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Qualidade dos ovos de poedeiras comerciais alimentadas com levedura seca de cana-de-açúcar

Quality of the eggs of commercial layers fed with sugarcane dry yeast

Resumos

Este trabalho objetivou avaliar o efeito da adição de levedura seca (Saccharomyces cerevisiae) à dieta de poedeiras na qualidade dos ovos. Foram utilizadas 120 poedeiras comerciais com 33 semanas de idade, distribuídas em um delineamento estatístico de blocos ao acaso, com cinco tratamentos (0, 7, 14, 21 e 28% de levedura), quatro repetições e seis aves por unidade experimental. Rações isoprotéicas (18% de proteína bruta), isoenergéticas (2.800 kcal de energia metabolizável/kg), isocálcicas (3,8% Ca) e isofosfóricas (0,38% P disponível) foram formuladas à base de milho e farelo de soja. Os níveis de levedura seca não alteraram o peso do ovo (64,35± 0,85 g), a altura do albúmen (7,95±0,22 mm), a unidade Haugh (87,42±1,31), os sólidos totais da gema (50,86±0,20%), o extrato etéreo da gema (30,74±0,26%), a proteína da gema (16,92±0,16%), a gravidade específica do ovo (1,0912±0,001 g/mL), o peso da casca (6,67±0,08 g) e a espessura da casca (0,4671±0,003 mm). Foi observado efeito quadrático na variável cor da gema no terceiro ciclo de postura. A inclusão de até 28% de levedura seca nas rações intensificou a cor da gema e foi considerada uma prática viável pela análise econômica.

Saccharomyces cerevisiae; alimento; nutrição animal; ave


This work aimed at evaluating the effect of the addition of dry yeast (Saccharomyces cerevisiae) to the laying diet on the quality of the eggs. One hundred and twenty chickens with 33 weeks of age were used in a randomized block design, with five treatments (0, 7, 14, 21 and 28% of dried yeast), four replicates and six birds per pen. Diets similar in protein (18% of crude protein), energy (2,800 kcal of metabolizable energy/kg), calcium (3.8%) and in phosphorus (0.38% of available phosphorus) were formulated based on corn and soybean meal. The levels of dry yeast did not affect egg weight (64.35±0.85 g), albumen height (7.95±0.22 mm), Haugh unit (87.42±1.31), total yolk solids (50.86±0.20%), ether extract of yolk (30.74±0.26%), yolk protein (16.92±0.16%), egg specific gravity (1.0912±0.001 g/mL), shell weight (6.67±0.08 g) and shell thickness (0.4671±0.003 mm). Quadratic effect was observed for the variable yolk color in the third laying cycle. The inclusion of dry yeast up to 28% provided increase on yolk color and proved to be economicaly viable.

Saccharomyces cerevisiae; feed; animal nutrition; poultry


Qualidade dos ovos de poedeiras comerciais alimentadas com levedura seca de cana-de-açúcar(1 (1 ) Aceito para publicação em 8 de abril de 2002. Extraído da dissertação de mestrado apresentada pelo primeiro autor à Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Campos dos Goytacazes, RJ. Projeto financiado pela Fenorte. (2 ) Uenf, Avenida Alberto Lamego 2000, Horto, CEP 28015-620 Campos dos Goytacazes, RJ. E-mail: papas@uenf.br, cppg@uenf.br, rnobre@uenf.br (3 ) Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, Av. Antônio Carlos, 6627, Pampulha, CEP 31270-901 Belo Horizonte, MG. E-mail: martinho@vet.ufmg.br (4 ) Escola Técnica Estadual Agrícola Antônio Sarlo, Av. Rio Grande do Sul, s/n o, Fundão, CEP 28070-620 Campos dos Goytacazes, RJ. )

