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Bases de dados de informação para negócios no Brasil

Brazilian business databases

Resumos

Não existe atualmente uma publicação que compile e caracterize as fontes brasileiras de informação para negócios. O estudo aqui relatado contribuiu para o melhor conhecimento dessas fontes, identificando, selecionando, descrevendo, compilando e avaliando bases de dados brasileiras nas áreas de informações jurídicas, financeiras, sobre empresas e produtos, estatísticas e indicadores econômicos, oportunidades de negócios, vocabulário, investimento, biográficas, bem como bases de dados bibliográficas em temas como administração e economia. As descrições das bases de dados identificadas no projeto estão disponibilizadas no URL: <A HREF="http://www.eci.ufmg.br/cendon/pesquisa.htm">http://www.eci.ufmg.br/cendon/pesquisa.htm</A>. Este artigo oferece uma visão geral das bases identificadas, narra a metodologia utilizada para seu levantamento e descrição e analisa o conjunto das fontes de informação obtidas e de seus produtores.

Informação para negócios; Bases de dados


Presently, there is not a publication that compiles and characterizes the Brazilian information sources for business. The study, here reported, has contributed for a better knowledge of these sources, identifying, selecting, describing, compiling and evaluating Brazilian databases in the areas of juridical and financial information about enterprises and products, statistics and economic indicators, business opportunities, vocabulary, investment, as well as bibliographic databases about themes related to administration and economy. The descriptions of the databases identified in the project are available on URL <A HREF="http://www.eci.ufmg.br/cendon/pesquisa.htm">http://www.eci.ufmg.br/cendon/pesquisa.htm</A>. This paper offers an overall view of the databases identified, descrives the methodology utilized for the survey and description thereof and analyzes all the sources of the information obtained and its producers.

Information for business; Databases


ARTIGO

Bases de dados de informação para negócios no Brasil* * A autora agradece o apoio recebido da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). ** O termo "informação para negócios" é usado para designar o conjunto de informações usadas pelos administradores na redução de incertezas. Engloba, por exemplo, informações mercadológicas (tais como análises de fatias de mercado, padrões de consumo e gastos de consumidores, e estudos de seus comportamento e estilos de vida, pesquisas de opinião, informação sobre investimento em propaganda por diversos setores e medidas de audiência de canais de rádio e televisão); informações financeiras (tais como desempenho financeiro de empresas, mercado financeiro e outras informações para investimento, disponibilidade de assistência financeira, taxas de câmbio, custo de crédito etc.); informações estatísticas (tais como recenseamentos, índices econômicos ou estatísticas sobre indústrias); informações sobre empresas e produtos (tais como histórico e informações cadastrais de empresas e informações sobre fusões e aquisições); informações jurídicas (tais como leis, regulamentação de impostos e taxações) e outras informações fatuais e analíticas sobre tendências nos cenários político-social, econômico e financeiro, nos quais operam organizações empresariais (Souza & Borges, 1996; Souza, 1996; Montalli, 1994).

Brazilian business databases

Beatriz Valadares Cendón

Professora adjunta – Escola de Ciência da Informação – Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: cendon@eci.ufmg.br

RESUMO

Não existe atualmente uma publicação que compile e caracterize as fontes brasileiras de informação para negócios. O estudo aqui relatado contribuiu para o melhor conhecimento dessas fontes, identificando, selecionando, descrevendo, compilando e avaliando bases de dados brasileiras nas áreas de informações jurídicas, financeiras, sobre empresas e produtos, estatísticas e indicadores econômicos, oportunidades de negócios, vocabulário, investimento, biográficas, bem como bases de dados bibliográficas em temas como administração e economia. As descrições das bases de dados identificadas no projeto estão disponibilizadas no URL: http://www.eci.ufmg.br/cendon/pesquisa.htm. Este artigo oferece uma visão geral das bases identificadas, narra a metodologia utilizada para seu levantamento e descrição e analisa o conjunto das fontes de informação obtidas e de seus produtores.

Palavras-chave: Informação para negócios; Bases de dados.

ABSTRACT

Presently, there is not a publication that compiles and characterizes the Brazilian information sources for business. The study, here reported, has contributed for a better knowledge of these sources, identifying, selecting, describing, compiling and evaluating Brazilian databases in the areas of juridical and financial information about enterprises and products, statistics and economic indicators, business opportunities, vocabulary, investment, as well as bibliographic databases about themes related to administration and economy. The descriptions of the databases identified in the project are available on URL http://www.eci.ufmg.br/cendon/pesquisa.htm. This paper offers an overall view of the databases identified, descrives the methodology utilized for the survey and description thereof and analyzes all the sources of the information obtained and its producers.

Keywords: Information for business; Databases.

INTRODUÇÃO

Em outros países, as fontes de informação para negócios** * A autora agradece o apoio recebido da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). ** O termo "informação para negócios" é usado para designar o conjunto de informações usadas pelos administradores na redução de incertezas. Engloba, por exemplo, informações mercadológicas (tais como análises de fatias de mercado, padrões de consumo e gastos de consumidores, e estudos de seus comportamento e estilos de vida, pesquisas de opinião, informação sobre investimento em propaganda por diversos setores e medidas de audiência de canais de rádio e televisão); informações financeiras (tais como desempenho financeiro de empresas, mercado financeiro e outras informações para investimento, disponibilidade de assistência financeira, taxas de câmbio, custo de crédito etc.); informações estatísticas (tais como recenseamentos, índices econômicos ou estatísticas sobre indústrias); informações sobre empresas e produtos (tais como histórico e informações cadastrais de empresas e informações sobre fusões e aquisições); informações jurídicas (tais como leis, regulamentação de impostos e taxações) e outras informações fatuais e analíticas sobre tendências nos cenários político-social, econômico e financeiro, nos quais operam organizações empresariais (Souza & Borges, 1996; Souza, 1996; Montalli, 1994). têm sido produzidas e organizadas desde o século passado, sendo rotineiramente fornecidas aos usuários por bibliotecas e outras organizações (Figueiredo, 1994; Lavin, 1992). No Brasil, entretanto, a consciência da necessidade da organização e do controle desse tipo de informações é recente. Convencionalmente chamada de "business information" nos Estados Unidos e Inglaterra, o termo "informação para negócios" só recentemente aparece na literatura brasileira (Montalli, 1994; Figueiredo, 1994). Os poucos trabalhos publicados a respeito no meio acadêmico (Cendón, 2002; Duarte, 2000; Januzzi & Montalli, 1999; Souza & Borges, 1999; Borges & Campello, 1997; Souza & Borges, 1996; Barbosa, 1994; Figueiredo, 1994; Montalli, 1994; Barreto, 1996; Souza & Borges, 1994; Barreto, 1991) caracterizam a falta de conhecimento sobre os produtores das fontes, sobre as fontes em si (sua qualidade, forma de acesso, organização, volume produzido), sobre os produtos e serviços de informação que possam suprir sua demanda e mesmo sobre a necessidade de informações dos empresários brasileiros. A citação a seguir exemplifica esse desconhecimento:

