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Resistência ao estresse e crescimento de larvas de peixes neotropicais alimentadas com diferentes dietas

Stress resistance and growth of larvae of neotropical fish feed with different diets

Resumos

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da alimentação na resistência ao estresse e no crescimento de larvas das espécies de peixes neotropicais: Astronotus ocellatus (Oscar), Piaractus mesopotamicus (pacu) e Pseudoplatystoma coruscans (pintado). As larvas receberam diferentes tipos de alimentos (Artemia sp., larvas de Colossoma macropomum e dieta artificial Fry Feed Kyowa). Foram realizados testes de exposição ao ar e a taxa de sobrevivência, determinada 24 horas depois. A fim de avaliar o crescimento, medidas de peso foram realizadas em larvas dos diferentes tratamentos. Larvas de A. ocellatus alimentadas com náuplios de Artemia sp. apresentaram tendência de maior peso e resistência ao estresse, quando comparadas com o uso de dieta artificial. Larvas de P. mesopotamicus apresentaram melhores valores de peso e taxas de resistência ao estresse, quando alimentadas com Artemia sp. ou alimentação mista (Artemia sp. + dieta artificial). Em P. coruscans, o uso de larvas forrageiras resultou em indivíduos mais resistentes aos testes de exposição ao ar do que os que receberam apenas Artemia sp. Valores de peso, nos dois manejos alimentares, foram semelhantes entre si. O alimento vivo desempenha importante atuação no crescimento em peso e na melhora da resistência ao estresse das espécies estudadas.

alimentação; exposição ao ar; larvicultura; Astronotus ocellatus; Piaractus mesopotamicus; Pseudoplatystoma coruscans


The objective of this work was to evaluate the effect of feeding on stress resistance and growth in larvae of neotropical fish of the species: Astronotus ocellatus, Piaractus mesopotamicus, and Pseudoplatystoma coruscans. Larvae received different types of food (Artemia sp., Colossoma macropomum larvae and artificial microdiet Fry Feed Kyowa). Resistance tests to air exposure were applied, and larvae survival was determined after 24 hours. To evaluate the growth, weight measures were performed during the different treatments. A. ocellatus larvae fed on Artemia sp. nauplii tended to better resistant and weight than others that received artificial microdiet. P. mesopotamicus larvae showed better stress resistance and weight values when fed on Artemia sp. or under mixed feeding (Artemia sp. + artificial microdiet). For P. coruscans, the use of forage fish larvae provided more resistant individuals than those treated with Artemia sp. or artificial food. However, values of weight were the same for both foods. The live food is important in the growth in weight as well as in the improvement of the stress resistance in the studied species.

feeding; air exposure; larviculture; Astronotus ocellatus; Piaractus mesopotamicus; Pseudoplatystoma coruscans


PISCICULTURA

Resistência ao estresse e crescimento de larvas de peixes neotropicais alimentadas com diferentes dietas

Stress resistance and growth of larvae of neotropical fish feed with different diets

Ronald Kennedy Luz

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Dep. de Zoologia de Vertebrados, Prédio 41, Av. Dom Gaspar, nº 500, Coração Eucarístico, CEP 30535-610 Belo Horizonte, MG. E-mail: luzrk@yahoo.com

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da alimentação na resistência ao estresse e no crescimento de larvas das espécies de peixes neotropicais: Astronotus ocellatus (Oscar), Piaractus mesopotamicus (pacu) e Pseudoplatystoma coruscans (pintado). As larvas receberam diferentes tipos de alimentos (Artemia sp., larvas de Colossoma macropomum e dieta artificial Fry Feed Kyowa). Foram realizados testes de exposição ao ar e a taxa de sobrevivência, determinada 24 horas depois. A fim de avaliar o crescimento, medidas de peso foram realizadas em larvas dos diferentes tratamentos. Larvas de A. ocellatus alimentadas com náuplios de Artemia sp. apresentaram tendência de maior peso e resistência ao estresse, quando comparadas com o uso de dieta artificial. Larvas de P. mesopotamicus apresentaram melhores valores de peso e taxas de resistência ao estresse, quando alimentadas com Artemia sp. ou alimentação mista (Artemia sp. + dieta artificial). Em P. coruscans, o uso de larvas forrageiras resultou em indivíduos mais resistentes aos testes de exposição ao ar do que os que receberam apenas Artemia sp. Valores de peso, nos dois manejos alimentares, foram semelhantes entre si. O alimento vivo desempenha importante atuação no crescimento em peso e na melhora da resistência ao estresse das espécies estudadas.