George André Rodrigues Maia(2 (1 ) Aceito para publicação em 8 de abril de 2002. Extraído da dissertação de mestrado apresentada pelo primeiro autor à Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Campos dos Goytacazes, RJ. Projeto financiado pela Fenorte. (2 ) Uenf, Avenida Alberto Lamego 2000, Horto, CEP 28015-620 Campos dos Goytacazes, RJ. E-mail: papas@uenf.br, cppg@uenf.br, rnobre@uenf.br (3 ) Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, Av. Antônio Carlos, 6627, Pampulha, CEP 31270-901 Belo Horizonte, MG. E-mail: martinho@vet.ufmg.br (4 ) Escola Técnica Estadual Agrícola Antônio Sarlo, Av. Rio Grande do Sul, s/n o, Fundão, CEP 28070-620 Campos dos Goytacazes, RJ. ), José Brandão Fonseca(2 (1 ) Aceito para publicação em 8 de abril de 2002. Extraído da dissertação de mestrado apresentada pelo primeiro autor à Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Campos dos Goytacazes, RJ. Projeto financiado pela Fenorte. (2 ) Uenf, Avenida Alberto Lamego 2000, Horto, CEP 28015-620 Campos dos Goytacazes, RJ. E-mail: papas@uenf.br, cppg@uenf.br, rnobre@uenf.br (3 ) Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, Av. Antônio Carlos, 6627, Pampulha, CEP 31270-901 Belo Horizonte, MG. E-mail: martinho@vet.ufmg.br (4 ) Escola Técnica Estadual Agrícola Antônio Sarlo, Av. Rio Grande do Sul, s/n o, Fundão, CEP 28070-620 Campos dos Goytacazes, RJ. ), Rita da Trindade Ribeiro Nobre Soares(2 (1 ) Aceito para publicação em 8 de abril de 2002. Extraído da dissertação de mestrado apresentada pelo primeiro autor à Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Campos dos Goytacazes, RJ. Projeto financiado pela Fenorte. (2 ) Uenf, Avenida Alberto Lamego 2000, Horto, CEP 28015-620 Campos dos Goytacazes, RJ. E-mail: papas@uenf.br, cppg@uenf.br, rnobre@uenf.br (3 ) Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, Av. Antônio Carlos, 6627, Pampulha, CEP 31270-901 Belo Horizonte, MG. E-mail: martinho@vet.ufmg.br (4 ) Escola Técnica Estadual Agrícola Antônio Sarlo, Av. Rio Grande do Sul, s/n o, Fundão, CEP 28070-620 Campos dos Goytacazes, RJ. ), Martinho de Almeida e Silva(3 (1 ) Aceito para publicação em 8 de abril de 2002. Extraído da dissertação de mestrado apresentada pelo primeiro autor à Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Campos dos Goytacazes, RJ. Projeto financiado pela Fenorte. (2 ) Uenf, Avenida Alberto Lamego 2000, Horto, CEP 28015-620 Campos dos Goytacazes, RJ. E-mail: papas@uenf.br, cppg@uenf.br, rnobre@uenf.br (3 ) Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, Av. Antônio Carlos, 6627, Pampulha, CEP 31270-901 Belo Horizonte, MG. E-mail: martinho@vet.ufmg.br (4 ) Escola Técnica Estadual Agrícola Antônio Sarlo, Av. Rio Grande do Sul, s/n o, Fundão, CEP 28070-620 Campos dos Goytacazes, RJ. ) e Cláudio Luiz Melo de Souza(4 (1 ) Aceito para publicação em 8 de abril de 2002. Extraído da dissertação de mestrado apresentada pelo primeiro autor à Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Campos dos Goytacazes, RJ. Projeto financiado pela Fenorte. (2 ) Uenf, Avenida Alberto Lamego 2000, Horto, CEP 28015-620 Campos dos Goytacazes, RJ. E-mail: papas@uenf.br, cppg@uenf.br, rnobre@uenf.br (3 ) Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, Av. Antônio Carlos, 6627, Pampulha, CEP 31270-901 Belo Horizonte, MG. E-mail: martinho@vet.ufmg.br (4 ) Escola Técnica Estadual Agrícola Antônio Sarlo, Av. Rio Grande do Sul, s/n o, Fundão, CEP 28070-620 Campos dos Goytacazes, RJ. )