"Quem produz informação sobre mercado no Brasil? O que produz a fundação IBGE, a fundação Seade? O que é de interesse para as empresas? Quais são as características dos produtos fabricados pelas empresas do Pólos Tecnológicos de Santa Rita do Sapucaí...? Qual foi o faturamento, quem compõe o staff das companhias X ou Y?" (Montalli, 1994, p.166)

Segundo Montalli, no Brasil, não existem meios bem definidos para responder a esse tipo de pergunta. Na falta de formalização desse setor de informações, empresários se valem primordialmente de fontes informais, as quais às vezes não são confiáveis e podem levar à tomada de decisões inadequadas (Pinto, 1994).

Um ponto de partida para se iniciar a organização do conhecimento sobre a área de informação para negócios no Brasil é a identificação das fontes existentes. Não existe atualmente uma publicação que compile e caracterize as fontes brasileiras de informação para negócios. O estudo aqui relatado contribuiu para o melhor conhecimento dessas, identificando, selecionando, descrevendo, compilando e avaliando fontes brasileiras de informação de interesse para negócios. Mais especificamente, o projeto se concentrou nas bases de dados de informação para negócios, já que essas, por serem mais recentes, são particularmente carentes de documentação. No entanto, trabalhos anteriores evidenciaram a existência e uso dessas bases: a pesquisa realizada por Souza & Borges (1996) em instituições fornecedoras de informação com potencial para negócios identificou que elas estavam dando ênfase ao desenvolvimento de bases de dados e que o acesso a elas constituía um dos serviços percentualmente mais oferecidos aos seus clientes por essas instituições. Borges & Carvalho (1998) mostram também que 30% dessas instituições utilizam bases de dados próprias como fonte de informação para desenvolvimento de serviços voltados para negócios. Mais informações sobre essas bases de dados – quais são elas, qual o seu conteúdo, preço, forma de acesso e distribuição – não se encontram compiladas.

O projeto, descrito a seguir, teve como objetivo levantar informações sobre bases de dados brasileiras nas áreas jurídica e financeira, sobre empresas e produtos, de estatísticas e indicadores econômicos, oportunidades de negócios, vocabulário, investimento, biográficas e bases de dados bibliográficas em área de interesse para negócios, como administração e economia. As descrições das bases de dados identificadas no projeto estão disponibilizadas no URL: http://www.eci.ufmg.br/cendon/pesquisa.htm. Este artigo narra a metodologia utilizada para levantamento e descrição das bases de dados e analisa o conjunto das fontes de informação obtidas e de seus produtores.

METODOLOGIA

Resumidamente, a metodologia para coleta de dados sobre as bases consistiu dos seguintes passos:

1. criação de lista inicial de potenciais produtores de bases de dados com base em revisão de literatura e outras fontes pessoais;

2. pesquisa na Internet para identificação dos sites das instituições listadas no passo um;

3. varredura do site das instituições à procura de (a) bases de dados por elas produzidas e coleta inicial de dados sobre as bases; (b) indicações de outras instituições que potencialmente poderiam estar produzindo bases de dados ou de outras bases de dados de informação para negócios;

4. coleta de dados sobre as bases mediante o preenchimento de um formulário (descrito a seguir);

5. tentativa de confirmação e complementação dos dados obtidos na Internet mediante contato direto, por e-mail, com a instituição produtora;

6. inclusão das outras instituições encontradas na lista de potenciais produtores de bases de dados para posterior visita aos seus sites, repetindo para cada uma delas os passos de 2 a 6;

7. criação do guia de bases de dados.

A seguir, apresenta-se uma exposição detalhada do processo de busca das informações visando ao compartilhamento da experiência, das decisões tomadas e das dificuldades encontradas.

Definição da estratégia de busca e coleta de dados – Uma característica deste projeto foi o uso da Internet como principal fonte de informação. Supôs-se que as instituições que fornecem bases de dados como um produto de informação proveriam descrições das mesmas em seus sites e que, por meio de pesquisas na Internet, seriam obtidos mais dados do que por meio do envio de questionários a uma lista predefinida de instituições. Houve um processo de experimentação e de tentativa e erro até a definição da estratégia de busca que melhor funcionaria.

Realizou-se, inicialmente, uma pesquisa em motores de busca com palavras-chave como "bases de dados" combinadas com termos que representavam uma área de conhecimento, por exemplo, "financeiras", "estatísticas" e outras. Exceto para a área de informação jurídica, como será posteriormente comentado, essa pesquisa revelou-se pouco produtiva. A exploração de diretórios nacionais como o Cadê também não se mostrou profícua para identificar bases de dados de informações para negócios. Em vista desse resultado, adotou-se a estratégia de buscar as bases de dados por meio de sites de instituições que poderiam ser potenciais produtores de bases de dados, como, por exemplo, editoras e diversos órgãos do governo ou da iniciativa privada. A compilação dessa lista inicial de potenciais produtores foi feita mediante revisão da escassa literatura sobre informação para negócios publicada nas revistas acadêmicas de ciência da informação, conversas com colegas e verificação de jornais e revistas. Como resultado deste trabalho, obteve-se uma lista de instituições e bases de dados que foi o ponto de partida para a pesquisa.

