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Efeito da relação cálcio e magnésio do corretivo sobre micronutrientes na alfafa

Effect of limestone calcium and magnesium ratio on micronutrients in alfalfa

Resumos

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da relação Ca:Mg do corretivo sobre micronutrientes na alfafa, em experimento conduzido em casa de vegetação, em um Latossolo Vermelho-Escuro distrófico. O delineamento experimental utilizado foi, em todos os tratamentos, inteiramente casualizado, com quatro repetições. Foram estudadas cinco relações (1:0, 1:1, 2:1, 3:1, 4:1, na dosagem equivalente a 3.900 kg ha-1), e um tratamento com a dosagem equivalente a 7.800 kg ha-1 (relação 3:1), em seis cortes, com intervalo de 35 dias. Verificou-se que o dobro da aplicação da relação 3:1 diminui significativamente os teores de B, Fe, Mn e Zn. A aplicação só de CaCO3, como corretivo da acidez, não afeta a absorção de Cu. Os teores dos micronutrientes estudados apresentam níveis considerados adequados, sendo, estes, afetados pelas épocas de corte.

Medicago sativa; adubação; absorção de nutrientes


This study evaluated the effect of limestone Ca:Mg ratios on micronutrients in alfalfa. A randomized block design was used with five relations of Ca:Mg ratios (1:0, 1:1, 2:1, 3:1 and 4:1) at a recommended limestone dosage of 3,900 kg ha-1. An additional treatment was included at a ratio of 3:1 with the dosage of 7,800 kg ha-1. All treatments had four replicates in a six-cutting number, in 35 days of interval. The variables analyzed were: concentration and quantity of B, Cu, Fe, Mn, and Zn in dry matter. The decrease of the concentration of B, Fe, Mn and Zn was obtained in the treatment that used twice the recommended dosage. The antagonic effect between Ca, applied as CaCO3, and Cu was not observed in the treatments. The concentration of micronutrients varied according to the cutting times.

Medicago sativa; fertilizer application; nutrient uptake


EFEITO DA RELAÇÃO CÁLCIO E MAGNÉSIO DO CORRETIVO SOBRE MICRONUTRIENTES NA ALFAFA11 Aceito para publicação em 14 de agosto de 2000. Trabalho financiado pela FAPEMIG. Aceito para publicação em 14 de agosto de 2000. Trabalho financiado pela FAPEMIG. 2 Eng. Agrôn., Dr., Embrapa-Centro de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia Ocidental (CPAA), Caixa Postal 319, CEP 69011-970 Manaus, AM. Bolsista DCR/CNPq. E-mail: adonis@cpaa.embrapa.br 3 Eng. Agrôn., Dr., Prof. Titular, Dep. de Ciência do Solo, Universidade Federal de Lavras (UFLA), Caixa Postal 37, CEP 37200-000 Lavras, MG. Bolsista do CNPq. E-mail: janice@ufla.br 4 Eng. Agrôn., M.Sc., Embrapa-CPAA. E-mail: larissa@cpaa.embrapa.br 5 Biól., Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA), Universidade de São Paulo (USP), Caixa Postal 96, CEP 13400-970 Piracicaba, SP. E-mail: salvador@cena.usp.br