Resumo - Este trabalho objetivou avaliar o efeito da adição de levedura seca (Saccharomyces cerevisiae) à dieta de poedeiras na qualidade dos ovos. Foram utilizadas 120 poedeiras comerciais com 33 semanas de idade, distribuídas em um delineamento estatístico de blocos ao acaso, com cinco tratamentos (0, 7, 14, 21 e 28% de levedura), quatro repetições e seis aves por unidade experimental. Rações isoprotéicas (18% de proteína bruta), isoenergéticas (2.800 kcal de energia metabolizável/kg), isocálcicas (3,8% Ca) e isofosfóricas (0,38% P disponível) foram formuladas à base de milho e farelo de soja. Os níveis de levedura seca não alteraram o peso do ovo (64,35±0,85 g), a altura do albúmen (7,95±0,22 mm), a unidade Haugh (87,42±1,31), os sólidos totais da gema (50,86±0,20%), o extrato etéreo da gema (30,74±0,26%), a proteína da gema (16,92±0,16%), a gravidade específica do ovo (1,0912±0,001 g/mL), o peso da casca (6,67±0,08 g) e a espessura da casca (0,4671±0,003 mm). Foi observado efeito quadrático na variável cor da gema no terceiro ciclo de postura. A inclusão de até 28% de levedura seca nas rações intensificou a cor da gema e foi considerada uma prática viável pela análise econômica.

Termos para indexação: Saccharomyces cerevisiae, alimento, nutrição animal, ave.

Quality of the eggs of commercial layers fed with sugarcane dry yeast

Abstract - This work aimed at evaluating the effect of the addition of dry yeast (Saccharomyces cerevisiae) to the laying diet on the quality of the eggs. One hundred and twenty chickens with 33 weeks of age were used in a randomized block design, with five treatments (0, 7, 14, 21 and 28% of dried yeast), four replicates and six birds per pen. Diets similar in protein (18% of crude protein), energy (2,800 kcal of metabolizable energy/kg), calcium (3.8%) and in phosphorus (0.38% of available phosphorus) were formulated based on corn and soybean meal. The levels of dry yeast did not affect egg weight (64.35±0.85 g), albumen height (7.95±0.22 mm), Haugh unit (87.42±1.31), total yolk solids (50.86±0.20%), ether extract of yolk (30.74±0.26%), yolk protein (16.92±0.16%), egg specific gravity (1.0912±0.001 g/mL), shell weight (6.67±0.08 g) and shell thickness (0.4671±0.003 mm). Quadratic effect was observed for the variable yolk color in the third laying cycle. The inclusion of dry yeast up to 28% provided increase on yolk color and proved to be economicaly viable.

Index terms: Saccharomyces cerevisiae, feed, animal nutrition, poultry.

Introdução

Com o constante aumento nos preços das fontes protéicas convencionais utilizadas nas dietas de poedeiras, tem-se observado maior procura por subprodutos agroindustriais. Deste modo, a produção de proteína microbiana, caracterizada pelo rápido crescimento celular e elevado índice de produtividade por área, pode constituir uma alternativa viável para uso em rações de poedeiras. Além disso, tem sido cada vez maior a preocupação com os danos causados pelos microorganismos ao meio ambiente, principalmente aos ecossistemas aquáticos e com a levedura, que, juntamente com outros resíduos da indústria alcooleira, forma o vinhoto, considerado altamente poluente.

Levedura seca de destilaria de álcool de cana-de-açúcar é um alimento rico em proteína de alto valor biológico (Yokota et al., 1976) e uma boa fonte de lisina, o que pode favorecer sua combinação com cereais como o milho (Moreira et al., 1996). Constitui boa fonte de leucina, treonina, vitaminas do complexo B, carboidratos, lipídios e minerais, sendo, por outro lado, deficiente em aminoácidos sulfurados (Peppler, 1970). O teor de energia metabolizável para aves situa-se ao redor de 2.947 kcal/kg, enquanto para o farelo de soja têm-se encontrado valores próximos a 2.415 kcal/kg (Embrapa, 1991).