Uma pesquisa tendo por palavra-chave os nomes dos produtores ou das bases de dados revelava o URLs das instituições produtoras. Nesta fase, foram utilizados principalmente os motores de busca Altavista, Google e Todobr. Iniciavam-se então a visita e a exploração desses sites à procura de bases de dados ou da indicação, através dos serviços oferecidos, da existência de bases de dados internas que provavelmente eram usadas para produção desses serviços. Nesta fase, links, tais como "Produtos e Serviços", eram especialmente visados. Os sites eram também explorados para a verificação de existência de links para outros prováveis produtores de informação para negócios, os quais eram, então, acrescentados à lista inicial de potenciais produtores para posterior visitação.

Na área jurídica, a mais rica em informações eletrônicas, além da estratégia descrita anteriormente, funcionou a pesquisa direta nos motores de busca com palavras-chave tais como "informação jurídica", ou "bases de dados jurídicas", ou "links jurídicos". Além dessa técnica, mostrou-se produtiva a exploração de portais jurídicos como o do Jus Navegandi e o site da OAB, que contêm extensas compilações de recursos.

A estratégia final de busca e coleta de dados consistiu, portanto, da combinação de (1) pesquisa em fontes tradicionais de informação para identificar instituições produtoras, (2) pesquisa direta em motores de busca seguida de (3) navegação e exploração de sites.

Elaboração do formulário de descrição das bases de dados – As informações disponibilizadas na Internet sobre as bases de dados eram muito variadas em formato e conteúdo, tornando necessária a definição de um formulário padrão para coleta de dados. Para uma decisão inicial sobre as informações que seriam coletadas, utilizou-se um diretório tradicional de bases de dados, o Gale Directory of Databases. Determinou-se também que informações seriam ignoradas. Por exemplo: optou-se por não se coletarem informações sobre recursos de busca oferecidos pelo sistema, campos específicos dos registros da base ou informações sobre o software utilizado para acesso à base.

Para fins de padronização de uma variedade de formatos de dados, estabeleceu-se um vocabulário controlado para alguns campos. Por exemplo, no campo "Forma de disponibilização", foram estabelecidos valores, tais como disquete, intranet, CD-ROM etc. Já para o campo "Tempo de cobertura", estabeleceu-se que ele poderia conter as datas de início e término dos dados-base ou o termo "variado", quando um CD-ROM contivesse uma variedade de bases de dados. Os valores possíveis para esses campos foram determinados ao longo da pesquisa à medida que as informações eram coletadas.

Ao longo do desenvolvimento do projeto, notou-se que seria interessante a inclusão de novos campos não previstos inicialmente, como caracterização do produtor, serviços de informação oferecidos fundamentados nas bases de dados, fonte da informação sobre os dados e data de coleta dos dados. Entretanto, por terem sido definidos a posteriori, incluíram-se estas informações na descrição de poucas das bases. A versão final do formulário continha os seguintes itens:

1 - Nome da base de dados.

2 - Conteúdo: breve descrição do conteúdo da base de dados incluindo seu escopo e cobertura.

3 - Produtor: nome e endereço completo para contato.

4 - Caracterização do produtor: este campo usou um vocabulário controlado para refletir o tipo do produtor (público ou privado) e objetivo da atividade (lucrativo ou não lucrativo).

5 - Aquisição: nome e endereço da instituição que disponibiliza a base de dados (que pode ou não ser a mesma que o produtor).

6 - Início da produção: data do início da produção da base de dados em forma eletrônica.

7 - Forma de disponibilização: meio de disponibilização da base de dados, por exemplo, CD-ROM, Internet (neste campo usou-se um vocabulário controlado, descrito adiante);

8 - Número de registros: quantidade de registros na base de dados (por exemplos: número de registros bibliográficos, número de empresas ou produtos cadastrados).

9 - Tipo da base de dados: tipo de informação contida na base de dados, por exemplo: bibliográfica, estatística etc. (neste campo usou-se um vocabulário controlado, descrito adiante).

10 - Cobertura tópica: indica os assuntos que caracterizam o conteúdo, forma ou uso potencial da informação contida na base de dados, no nível de detalhe fornecido pelo produtor da base de dados. No caso de a base cobrir vários assuntos, usou-se um asterisco para indicar o assunto principal.

11 - Cobertura geográfica: indica a área geográfica para a qual a informação se aplica ou da qual foi derivada. Neste campo, usou-se um vocabulário controlado com os seguintes termos: internacional, nacional, regional, estadual e municipal. Algumas bases de dados podem ter indicação de mais de uma área de cobertura geográfica (por exemplo: internacional e nacional).

12 - Tempo de cobertura: período coberto pelos dados na base. Os tipos possíveis são:

• Data de início – Data de término:

– indica que a base de dados contém documentos datados no intervalo.

• Variada:

– indica que o CD-ROM contém um conjunto de bases de dados com tempo de cobertura variado.

13 - Freqüência de atualização: freqüência com que os dados da base são atualizados. Neste campo usou-se vocabulário controlado que será descrito adiante.

14 - Serviços relacionados: serviços fornecidos pela organização produtora a partir da base de dados, como, por exemplo, relatórios ou outros tipos de publicação.

15 - Observações: dados complementares sobre a base de dados fornecidos pelo produtor ou obtidos na Internet.

16 - Fontes das informações sobre a base de dados: de onde emanam as informações obtidas sobre a base de dados. Neste campo, usou-se um vocabulário controlado com os seguintes termos:

• Internet/Site do produtor – Não confirmada:

– indica que as informações foram coletadas e/ou inferidas do site do produtor. O produtor não respondeu ao e-mail de confirmação dos dados.

• Internet/site do produtor – Confirmada pelo produtor:

– indica que as informações foram submetidas ao produtor por e-mail, sendo verificadas e confirmadas por ele.

