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Seletividade fisiológica de inseticidas em duas espécies de crisopídeos

Physiological selectivity of insecticides to two lacewing species

Resumos

O objetivo deste trabalho foi avaliar a seletividade de inseticidas recentemente lançados no mercado para o controle de pragas na cultura dos citros, em adultos de Chrysoperla externa e Ceraeochrysa cubana. Os produtos utilizados e as respectivas dosagens em g L-1 de i.a. foram: tiametoxam 200 WG, 0,05; imidacloprido 700 WG, 0,07; milbemectina 50 CE, 0,008; piriproxifem 100 CE, 0,075; e espirodiclofeno 240 SC, 0,06. Em cada tratamento, 11 casais de C. externa e 13 de C. cubana, com idade de até 24 horas, foram submetidos à aplicação dos inseticidas e de água (testemunha), por meio de torre de Potter. A mortalidade dos adultos, a capacidade de oviposição num período de oito semanas e a viabilidade dos ovos foram avaliadas. O tiametoxam foi classificado como nocivo a C. externa; o imidacloprido como moderadamente nocivo e os demais inseticidas como inócuos. Para C. cubana, o tiametoxam foi considerado nocivo, o espirodiclofeno foi levemente nocivo e os demais produtos foram inócuos. Os produtos milbemectina, piriproxifem e espirodiclofeno podem ser recomendados em programas de manejo integrado de pragas visando à manutenção dessas espécies de artrópodes benéficos em áreas de citricultura.

Ceraeochrysa cubana; Citrus; Chrysoperla externa; artrópodes benéficos; manejo integrado de pragas; toxicidade


The objective of this work was to evaluate the effects of insecticides recently released for the control of citrus pests on adult specimens of Chrysoperla externa and Ceraeochrysa cubana. The products used and their respective dosages in g L-1 of a.i. were: thiametoxam 200 WG, 0.05; imidacloprid 700 WG, 0.07; milbemectin 50 CE, 0.008; pyriproxyfen 100 CE, 0.075; and spirodiclofen 240 SC, 0.06. In each treatment, 11 couples of C. externa and 13 of C. cubana, at an age up to 24 hours, were submitted to the application of the insecticides and water (control), through a Potter´s tower. Adults mortality and oviposition capacity were evaluated in a period of eight weeks, as well as the viability of laid eggs. Thiametoxam was classified as harmful to C. externa; imidacloprid as moderately harmful and the other insecticides as harmless. As for C. cubana, thiametoxam was considered harmful; spirodiclofen was slightly harmful and the other products were innocuous. The insecticides milbemectin, pyriproxyfen and spirodiclofen can be recommended to integrated pest management programs aiming at the maintenance of these species of beneficial arthropods in citrus areas.

Ceraeochrysa cubana; Citrus; Chrysoperla externa; beneficial arthropods; integrated pest management; toxicity


ENTOMOLOGIA

Maurício Sekiguchi Godoy; Geraldo Andrade Carvalho; Beatriz Ferreira Carvalho; Olinto Lasmar

Universidade Federal de Lavras, Departamento de Entomologia, Caixa Postal 3037, CEP 37200-000 Lavras, MG. E-mail: msdgodoy@yahoo.com.br, gacarval@den.ufla.br, beatrizfcarvalho@uol.com.br, lasmar84@yahoo.com.br

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi avaliar a seletividade de inseticidas recentemente lançados no mercado para o controle de pragas na cultura dos citros, em adultos de Chrysoperla externa e Ceraeochrysa cubana. Os produtos utilizados e as respectivas dosagens em g L-1 de i.a. foram: tiametoxam 200 WG, 0,05; imidacloprido 700 WG, 0,07; milbemectina 50 CE, 0,008; piriproxifem 100 CE, 0,075; e espirodiclofeno 240 SC, 0,06. Em cada tratamento, 11 casais de C. externa e 13 de C. cubana, com idade de até 24 horas, foram submetidos à aplicação dos inseticidas e de água (testemunha), por meio de torre de Potter. A mortalidade dos adultos, a capacidade de oviposição num período de oito semanas e a viabilidade dos ovos foram avaliadas. O tiametoxam foi classificado como nocivo a C. externa; o imidacloprido como moderadamente nocivo e os demais inseticidas como inócuos. Para C. cubana, o tiametoxam foi considerado nocivo, o espirodiclofeno foi levemente nocivo e os demais produtos foram inócuos. Os produtos milbemectina, piriproxifem e espirodiclofeno podem ser recomendados em programas de manejo integrado de pragas visando à manutenção dessas espécies de artrópodes benéficos em áreas de citricultura.