Termos para indexação: alimentação, exposição ao ar, larvicultura, Astronotus ocellatus, Piaractus mesopotamicus, Pseudoplatystoma coruscans.

ABSTRACT

The objective of this work was to evaluate the effect of feeding on stress resistance and growth in larvae of neotropical fish of the species: Astronotus ocellatus, Piaractus mesopotamicus, and Pseudoplatystoma coruscans. Larvae received different types of food (Artemia sp., Colossoma macropomum larvae and artificial microdiet Fry Feed Kyowa). Resistance tests to air exposure were applied, and larvae survival was determined after 24 hours. To evaluate the growth, weight measures were performed during the different treatments. A. ocellatus larvae fed on Artemia sp. nauplii tended to better resistant and weight than others that received artificial microdiet. P. mesopotamicus larvae showed better stress resistance and weight values when fed on Artemia sp. or under mixed feeding (Artemia sp. + artificial microdiet). For P. coruscans, the use of forage fish larvae provided more resistant individuals than those treated with Artemia sp. or artificial food. However, values of weight were the same for both foods. The live food is important in the growth in weight as well as in the improvement of the stress resistance in the studied species.

Index terms: feeding, air exposure, larviculture, Astronotus ocellatus, Piaractus mesopotamicus, Pseudoplatystoma coruscans.

Introdução

A larvicultura intensiva é uma atividade que vem sendo realizada atualmente no Brasil com várias espécies de peixes. Nesse sistema de produção, o estresse dos animais é constante, devido aos manejos diários realizados. A escassez de conhecimento sobre as melhores condições a que os animais devem ser submetidos durante essa fase inviabiliza a criação das várias espécies de interesse comercial (Luz, 2004).

A crescente produção nacional e a necessidade de maior disponibilidade de juvenis, torna a larvicultura um desafio para pesquisadores e produtores que vem tentando aumentar a produção de animais saudáveis para a subseqüente fase do ciclo de produção (Luz & Portella, 2005b).

De acordo com Koven et al. (2001), a alimentação pode aumentar a sobrevivência dos animais após o manejo de transferência de tanques. Isto indica que a alimentação atua na resistência das larvas ao estresse, e pode afetar a indústria da aqüicultura.

Estudos de manejos da larvicultura intensiva de peixes neotropicais têm indicado a alimentação como fator importante nessa fase (Cestarolli et al., 1997; Luz & Zaniboni Filho, 2001; Luz & Portella, 2002; Jomori et al., 2003; Luz, 2004). Entre os alimentos utilizados destaca-se o fornecimento de náuplios de Artemia sp. para espécies de diferentes hábitos alimentares (Lopes et al., 1996; Luz & Zaniboni Filho, 2001; Luz & Portella, 2002; Guerrero-Alvarado, 2003; Jomori et al., 2003; Beerli et al., 2004; Luz, 2004), assim como o uso de larvas forrageiras para espécies carnívoras (Schütz, 2003; Mai & Zaniboni Filho, 2005).

Nesses estudos, parâmetros comumente utilizados na avaliação do efeito dos manejos alimentares baseiam-se nas taxas de crescimento e sobrevivência dos animais. Os testes de resistência ao estresse podem, com esses parâmetros, ser um instrumento de suporte para avaliar a qualidade da produção de larvas e juvenis (Dhert et al., 1992).

Diversos testes de resistência ao estresse vêm sendo utilizados como: a exposição ao ar (Sakakura et al., 1998; Arends et al., 1999; Benfey & Biron, 2000; Martins et al., 2000; Koven et al., 2001; Luz & Portella, 2002; Van Anholt et al., 2004; Luz & Portella, 2005b), resposta de sensibilidade à inoculação de bactérias (Chair et al., 1994; Gatesoupe, 1995), exposição a altos níveis de amônia (Mazik et al., 1987), variações na salinidade da água (Lim et al., 2002; Koven et al., 2003; Van Anholt et al., 2004), confinamento (Arends et al., 1999) e variações de temperatura e exposição a baixos níveis de oxigênio (Tago et al., 1999).