16 - Data da coleta de dados: data em que as informações sobre a base de dados foram obtidas.

Coleta de dados e descrição das bases de dados

Uma vez definidas as informações a serem coletadas, exploraram-se os sites das instituições produtoras na Internet para se preencher o formulário descrito anteriormente, da forma mais completa possível, para cada base de dados. Muitas dificuldades foram encontradas, e decisões tiveram de ser tomadas para preenchimento do formulário. As bases de dados, na maioria das vezes, eram insuficientemente descritas. Às vezes, algumas informações não diretamente localizadas foram inferidas dos textos descritivos das bases obtidos nos sites. Por exemplo: podia-se muitas vezes deduzir-se que uma base era do tipo texto completo, embora isso não estivesse claramente explicitado. Outras vezes, a partir da descrição, podia-se deduzir a cobertura tópica da base.

Outro problema surgiu com o uso de um formulário padrão para descrição de uma variedade de tipos de bases de dados. Nem todos os itens do formulário eram válidos para todos os tipos de bases. Tínhamos, por exemplo, bases de notícias, bases de séries estatísticas ou bases constituídas por um conjunto de arquivos contendo diversos textos de legislação no mesmo CD-ROM. Campos, como número de registros, não se aplicavam às bases de séries estatísticas e bases de coletâneas de textos de legislação. Já o campo cobertura geográfica não fazia sentido no caso de uma base de dicionário. Optou-se por não incluir na descrição os campos que não se aplicavam.

Ocasionalmente, surgiram decisões difíceis sobre o que considerar como uma base de dados, pois nem sempre as fontes de informações encontradas se enquadravam perfeitamente no modelo tradicional de bases de dados estruturadas, constituídas de registros contendo campos padronizados. Por exemplo, freqüentemente no caso de informações jurídicas havia CD-ROMs com um conjunto de arquivos de texto completo de uma variedade de fontes. Entretanto, o CD-ROM possuía título único, como, por exemplo, Legislação Brasileira. Outras vezes era difícil determinar se certo produto deveria ser visto como base, serviço ou sistema de informação. Assim, foi necessária a definição de critérios para seleção. Para inclusão na lista, as bases de dados encontradas deveriam:

• ser produzidas no Brasil e ter, como foco principal, informações brasileiras;

• ter conteúdo tópico dentro de informações para negócios. As categorias iniciais foram informação jurídica, informação sobre empresas e produtos, informação financeira, informação estatística e oportunidades de negócios. Essa lista de categorias foi ajustada ao longo do projeto de acordo com as bases localizadas. Assim, foram posteriormente incluídas as categorias de bases de dados bibliográficas, de investimento, biográficas e vocabulário;

• conter uma coleção de registros, uniformemente estruturados em campos e pesquisáveis. Exceções foram, entretanto, abertas:

– no caso de bases de dados jurídicas, uma coletânea de arquivos com texto completo de diversas obras reunidas sob título único foi considerada uma base de dados;

– no caso de bases de dados estatísticas (por exemplo, veja-se a base do IBGE), um conjunto de tabelas disponibilizadas via Internet ou por outro meio, ainda que os dados não tivessem uma estrutura constante, foi considerada uma base de dados.

Os dados foram coletados no período entre 1999 e 2001.

Confirmação dos dados

Após o preenchimento inicial do formulário com os dados obtidos na Internet, o mesmo era enviado, acompanhado de carta de apresentação do projeto, via e-mail, para o produtor da base de dados solicitando que o mesmo confirmasse as informações coletadas sobre a base e as corrigisse ou completasse quando preciso. Um dos propósitos da coleta preliminar de dados na Internet era minimizar o trabalho do produtor para preenchimento do formulário e maximizar a probabilidade de retorno dos questionários preenchidos. Em algumas organizações de maior porte, houve problemas para se identificar o departamento ao qual o e-mail deveria ser dirigido. Outro problema relativamente freqüente era o não-entendimento pelo respondente das informações solicitadas, apesar da descrição do conteúdo de cada campo.

Nos casos em que o questionário não foi devolvido, procurou-se confirmar os dados via telefone. Por limitações de recursos para o projeto, esse procedimento ocorreu em poucos casos. Adicionalmente, na fase final do projeto, reenviou-se o e-mail inicial para todos os produtores que não haviam respondido ao anterior, na tentativa de se obter uma taxa mais alta de confirmações.

Ao final do projeto, enviou-se carta a todos os produtores de bases de dados representadas no site comunicando o endereço do site e convidando-os a acrescentar ou corrigir dados sobre as bases de dados, caso necessário.

Produção do guia de bases de dados de informação para negócios. O conjunto de informações obtidas foi usado para elaborar uma descrição final das bases de dados. Eliminaram-se informações que não puderam ser inferidas ou confirmadas. A partir das informações obtidas, foi elaborado um site contendo todas as informações coletadas na pesquisa. Este site está disponibilizado para consulta na Internet com acesso ilimitado no URL http://www.eci.ufmg.br/cendon/pesquisa.htm.

RESULTADOS

Obteve-se um total de 134 bases de dados que se enquadram na área de informação para negócios, conforme mostra a tabela 1.

Pelas limitações da metodologia adotada, não se pode afirmar que a relação de bases de dados obtida seja exaustiva e sua descrição completa. A lista reflete as bases de dados cujos produtores tenham sido citados na literatura de biblioteconomia e ciência da informação ou que tenham sido mencionadas em sites na Internet. Além disso, no desenrolar da pesquisa, constatou-se que novas bases de dados aparecem com freqüência: sites de produtores revisitados após alguns poucos meses já continham outras bases não incluídas inicialmente.

Deve-se ressaltar que, apesar de apenas 45% dos produtores terem respondido aos e-mails para confirmação e complementação dos dados, como mostra a tabela 1, espera-se que estes estejam corretos, pois foram coletados diretamente nos sites dos produtores. Assim, considerou-se que, diante da atual carência de informações sobre este tópico, este esforço representava uma contribuição para a área e que seria válido disponibilizar todas as informações coletadas durante o projeto, as quais poderiam servir de ponto de partida para outras iniciativas. Além disso, com os dados obtidos pode-se ter uma idéia inicial de algumas características gerais do conjunto das bases de dados brasileiras de informação para negócios, que serão apresentadas a seguir.