Termos para indexação:Ceraeochrysa cubana, Citrus, Chrysoperla externa, artrópodes benéficos, manejo integrado de pragas, toxicidade.

ABSTRACT

The objective of this work was to evaluate the effects of insecticides recently released for the control of citrus pests on adult specimens of Chrysoperla externa and Ceraeochrysa cubana. The products used and their respective dosages in g L-1 of a.i. were: thiametoxam 200 WG, 0.05; imidacloprid 700 WG, 0.07; milbemectin 50 CE, 0.008; pyriproxyfen 100 CE, 0.075; and spirodiclofen 240 SC, 0.06. In each treatment, 11 couples of C. externa and 13 of C. cubana, at an age up to 24 hours, were submitted to the application of the insecticides and water (control), through a Potter´s tower. Adults mortality and oviposition capacity were evaluated in a period of eight weeks, as well as the viability of laid eggs. Thiametoxam was classified as harmful to C. externa; imidacloprid as moderately harmful and the other insecticides as harmless. As for C. cubana, thiametoxam was considered harmful; spirodiclofen was slightly harmful and the other products were innocuous. The insecticides milbemectin, pyriproxyfen and spirodiclofen can be recommended to integrated pest management programs aiming at the maintenance of these species of beneficial arthropods in citrus areas.

Index terms:Ceraeochrysa cubana, Citrus, Chrysoperla externa, beneficial arthropods, integrated pest management, toxicity.

Introdução

Os insetos-praga que acometem a cultura dos citros causam lesões às folhas, frutos e ramos, além de serem disseminadores de doenças (Ribeiro et al., 2007). Atualmente, com a produção integrada de frutas (PIF), prioriza-se a utilização de táticas de controle de pragas que preservem e incrementem fatores de mortalidade natural por meio da utilização de agentes de controle biológico (Moura et al., 2009).

O uso indiscriminado de inseticidas pode causar contaminação ambiental, bem como prejudicar artrópodes benéficos, como os inimigos naturais e polinizadores. Por isso, o conhecimento da seletividade de inseticidas é fundamental para implementação de programas de manejo integrado de pragas (MIP) (Carvalho et al., 2007). Produtos seletivos são prejudiciais às pragas e pouco tóxicos aos organismos benéficos (Ripper et al., 1951). Entre os inimigos naturais, artrópodes da ordem Neuroptera, principalmente da família Chrysopidae, são considerados predadores de pragas de muitas culturas economicamente rentáveis, como citros. Eles podem se alimentar de ovos, lagartas neonatas, pulgões, cochonilhas, ácaros e vários outros artrópodes de pequeno tamanho e de tegumento facilmente perfurável (Carvalho & Souza, 2000).

Entre as espécies de crisopídeos, Chrysoperla externa (Hagen, 1861) (Neuroptera: Chrysopidae) destaca-se como uma das mais frequentes em pomares de citros, e pode ser encontrada nas copas das árvores e, principalmente, na vegetação entre as ruas (Bezerra et al., 2006). De acordo com Souza et al. (1996) e Gitirana Neto et al. (2001), outra espécie de crisopídeo comum em cultura de citros é a Ceraeochrysa cubana (Hagen, 1861) (Neuroptera: Chrysopidae), cujas larvas predam pulgões, cochonilhas, mosca-branca e ácaros.