Ako et al. (1994) utilizaram náuplios de Artemia sp. sem enriquecimento ou com enriquecimento e uma combinação desses alimentos com rotíferos Brachionus plicatilis, na alimentação de larvas de Mugil cephalus e encontraram maior resistência ao estresse quando as larvas receberam náuplios enriquecidos ou uma mistura de náuplios enriquecidos com rotíferos. Da mesma forma, Kanazawa (1997) verificou que larvas de Pargus major, alimentadas com várias dietas, apresentam diferenças na resistência ao estresse em função do nível de inclusão de DHA (ácido docosahexanóico) e lecitina de soja. Estes resultados indicam que a alimentação pode melhorar o estado de saúde das larvas (Ako et al., 1994) produzindo animais de qualidade (Kanazawa, 1997).

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da alimentação na resistência ao estresse (teste de exposição ao ar) e no crescimento de larvas de três espécies de peixes neotropicais.

Material e Métodos

Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Nutrição de Organismos Aquáticos do Centro de Aqüicultura da Unesp, Jaboticabal, SP, em novembro 2003 e janeiro de 2004. Larvas de três espécies de peixes neotropicais, Astronotus ocellatus (Oscar), Piaractus mesopotamicus (pacu) e Pseudoplatystoma coruscans (pintado), foram estocadas em tanques com 100 L de água, renovação contínua, aeração constante e temperatura de 28,9±0,8°C para serem utilizadas nos experimentos. Como alimentos, foram utilizados náuplios de Artemia sp. (produzidos diariamente em recipientes de 20 L, com salinidade de 10‰), larvas forrageiras (larvas de tambaqui Colossoma macropomum, com cinco dias pós-eclosão) e ração comercial (Fry Feed Kyowa).

Na realização dos testes de exposição ao ar, em larvas das três espécies, em diferentes idades, as larvas foram cuidadosamente sifonadas e acondicionadas em bacias de plástico, contadas individualmente e separadas em béqueres de um litro (entre 10 a 15 larvas por béquer). Os béqueres foram mantidos em sistema de banho termostatizado (28,9±0,8°C) e com aeração constante, quando se realizou um período de jejum de seis a oito horas.

Experimentos com larvas de Astronotus ocellatus

Larvas de A. ocellatus, com seis dias de vida, foram alimentadas com náuplios de Artemia sp. na quantidade diária de 500 náuplios por larva, dividida em três refeições diárias às 7, 12 e 18h. Após os primeiros cinco dias de alimentação (11 dias de vida), os animais foram submetidos aos seguintes tratamentos de exposição ao ar sobre papel secante: E0: controle (sem exposição ao ar); E0,5: 30 segundos; E1: 1 minuto; E3: 3 minutos; E5: 5 minutos; e E7: 7 minutos de exposição ao ar.

Depois dos respectivos períodos de exposição ao ar, os papéis secantes foram mergulhados de volta nos béqueres. As larvas que permaneceram aderidas ao papel foram cuidadosamente retiradas com o auxílio de um pincel, para evitar danos. Após 24 horas, verificou-se a sobrevivência, considerada a taxa de resistência ao estresse (Re), em porcentagem. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado com seis tratamentos e quatro repetições.

Em um segundo experimento, larvas de A. ocellatus, com seis dias após a eclosão, foram submetidas a três tratamentos alimentares: alimentação com náuplios de Artemia sp. (500 náuplios por larva por dia); alimentação com ração e larvas mantidas em jejum.

Após os primeiros cinco dias de alimentação (11 dias de vida), com base nos resultados obtidos no primeiro experimento, as larvas foram submetidas ao teste de exposição ao ar por cinco minutos sobre papel secante (E5). Após 24 horas, avaliou-se a taxa de resistência ao estresse (Re), em porcentagem.

O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado com três tratamentos e quatro repetições. Na avaliação do peso úmido, dez larvas de cada tratamento alimentar foram retiradas e sacrificadas em gelo. Posteriormente, retirou-se o excesso de umidade com o auxílio de papel secante e procedeu-se à pesagem em balança analítica de precisão.