Bases de dados por categoria de informação para negócios

Foram coletadas informações sobre nove categorias de bases de dados que incluem bases de dados de informações bibliográficas, sobre empresas e produtos, financeiras, estatística e indicadores econômicos, sobre oportunidades de negócios, biográficas, de vocabulário e sobre investimentos. Como mostram as tabelas 2 e 3, as bases não se encontram uniformemente distribuídas entre as categorias de informação consideradas. A maioria das bases de dados está na área jurídica (64%), e todas as demais áreas estão sub-representadas e carentes de bases de dados.

A seguir, apresenta-se descrição do conteúdo de cada categoria. Mais informações, como endereço e URL dos produtores, estão disponibilizadas no site Fontes Eletrônicas de Informação para Negócios (http://www.eci.ufmg.br/cendon).

Informações bibliográficas – As bases de dados bibliográficas são bases de dados referenciais contendo literatura sobre temas tais como empreendedorismo, literatura sobre pequenos negócios, educação e qualificação profissional, economia, administração de empresas, contabilidade, comércio exterior, qualidade, micro e pequenas empresas. Registraram-se oito bases bibliográficas, sendo que quatro delas são produzidas pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), como mostra a tabela 4, a seguir.

Informações sobre empresas e produtos – Nesta categoria foram identificadas 13 bases de dados que incluem diretórios de escopo e tamanhos variados com informações sobre empresas brasileiras, fornecedores, produtos, entidades de apoio a micro e pequenas empresas, assim como associações de classe (tabela 5, a seguir). Os dados incluem nome e descrição da empresa, endereço, lista e descrição de produtos e serviços, entre outros. A Datamaq, produzida pela Abimaq, contém informações sobre máquinas e equipamentos, tais como fabricante (informação cadastral), linha de produção por fabricante, assim como características técnicas por máquina e equipamentos.

Informações financeiras sobre empresas – Foram identificadas quatro bases de dados com informações financeiras sobre empresas (tabela 6). Essas bases contêm dados cadastrais das empresas e podem conter informações básicas sobre uma empresa como receita bruta, receita líquida, lucro operacional, ativo, passivo, patrimônio, capital, débitos em atraso e outras informações para decisões de crédito, sobre controle acionário, relatórios submetidos à CVM, demonstrações financeiras (Balanço Patrimonial, Demonstrativo de Resultados e Demonstrativo de Origens e Aplicações de Recursos), entre outros.

Informações estatísticas e indicadores – Comparado com outros, este setor está relativamente bem representado, com 13 bases de dados (tabela 7, a seguir). São bases do tipo numérico ou estatístico, contendo indicadores econômicos, sociais, financeiros, políticos e administrativos em áreas como emprego, comércio exterior, preços, contabilidade social, serviços, finanças públicas, população, salário e renda, produção, consumo e vendas, contas nacionais, moeda e crédito, juros, câmbio e balanço de pagamentos. Podem ser usadas para atividades de planejamento e pesquisa, estudo de mercado ou para o conhecimento da realidade brasileira. São produzidas por órgãos do governo federal ou estadual, bancos, institutos de pesquisa, empresas privadas e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Por serem, em sua maioria, produzidas por instituições sem fins lucrativos, são quase todas disponibilizadas gratuitamente via Internet. Exceções são as bases produzidas pelo setor privado, como as do CNI (Comex e Indicadores econômicos) e do Target (Brasil em foco).

Oportunidades de negócios – Nesta categoria foram incluídas bases de dados que visam a auxiliar os empreendedores a identificar e desenvolver oportunidades de negócios. Quatro bases foram identificadas, sendo três delas do tipo diretório e uma em texto completo (tabela 8). Dentre os produtores, destaca-se o Sebrae, responsável por três bases, as quais subsidiam seus produtos e serviços. As bases Bolsa de Negócios, Bolsa de Negócios Turísticos, e Franquias dependem dos próprios interessados para inclusão dos dados e estão disponibilizadas via Internet para consulta grátis. A Ponto de Partida é consultada apenas internamente para consultorias específica.

Biográficas – Apenas uma base foi encontrada nesta categoria que contempla informações sobre perfis biográficos de personalidades ligadas ao mundo empresarial. Personalidades em Destaque (http://www.investnews.net/) é produzida pela Gazeta Mercantil e disponibiliza, gratuitamente na Internet, informações mais recentes veiculadas pela Gazeta a respeito de personalidades em destaque.

Vocabulário – A base de dados Tesauro (http://www.cni.org.br/f-ps-tesauro.htm), produzida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), contém vocabulário controlado nas seguintes áreas: economia, direito, tecnologia industrial, infra-estrutura (energia, transporte, telecomunicações), informática, administração, ação social e meio ambiente. É disponibilizada via CD-ROM.

Informação para investimento – Foram encontradas quatro bases na categoria de informação para investimento (tabela 9). Elas contêm informações socioeconômicas de municípios brasileiros, avaliação das tendências de investimentos de empresas, sistemas de notícias econômicas e análises e cotações (de ações, moedas e outras) em tempo real. Servem para subsidiar decisões de investimento.

Informação jurídica – A área jurídica responde por 86 das 134 bases encontradas. Essas bases se dividem em doutrina, legislação, jurisprudência, tramitação de matérias e vocabulário (bases de dados de dicionários ou tesauros jurídicos). Devido ao seu grande número e por merecerem análise em separado, não serão aqui listadas. Provavelmente existe uma gama de fatores que poderia explicar a concentração de bases de dados na área jurídica. Um destes fatores poderia ser o fato de a área ser intensiva em informações. Vários dos elementos da cadeia de produtores de informação jurídica são potenciais produtores de bases de dados. Por exemplo, existe considerável número de editoras de literatura jurídica; muitas dessas se tornaram produtoras de bases de dados à medida que decidiram colocar suas obras impressas em formato eletrônico. Deve ter influenciado a área também a liderança do Prodasen e Senado Federal, extremamente atuantes como apoio ao Congresso Nacional e com facilidade de acesso a financiamento para seus projetos. Devido ao Prodasen, a área já era servida por um conjunto de bases de dados muito antes que outros campos. Muitas das bases de dados são também produzidas por outros órgãos do governo, como a extensa rede de tribunais e assembléias legislativas estaduais.

