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Herbicidas aplicados na soja e produtividade do milho em sucessão

Herbicides applied in soybean and the productivity of corn in succession

Resumos

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito residual de herbicidas aplicados na cultura da soja sobre a produtividade do milho em semeadura subseqüente. Foram instalados cinco experimentos na safra agrícola 2002/2003, com delineamento em blocos ao acaso e quatro repetições. Cada experimento correspondeu ao período decorrido entre a aplicação dos herbicidas e a semeadura do milho: zero (semeadura no mesmo dia da aplicação), 30, 60, 90 e 120 dias após aplicação (daa). Os experimentos foram compostos por oito tratamentos (herbicidas diclosulan, sulfentrazone, imazaquin, imazethapyr, fomesafen, lactofen, e chlorimuron-ethyl e um tratamento testemunha), e o efeito dos herbicidas sobre a cultura do milho foi avaliado pela fitotoxicidade e a produtividade. O efeito da fitotoxicidade foi acentuado a zero e 30 daa, e apresentou correlação direta com a redução da produtividade de milho, principalmente quanto aos herbicidas diclosulan e imazaquin. Aos 60 daa não houve correlação direta entre a fitotoxicidade e a produtividade, demonstrando que a cultura do milho apresentou boa capacidade de recuperação. Aos 90 e 120 daa não ocorreram sintomas de fitotoxicidade em nenhum dos tratamentos. Os produtos utilizados apresentaram efeito residual sobre a cultura do milho, principalmente quando foi semeado até 60 dias após aplicação dos herbicidas.

Glycine max; Zea mays; fitotoxicidade; cultivo sucessivo


The objective of this work was to assess the residual effect of herbicides applied in soybean cultures on the productivity of corn planted in succession. Five experiment units were installed in the crop year 2002/2003 in random blocks, with four replications. Each experiment corresponded to the period between the application of the herbicides and the planting of the corn: zero (planting on the same day of application) 30, 60, 90 and 120 days after application (daa). Experiments were made up of eight treatments (herbicides diclosulan, sulfentrazone, imazaquin, imazethapyr, fomesafen, lactofen, and chlorimuron-ethyl, and control treatment), and the effect of the herbicides on the corn was evaluated by means of fitotoxicity and productivity. The effect of fitotoxicity was significant at zero and 30 daa, and was directly correlated to the reduction of the corn productivity, especially for the herbicides diclosulan and imazaquin. At 60 daa there was no direct correlation between fitotoxicity and productivity, showing that the culture of corn presented capacity to recover. At 90 and 120 daa no symptoms of fitotoxicity were found in any treatment. The products had an effect on the culture of corn, especially when it was planted up to 60 days after the application of the herbicides.

Glycine max; Zea mays; phytotoxicity; successive crop


FITOTECNIA

Herbicidas aplicados na soja e produtividade do milho em sucessão

Herbicides applied in soybean and the productivity of corn in succession

Jorge Paulo ArtuziI; Robinson Luiz ContieroII

IDu Pont do Brasil, Rua Mato Grosso, nº 1680/101, CEP 85812-020 Cascavel, PR. E-mail: artuzijp@terra.com.br

IIUniversidade Estadual do Oeste do Paraná, Rua Universitária, nº 1619, CEP 85819-110 Cascavel, PR. E-mail: rcontiero@gmail.com

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito residual de herbicidas aplicados na cultura da soja sobre a produtividade do milho em semeadura subseqüente. Foram instalados cinco experimentos na safra agrícola 2002/2003, com delineamento em blocos ao acaso e quatro repetições. Cada experimento correspondeu ao período decorrido entre a aplicação dos herbicidas e a semeadura do milho: zero (semeadura no mesmo dia da aplicação), 30, 60, 90 e 120 dias após aplicação (daa). Os experimentos foram compostos por oito tratamentos (herbicidas diclosulan, sulfentrazone, imazaquin, imazethapyr, fomesafen, lactofen, e chlorimuron-ethyl e um tratamento testemunha), e o efeito dos herbicidas sobre a cultura do milho foi avaliado pela fitotoxicidade e a produtividade. O efeito da fitotoxicidade foi acentuado a zero e 30 daa, e apresentou correlação direta com a redução da produtividade de milho, principalmente quanto aos herbicidas diclosulan e imazaquin. Aos 60 daa não houve correlação direta entre a fitotoxicidade e a produtividade, demonstrando que a cultura do milho apresentou boa capacidade de recuperação. Aos 90 e 120 daa não ocorreram sintomas de fitotoxicidade em nenhum dos tratamentos. Os produtos utilizados apresentaram efeito residual sobre a cultura do milho, principalmente quando foi semeado até 60 dias após aplicação dos herbicidas.