Experimentos com larvas de Piaractus mesopotamicus

Larvas de P. mesopotamicus, com cinco dias após a eclosão, foram alimentadas com náuplios de Artemia sp. nas quantidades diárias de 250 náuplios por larva, do 5º ao 7º dia de vida, 500 náuplios por larva, do 8º ao 10º dia, e 750 náuplios por larva, do 11º ao 13º dia de vida.

Indivíduos com 8, 11 e 15 dias de vida foram submetidos aos mesmos tratamentos de exposição ao ar em papel secante das larvas de A. ocellatus. Larvas com cinco dias de vida (antes de iniciar a alimentação), 8, 11 e 15 dias de vida, foram submetidas aos seguintes tratamentos de exposição ao ar em peneira: R0: controle (sem exposição ao ar); R0,5: 30 segundos; R1: 1 minuto; R3: 3 minutos; R5: 5 minutos; R7: 7 minutos; R10: 10 minutos; R12: 12 minutos; R15: 15 minutos; R17: 17 minutos; e R20: 20 minutos de exposição ao ar em peneira. Depois de coletadas as larvas, a peneira (diâmetro de malha de 0,5 mm) era colocada rapidamente sobre papel secante para a retirada do excesso de umidade. Após 24 horas, avaliou-se a taxa de resistência ao estresse (Re), em porcentagem.

O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado em esquema de parcelas subdivididas, com seis tratamentos e três repetições para o teste de exposição ao ar em papel secante e com 11 tratamentos e três repetições para o teste de exposição ao ar em peneira.

Em um segundo experimento, larvas de P. mesopotamicus receberam os seguintes tratamentos alimentares: larvas de P. mesopotamicus mantidas em jejum; náuplios de Artemia sp. como apresentado no primeiro experimento; náuplios de Artemia sp. em quantidades crescentes até o sétimo dia de vida, e depois uma mistura de ração mais náuplios de Artemia sp. na quantidade de 250 náuplios entre o 8º e 11º dia, seguida pelo fornecimento exclusivo de ração; e ração durante todo o experimento.

Larvas com 8, 11 e 15 dias de vida (três, seis e dez dias de alimentação, respectivamente), foram submetidas ao teste de exposição ao ar de um minuto sobre papel secante (E1) e de 20 minutos sobre peneira (R20). Após 24 horas, avaliou-se a taxa de resistência ao estresse (Re), em porcentagem.

Os testes foram conduzidos em delineamento inteiramente casualizado em esquema de parcelas subdivididas com quatro tratamentos e quatro repetições. Amostras de dez larvas, de cada tratamento alimentar, foram coletadas no decorrer do experimento, para a avaliação do peso úmido.

Experimentos com larvas de Pseudoplatystoma coruscans

Larvas de P. coruscans com três dias após a eclosão foram alimentadas com náuplios de Artemia sp. nas quantidades diárias de 500 náuplios por larva, do 3º ao 7º dia de vida, e 1.000 náuplios por larva do 8º ao 11º dia de vida.

Larvas com 9 e 12 dias de vida foram submetidas aos mesmos tratamentos de exposição ao ar em papel secante das larvas de A. ocellatus e P. mesopotamicus. Devido ao pequeno tamanho dos animais em idades jovens, que permaneciam totalmente aderidos ao papel secante, o uso deste teste durante as fases iniciais foi descartado. Indivíduos com 3 (antes de iniciar a alimentação exógena), 6, 9 e 12 dias de vida foram submetidos aos mesmos tratamentos de exposição ao ar em peneira das larvas de P. mesopotamicus. Após 24 horas, avaliou-se a taxa de resistência ao estresse (Re), em porcentagem.

O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado em esquema de parcelas subdivididas com seis tratamentos e quatro repetições para o teste de exposição ao ar em papel secante, e com 11 tratamentos e três repetições, para o teste de exposição ao ar em peneira.