Bases de dados por tipo

Abaixo estão definidos os tipos de bases de dados encontrados:

• Vocabulário:

– Dicionário: a base de dados contém lista de termos, particulares para determinada disciplina ou assunto, com verbetes explicativos.

– Tesauro: a base de dados contém lista hierárquica de termos de vocabulário controlado, que descrevem os assuntos de documentos em determinada área. Contêm também relações entre os termos.

• Referência bibliográfica: a base de dados contém referências bibliográficas de documentos (por exemplo: artigos de revistas, relatórios, patentes, dissertações, anais de congresso, livros, itens de jornais, material jurídico). Pode incluir resumos.

• Texto completo: a base de dados contém o texto completo de documentos (por exemplo: artigos de revistas, jornais, relatórios, material jurídico etc.). Os documentos são armazenados de forma a permitir a pesquisa em cada palavra do documento.

• Texto completo com imagens digitalizadas: a base de dados contém os documentos originais em texto completo (por exemplo: artigos de revistas, jornais, relatórios, material jurídico etc.). Os documentos são armazenados em forma de imagens e não permitem a pesquisa por palavra.

• Estatística e indicadores econômicos: a base de dados contém uma coleção de dados quantitativos e numérico-estatísticos. Representações de manipulações estatísticas dos dados mostrando medidas ao longo do tempo de determinada variável são incluídas.

• Numérica: a base de dados contém coleção de dados numéricos, incluindo quotações de ações, preços e outros dados numéricos. Propriedades, estatísticas e séries históricas são excluídas.

• Diretório: a base de dados contém lista de endereços para contato de pessoas, organizações, publicações, empresas ou outras entidades.

Estes tipos estão distribuídos entre as bases conforme mostrado na tabela 10.

Na tabela 10, deve ser observado que algumas bases de dados contêm mais de um tipo de dado, razão pela qual os percentuais finais somam mais que 100%. Destaca-se que 78% das bases de dados jurídicas são em texto completo e 17% na forma de referência bibliográfica. Já entre os outros tipos de bases de dados, 40% são diretórios, 31% são numéricas. As bases de dados numéricas e estatísticas estão localizadas dentro das categorias de Informações financeiras, de Investimento e Estatísticas e indicadores econômicos, como era de se esperar. As do tipo diretório encontram-se nas categorias Informação sobre empresas e produtos e Oportunidade de negócios.

Bases de dados por freqüência de atualização

Apesar de muitas instituições não terem respondido ao questionário, informação sobre a freqüência de atualização constava de razoável número de sites, e foi possível compilar o dado para cerca de 66% das bases pesquisadas. Observaram-se os tipos de freqüência de atualização abaixo descritos:

• Tempo real: indica que os dados são atualizados em tempo real. Geralmente são bases de dados acessíveis via Internet ou outros sistemas em rede.

• Diária

• Diária (via Internet): indica que os dados são atualizados diariamente e podem ser acessados via Internet. Normalmente, nesses casos, existe uma base de dados correspondente em CD-ROM que é publicada com uma freqüência menor.

• Quinzenal

• Mensal

• Bimestral

• Trimestral

• Semestral

• Anual

• Irregular: indica que não existe um padrão regular para atualização dos dados.

• Edições consecutivas: indica que os dados são atualizados, mas sem freqüência definida. Foram classificadas dentro de Edições Consecutivas, bases de dados que consistem do texto completo de livros ou obras de referência para os quais um novo CD-ROM é lançado apenas quando surge uma nova edição da obra.

• Variada: indica que existe mais de uma base de dados e que elas são atualizadas com freqüência diversificada.

A tabela 11 mostra como as bases de dados se distribuem entre essas categorias.

Como pode ser observado na tabela 11, no caso das bases jurídicas, a soma totaliza número maior que o número total de bases. A razão é que as bases podem ser disponibilizadas em mais de um suporte, e cada suporte pode ter uma freqüência de atualização diferente. Por exemplo, uma base pode ser oferecida em CD-ROM e via Internet. A versão no CD-ROM é atualizada semestralmente, por exemplo, enquanto a versão na Internet é atualizada diariamente (útil no caso de diários oficiais, por exemplo). Outras combinações são, por exemplo, uma versão anual em CD-ROM e uma mensal em disquete. Chama atenção o grande número de bases de dados atualizadas diariamente. Tal dado deve-se, talvez, à forma de coleta de dados desta pesquisa que privilegiou bases oferecidas via Internet.

Os produtores das bases de dados

Foram identificados 68 produtores de bases de dados distribuídos pelos estados brasileiros, conforme mostrado na tabela 12, a seguir. São Paulo responde pela produção de 38% das bases identificadas, seguido de Rio de Janeiro e Distrito Federal, ambos com 18%. Os outros estados apresentam contribuições menos significativas, entre as bases levantadas nesta pesquisa.

A tabela 13, a seguir, mostra que 65% dos produtores têm o domínio COM e apenas 19% têm o domínio GOV, indicando que, pelo menos no que tange às bases de dados de informação para negócios, o setor privado tem assumido a sua produção, muitas vezes com fins lucrativos.

