem o poder de englobar tudo dentro do fator linguagem. Exercitaram-se, nesta pesquisa, várias formas de linguagem: linguagem documentária, linguagem do conhecimento, linguagem de indexação, linguagem tecnológica, linguagem de sistemas, linguagem curricular, linguagem bibliométrica, linguagem normativa, linguagem artificial, linguagem natural, linguagem teórica, linguagem cognitiva, linguagem do pensamento, linguagem terminológica, linguagem intelectual. O essencial de todas estas linguagens não são as suas partes, mas sim o todo, que é a linguagem, que torna as partes dependentes de um princípio de análise, pois a linguagem é o próprio objeto do conhecimento.

Em toda a pesquisa, pôde-se constatar a dependência da ciência da informação representada pela gama de problemas informacionais que buscam soluções no campo da lingüística. Através da análise dos grupos apresentados, pode-se concluir que conhecimento, informação e representação envolve uma série de atividades e processos de conceitualização e operacionalização, ou seja, produção, tratamento, processamento e disseminação.

Os artigos que serviram de base para este estudo mostraram que o acesso à informação, a análise de conteúdo, a estruturação de conceitos, a representação e a geração de novos conhecimentos implicam uma série de linguagens que são dependentes entre si, pelas suas partes, como confirma Hjelmslev, quando diz que a totalidade não se compõe de objetos, mas de dependências18 18 HJELMSLEV, Louis. Prolegômenos a uma teoria da linguagem. São Paulo: Perspectiva, 1961. 147 p. p. 28. . Este fato explica o relacionamento, a interface imposta pela evolução do conhecimento à lingüística e à ciência da informação presente em todos os campos abrangidos pela pesquisa, como veremos a seguir.

A abordagem temática dos artigos caracterizou-se pela generalização dos problemas informacionais, nos quais se busca entender os mecanismos mentais, os níveis de complexidade e as metodologias aplicadas à estruturação de conceitos, que são a base fundamental das linguagens científicas e que dependem de uma formulação lingüística para mediar o seu conhecimento teórico. As abordagens bibliométricas, indexatórias e tecnológicas demonstraram afinidades ímpares pelo seu grau de dependência das linguagens, pois uma interfere na concepção da outra. As abordagens classificatórias, que organizam o registro do conhecimento através das normas bibliográficas, estão diretamente ligadas à linguagem do conhecimento. Estas questões são de fundamental importância, se voltadas para o campo de construção teórica da ciência da informação, que está situada entre o tecnológico e o humano, pois atualmente os avanços tecnológicos afetam o conceito e o uso da informação, que por sua vez afetam a própria estruturação do conhecimento.

Alguns teóricos da área da informação não reconhecem esta dependência, e isto se deve ao fato de a ciência da informação ser uma ciência relativamente nova e imatura, à qual falta consenso, segundo o modelo de evolução da ciência formulado por Kuhn19 19 KUHN apud EUGÊNIO, Marconi. A ciência da informação sob a ótica paradigmática de Thomas Kuhn : elementos de reflexão. Perspectiva em ciência da informação. Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 27-39, jan./jun. 1996. p.34. . A ciência da informação procura absorver e ocupar o espaço vazio deixado pela biblioteconomia, que, segundo Mostafa, recusou maiores aprofundamentos teóricos no campo da lingüística como base para entender as normas documentárias.

O fato de tratar e transmitir conhecimento coloca na ciência da informação, e só nela, a responsabilidade de aprofundamento no campo das ciências humanas e das ciências sociais, e este processo não se fará sem uma abordagem lingüística própria, pois a informação hoje adquiriu caráter estratégico, tornando-se um elemento de influência e poder em toda a esfera do conhecimento humano. Quem se ocupar de como, quando, onde, por que a informação surge e quem a produz e qual o seu fluxo e destino final também deverá se ocupar da linguagem das linguagens como meio de viabilizar o seu objeto de estudo, e esta é a tarefa da ciência da informação. Se a lingüística atualmente desenvolve, no seu contexto pragmático, áreas essencialmente aplicativas, como a terminologia, a tradutologia, a linguagem computacional, a sociolingüística, a socioterminologia, a textologia, a lingüística matemática entre outras, citadas por Baranow em seu artigo, também a ciência da informação deverá desenvolver estudos aplicativos para estruturar e fundamentar a sua teoria. É no ato de conhecer (linguagem) e de representar (conteúdo) que a ciência da informação definirá o seu objeto de estudo – a informação –, e esta informação não pode ser formulada sem uma linguagem dependende, porém própria. A ciência da informação não deve esperar soluções prontas provenientes da lingüística, pois esta está redimensionando o seu campo teórico, escolhendo universos de pesquisa mais limitados e desenvolvendo novas perspectivas com o objetivo de explicar o seu fenômeno.

