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Capa: a produção, o consumo e a qualidade da manga no Brasil

Capa / A produção, o consumo e a qualidade da manga no Brasil

Alberto Carlos de Queiroz Pinto

Eng. Agr. Ph.D. Pesquisador Fruticultura Tropical, Embrapa Cerrados

Endereço para correspondência Endereço para correspondência Alberto Carlos de Queiroz Pinto alcapi@cpac.embrapa.br

O Brasil está entre os nove principais países produtores de manga do mundo com uma área de 67 mil hectares e produziu em 2001 um total de 540 mil toneladas dessa fruta. Desse total, exportamos 94 mil toneladas o que representou 17,4% de nossa produção, resultando em divisas da ordem de 51 milhões de dólares na pauta de exportação brasileira. Os 82,6% restantes da produção ficaram para a comercialização e consumo no mercado interno brasileiro. A região Nordeste é a principal região produtora de manga do país com 53% da produção nacional, sendo o Vale do São Francisco o eldorado brasileiro da produção e exportação de manga.

A manga é, hoje, uma das mais importantes frutas tropicais que compõem a dieta alimentar das classes média e alta brasileira com um consumo médio per capita da ordem de 1,2 kg/ano. No entanto, em algumas capitais, como São Paulo, o consumo de manga alcança 2,5 kg/per capita/ano. A comercialização da manga no mercado interno brasileiro centraliza-se em uma única variedade, a norte-americana Tommy Atkins, representando 79% da àrea plantada no Brasil. Variedade muito produtiva, daí ser eleita pelos produtores para seus plantios, tem casca de coloração vermelha, porém apresenta-se pobre nos atributos de qualidade de polpa, como sabor e ausência de fibras.

A Embrapa Cerrados, vem trabalhando há cerca de 20 anos em busca de uma variedade que reúna a maioria dessas características agronômicas da planta e qualitativas do fruto. Em 1998, foram lançadas duas variedades de manga Alfa e a Roxa pela Embrapa Cerrados com características de resistência a doenças como oídio e antracnose além de alta produtividade, além da alta produtividade da planta e excelente qualidade do fruto. A variedade Roxa tem polpa totalmente sem fibra, doçura inigualável com 21% de açúcares, comparada com a Tommy Atkins com apenas 17%. Outros híbridos também de excelentes qualidades, como as variedades Lita e Beta, e as seleções CPAC 81/93, CPAC 256/93, CPAC 329/94 também superam em qualidade todas as variedades norte-americanas atualmente comercializadas em nosso país.

A qualidade da manga exportada ou apresentada nos balcões de atacadistas e varejistas no mercado interno, representa o fator principal na escolha do consumidor. Esta escolha influencia diretamente na aquisição do comprador ou distribuidor e, na outra ponta da cadeia, na produção do mangicultor. O termo qualidade tem diferentes significados no agronegócio frutícola, sendo aceita como a ausência de falhas no produto e somente é alcançada quando as características do mesmo proporcionam a total satisfação do cliente ou consumidor. Em tese, o consumidor não se preocupa se a variedade de manga é mais produtiva ou mais resistente a uma determinada doença, ele está interessado na qualidade do fruto que irá consumir. O sabor, o rendimento e tenrura de polpa são qualidades muito importantes no grau de seletividade do consumidor. No Brasil, é bastante comum o produtor e o varejista não se preocuparem com a qualidade da fruta comercializada, principalmente quanto à aparência. O contrário acontece nos mercados europeus e norte-americanos, onde a aparência da fruta atua como fator inicial de atração. O sabor, o rendimento e a tenrura da polpa são, em seguida, bastante considerados na seleção e retorno do consumidor ao supermercado para comprarem a mesma variedade de manga.

  • Endereço para correspondência
    Alberto Carlos de Queiroz Pinto
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      05 Maio 2003
    • Data do Fascículo
      Dez 2002
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