Na categoria Órgãos do governo, foram incluídos todos os produtores de domínio GOV. Essa contém uma coleção heterogênea de organizações, tais como fundações (por exemplo, Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro – Cide), autarquias ligadas a ministérios (por exemplo, Embratur), bancos (por exemplo, Banco do Nordeste), órgãos ligados a planejamento (por exemplo, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea), assembléias legislativas ou ministérios (por exemplo, Ministério do Trabalho e Emprego). Constituem 11% dos produtores na área jurídica e 18% nas demais áreas. Destacam-se na área de informação estatística e indicadores econômicos, que produzem mais de 50% das bases. Órgãos do governo muitas vezes disponibilizam as bases gratuitamente, como, por exemplo, as bases de dados do IBGE, Caged, e Rais. Essas bases são riquíssimas fontes de informação, contendo dados coletados para fins diversos, mas, talvez por serem gratuitas, não oferecem formas amigáveis de extração e visualização dos dados desejados.

Observou-se uma variedade de produtores: órgãos do governo, instituições comerciais, editoras, empresas de informática, associações, empresas de consultoria, câmaras do comércio e outros. A tabela 14 apresenta uma tentativa de categorização das instituições produtoras, com base no nome da organização. Observa-se que prevalecem empresas de informática (24%), editoras (18%), órgãos de apoio a empresas e indústrias (15%), empresas de consultoria (12%) e órgãos ligados ao governo (16%).

As características dos produtores estão relacionadas com o tipo de bases de dados que produzem. Assim, muitas editoras jurídicas que comercializam bases de dados, como, por exemplo, Editora Síntese, Lex Editora e Editora Saraiva, estão colocando livros, revistas, dicionários e códigos, antes impressos, em versão eletrônica, muitas vezes com atualização via Internet. Editoras de páginas amarelas, como a OESP Mídia, ligada ao jornal O Estado de São Paulo, produzem bases de dados de diretórios de empresas e serviços. Órgãos de apoio a empresas e indústria, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Câmara Americana de Comércio (Amcham), produzem, principalmente, diretórios de empresas, bases de dados de oportunidade de negócios, bem como algumas bases bibliográficas de assuntos de interesse para negócios, tais como empreendedorismo ou educação profissional. No caso das bases de dados de oportunidades de negócios, como a Bolsa de Negócios produzida pelo Sebrae e Bolsa de Negócios Turísticos da Embratur, os dados são fornecidos pelas próprias empresas que se cadastram no site, o que pode resultar em baixa qualidade devido à falta de controle na entrada.

A área jurídica, por ter características próprias, introduz algumas distorções nos números apresentados na tabela 14, como é mostrado na tabela 15. As categorias de empresas especializadas em informática e informática jurídica (37%) e editoras (32%), juntas, constituem 71% dos produtores de bases jurídicas. Entretanto, perfazem apenas 5% dos produtores de bases nas demais áreas. Excetuando a área jurídica, os mais importante produtores de bases de dados são as confederações e federações de indústria e órgãos de apoio à empresas (38%), órgãos ligados ao governo (18%) e empresas de consultoria, como Dun and Bradstreet do Brasil, IBMEC, Serasa e CMA, (13%).

Na área de informação financeira, 50% das bases são produzidas por empresas de consultoria. Destaca-se também o jornal financeiro Gazeta Mercantil, responsável pela produção de três importantes bases de dados nas categorias de investimentos, financeira e biográfica. Outro jornal, O Estado de São Paulo, também está representado entre os produtores, por meio da editora OESP Mídia, a ele vinculada.

Uma informação que seria interessante obter é o tipo de organização que produz as bases (se órgão público ou privado, com fins lucrativos ou não). Esta informação normalmente não está disponível na página do produtor, e os dados sobre esse aspecto estão incompletos devido ao grande número de instituições que não responderam ao questionário. Coletar esse dado fica como sugestão para uma posterior atualização desta pesquisa.

Bases de dados por início da produção

Essa informação não consta em cerca de 50% das bases de dados, mas, como era de se esperar, os dados coletados indicam que a maior parte das bases teve início de produção nos anos 90 (tabela 16).

Bases de dados por forma de disponibilização

Inicialmente, esperava-se encontrar bases de dados disponibilizadas basicamente em CD-ROM ou via Internet. Entretanto, foi encontrada uma variedade de modalidades de oferecimento dentro dessas duas grandes categorias, como se vê abaixo:

• CD-ROM (grátis com assinatura da revista): os CD-ROMs são enviados sem custo, uma vez que o usuário adquira outro produto (na maioria das vezes, esse produto é a versão impressa do conteúdo do CD-ROM).

• CD-ROM (assinatura): os CD-ROMs são adquiridos mediante assinatura dos mesmos por um período definido (anual, semestral ou outros).

• CD-ROM (avulso): os CD-ROMs podem ser comprados isoladamente, ou seja, não é necessário assinatura dos mesmos por um período definido.

• Internet (grátis – acesso total): a base de dados está disponível na Internet com acesso completo às informações.

• Internet (grátis – acesso limitado): a base de dados está disponível na Internet, porém o acesso aos dados é restrito. Por exemplo, podem ser disponibilizados via Internet apenas os dados do último ano.

• Internet (assinatura): a base de dados está disponível na sua totalidade na Internet, porém o acesso requer uma senha de acesso e é pago.

• Internet (atualizações): a base de dados é normalmente fornecida em outros meios (por exemplo, CD-ROM), e as atualizações mais recentes dos dados (em geral diárias) podem ser acessadas via Internet.

• On-line: a base de dados pode ser acessada remotamente, via rede que não seja Internet.

• Via e-mail: a base de dados não é disponibilizada diretamente para os usuários e só pode ser acessada mediante envio de e-mail solicitando consulta.

• Disquete: a base de dados é fornecida em disquete.

• Cópia demonstrativa: existe cópia grátis para demonstração/marketing da base de dados.

• Via consultoria específica (avulso): a base de dados não é disponibilizada diretamente para os usuários e só pode ser acessada mediante contratação de serviços de consultoria do produtor da base.

• Via consultoria específica (assinatura): a base de dados não é disponibilizada diretamente para os usuários e só pode ser acessada mediante contratação de serviços de consultoria do produtor da base por um período determinado.

• Teleatendimento – grátis: a base de dados é disponível para consulta via solicitação por telefone.