Apesar de pouca literatura produzida a respeito desta interseção e apesar da dispersão constatada ao longo dessas três décadas, este é o caminho, pois os estudos e pesquisas efetivados e o debate fazem parte da construção do arcabouço teórico, conferindo validade ao conhecimento produzido. Teóricos como Dahlberg, que desenvolve a Teoria do Conceito, e Wüster, autor da Teoria da Terminologia, procuram soluções para os problemas sistemáticos de construção e representação do conhecimento. Baranow, Boulanger e Faulstich, ligados à terminologia e à socioterminologia, enfatizam, em seus artigos, que esta dependência por parte da ciência da informação só será resolvida quando se fizer um estudo no universo da lingüística e áreas afins e integrá-lo ao programa de formação acadêmica dos futuros cientistas da informação e, a partir daí, formalizar uma linguagem própria que trará subsídios para o desenvolvimento da área da ciência da informação. Kobashi, em artigo recente sobre as interfaces documentárias, analisa todos os campos, áreas, processos e procedimentos da documentação no intuito de sistematizar a interface lingüística e ciência da informação e buscar unificação teórica para o campo da informação20 20 KOBASHI, Nair Yumiko. Análise documentária e representação da informação. Informare : Cadernos de Pós-graduação em Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 5-27, jul./dez. 1996. p. 22. . Coloca a importância da crítica sobre os conhecimentos já instalados para que se possa a partir desse ponto propor novos caminhos. A nova tendência apontada por Kobashi é a interseção terminologia e análise documentária; a primeira pertencente ao campo da lingüística, e a segunda, ao campo comutador da biblioteconomia, da documentação e da ciência da informação. São essas duas subáreas que buscarão rigor para as práticas de construção de vocabulários para fins de documentação nos próximos anos. Neste contexto, temos poucas linhas de pesquisa relacionadas à organização do conhecimento e à recuperação da informação sendo desenvolvidas no país.

A capacidade de exercitar e transitar por diversos tipos de linguagem sem esquecer as suas bases teóricas é a meta da ciência da informação, pois a representação e a recuperação da informação estão inseridas em todas as áreas do conhecimento humano. É necessário que os órgãos de ensino e pesquisa se integrem na tarefa de viabilizar cursos de formação de profissionais especializados para fomentar cada vez mais esses estudos e processar novos conhecimentos que trarão fundamentação teórica, disciplinar e científica à ciência da informação. Faulstich coloca em seu artigo que a formação de pessoal especializado depende da autonomia da terminologia, ou seja, que ela seja inserida nos cursos de graduação e de pós-graduação.

O objetivo deste trabalho, a partir do levantamento dessa pesquisa, que teve origem em sala de aula devido à ausência de informação a respeito do assunto lingüística e linguagem documentária, é trazer à pauta a necessidade de discussão e reflexão a respeito da formação dos próximos profissionais da informação. Como parte integrante da problemática lingüística e ciência da informação, colocamos aqui a sugestão de que seja implantada, nas universidades brasileiras, no âmbito da graduação e da pós-graduação em biblioteconomia e documentação, a disciplina terminologia, com a finalidade de preparar melhor esses profissionais que atuarão na área de organização do conhecimento e a recuperação da informação, uma vez que a indústria das línguas e o mercado tecnológico dominam a área da informação. A linguagem atualmente assume grande importância diante do poder tecnológico, e a língua é o principal patrimônio, que tem na terminologia um instrumento de política lingüística. Toda esta questão visa a formar profissionais competentes com múltiplas possibilidades de atuação, que poderão desenvolver as suas atividades em qualquer área do conhecimento humano.

Artigo aceito para publicação em 24-10-2000

Nota: trabalho monográfico de conclusão do Curso de Especialização em Organização do Conhecimento para Recuperação da Informação, 2000 – Universidade do Rio de Janeiro.