No que se refere aos efeitos de pesticidas sobre espécies de predadores, Schuster & Stansly (2000) observaram que larvas de C. cubana foram tolerantes a resíduos do piretroide bifentrina. Godoy et al. (2004) constataram que tiacloprido, deltametrina, lufenurom, tebufenozide, óxido de fenbutatina e abamectina, nas maiores doses recomendas pelos fabricantes, foram seletivos a pupas de C. externa, quando submetidas à pulverização direta. Dessa forma, entre os vários compostos aplicados na cultura de citros, é possível que alguns possam mostrar-se inócuos a certas espécies de crisopídeos em razão da seletividade fisiológica, na qual geralmente estão envolvidos processos de absorção, penetração, transporte e ativação dos compostos, que resultam em toxicidade diferencial de inseticidas a diferentes organismos-alvo. Há escassez de pesquisas a respeito dos efeitos desses produtos sobre essas espécies de crisopídeos em condições brasileiras.

O objetivo deste trabalho foi verificar a seletividade de inseticidas recentemente lançados no mercado para o controle de pragas na cultura dos citros em adultos de Chrysoperla externa e Ceraeochrysa cubana.

Material e Métodos

Os bioensaios foram conduzidos no Laboratório de Estudos de Seletividade do Departamento de Entomologia da Universidade Federal de Lavras, durante o ano de 2009. A criação de C. externa e C. cubana foi realizada empregando-se as metodologias utilizadas por Ribeiro et al. (1991) e Costa et al. (2003). Os insetos foram mantidos em sala climatizada a 25±2°C, UR de 70±10% e fotófase de 14 horas.

Os bioensaios foram realizados de acordo com as recomendações metodológicas preconizadas pela Organização Internacional para o Controle Biológico e Integrado de Plantas e Animais Nocivos (IOBC) (International Organization for Biological Control, 1992). Os produtos avaliados com suas respectivas doses em g L-1 de i.a. foram: tiametoxam 200 WG, 0,05; imidacloprido 700 WG, 0,07; milbemectina 50 CE, 0,008; piriproxifem 100 CE, 0,075; e espirodiclofeno 240 SC, 0,06. As concentrações utilizadas correspondem às mais elevadas recomendadas pelos fabricantes para o controle de pragas na cultura de citros. Água destilada foi utilizada no tratamento testemunha.

Onze e treze casais de adultos da geração F3 de C. externa e C. cubana, respectivamente, com idade de até 24 horas e obtidos da criação em laboratório, foram anestesiados com CO2 e imediatamente submetidos à pulverização dos compostos em torre de Potter regulada à pressão de 15 lb pol-2, com um volume médio de aplicação de 1,5±0,5 mg cm-2. Após a pulverização, cada casal foi individualizado em gaiola de cloreto de polivinila (PVC) de 10 cm de diâmetro por 10 cm de altura, revestida internamente com papel-filtro. Cada conjunto foi mantido em sala climatizada a 25±2°C, UR de 70±10% e fotófase de 14 horas. Os adultos receberam, a cada dois dias, água e dieta artificial composta de levedo de cerveja e mel (1:1, v/v).

Os bioensaios foram realizados em delineamento inteiramente ao acaso com seis tratamentos, contendo 11 repetições de C. externa e 13 de C. cubana, cada uma formada por um casal do predador. A mortalidade dos adultos, a capacidade de oviposição, a fertilidade e a viabilidade dos ovos foram avaliadas durante oito semanas, após a aplicação dos inseticidas. Após o período de pré-oviposição, de aproximadamente sete dias, foram realizadas três coletas semanais de ovos, relativas a cada tratamento, de modo a avaliar a viabilidade. Foram coletados 100 ovos, os quais foram individualizados em compartimentos de placas de microtitulação tipo Elisa, fechadas com PVC laminado e mantidas em sala climatizada, conforme descrito, durante seis dias. Após esse período, efetuou-se a avaliação do número de ovos viáveis.

Os dados obtidos foram submetidos a técnicas de análise de sobrevivência, e os tempos de permanência em cada estágio - ovo, larva, pupa e adulto - permitiram calcular o último tempo de morte (UTM). Além disso, também foi possível construir a curva de sobrevivência, com o estimador Kaplan-Meier, para a função sobrevivência, tendo-se utilizado o software R versão 2.6.0 (R Development Core Team, 2008). Considerou-se como UTM o evento em que ocorreu a última mortalidade do predador dentro da população em estudo.