Termos para indexação:Glycine max, Zea mays, fitotoxicidade, cultivo sucessivo.

ABSTRACT

The objective of this work was to assess the residual effect of herbicides applied in soybean cultures on the productivity of corn planted in succession. Five experiment units were installed in the crop year 2002/2003 in random blocks, with four replications. Each experiment corresponded to the period between the application of the herbicides and the planting of the corn: zero (planting on the same day of application) 30, 60, 90 and 120 days after application (daa). Experiments were made up of eight treatments (herbicides diclosulan, sulfentrazone, imazaquin, imazethapyr, fomesafen, lactofen, and chlorimuron-ethyl, and control treatment), and the effect of the herbicides on the corn was evaluated by means of fitotoxicity and productivity. The effect of fitotoxicity was significant at zero and 30 daa, and was directly correlated to the reduction of the corn productivity, especially for the herbicides diclosulan and imazaquin. At 60 daa there was no direct correlation between fitotoxicity and productivity, showing that the culture of corn presented capacity to recover. At 90 and 120 daa no symptoms of fitotoxicity were found in any treatment. The products had an effect on the culture of corn, especially when it was planted up to 60 days after the application of the herbicides.

Index terms:Glycine max, Zea mays, phytotoxicity, successive crop.

Introdução

Em espécies cultivadas de maneira intensiva, como as culturas da soja e do milho, a utilização de herbicidas para controle de plantas daninhas é uma técnica indispensável. Porém, a complexidade do controle de plantas daninhas por meio de herbicidas tem aumentado substancialmente, principalmente devido à diversidade de espécies, ao surgimento de biótipos resistentes e às novas moléculas introduzidas no mercado nos últimos anos.

Plantas daninhas podem interferir sobre determinada cultura, e a intensidade desta interferência normalmente é avaliada por meio dos decréscimos na produção. Tais decréscimos são conseqüência da competição pelos fatores de crescimento disponíveis, da liberação de substâncias alelopáticas e, de forma indireta, do fato de as plantas daninhas atuarem como hospedeiros intermediários de pragas e doenças, além de dificultarem a realização de tratos culturais e da colheita (Pitelli, 1985).

Pela importância da utilização de herbicidas e a variedade de produtos disponíveis no mercado para a realização de programas de rotação de produtos e de manejo de plantas daninhas, na cultura da soja e em culturas sucessivas, é necessária a realização de pesquisas, a fim de detectar uma possível susceptibilidade da soja, bem como efeitos residuais de herbicidas sobre culturas semeadas em cultivos subseqüentes (Pereira et al., 2000).

Diversos autores, ao estudar o comportamento de herbicidas no solo, relatam a complexidade da decomposição das moléculas, os processos envolvidos e o longo período necessário para que isto ocorra (Stougaard et al., 1990; Gazziero et al., 1997; Vidal, 1997; Ferri & Rizzardi, 2001; Merotto Junior & Vidal, 2001; Brighenti et al., 2002). Beckie & McKercher (1989), Vidal & Fleck (1994), Gazziero et al. (1997), Ulbrich et al. (1998), Constantin et al. (2000), Brighenti et al. (2002) relataram efeitos residuais de herbicidas aplicados à cultura da soja sobre culturas em sucessão, especialmente milho.

A tecnologia da semeadura de milho depois da cultura da soja, também chamada milho de segunda safra ou safrinha, é uma realidade no Brasil. No ano agrícola de 2003, a produção do milho de segunda safra foi responsável por 30% do total do milho produzido no Brasil (Agrianual, 2003). No Paraná, essa tecnologia é amplamente utilizada pelos agricultores, sendo a região oeste do Estado a principal produtora de milho nesta modalidade de plantio.