Em um segundo experimento, larvas de P. coruscans foram alimentadas durante os três primeiros dias de alimentação (seis dias de vida) com náuplios de Artemia sp. Após esse período, os animais foram submetidos aos seguintes tratamentos alimentares: náuplios de Artemia sp. (1.000 náuplios de Artemia sp. por larva por dia); larvas de Colossoma macropomum (dez larvas forrageiras por larva de P. coruscans) e ração. Um lote de 300 animais foi mantido em jejum durante todo o período experimental. Após três dias sob os tratamentos (nove dias de vida), as larvas foram submetidas ao teste de exposição ao ar de cinco minutos sobre papel secante (E5) e de 20 minutos em peneira (R20). A Re, em porcentagem, foi avaliada 24 horas depois de aplicado os testes.

O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado com quatro tratamentos e quatro repetições para os diferentes testes de exposição ao ar. Na avaliação do crescimento das larvas, foi coletada uma amostra de dez animais de cada tratamento para a determinação do peso úmido.

Análise estatística

Os valores porcentuais da Re foram transformados para arco seno. Os dados de peso das larvas e os resultados de Re foram submetidos à análise de variância (ANOVA). Nos experimentos em esquema de parcelas subdivididas, os tratamentos principais foram os diferentes tempos de exposição ao ar ou os diferentes itens alimentares. Os tratamentos secundários foram as diferentes idades dos animais quando os testes foram realizados. Quando verificadas diferenças significativas entre os tratamentos (p<0,05), nas análises realizadas, as médias foram comparadas pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade. Nas análises estatísticas, utilizou-se o programa SAS versão 6.12 (SAS Institute, 1997).

Resultados e Discussão

No primeiro experimento, larvas de A. ocellatus alimentadas com náuplios de Artemia sp. apresentaram 100% de Re quando submetidas aos tratamentos E0, E0,5 e E1. No tratamento E3, a Re foi de 91,7±7,2% e semelhante (p>0,05) aos tratamentos anteriores. Quanto ao tratamento E5, foram encontrados valores inferiores (p<0,05) de Re (58,3±14,4%). O tratamento E7 apresentou Re muito baixa (4,2±7,2%) não sendo recomendado para essa espécie.

Depois de cinco dias de alimentação com diferentes tipos de alimento, o teste E5 proporcionou Re de 62,5±10,4 e 45,3±12,5%, para o uso de Artemia sp. e ração, respectivamente, com tendência de maior Re para o uso da Artemia sp. As larvas mantidas em jejum apresentaram Re inferiores (p<0,05) (15,7±7,8%). O uso de dieta artificial também proporcionou menor Re de choque osmótico, quando comparado ao uso de Artemia sp. em Poecilia reticulata (Lim et al., 2002).

Quanto aos valores de peso, os melhores resultados foram obtidos quando os animais foram alimentados com náuplios de Artemia sp. (0,034±0,003 g), corroborando os dados da Re. Valores inferiores e semelhantes entre si foram encontrados para o uso de ração e larvas mantidas em jejum, 0,020±0,004 e 0,018±0,003 g, respectivamente. Da mesma forma, o uso de Artemia sp. tem-se mostrado melhor, quando comparado ao uso da dieta inerte, durante o desenvolvimento inicial de outra espécie neotropical, o Pimelodus maculatus (Luz & Zaniboni Filho, 2001).

Para o teste de exposição ao ar em papel secante, de larvas de P. mesopotamicus com oito dias de vida, não houve diferenças significativas na Re entre os tratamentos E1 e E3 (Tabela 1). Porém, esses valores foram inferiores (p<0,05) ao tratamento E0,5. Aos 11 dias de vida, o tratamento E3 apresentou valores inferiores (p<0,05) aos tratamentos E0, E0,5 e E1 e semelhantes (p>0,05) aos tratamentos E5 e E7. Com 15 dias, larvas dos tratamentos E3 e E5 apresentaram Re menores que as submetidas a tempos de exposição inferiores. Ao analisar os valores de Re de larvas, nas diferentes idades, observa-se melhor Re nos tratamentos E1, E3 e E5 entre o oitavo e o décimo quinto dia de vida (Tabela 1). No entanto, esta espécie parece ser menos resistente a este tipo de teste, do que larvas de A. ocellatus, já que tempos de exposição iguais ou superiores a três minutos parecem ser prolongados, levando a baixas Re.