• Disponível localmente: a base de dados é disponível para os usuários apenas nos recintos da empresa produtora/disponibilizadora

• Intranet: a base de dados é disponível na Intranet da empresa produtora.

A tabela 17 mostra o número de bases em cada grande grupo.

Conforme observado no rodapé da tabela 17, os números totalizam mais de 100%, já que as bases de dados podem ser oferecidas em mais de uma modalidade. Cerca de 60% das bases de dados são disponibilizadas em CD-ROM e 57% via Internet, modalidade que deve continuar ganhando espaço. Surpreende a quantidade de bases (16%) fornecidas via disquete na área jurídica e o baixo fornecimento de cópias demonstrativas. As demais modalidades de oferecimento não são expressivas.

Na tabela 18, a seguir, observa-se uma tendência de fornecimento via CD-ROM na área jurídica (83%), enquanto nas demais áreas 75% das bases são fornecidas via Internet.

A tabela 19 apresenta os dados detalhados para as diversas modalidades de oferecimento via Internet. Somando-se acesso total e acesso parcial, 33% do total das bases de dados são oferecidos gratuitamente via Internet, sendo que, na área jurídica, apenas 16% são grátis. Nas demais áreas, essa porcentagem sobe para 59%. São responsáveis por esses altos índices as bases de dados de informação bibliográfica, estatísticas e diretórios de empresa.

Bases de dados por cobertura geográfica

Como mostrado na tabela 20, 77% das bases de dados em todas as categorias, exceto a jurídica, possuem cobertura nacional. Merecem destaque também bases com cobertura estadual (17%) e internacional (15%). Esse dado não foi apresentado para a área jurídica já que 76% das bases não apresentaram essa informação. Na tabela 20, os dados somam mais que 100%, pois algumas bases são de cobertura nacional e internacional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O diretório de bases de dados de informação para negócios, desenvolvido através desta pesquisa, soma-se a outros esforços originados na Escola de Ciência da Informação da UFMG (Montalli, 1994; Barbosa, 1994; Souza & Borges, 1996; Souza, 1996; Borges & Campello, 1997; Borges & Carvalho, 1998; Souza & Borges, 1999; Duarte, 2000; Cendón, 2002) que tiveram o intuito de melhor conhecer a produção das informações para negócios por organizações privadas e governamentais. Devido à metodologia adotada, o diretório não é exaustivo. Reflete as bases de dados mais freqüentemente referenciadas em páginas da Internet ou cujos produtores são citados em textos da literatura sobre informação para negócio. A falta de padronização da terminologia na Internet contribuiu para a dificuldade de se localizarem as bases. Por exemplo, nos sites apareciam termos e expressões como "bolsa de negócios" ou "cadastro de empresas" em vez de base de dados de empresas. Observou-se ainda que, outras vezes, o site da organização produtora não mencionava a base de dados propriamente, mas os serviços dela derivados. Ressalte-se também o dinamismo do setor: as informações nos sites podiam mudar rapidamente, novas bases de dados apareciam, sites eram reestruturados, saíam do ar, informação sobre as bases de dados desapareciam. Supõe-se, conseqüentemente, que existam muitas outras bases de dados não divulgadas na época da pesquisa ou que não apareçam nos sites com tal designação.

Apesar de todas essas dificuldades, a pesquisa revelou um número relativamente expressivo de bases. Assim como as descrições sobre as bases de dados na Internet eram, muitas vezes, insuficientes para o potencial usuário determinar sua utilidade, na maior parte das vezes sua documentação, que revelaria seu escopo, conteúdo e forma de utilização, é pobre ou inexistente. Embora não se tenha analisado extensivamente detalhes das interfaces ou recursos de busca oferecidos, pode-se afirmar, de maneira genérica, que a maioria não era dirigida para os profissionais da informação. O mercado é voltado para o usuário final, com interfaces simplificadas e pontos de acesso limitados. Estão, como pode ser visto, disponibilizadas de forma dispersa. Seria interessante que existisse no Brasil uma empresa distribuidora de bases de dados, nos moldes do Dialog, que comprasse as bases de dados, disponibilizasse as mesmas por meio de sistema unificado de acesso e busca e as divulgasse mais amplamente, permitindo assim que uma comunidade maior se beneficiasse das informações que estão sendo coletadas e organizadas.

É desejável que o diretório resultante desta pesquisa possa ser um embrião para a criação de uma obra de referência, atualizada, com periodicidade regular, e abrangente, incluindo não só um número maior de produtores e suas bases de dados, como também mais informações sobre esses. Exemplos de outros dados interessantes de serem compilados: caracterização mais aprofundadas das empresas produtoras, como seu tamanho, tempo de atuação no mercado e faturamento; software utilizado na produção das bases de dados; serviços e produtos de informação gerados a partir das bases de dados.

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  • *
    A autora agradece o apoio recebido da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
    **
    O termo "informação para negócios" é usado para designar o conjunto de informações usadas pelos administradores na redução de incertezas. Engloba, por exemplo,
    informações mercadológicas (tais como análises de fatias de mercado, padrões de consumo e gastos de consumidores, e estudos de seus comportamento e estilos de vida, pesquisas de opinião, informação sobre investimento em propaganda por diversos setores e medidas de audiência de canais de rádio e televisão);
    informações financeiras (tais como desempenho financeiro de empresas, mercado financeiro e outras informações para investimento, disponibilidade de assistência financeira, taxas de câmbio, custo de crédito etc.);
    informações estatísticas (tais como recenseamentos, índices econômicos ou estatísticas sobre indústrias);
    informações sobre empresas
    e produtos (tais como histórico e informações cadastrais de empresas e informações sobre fusões e aquisições);
    informações jurídicas (tais como leis, regulamentação de impostos e taxações) e outras informações fatuais e analíticas sobre tendências nos cenários político-social, econômico e financeiro, nos quais operam organizações empresariais (Souza & Borges, 1996; Souza, 1996; Montalli, 1994).
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      26 Set 2003
    • Data do Fascículo
      Ago 2003
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