Segundo resultados de pesquisas realizadas no Brasil, a inclusão de até 24% de levedura seca nas dietas de poedeiras não provocou alterações significativas no peso dos ovos e na unidade Haugh (Panobianco et al., 1989; Butolo, 1991). Com relação à cor da gema, a inclusão de níveis crescentes (até 24%) de levedura seca nas dietas de poedeiras provocou intensificação na cor da gema dos ovos (Panobianco et al., 1989). Entretanto, Botelho et al. (1998), utilizando níveis menores (até 7,5%), não observaram esse efeito.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adição de levedura seca da cana-de-açúcar na dieta de poedeiras comerciais sobre a qualidade dos ovos.

Material e Métodos

O experimento foi realizado nas instalações avícolas da Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, RJ, durante 12 semanas, correspondentes a três períodos de 28 dias cada. A levedura utilizada, Saccharomyces cerevisiae, foi produzida na Usina Santa Cruz, Município de Campos dos Goytacazes, RJ, na safra de 1998, secada em rolos rotativos, e fornecida em partida única no início deste estudo.

Foram utilizadas 120 poedeiras comerciais com idade inicial de 33 semanas, alojadas em gaiolas metálicas com seis subdivisões de 0,25x0,40x0,40 m e uma ave por divisão. Água e ração foram fornecidas a vontade durante todo o período experimental.

Amostras representativas de milho, farelo de soja e levedura foram coletadas e analisadas (Tabela 1). As rações isoprotéicas (18% de proteína bruta), isoenergéticas (2.800 kcal de energia metabolizável/kg), isocálcicas (3,8% Ca) e isofosfóricas (0,38% P disponível) foram formuladas segundo o Guía de Manejo Ponedoras Isabrown (Institut de Sélection Animale, 1993) à base de milho e farelo de soja com adição de cinco níveis de levedura seca (NLS): 0, 7, 14, 21 e 28% (Tabela 2).

Os ovos foram pesados nos dois últimos dias de cada ciclo, logo após a coleta, utilizando-se balança eletrônica com aproximação de 0,01 g. O peso médio dos ovos (PO) foi obtido dividindo-se o peso total pelo número de ovos postos em cada unidade experimental.

Na avaliação das variáveis referentes à qualidade interna e da casca, foram retirados, ao acaso, quatro ovos por unidade experimental. A avaliação da qualidade interna foi feita a partir dos dados de altura do albúmen, unidade Haugh, cor da gema e composição química da gema (sólidos totais, extrato etéreo e proteína). A altura do albúmen (AA) foi obtida utilizando Relógio Comparador de Espessura, da marca Mitutoyo, modelo 2046 F, com curso de 10 mm e exatidão de 12 mm, acoplado a uma mesa de trabalho (525 mm x 320 mm) portátil. Unidade Haugh (UH) é uma medida da qualidade interna do ovo, obtida pela relação entre peso do ovo (g) e altura do albúmen (mm). No seu cálculo utilizou-se a fórmula descrita por Card & Nesheim (1966): UH = 100 log (H + 7,57 1,7W 0,37), onde H é a altura do albúmen (mm) e W é o peso do ovo (g). A avaliação da cor das gemas (CG) foi feita com o ábaco colorimétrico Roche, com escala de cores variando de 1 a 15.