Quanto ao teste de resistência ao estresse em peneira, não se observaram diferenças significativas entre os diferentes tempos de exposição e desenvolvimento das larvas, com exceção do tratamento R20 quando as larvas apresentavam 11 dias de vida (Tabela 2). Ainda que não tenham sido observadas diferenças significativas entre os diferentes tempos de exposição ao ar, verificou-se tendência de menores valores de Re em tempos superiores a 17 minutos, adotando-se, assim, o teste R20 para esta espécie.

Com base na diferença dos tempos de exposição ao ar, entre os dois testes, verifica-se que o uso do papel secante é um método mais estressante. Essa constatação está de acordo com o verificado por Luz & Portella (2005b), que relataram ressecamento dos animais e perda do muco protetor nesse tipo de teste.

Larvas de P. mesopotamicus com oito dias de vida, submetidas aos diferentes manejos alimentares, com tempo de exposição de um minuto sobre papel secante, não apresentaram diferenças significativas na Re entre os tratamentos (Tabela 3). Porém, com 11 e 15 dias de vida, os tratamentos alimentares com ração e larvas mantidas em jejum apresentaram menores Re (p<0,05), quando comparado às larvas que receberam Artemia sp. ou alimentação mista (Artemia sp. + ração). Nessa espécie, não foi verificado aumento ou diminuição da Re com o desenvolvimento dos animais. Esses resultados estão de acordo com os verificados para A. ocellatus, com melhora na Re com o uso de alimento vivo.

Quanto ao tempo de 20 minutos de exposição ao ar em peneira, larvas com 8, 11 e 15 dias de vida dias apresentaram Re semelhantes para a alimentação com náuplios de Artemia sp. e alimentação mista (Tabela 3). Quanto aos tratamentos em que ração e larvas mantidas em jejum foram fornecidas, as Re foram baixas ou nulas. Esses dados confirmam que, nessa espécie, o alimento vivo melhora a condição fisiológica, independentemente do tipo de teste utilizado, papel secante ou peneira.

Ao contrário do observado no teste de exposição ao ar sobre papel secante, neste método foi verificada redução da Re com o desenvolvimento dos animais para o tratamento alimentar com ração e para as larvas mantidas em jejum. Isto indica pior condição fisiológica das larvas nesses tratamentos, fato não verificado no uso de alimento vivo (Tabela 3).

Os dois métodos utilizados, exposição ao ar em peneira e papel secante, foram eficientes na avaliação da resistência ao estresse dos animais, quando submetidos a diferentes manejos alimentares, uma vez que a Re foi variável de acordo com a alimentação fornecida. Estes resultados indicam melhor estado de saúde dos peixes (Ako et al., 1994) em razão de determinados tipos de alimentos, sendo a alimentação fundamental para melhoria no sistema de criação. Segundo Koven et al. (2001) pode aumentar a sobrevivência dos animais após o manejo de transferência de tanques.

O efeito da maior Re das larvas entre os diferentes manejos alimentares pode ser corroborado pelos dados de peso dos animais, em que Artemia sp. e alimentação mista proporcionaram os maiores valores de peso (Tabela 4). Os dados de crescimento nos diferentes manejos alimentares de P. mesopotamicus estão de acordo com os encontrados por Beerli et al. (2004) para esta mesma espécie.

Em larvas de P. coruscans, submetidas ao teste de exposição ao ar sobre papel secante, com nove dias de vida, não se observaram diferenças significativas entre os tratamentos E0,5 e E3 (Tabela 5). Porém, os valores de Re foram semelhantes entre os tratamentos E1 e E5. Em larvas com 12 dias de vida, os resultados foram semelhantes entre E0,5 e E5. As larvas de P. coruscans apresentam melhor Re com o desenvolvimento dos animais no tratamento E5. Desta forma, adotou-se este tempo para avaliar o efeito de diferentes tratamentos alimentares. Como nessa espécie, este teste não pôde ser realizado em larvas no início do desenvolvimento, inferiu-se que sua aplicação pode estar condicionada às características morfológicas das larvas.

Quanto ao teste de exposição ao ar em peneira, não houve diferenças significativas nas Re com o desenvolvimento dos animais nos diferentes tratamentos (Tabela 6). Na análise dos tempos de exposição ao ar nas larvas, com diferentes idades, verificou-se que, as larvas com 12 dias de vida, do tratamento R20, apresentaram os menores valores de Re. Conforme constatado em larvas de P. mesopotamicus, este teste mostrou-se menos drástico que a exposição ao ar em papel secante e apresentou tendência de redução dos valores de Re para o maior tempo de exposição ao ar.