ALTERAÇÕES OCORRIDAS NA CDU NAS DUAS ÚLTIMAS DÉCADAS

Tendo como principal objetivo verificar o grau de interação entre a Lingüística e a Ciência da Informação e sendo o código de Classificação Decimal Universal (CDU) um representante formal da estruturação do conhecimento reconhecido e viabilizado pela área da Ciência da Informação e um instrumento de trabalho dos profissionais que lidam com a organização do conhecimento e a recuperação da informação, este estudo, dentro do seu contexto da pesquisa, buscou registrar e disponibilizar as atualizações ocorridas nas duas últimas décadas na CDU. Dada a própria natureza de revisão e atualização constante do Sistema de Classificação (CDU), procurou-se verificar a evolução registrada nas edições em língua portuguesa dos anos de 1987 e de 1997, em que se constata a preocupação deste instrumento com a referida evolução nas áreas da informação e da linguagem. A edição de 1987 ainda traz a Lingüística ligada à Literatura e à Filologia. No sumário, lê-se Linguagem, Lingüística, Literatura. A classe 800/800.958, Questões Gerais de Lingüística, é dedicada as línguas e linguagens e suas fases de desenvolvimento. A classe 801, Lingüística e Filologia em geral, trata da estrutura da língua, como ortografia, oração, lexicologia, vocabulário, dicionário, fonética, gramática, prosódia. A classe 802 a 809 trata das línguas específicas. A classe 82 é dedicada à literatura em geral. A classe 820 a 899 trata das literaturas de diversas línguas e não está completamente desenvolvida.

A edição de 1997 dedica a classe 80 à Filologia e toda a classe 81 aos estudos de Lingüística e Línguas. Apresenta auxiliares especiais para serem usados na classe 81, para indicar o assunto da Lingüística ou geral e também em combinação com as subdivisões 811 para os aspectos lingüísticos de determinadas línguas ou grupos de língua. Apresenta a classe 81´1 Lingüística Geral, onde podem ser classificados textos sobre Lingüística, bem como documentos que abordem vários assuntos de Lingüística. A classe 81´16 é dedicada à Metateoria da Lingüística. A classe 81´2/´44 aborda as áreas temáticas e facetas da Lingüística, como a Teoria geral dos signos em relação à Lingüística, Semiologia, Semiótica; a Psicolingüística; a Teoria da Tradução; a Sociolingüística; a Lingüística Geográfica. Dialetologia; a Lingüística Matemática, a Lingüística Computacional e Estatística; a Lingüística Aplicada; a Fonética, a Fonologia; a Ortografia; a Gramática. Morfologia. Sintaxe; a Semântica. Lexicologia. Lexicografia; a Estatística G]eral; a Análise do Discurso; Lingüística Tipológica. Algumas dessas subclasses estão bastante desenvolvidas, outras não, inclusive a Semântica. As línguas de maneira geral são apresentadas nas divisões principais da classe 811. A literatura encontra-se toda na classe 82. Esta versão de 1997, que teve como ponto de partida a edição de 1987 e se apresenta atualizada até 1995, traz melhor distribuição dos assuntos dentro da sua temática própria, sendo um pouco mais enriquecida de termos nas divisões de Língua, Lingüística, Literatura. O objetivo deste anexo não foi fazer uma análise apurada dessas duas edições; mesmo porque, este não é o objetivo deste trabalho; mas, sim, fazer constar de maneira superficial, porém embasada, a evolução ocorrida no registro da Lingüística dentro do contexto da CDU.