ADÔNIS MOREIRA21 Aceito para publicação em 14 de agosto de 2000. Trabalho financiado pela FAPEMIG. Aceito para publicação em 14 de agosto de 2000. Trabalho financiado pela FAPEMIG. 2 Eng. Agrôn., Dr., Embrapa-Centro de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia Ocidental (CPAA), Caixa Postal 319, CEP 69011-970 Manaus, AM. Bolsista DCR/CNPq. E-mail: adonis@cpaa.embrapa.br 3 Eng. Agrôn., Dr., Prof. Titular, Dep. de Ciência do Solo, Universidade Federal de Lavras (UFLA), Caixa Postal 37, CEP 37200-000 Lavras, MG. Bolsista do CNPq. E-mail: janice@ufla.br 4 Eng. Agrôn., M.Sc., Embrapa-CPAA. E-mail: larissa@cpaa.embrapa.br 5 Biól., Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA), Universidade de São Paulo (USP), Caixa Postal 96, CEP 13400-970 Piracicaba, SP. E-mail: salvador@cena.usp.br , JANICE GUEDES DE CARVALHO31 Aceito para publicação em 14 de agosto de 2000. Trabalho financiado pela FAPEMIG. Aceito para publicação em 14 de agosto de 2000. Trabalho financiado pela FAPEMIG. 2 Eng. Agrôn., Dr., Embrapa-Centro de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia Ocidental (CPAA), Caixa Postal 319, CEP 69011-970 Manaus, AM. Bolsista DCR/CNPq. E-mail: adonis@cpaa.embrapa.br 3 Eng. Agrôn., Dr., Prof. Titular, Dep. de Ciência do Solo, Universidade Federal de Lavras (UFLA), Caixa Postal 37, CEP 37200-000 Lavras, MG. Bolsista do CNPq. E-mail: janice@ufla.br 4 Eng. Agrôn., M.Sc., Embrapa-CPAA. E-mail: larissa@cpaa.embrapa.br 5 Biól., Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA), Universidade de São Paulo (USP), Caixa Postal 96, CEP 13400-970 Piracicaba, SP. E-mail: salvador@cena.usp.br , LARISSA ALEXANDRA CARDOSO MORAES41 Aceito para publicação em 14 de agosto de 2000. Trabalho financiado pela FAPEMIG. Aceito para publicação em 14 de agosto de 2000. Trabalho financiado pela FAPEMIG. 2 Eng. Agrôn., Dr., Embrapa-Centro de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia Ocidental (CPAA), Caixa Postal 319, CEP 69011-970 Manaus, AM. Bolsista DCR/CNPq. E-mail: adonis@cpaa.embrapa.br 3 Eng. Agrôn., Dr., Prof. Titular, Dep. de Ciência do Solo, Universidade Federal de Lavras (UFLA), Caixa Postal 37, CEP 37200-000 Lavras, MG. Bolsista do CNPq. E-mail: janice@ufla.br 4 Eng. Agrôn., M.Sc., Embrapa-CPAA. E-mail: larissa@cpaa.embrapa.br 5 Biól., Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA), Universidade de São Paulo (USP), Caixa Postal 96, CEP 13400-970 Piracicaba, SP. E-mail: salvador@cena.usp.br e JOÃO ODEMIR SALVADOR51 Aceito para publicação em 14 de agosto de 2000. Trabalho financiado pela FAPEMIG. Aceito para publicação em 14 de agosto de 2000. Trabalho financiado pela FAPEMIG. 2 Eng. Agrôn., Dr., Embrapa-Centro de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia Ocidental (CPAA), Caixa Postal 319, CEP 69011-970 Manaus, AM. Bolsista DCR/CNPq. E-mail: adonis@cpaa.embrapa.br 3 Eng. Agrôn., Dr., Prof. Titular, Dep. de Ciência do Solo, Universidade Federal de Lavras (UFLA), Caixa Postal 37, CEP 37200-000 Lavras, MG. Bolsista do CNPq. E-mail: janice@ufla.br 4 Eng. Agrôn., M.Sc., Embrapa-CPAA. E-mail: larissa@cpaa.embrapa.br 5 Biól., Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA), Universidade de São Paulo (USP), Caixa Postal 96, CEP 13400-970 Piracicaba, SP. E-mail: salvador@cena.usp.br

RESUMO - O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da relação Ca:Mg do corretivo sobre micronutrientes na alfafa, em experimento conduzido em casa de vegetação, em um Latossolo Vermelho-Escuro distrófico. O delineamento experimental utilizado foi, em todos os tratamentos, inteiramente casualizado, com quatro repetições. Foram estudadas cinco relações (1:0, 1:1, 2:1, 3:1, 4:1, na dosagem equivalente a 3.900 kg ha-1), e um tratamento com a dosagem equivalente a 7.800 kg ha-1 (relação 3:1), em seis cortes, com intervalo de 35 dias. Verificou-se que o dobro da aplicação da relação 3:1 diminui significativamente os teores de B, Fe, Mn e Zn. A aplicação só de CaCO3, como corretivo da acidez, não afeta a absorção de Cu. Os teores dos micronutrientes estudados apresentam níveis considerados adequados, sendo, estes, afetados pelas épocas de corte.

Termos para indexação: Medicago sativa, adubação, absorção de nutrientes.

EFFECT OF LIMESTONE CALCIUM AND MAGNESIUM RATIO ON MICRONUTRIENTS IN ALFALFA

ABSTRACT - This study evaluated the effect of limestone Ca:Mg ratios on micronutrients in alfalfa. A randomized block design was used with five relations of Ca:Mg ratios (1:0, 1:1, 2:1, 3:1 and 4:1) at a recommended limestone dosage of 3,900 kg ha-1. An additional treatment was included at a ratio of 3:1 with the dosage of 7,800 kg ha-1. All treatments had four replicates in a six-cutting number, in 35 days of interval. The variables analyzed were: concentration and quantity of B, Cu, Fe, Mn, and Zn in dry matter. The decrease of the concentration of B, Fe, Mn and Zn was obtained in the treatment that used twice the recommended dosage. The antagonic effect between Ca, applied as CaCO3, and Cu was not observed in the treatments. The concentration of micronutrients varied according to the cutting times.