Após as análises de altura do albúmen e cor da gema, as gemas foram imediatamente separadas dos albúmens e acondicionadas em frascos de vidro com tampa, formando uma amostra composta por quatro gemas homogeneizadas, segundo Campos & Nunes (1981). De cada amostra composta foram retiradas duas sub-amostras para as análises de sólidos totais da gema (STG), em estufa de ventilação forçada por 24 horas a 105ºC, proteína da gema (PG), pelo método micro-Kjeldahl (%N x 6,25) e extrato etéreo da gema (EEG), obtido pela extração com éter de petróleo em aparelho Soxhlet durante seis horas.

Avaliou-se a gravidade específica dos ovos (GEO) conforme técnica citada por Hamilton (1982), na qual os ovos são mergulhados, um a um, em soluções salinas com concentrações crescentes e, por flotação, determina-se a gravidade correspondente a cada ovo. Os ovos recém-chegados do galinheiro foram armazenados no laboratório durante uma hora, objetivando igualar sua temperatura com a temperatura ambiente. Posteriormente, foram imersos em água, para retirar impurezas aderidas à casca e eliminar grande parte da absorção da primeira solução salina, segundo método descrito por Moreng & Avens (1990). Durante esse período, seis soluções salinas com densidades de 1,075 a 1,100, a intervalos de 0,005, foram preparadas com água destilada e sal comum, calibradas com densímetro e acondicionadas em recipientes de plástico.

A partir das cascas secadas ao ar, foi obtido o peso da casca (PC), utilizando-se balança com aproximação de 0,01 g. A espessura da casca (EC) foi determinada conforme Tyler (1961), Potts & Washburn (1974) e Nordstrom & Ousterhout (1982). Quatro pedaços da casca seca com membrana foram retirados da região equatorial do ovo. A espessura de cada pedaço (3 a 5 mm2) foi medida com micrômetro externo com curso de 25 mm, leitura de 0,01 mm e exatidão de ±0,002 mm. A EC foi obtida a partir da média das quatro medidas obtidas.

Foi adotado o delineamento estatístico de blocos ao acaso, com quatro repetições, cinco tratamentos e seis aves por unidade experimental, tendo como efeito principal os níveis de levedura (0, 7, 14, 21 e 28%), e, como efeito secundário, três períodos de 28 dias cada. O bloco foi caracterizado pela localização das gaiolas na instalação, e a unidade experimental, uma gaiola contendo seis galinhas. Os dados foram submetidos à análise da variância pelo procedimento Anova - Parcela Subdividida do SAEG 7.1 (Universidade Federal de Viçosa, 1997), de acordo com o modelo matemático:

em que: Yijk é a observação relativa à parcela que recebeu o tratamento i, no bloco j e no ciclo de postura k; m é a média geral; Ti é o efeito do tratamento; i = (1, , 5); bj é o efeito do bloco; j = (1, , 4); rk é o efeito do ciclo de postura; k = (1, , 3); Trik é o efeito da interação tratamento x ciclo de postura; eij é o efeito do erro aleatório, normal e independente, distribuído com média 0 e variância d2A, no tratamento i e no bloco j; eijk é o efeito do erro aleatório, normal e independente, distribuído com média 0 e variância d2B, no tratamento i, no bloco j e no ciclo de postura k.

Os graus de liberdade do fator nível de levedura foram decompostos em seus componentes de regressão por meio de polinômios ortogonais.

Resultados e Discussão

A adição de levedura na dieta não teve efeito significativo (P>0,05) sobre o PO (Tabela 3). Bornstein et al. (1982), Valdivie et al. (1982), Crovetto et al. (1984), Panobianco et al. (1989), Butolo (1991), Caballero et al. (1993) e Ozturk & Ozen (1994) também não constataram alteração significativa no peso dos ovos de poedeiras alimentadas com proteína microbiana variando entre 2,5 e 24%. Em contrapartida, Yoshida (1988) constatou redução no peso dos ovos com a utilização de 16% de levedura de cervejaria na dieta em substituição ao farelo de soja e farinha de peixe, concomitantemente.