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  • 11. MAIA, Elza Lima e Silva. Comportamento bibliométrico na língua portuguesa, como veículo de representaçăo da informaçăo. Cięncia da Informaçăo, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 99-138. 1973.
  • 12. RIBEIRO, Lais A. Aplicaçăo dos métodos estatísticos e da teoria da informaçăo e da comunicaçăo na análise lingüística: estudo da linguagem jornalística. Cięncia da Informaçăo, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, p.151-154, 1974.
  • 13. NAKAYAMA, Haruka. Traduçăo e adaptaçăo de tesauros. Cięncia da Informaçăo, Brasília, v. 15, n. 1, p. 5-25, jan./jun. 1986.
  • 14. MEDEIROS, Marisa B. Basilio. Terminologia brasileira em cięncia da informaçăo: uma análise. Cięncia da Informaçăo, Brasília, v. 15, n. 2, p. 135-142, jul./dez. 1986.
  • 15. ALVES, Ieda Maria. Empréstimos nas línguas de especialidade : algumas consideraçőes. Cięncia da Informaçăo, Brasília, v. 24, n. 3, p. 319-321, set./dez. 1995.
  • 16. MIRANDA, Ligia Maria Café de. Terminologia de informática em língua portuguesa: uma análise lingüística e terminológica. Cięncia da Informaçăo, Brasília, v. 18, n. 2, p. 183-190, jul./dez. 1989.
  • 17. CORREIA, Margarita. O léxico na economia da língua. Cięncia da Informaçăo, Brasília, v. 24, n. 3, p. 299-307, set./dez. 1995.
  • 18. FIGUEIREDO, Laura Maia de. O conceito de relevância e suas implicaçőes. Cięncia da Informaçăo, Rio de Janeiro, v. 6, n. 2, p. 75-78, 1977.
  • 19. ROBREDO. Jaime. Documentaçăo de hoje e de amanhă : uma abordagem informatizada da biblioteconomia e dos sistemas de informaçăo. Săo Paulo : Global, 1994. 400 p.
  • 20. CRUZ, Rogéria. A informática lingüística e o futuro do portuguęs: elementos para a definiçăo de uma política nacional em Portugal. Cięncia da Informaçăo, Brasília, v. 15, n. 1, p. 27-32, jan./jun. 1986.
  • 21. MAMFRIM, Flávia P. Braga. Representaçăo de conteúdo via indexaçăo automática em textos integrais em língua portuguesa. Cięncia da Informaçăo, Brasília, v. 20, n. 2, p.191-203, jul./dez. 1991.
  • 22. BRITO, Marcílio de. Sistemas de informaçăo em linguagem natural: em busca de uma indexaçăo automática. Cięncia da Informaçăo, Brasilia, v. 21, n. 3, p. 223-232, set./dez.1992.
  • 23. KURAMOTO, Hélio. Uma abordagem alternativa para o tratamento e a recuperaçăo da informaçăo textual : os sintagmas nominais. Cięncia da Informaçăo, Brasília, v. 25, n. 2, p. 182-192, maio/ago. 1996.
  • 24. MÜELLER, Suzana P. Machado. O ensino de biblioteconomia no Brasil. Cięncia da Informaçăo, Brasília, v. 14, n. 1 p. 3-15, jan./jun. 1985.
  • 25. SHERA, Jesse. Epistemologia social, semântica geral e biblioteconomia. Cięncia da Informaçăo, Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, p. 9-12. 1997.
  • 26. BARANOW, Ulf Gregor. Perspectivas na contribuiçăo da lingüística e de áreas afins a cięncia da informaçăo. Cięncia da Informaçăo, Brasília, v. 12, n. 1, p. 23-35, 1983.
  • 27. BOULANGER, Jean-Claude. Alguns componentes lingüísticos no ensino da terminologia. Cięncia da Informaçăo, Brasília, v. 24, n. 3, p. 313-318, set./dez. 1995.
  • 28. LUCAS, Clarinda Rodrigues. Biblioteconomia: produçăo e administraçăo da interpretaçăo. Cięncia da Informaçăo, Brasília, v. 26, n. 1, p. 46-53, jan./abr. 1997.
  • 29. FIGUEIREDO, Nice Menezes de. Estudos de uso e usuários da informaçăo Brasília : IBICT, 1994. 154 p.
  • 30. CASSIM, Marisa B. A informática e a evoluçăo dos centros de informaçăo a serviço de mudanças culturais. Cięncia da Informaçăo, Brasília, v. 11, n. 1, p. 61-67, 1982.
  • 31. FURNIVAL, Ariadne Chloé. Delineando as limitaçőes : sistemas especialistas e conhecimento tácito. Cięncia da Informaçăo, Brasília, v. 24, n. 22, p. 204-210, maio/ago. 1995.
  • 32. MENDES, Raquel Dias. Inteligęncia artificial : sistemas especialistas no tratamento da informaçăo. Cięncia da Informaçăo, Brasília, v. 26, n. 1, p. 39-45, jan./abr. 1997.
  • 33. SAYĂO, Luis Fernando. Base de dados; a metáfora da memória científica. Cięncia da Informaçăo, Brasília, v. 25, n. 3, p. 314-318, set./dez. 1996.
  • 34
    CLASSIFICAÇÃO Decimal Universal : edição média em língua portuguesa. 2. ed. Brasília : IBICT, 1987. 505 p.
  • 35
    CLASSIFICAÇÃO Decimal Universal : edição padrão internacional em língua portuguesa. Brasília : IBICT, 1997. 1006 p.
  • 36. CARVALHO, Abigail de Oliveira; CARVALHO, Maria Beatriz P. de. A semântica e a Classificaçăo Decimal Universal. Cięncia da Informaçăo, Rio de Janeiro, v. 4, n. 2. p. 91-102. 1975
  • 37. CUNHA, Isabel Maria R. Ferin. Documentaçăo africanista : linguagem e ideologia. Cięncia da Informaçăo, Brasília, v. 16, p. 1, p. 37-40, jan./jun. 1987.
  • 38. HJELMSLEV, Louis. Prolegômenos a uma teoria da linguagem Săo Paulo : Perspectiva, 961. 147 p.
  • 39. EUGĘNIO, Marconi. Cięncia da informaçăo sob a ótica paradigmática de Thomas Kuhn : elementos de reflexăo. Perspectiva em Cięncia da Informaçăo, Belo Horizonte, v.1, n. 1, p. 27-39, jan./jun. 1996.
  • 40. KOBASHI, Nair Yumiko. Análise documentária e representaçăo da informaçăo. Informare. Cadernos de Pós-Graduaçăo em Cięncia da Informaçăo, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 5-27, jul./dez. 1996.