A utilização de variedades de soja precoce, aliada a técnicas de antecipação de colheita, reduz o intervalo entre a aplicação de herbicidas na cultura da soja e a semeadura do milho em cultivo subseqüente. Por isso, os riscos de efeitos residuais desses herbicidas sobre o milho aumentam, e são necessárias informações sobre os intervalos exigidos para que esses produtos sejam degradados e não afetem a cultura do milho.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito residual de herbicidas aplicados na cultura da soja, sobre a produtividade do milho em semeadura subseqüente.

Material e Métodos

Os experimentos foram conduzidos na Estação Experimental Prof. Dr. Antônio Carlos dos Santos Pessoa, da Unioeste, Campus de Marechal Cândido Rondon, em Latossolo Vermelho eutroférrico com as características físicas e químicas: P, 6,04 mg dm-3; C, 17,80 g dm-3; pH em água, 5,85; H++Al3+, 3,97 cmolc dm-3; Ca2+, 5,30 cmolc dm-3; Mg2+, 2,61 cmolc dm-3; Ca2++Mg2+, 7,91 cmolc dm-3; Al3+, 0,00 cmolc dm-3; K+, 0,35 cmolc dm-3; S, 8,26 cmolc dm-3; T, 12,23 cmolc dm-3; V%, 67,54; densidade do solo, 1,61 g cm-3; densidade de partícula, 2,66 g cm-3; teor de água no solo, 29,17%; areia, 25,4 g kg-1; silte, 269 g kg-1 e argila, 705,6 g kg-1.

A área situa-se a 24º33'S e 54º4'W e altitude de 420 m. O clima predominante na região é o subtropical úmido, com temperaturas médias que variam de 15 a 32ºC durante o ano (Godoy, 1978). A precipitação local, durante a condução dos experimentos, no período de setembro de 2002 a agosto de 2003, foi de 1.978 mm.

O preparo do solo foi o convencional, revolvido por duas gradagens sucessivas. A adubação foi realizada conforme recomendações de Jorge et al. (1990) para a cultura do milho, com base nos resultados da análise química do solo.

Utilizou-se o híbrido de milho Pioneer 30K75, semiprecoce e com alto potencial produtivo. O espaçamento utilizado foi de 80 cm entre linhas, com uma população de 50 mil plantas por hectare. Atualmente esse híbrido é um dos mais semeados na região, e ocupa área aproximada de 15% na cultura do milho safrinha.

A área do experimento é proveniente do cultivo de mandioca, em três safras sucessivas, sem a utilização de herbicida. O trabalho foi composto por cinco experimentos, e cada um deles correspondeu ao período decorrido entre o momento da aplicação dos herbicidas e a semeadura do milho: zero (semeadura no mesmo dia da aplicação), 30, 60, 90 e 120 dias após a aplicação (daa).

O delineamento experimental usado em cada experimento foi o de blocos ao acaso, com oito tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram: diclosulan (33,6 g ha-1), sulfentrazone (600 g ha-1), imazaquin (140 g ha-1), imazethapyr (106 g ha-1), fomesafen (250 g ha-1), lactofen (144 g ha-1), chlorimuron-ethyl (15 g ha-1) e testemunha, sem aplicação de herbicida. Os tratamentos foram distribuídos em parcelas de 19,2 m2 (3,2x6 m).

A dose dos herbicidas foi determinada por meio da composição entre o intervalo recomendado pela empresa fabricante e a dose média utilizada pelos agricultores da região, respeitando-se o limite mínimo recomendado pelo fabricante. A testemunha foi mantida livre de plantas daninhas, com capina manual.

Em todas as parcelas foi semeada soja (cultivar Coodetec CD-202), e os herbicidas pré-emergentes (diclosulan, sulfentrazone e imazaquin) foram aplicados depois da semeadura. Quanto aos herbicidas pós-emergentes (imazethapyr, fomesafen, lactofen e chlorimuron-ethyl) foram aplicados com a soja no estádio fenológico V3. Embora nenhuma avaliação tenha sido realizada na cultura da soja, sua utilização foi importante para reproduzir com fidelidade as condições de lavoura.

A aplicação dos herbicidas em todas as parcelas e em todos os experimentos foi feita no mesmo dia, com pulverizador costal, equipado com pontas de jato plano 110-SF-02, distantes 0,50 m umas das outras, mantidas a 0,50 m do solo, à pressão constante (CO2) de 45 lb pol-2, e com volume de calda de 200 L ha-1. No momento da aplicação, as condições climáticas eram: temperatura de 23ºC, umidade relativa do ar de 68% e ventos de 2 km h-1.