Index terms: Medicago sativa, fertilizer application, nutrient uptake.

INTRODUÇÃO

As possibilidades de incrementar a produtividade do rebanho leiteiro são determinadas pelo custo e qualidade da alimentação. Dada a qualidade e palatabilidade da alfafa tem sido crescente o interesse pelo seu uso em sistemas intensivos, fazendo com que os animais aumentem seu consumo e, conseqüentemente, a produção. Pela sua versatilidade na utilização (pastejo, feno, silagem e pélete), possibilita ao produtor ajustar a sua produção de acordo com as necessidades de cada animal e as condições climáticas dominantes (Moreira & Salvador, 1998; Ferreira et al., 1999).

Diante dessas características, estudos mais aprofundados sobre a adubação da alfafa nas condições de cerrado têm evoluído sistematicamente, e contribuído sobremaneira para o desenvolvimento da eqüinocultura e da pecuária leiteira. Trabalhos recentes mostram o grande potencial desta leguminosa forrageira nessa região (Moreira et al., 1996, 1997a, 1997b).

Em solos de Cerrado, os problemas relacionados com a nutrição de plantas são corrigidos, geralmente, mediante a modificação da disponibilidade de nutrientes com a aplicação de corretivos e fertilizantes, por esses solos apresentarem, na maioria das vezes, baixa fertilidade natural ou toxidez de certos elementos (Fageria & Morais, 1987).

Sabe-se que com a aplicação de calcário ocorre a elevação do pH e a diminuição na disponibilidade dos micronutrientes, com exceção do Mo (Malavolta, 1980). Outro fator que pode afetar a absorção dos nutrientes é a relação de Ca e Mg no solo, os quais podem diminuir ou aumentar a absorção através dos processos de antagonismo, de inibição competitiva ou não, e do sinergismo de alguns elementos, entre eles B, Cu, Fe, Mn e Zn (Malavolta et al., 1997).

O trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da relação Ca:Mg do corretivo sobre micronutrientes, na alfafa (Medicago sativa L.).

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em casa de vegetação do Departamento de Ciência do Solo da Universidade Federal de Lavras (UFLA), região sul de Minas Gerais, localizado nas coordenadas 21o14'6''de latitude sul e 45o0' de longitude oeste, a uma altitude média de 900 m, no período de junho de 1992 a maio de 1993.

O solo utilizado foi um Latossolo Vermelho-Escuro distrófico, de cerrado (pHágua = 4,8; P (Mehlich 1) = 2 mg dm-3; K (Mehlich 1) = 40 mg dm-3; Ca (KCl) = 0,4 cmolc kg-1; Mg (KCl) = 0,1 cmolc kg-1; S = 5,13 mg dm-3; B (água quente) = 0,15 mg dm-3; Cu (Mehlich 1) = 3,2 mg dm-3; Fe (Mehlich 1) = 55,4 mg dm-3; Mn (Mehlich 1) = 8,4 mg dm-3; Zn (Mehlich 1) = 0,1 mg dm-3; M.O. = 30,8 g kg-1 e V = 11%), coletado no município de Lavras, MG, na camada de 0-25 cm de profundidade. Após a secagem, o solo foi uniformizado e passado em peneira de malha de 2 mm.

O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com seis tratamentos e quatro repetições. Foram efetuados seis cortes: o primeiro ocorreu três meses após o plantio, e os posteriores, com intervalos de 35 dias. Os tratamentos consistiram de cinco relações Ca:Mg: 1:0; 1:1; 2:1; 3:1; 4:1, na dose equivalente a 3.900 kg ha-1 do corretivo para elevar a saturação por base a 80%. No sexto tratamento foi aplicado o dobro dessa dose na relação 3:1, ou seja, o equivalente a 7.800 kg ha-1. As relações foram realizadas com CaCO3 e MgCO3.