ANEXO 1

ANEXO 2

ANEXO 3

  • 1
    FOUCAULT, Michel.
    As palavras e as coisas. São Paulo : Martins Fontes, 1999. 541 p. p. 107.
  • 2
    MOLES, Abraham Antoine.
    Sociodinâmica da cultura. São Paulo : Perspectiva, 1974. 336 p., p. 22
  • 3
    DUBOIS, Jean et al.
    Dicionário de Lingüística. São Paulo : Cultrix, 1973. 653 p.
  • 4
    FOUCAULT,
    op. cit., p. 113-114.
  • 5
    WANDERLEY, Manoel Adolpho. Linguagem documentária, acesso à informação : aspectos do problema.
    Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v.2, n.2, p. 175-217, 1973. p.175.
  • 6
    DAHLBERG, Ingetraut. Teoria do conceito.
    Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 7, n. 2, p. 101-107, 1978. p. 102.
  • 7
    MAIA, Elza Lima e Silva. Comportamento bibliométrico na língua portuguesa, como veículo de representação da informação.
    Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 99-138. 1973. p. 99.
  • 8
    MIRANDA, Ligia Maria Café de. Terminologia de informática em língua portuguesa: uma análise lingüística e terminológica.
    Ciência da Informação, Brasília, v. 18, n. 2, p. 183-190, jul./dez. 1989. p. 183.
  • 9
    CORREIA, Margarita. O léxico na economia da língua.
    Ciência da Informação, Brasília, v. 24, n. 3, p. 299-307, set./dez. 1995. p. 299.
  • 10
    CORREIA,
    op. cit., p. 304, nota 9.
  • 11
    FIGUEIREDO, Laura Maia de. O conceito de relevância e suas implicações.
    Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 6, n. 2. p. 75-78, 1977. p. 75, 77.
  • 12
    FIGUEIREDO,
    op. cit., p. 75, nota 11.
  • 13
    ROBREDO. Jaime.
    Documentação de hoje e de amanhã : uma abordagem informatizada da blioteconomia e dos sistemas de informação. São Paulo : Global, 1994. 400 p. p. 201.
  • 14
    ROBREDO,
    op. cit., p. 201, nota 13.
  • 15
    KURAMOTO, Hélio. Uma abordagem alternativa para o tratamento e a recuperação da informação textual : os sintagmas nominais.
    Ciência da Informação, Brasília, v. 25, n. 2, p. 182-192, maio/ago. 1996. p. 183.
  • 16
    BOULANGER, Jean-Claude. Alguns componentes lingüisticos no ensino da terminologia.
    Ciência da Informação. Brasília, v.24, n. 3, p. 313-318, set./dez. 1995. p. 317.
  • 17
    FIGUEIREDO, Nice Menezes de.
    Estudos de uso e usuários da informação. Brasília : IBICT, 1994. 154 p. p.7.
  • 18
    HJELMSLEV, Louis.
    Prolegômenos a uma teoria da linguagem. São Paulo: Perspectiva, 1961. 147 p. p. 28.
  • 19
    KUHN
    apud EUGÊNIO, Marconi. A ciência da informação sob a ótica paradigmática de Thomas Kuhn : elementos de reflexão.
    Perspectiva em ciência
    da informação. Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 27-39, jan./jun. 1996. p.34.
  • 20
    KOBASHI, Nair Yumiko. Análise documentária e representação da informação.
    Informare : Cadernos de Pós-graduação em Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 5-27, jul./dez. 1996. p. 22.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      15 Fev 2001
    • Data do Fascículo
      Dez 2000

    Histórico

    • Aceito
      24 Out 2000
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