A partir da aplicação dos herbicidas (zero dia), a soja foi destruída com auxílio de roçadeira mecânica e foi realizada a semeadura do milho em cada experimento, respeitando-se o período de zero, 30, 60, 90 e 120 dias após a aplicação dos herbicidas. Nas parcelas em que foram aplicados os herbicidas em pós-emergência, a soja foi semeada com antecedência, para permitir que, na aplicação, a cultura estivesse no estádio V3. Dessa forma, todos os herbicidas foram aplicados no mesmo dia. Os tratos culturais realizados no milho foram idênticos em todos os experimentos, resumindo-se basicamente em aplicação de sulfato de amônia em cobertura, capina mecânica e duas aplicações de inseticidas para o controle de lagartas, sendo a primeira, com methomyl (129 g ha-1), e a segunda, com novaluron (35 g ha-1).

A fitotoxicidade foi avaliada por meio da observação visual, com atribuição de notas de acordo com os sintomas apresentados pelas plantas 15 dias depois da semeadura. As notas representam a média de quatro repetições e foram atribuídas com base na escala de notas da European Weed Research Council (EWRC), conforme Melhorança (1984): 1: sem dano; 2: pequenas alterações (descoloração, deformação) visíveis em algumas plantas; 3: pequenas alterações (descoloração, deformação) visíveis em muitas plantas; 4: forte descoloração (amarelecimento) ou razoável deformação, sem contudo, ocorrer necrose (morte do tecido); 5: necrose (queima) de algumas folhas, em especial nas margens, acompanhadas de deformação em folhas e brotos; 6: mais de 50% das folhas e brotos apresentando necrose (deformação); 7: mais de 80% das folhas e brotos destruídos; 8: danos extremamente graves, sobrando apenas pequenas áreas verdes nas plantas; 9: morte da planta.

Os dados de produtividade do milho foram corrigidos para 13% de umidade.

A análise de variância foi realizada com dados referentes à produtividade, pelo teste F, e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (Banzato & Kronka, 1989; Pimentel-Gomes, 1990).

Resultados e Discussão

No dia zero da aplicação, os herbicidas pré-emergentes diclosulan, sulfentrazone e imazaquin, provocaram maior fitotoxicidade na cultura do milho, apresentando grau 8 na escala da EWRC (Tabela 1).

A semeadura do milho no dia da aplicação de diclosulan e sulfentrazone resultou em redução no porte e altura das plantas, clorose intensa e necrose na extremidade das folhas. O diclosulan ocasionou, ainda, um arroxeamento na base da nervura central das folhas e na base da planta. O estande de plantas foi muito reduzido nos dois tratamentos (Tabela 1).

O tratamento com imazaquin, com semeadura no dia zero da aplicação, provocou maior redução na altura das plantas; embora elas tenham emergido, praticamente não se desenvolveram. As folhas apresentaram clorose intensa, necrose na extremidade e arroxeamento na nervura central. O estande de plantas foi muito reduzido (Tabela 1).

Embora Pereira et al. (2000), ao estudar o efeito residual de diclosulan e sulfentrazone em solo arenoso, não tenham observado sintoma de fitotoxicidade desses herbicidas sobre o milho semeado em sucessão à soja, segundo Stougaard et al. (1990) e Brighenti et al. (2002), esses herbicidas apresentam efeito residual longo e podem, dependendo das condições climáticas e de solo, prejudicar culturas em sucessão, tal como ocorreu neste trabalho.

Entre os herbicidas aplicados em pós-emergência, o chlorimuron-ethyl provocou redução no porte e altura das plantas, clorose intensa, necrose na extremidade das folhas e arroxeamenteo na nervura central das folhas e base da planta, que, conforme Beckie & McKercher (1989) e Vidal (1997), deve-se à sua persistência média a longa no solo, influenciado principalmente pela decomposição química e adsorção aos colóides do solo, além da degradação microbiana.

Com a semeadura do milho 30 daa dos herbicidas, os pré-emergentes também provocaram maiores graus de fitotoxicidade. Os sintomas nos três tratamentos foram parecidos, caracterizando-se pela redução do porte e altura das plantas e clorose intensa das folhas. O herbicida diclosulan, além desses sintomas, ocasionou redução maior no estande de plantas, e o herbicida sulfentrazone ocasionou necrose na extremidade das folhas.