A adição de levedura seca não teve efeito significativo (P>0,05) na altura do albúmen e unidade de Haugh. Resultados semelhantes foram obtidos por Waldroup & Hazen (1975), Panobianco et al. (1989) e Butolo (1991), com a inclusão de levedura seca variando entre 2,5 e 24% na dieta de poedeiras com idades entre 20 e 52 semanas. Por outro lado, Botelho et al. (1998), trabalhando com níveis até 7,5% de levedura Saccharomyces cerevisiae em dietas para poedeiras da 18a a 34a semana de idade, observaram efeito linear decrescente significativo sobre a unidade Haugh apenas no terceiro ciclo de postura.

A composição química da gema do ovo em relação aos sólidos totais, extrato etéreo e proteína não sofreu efeito significativo (P>0,05) dos níveis de levedura. Os trabalhos consultados não relataram o efeito da levedura na composição química dos ovos de poedeiras.

A gravidade específica do ovo, o peso e a espessura da casca não sofreram efeito significativo (P>0,05) dos níveis da levedura (Tabela 3). Rojas et al. (1983), utilizando níveis até 10% de levedura Candida sp., também não constataram alterações significativas na gravidade específica dos ovos. Ozturk & Ozen (1994) constataram que níveis até 18,06% de levedura da indústria vinícola não causaram respostas significativas no peso e espessura da casca. Botelho et al. (1998) e Butolo (1991) não observaram diferenças significativas na espessura da casca utilizando 7,5 e 10% da levedura Saccharomyces cerevisiae, respectivamente.

Não houve efeito significativo (P>0,05) dos níveis de levedura em relação à cor das gemas (CG) no primeiro e segundo períodos de produção (Tabela 4). Entretanto, os níveis 21 e 28% de levedura proporcionaram alteração significativa (P<0,05) na CG ao final do terceiro ciclo de postura. Houve efeito quadrático entre CG e níveis de levedura seca (NLS) no terceiro ciclo de postura (CG = 7,70 -0,036NLS + 0,002NLS2, R2 = 0,88). Crovetto et al. (1984) e Panobianco et al. (1989) também observaram aumento significativo na intensidade da cor das gemas utilizando níveis até 15% da levedura Candida boidinni e até 24% da levedura Saccharomyces cerevisiae, respectivamente. Por outro lado, Ozturk & Ozen (1994) e Botelho et al. (1998), utilizando níveis entre 4,52 e 18,06%, não constataram alteração significativa na intensidade da cor das gemas.

Segundo Ullrey (1972), citado por Maynard et al. (1984) e Latscha (1990), carotenóides monocíclicos, tais como, toruleno e torularodina encontram-se presentes nas leveduras, o que torna a presente informação útil na orientação de pesquisas futuras sobre o potencial pigmentante da levedura.

Os dados referentes à análise econômica da utilização de levedura nas dietas mostraram que é viável a inclusão de até 28% de levedura nas rações (Tabela 5).

Conclusões

1. A inclusão de levedura seca na dieta das poedeiras em proporções de até 28% intensifica a cor amarela da gema.

2. A levedura seca de cana-de-açúcar constitui alimento potencial para ser utilizado pelos avicultores.

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  • (1
    ) Aceito para publicação em 8 de abril de 2002.
    Extraído da dissertação de mestrado apresentada pelo primeiro autor à Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Campos dos Goytacazes, RJ. Projeto financiado pela Fenorte.
    (2
    ) Uenf, Avenida Alberto Lamego 2000, Horto, CEP 28015-620 Campos dos Goytacazes, RJ. E-mail:
    (3
    ) Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, Av. Antônio Carlos, 6627, Pampulha, CEP 31270-901 Belo Horizonte, MG. E-mail:
    (4
    ) Escola Técnica Estadual Agrícola Antônio Sarlo, Av. Rio Grande do Sul, s/n
    o, Fundão, CEP 28070-620 Campos dos Goytacazes, RJ.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      19 Dez 2002
    • Data do Fascículo
      Set 2002

    Histórico

    • Aceito
      08 Abr 2002
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