Os dados referentes ao número e viabilidade de ovos foram submetidos à análise de variância, e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (1965), a 5% de probabilidade, com uso do programa SAS (SAS Institute, 2001). A toxicidade dos produtos foi calculada em função do efeito total (E) de cada produto, com base na mortalidade dos insetos até 24 horas após a exposição aos produtos e na redução de sua capacidade reprodutiva, de acordo com a fórmula proposta por Vogt (1992). Os produtos foram enquadrados em classes de toxicidade conforme Hassan & Degrande (1996), da seguinte maneira: classe 1, inócuo (E<30%); classe 2, levemente nocivo (30%<E<79%); classe 3, moderadamente nocivo (80%<E<99%) e classe 4, nocivo (E>99%).

Resultados e Discussão

Houve diferença significativa entre os tratamentos no que se refere à probabilidade de sobrevivência [P(S)] de C. externa, e o tiametoxam resultou em P(S) de apenas 22,7% aos quatro dias, o que sugere alta toxicidade deste produto aos adultos dessa espécie (Tabela 1, Figura 1). Resultados semelhantes foram obtidos por Bueno & Freitas (2003), os quais verificaram que imidacloprido, ingrediente ativo pertencente ao mesmo grupo químico do tiametoxam (neonicotinoide), causou 100% de mortalidade de larvas de primeiro instar de C. externa. Rocha (2008), ao estudar a seletividade de imidacloprido (0,7 g L-1 de i.a.) e tiametoxam (0,5 g L-1 de i.a.) em adultos de C. externa coletados em lavoura de café, relatou que esses compostos provocaram 100% de mortalidade dos insetos e impossibilitaram a realização de avaliações da fertilidade e viabilidade de ovos de gerações subsequentes.


Nos demais tratamentos, os adultos de C. externa apresentaram 40,9% de P(S), próximo ou no final dos eventos (58 e 60 dias), o que revela baixa toxicidade dos produtos. Moura et al. (2009) também verificaram baixa toxicidade de produtos a duas populações de adultos de C. externa, que observaram mortalidades de no máximo 6,7% causadas por enxofre, abamectina e triclorfom.

É importante salientar que o imidacloprido ocasionou mortalidades nos primeiros dias após a aplicação, o que compromete a capacidade de a predação realizada por C. externa ser benéfica à cultura (Figura 1). Isso foi evidenciado após as avaliações do número e viabilidade de ovos, em que esses parâmetros biológicos apresentaram menores médias em comparação ao tratamento testemunha (Tabela 1).

Estudos demonstraram que alguns neonicotinoides podem apresentar maior capacidade de penetração na cutícula dos insetos e se acumular em seus organismos, por exemplo, nos tecidos gordurosos (Tomizawa & Casida, 2005). Esse fato pode afetar o desenvolvimento dos organismos, bem como comprometer a reprodução de gerações subsequentes.

Com relação aos demais produtos avaliados, a milbemectina também interferiu no número de ovos, e ocasionou a segunda menor média (Tabela 1). Quanto à viabilidade, milbemectina e piriproxifem apresentaram as maiores médias, e imidacloprido e espirodiclofeno proporcionaram as menores percentagens de viabilidade de ovos. Resultados semelhantes foram verificados para adultos de C. externa submetidos a abamectina (Godoy et al., 2004; Moura et al., 2009), produto do mesmo grupo químico de milbemectina. Esses autores relataram diminuição na capacidade de oviposição dessa espécie, porém, em relação à viabilidade dos ovos, não foram observadas reduções significativas.

Na análise de sobrevivência de adultos de C. cubana, observaram-se respostas diferenciadas entre os tratamentos (Tabela 1, Figura 1). O tiametoxam apresentou-se muito tóxico a adultos dessa espécie, com 100% de mortalidade em apenas um dia após pulverização sobre os insetos. Santa-Cecília et al. (1997), ao avaliar outros grupos de compostos químicos sobre populações de adultos de C. cubana, também obtiveram 100% de mortalidade dos espécimens em apenas 24 horas após a aplicação de fempropatrina (0,15 g L-1 de i.a.) e fenitrotiom (0,75 g L-1 de i.a.).