Com a semeadura 60 daa dos herbicidas, o efeito fitotóxico começou a diminuir, e não houve nenhum sintoma de fitotoxicidade nas plantas do milho semeado 90 e 120 daa. Resultados semelhantes foram encontrados por Gazziero et al. (1997) e Ulbrich et al. (1998), que relataram que, a partir de 120 daa de imazaquin e imazethapyr, as plantas de milho não apresentaram dano provocado pelos produtos.

Com relação à produtividade de milho semeado no dia da aplicação dos herbicidas, os tratamentos com diclosulan e imazaquin não diferiram entre si, e estes dois herbicidas provocaram a maior redução na produtividade. Os herbicidas sulfentrazone, imazethapyr e chlorimuron-ethyl também não diferiram entre si e provocaram redução significativa na produtividade (Tabela 2).

Os herbicidas fomesafen, imazethapyr e chlorimuron-ethyl, provocaram redução semelhante na produtividade do milho semeado no dia da aplicação (Tabela 2), o que confirma os resultados referentes à fitotoxicidade (Tabela 1).

O herbicida lactofen foi o único que não apresentou efeito significativo na produtividade de milho semeado no dia da aplicação, o que está de acordo com a ausência de fitotoxicidade verificada neste tratamento (Tabela 1).

Com a semeadura 30 daa, o herbicida diclosulan provocou maior redução na produtividade de milho, embora seu efeito não tenha diferido dos demais herbicidas (Tabela 2).

Nenhum dos herbicidas provocou efeito significativo na produtividade do milho semeado 60 daa (Tabela 2). Correlacionando-se os dados de fitotoxicidade (Tabela 1) e produtividade, observa-se que, apesar de alguns herbicidas terem apresentado sintomas de fitotoxicidade, como o diclosulan (grau 4), o sulfentrazone, imazaquin e fomesafen (grau 2), esses sintomas não tiveram efeito sobre a produtividade do milho.

Esse resultado diverge dos obtidos por Mills & Witt (1989) e por Ulbrich et al. (1998), os quais demonstraram que, somente a partir de 90 dias depois da aplicação dos herbicidas imazaquin e imazethapyr, as plantas de milho se recuperaram dos sintomas de dano, e apresentaram produtividade normal. Porém, é preciso considerar diferenças quanto ao híbrido estudado e condições de clima e solo do local do experimento.

Nenhum dos herbicidas provocou efeito significativo na produtividade de milho semeado 90 daa (Tabela 2). Estes dados confirmam os obtidos na avaliação da fitotoxicidade, em que nenhum dos tratamentos provocou sintomas aparentes (Tabela 1).

Resultados semelhantes foram obtidos por Ulbrich et al. (1998), os quais, ao estudar o efeito residual dos herbicidas imazaquin e imazethapyr sobre o milho safrinha, em solo argiloso (75% de argila), observaram que, a partir do intervalo de 90 dias entre a aplicação e a semeadura de milho, não houve diferença significativa na produtividade do milho entre as áreas tratadas ou não com esses herbicidas.

Conclusões

1. Os herbicidas diclosulan, sulfentrazone e imazaquin provocam sintomas de fitotoxicidade mais fortes no milho (Pioneer 30K75) em sucessão à soja, semeado até 60 dias após sua aplicação.

2. O herbicida diclosulan reduz a produtividade do milho (Pioneer 30K75) em sucessão à soja, semeado até 30 dias após sua aplicação, e os herbicidas diclosulan, sulfentrazone, imazaquin, imazethapyr, fomesafen e chlorimuron-ethyl não têm efeito sobre a produtividade do milho (Pioneer 30K75) em sucessão à soja, semeado a partir de 60 dias após sua aplicação.

3. O herbicida lactofen não causa sintoma de fitotoxicidade e redução na produtividade do milho (Pioneer 30K75) em sucessão à soja.

Recebido em 1º de março de 2005 e aprovado em 17 de abril de 2006

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Set 2006
  • Data do Fascículo
    Jul 2006

Histórico

  • Aceito
    17 Abr 2006
  • Recebido
    01 Mar 2005
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