Dois meses após aplicação dos tratamentos, o solo recebeu adubação básica, nas seguintes doses, em mg dm-3: P, 200 (MAP), K, 150 (KCl), S, 50 (K2SO4), B, 0,5 (H3BO3), Co, 0,01 (CoCl2.H2O), Cu, 1,5 (CuSO4.5H2O), Mo, 0,1 (H2MoO4), Mn, 3,5 (MnSO4.H2O) e Zn, 5,0 (ZnSO4.7H2O), estando essas de acordo com Allen et al. (1976) e Malavolta (1980), para experimentos conduzidos em condições de casa de vegetação. Foi feita a inoculação de Rhizobium meliloti nas sementes. No segundo e quarto corte, foram efetuadas as adubações de manutenção com cloreto de potássio (50 mg kg-1), e no terceiro corte, com micronutrientes (B, Cu, Mn e Zn, nas doses iguais às da instalação do experimento).

Foram semeadas dez sementes escarificadas e infectadas, em vasos com cinco litros de capacidade. Após o desbaste, foram mantidas cinco plantas uniformes. Utilizou-se a cultivar Crioula como planta-teste. Os vasos foram irrigados até que atingissem 70% do valor total de poros (VTP), e pesados diariamente, a fim de se determinar a quantidade de água a ser reposta. Após cada corte, o material foi pesado e levado a estufa a 65oC, permanecendo até atingir peso constante. Após a pesagem, o material foi moído em moinho tipo Wiley, e digerido, para obtenção dos extratos. Os teores de B, Cu, Fe, Mn e Zn foram determinados conforme os métodos descritos por Malavolta et al. (1997).

Os resultados foram submetidos a análise de variância e teste de comparação de médias dos tratamentos, adotando-se o teste de Tukey a 5% de probabilidade (Pimentel-Gomes, 1990).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As relações de Ca:Mg não refletiram significativamente em maiores produções de matéria seca (MS), mas a alfafa foi responsiva com o aumento da aplicação do corretivo (Tabela 1). Tais resultados corroboram os obtidos por Gomes et al. (1995) ao estudarem cinco relações de Ca:Mg (100:0, 75:25, 50:50, 25:75 e 0:100), e também não obtiveram respostas significativas com a cultivar Crioula no incremento da produção. Com relação ao aumento da quantidade de MS em razão das doses do corretivo, os resultados do presente experimento também concordam com os de Deolindo et al. (1992) e Kornelius & Ritchey (1992), que nas condições de Curitiba, PR, e Brasília, DF, observaram que esta leguminosa aumentou significativamente a produção com aplicação do dobro da dose recomendada de calcário.

Os teores de B, Fe, Mn e Zn foram afetados negativamente, com aplicação do dobro da dose recomendada (7.800 kg ha-1, relação 3:1), e no caso do Mn e Zn diferiram estatisticamente dos demais tratamentos (Tabela 1). Com o aumento do pH, em conseqüência do incremento na aplicação do corretivo, pode haver uma insolubilização do Zn e principalmente do Fe (Malavolta, 1980; Tisdale et al., 1993), este último por ser o solo utilizado naturalmente rico nesse nutriente (Tabela 2).

Com o aumento da dose do corretivo, o Mn foi o elemento mais afetado com relação a sua disponibilidade (Tabela 1). Nas relações 3:1 (3.900 kg ha-1 e 7.800 kg ha-1), o teor de Mn sofreu redução de 55,0%; em seguida, o Zn em 31,4%; o Cu em 5,9%; o B em 4,8%; e o Fe em 4,7%. Spehar (1993), em experimento com 28 cultivares de soja, observou que aplicação do calcário dolomítico, sendo um tratamento com calagem parcial, e outro com a dose recomendada com base nos resultados de análise, os teores foliares de Cu, Fe, Mn e Zn apresentaram reduções médias de 40, 61, 310 e 78%, respectivamente.

No caso do Mn, o aumento do pH pode ter inibido a absorção do elemento, dada a diminuição na concentração hidrogeniônica, favorecendo, com isso, a conversão do Mn trocável em formas insolúveis, como o Mn3+ e Mn4+ (Malavolta et al., 1997). Segundo Pendias & Pendias (1984), o Ca, Mg e Mn apresentam valência, raio iônico e grau de hidratação semelhantes; o aumento da concentração de um pode inibir a absorção do outro.

O menor teor de B no tratamento com 7.800 kg ha-1 (Tabela 1) ocorreu talvez como conseqüência da formação de compostos pouco solúveis, em decorrência do aumento da quantidade de matéria orgânica no solo (Malavolta, 1980). A alfafa, por ter produzido, nesse tratamento, cerca de 32% mais MS que os outros, deve ter acarretado um maior volume de raízes, e, com a morte destas, aumentou a quantidade de matéria orgânica nos vasos. Outro motivo, segundo Su et al. (1994), é que com a elevação do pH e da quantidade de CaCO3 adicionada no solo, a adsorção de B é significativamente aumentada, diminuindo, com isso, a sua disponibilidade para a planta.