Os demais inseticidas testados em C. cubana possibilitaram estudos até o término das avaliações. O espirodiclofeno foi o inseticida que resultou nos melhores índices: P(S) de 80,8% e UTM no vigésimo primeiro dia. Levando-se em consideração que os bioensaios são realizados em condições de laboratório e com a máxima exposição dos insetos aos resíduos dos produtos, é possível constatar que os inseticidas avaliados, com exceção do tiametoxam, apresentam baixa toxicidade a essa espécie.

Quanto ao número de ovos de C. cubana, todos os compostos ocasionaram diminuição na capacidade de oviposição das fêmeas (Tabela 1). O espirodiclofeno foi o produto que mais afetou essa característica biológica. Mesmo com a diminuição de fecundidade, constatou-se que todos os produtos possibilitaram médias acima de 96% para viabilidade de ovos de C. cubana; porém, apenas o imidacloprido proporcionou viabilidade significativamente semelhante à da testemunha (Tabela 1).

Santa-Cecília et al. (1997) constataram que apenas o óxido de fembutatina (0,25 g L-1 i.a.) foi inócuo a adultos de C. cubana, tendo proporcionado 100% de sobrevivência e 99% de viabilidade dos ovos. Porém, de acordo com esses autores, os produtos fempropatrina, fenitrotiom e fenvalerato apresentaram mortalidades que variaram de 70 a 100% dos adultos e 0% de viabilidade de ovos. A semelhança de polaridades desses produtos químicos com as substâncias que compõem a cutícula dos insetos pode ser uma das causas de sua maior toxicidade.

Em virtude dos altos índices de mortalidade de ambas as espécies, ocasionados até o quarto dia após exposição dos adultos, o inseticida tiametoxam foi enquadrado na classe 4, como nocivo (Tabela 2). O imidacloprido foi categorizado na classe 3, para C. externa.

Rocha (2008) relatou mortalidade de 100% de adultos de C. externa, em razão da aplicação de imidacloprido. Essa variação na toxicidade desse produto possivelmente foi decorrente da maior dosagem utilizada por esse autor, dez vezes superior à utilizada neste estudo.

O tiametoxam foi o único produto que ocasionou 100% de mortalidade dos adultos de C. cubana em até 24 horas após a aplicação e, dessa forma, não foi possível avaliar os efeitos subletais desse produto. O espirodiclofeno foi categorizado na classe 2, para essa espécie, principalmente por afetar o número de ovos por dia por fêmea (Tabela 1). Os demais compostos foram classificados como inócuos aos adultos desse predador, e foram categorizados na classe 1 (Tabela 2).

Com base nos resultados de toxicidade dos compostos sobre C. externa e C. cubana, apenas milbemectina, piriproxifem e espiridiclofeno devem ser recomendados para uso em programas de manejo integrado de pragas, visando à manutenção e conservação dessas espécies de artrópodes benéficos em áreas de citricultura. Para os demais produtos avaliados, há necessidade de novos estudos de toxicidade em condições de semicampo e campo, haja vista que, nessas condições, geralmente existem áreas de escape para os insetos benéficos, bem como maior probabilidade de degradação dos compostos pela temperatura, luminosidade e umidade.

Conclusão

Os inseticidas milbemectina, piriproxifem e espirodiclofeno são inócuos a Chrysoperla externa e Ceraeochrysa cubana e podem ser recomendados em programas de manejo integrado de pragas visando à manutenção dessas espécies de artrópodes benéficos em áreas de citricultura.

Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais, pelo suporte financeiro.

Recebido em 22 de abril de 2010 e aprovado em 22 de outubro de 2010

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    Physiological selectivity of insecticides to two lacewing species
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      18 Jan 2011
    • Data do Fascículo
      Nov 2010

    Histórico

    • Aceito
      22 Out 2010
    • Recebido
      22 Abr 2010
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