No segundo experimento, as larvas de P. coruscans mantidas em jejum, apresentaram mortalidade total entre o sexto e o oitavo dia de vida, e não foi possível a utilização desses animais nos testes. O tratamento E5 foi eficiente na avaliação do efeito dos manejos alimentares (Tabela 7). A utilização de larvas forrageiras melhorou os valores de Re (p<0,05), seguida pela utilização de náuplios de Artemia sp. O manejo alimentar com ração apresentou os piores resultados de Re (p<0,05). Estes resultados são confirmados pelo tempo de 20 minutos de exposição ao ar em peneira, quando o melhor valor de Re foi constatado com o uso de larvas forrageiras. No entanto, o uso de larvas forrageiras proporcionou condições semelhantes de Re quando as larvas foram alimentadas com náuplios de Artemia sp. A utilização de ração apresentou novamente os piores valores de Re.

Resultados semelhantes foram encontrados por Atencio-García (2000) em larvas de Brycon siebenthalae. Nesse trabalho, as larvas de Brycon alimentadas com náuplios de Artemia sp. ou larvas de Piaractus brachypomus apresentaram maior resistência ao estresse quando comparado ao fornecimento de zooplâncton ou larvas mantidas em jejum. No entanto, apesar de a Artemia sp. ser importante para larvas de P. coruscans e para outras duas espécies neotropicais estudadas, Kraul et al. (1993) verificaram que o fornecimento de copépodos a larvas de Coryphaena hippurus proporciona melhor Re do que o uso de Artemia sp.

Larvas de P. coruscans alimentadas com larvas forrageiras e náuplios de Artemia sp. apresentaram valores semelhantes de peso, 0,030±0,02 e 0,029±0,02 g, respectivamente, e superiores ao uso da ração (p<0,05) (0,007±0,01 g), corroborando os resultados do efeito da alimentação nas Re dessas larvas, conforme observado em duas outras espécies avaliadas neste trabalho. O uso da Artemia sp. tem proporcionado bons resultados na larvicultura intensiva dessa espécie (Guerrero-Alvarado, 2003), assim como larvas de Prochilodus lineatus, utilizadas como forrageiras, condicionam melhor crescimento de larvas de Salminus barsiliensis, espécie neotropical carnívora (Schütz, 2003).

O teste de exposição ao ar também foi utilizado por Luz & Portella (2005a) a fim de avaliar o efeito de diferentes freqüências alimentares durante a larvicultura de H. lacerdae alimentados com náuplios de Artemia sp. Apesar de diferenças no crescimento das larvas entre os manejos utilizados, a exposição ao ar em papel secante por 10 minutos não mostrou diferenças entre as Re. Quando esta mesma espécie foi criada em água doce ou ligeiramente salinizada, Luz & Portella (2002) também não encontraram diferenças na Re quando os animais foram expostos ao ar por três minutos em papel secante. Porém, ao contrário do trabalho de diferentes freqüências alimentares, a salinidade da água não afetou o crescimento dos animais.

Os dados indicam o teste de exposição ao ar como mais um instrumento na avaliação da qualidade das larvas.

Conclusões

1. A alimentação tem um importante papel na taxa de resistência ao estresse e no crescimento de larvas das espécies de peixes estudadas.

2. O uso de alimento vivo (Artemia sp. ou larvas de Colosoma macropomum) proporciona melhores taxas de resistência ao estresse e crescimento quando comparado ao uso do alimento artificial para as larvas das espécies de peixes estudadas.

Agradecimentos

À Fapemig, pela concessão de bolsa de pós-doutorado; à Maria Célia Portella, pelo suporte de infra-estrutura e material biológico; à Rosângela Kiyoko Jomori, pelas larvas de Piaractus mesopotamicus cedidas.

Recebido em 25 de maio de 2006 e aprovado em 19 de outubro de 2006

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Mar 2007
  • Data do Fascículo
    Jan 2007

Histórico

  • Recebido
    25 Maio 2006
  • Aceito
    19 Out 2006
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