O aumento da concentração de CaCO3 como corretivo da acidez não diminuiu significativamente os teores de Cu na matéria seca total (Tabela 1). Segundo Malavolta (1980), Marschner (1995) e Malavolta et al. (1997), no antagonismo, a presença de um elemento diminui a absorção do outro, cuja toxidez pode ser evitada: o Ca2+ impede a absorção exagerada de Cu2+. Tal fato, no presente trabalho, não ocorreu.

Os dados da Tabela 3 indicam que o conteúdo dos micronutrientes foram significativamente afetados pelo aumento da produção de matéria seca (Tabela 1). Assim, com aplicação de 7.800 kg ha-1 do corretivo, exceto o conteúdo de Mn e Zn, os maiores teores dos demais micronutrientes foram encontrados nesse tratamento.

Com relação às épocas de corte, observa-se a influência da absorção de micronutrientes pela alfafa (Tabela 4). Em todas as relações de Ca:Mg, o teor e conteúdo de Fe e Zn tiveram os maiores valores na última amostragem (sexto corte). Tal resultado provavelmente ocorreu em virtude dos efeitos de concentração descritos por Malavolta (1980) e Marschner (1995).

Os teores de Cu e Mn foram maiores no quinto corte, enquanto o B seguiu a mesma tendência do conteúdo presente na matéria seca. De acordo com os dados, não foram encontradas justificativas plausíveis para essas variações nos teores e conteúdo dos micronutrientes na matéria seca da parte aérea. Em decorrência dos cortes realizados, esperava-se que todos os nutrientes analisados exceto - o Fe, que não fez parte do programa de adubação - apresentassem comportamentos semelhantes, visto que esses nutrientes foram aplicados na mesma época, ou seja, uma adubação de plantio e outra de manutenção (após o terceiro corte). Mesmo assim, esses resultados corroboram os obtidos por Moreira (1997), em trabalho realizado em casa de vegetação com a cultivar Florida 77, nos quais foram também realizados seis cortes, porém com intervalo de 30 dias.

As médias dos teores de B, Cu, Fe, Mn e Zn encontradas na matéria seca da parte aérea da alfafa foram adequadas, ficando próximas da faixa dos teores tidos como adequados (B, 20 a 80; Cu, 5 a 30; Fe, 60 a 200; Mn, 25 a 100; Zn, 20 a 70 mg kg-1) por Rhykerd & Overdahl (1972), Pinkerton et al. (1997) e Moreira et al. (1997b).

CONCLUSÕES

1. O aumento da dose do corretivo diminui significativamente os teores de B, Fe, Mn e Zn na matéria seca.

2. A elevação da concentração de Ca no corretivo até a dose aplicada não afeta a absorção de Cu pela alfafa.

3. O teor e o conteúdo dos micronutrientes são afetados pelas seqüências de corte.

4. O aumento da dose de calcário e a manutenção dos micronutrientes em níveis adequados eleva significativamente a produção de matéria seca da alfafa.

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  • 1 Aceito para publicação em 14 de agosto de 2000. Trabalho financiado pela FAPEMIG.
    Aceito para publicação em 14 de agosto de 2000. Trabalho financiado pela FAPEMIG.
    2 Eng. Agrôn., Dr., Embrapa-Centro de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia Ocidental (CPAA), Caixa Postal 319, CEP 69011-970 Manaus, AM. Bolsista DCR/CNPq. E-mail: adonis@cpaa.embrapa.br
    3 Eng. Agrôn., Dr., Prof. Titular, Dep. de Ciência do Solo, Universidade Federal de Lavras (UFLA), Caixa Postal 37, CEP 37200-000 Lavras, MG. Bolsista do CNPq. E-mail: janice@ufla.br
    4 Eng. Agrôn., M.Sc., Embrapa-CPAA. E-mail: larissa@cpaa.embrapa.br
    5 Biól., Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA), Universidade de São Paulo (USP), Caixa Postal 96, CEP 13400-970 Piracicaba, SP. E-mail: salvador@cena.usp.br
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      11 Maio 2001
    • Data do Fascículo
      Out 2000

    Histórico

    • Aceito
      14 Ago 2000
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