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Viticultura

Viticultura

De acordo com os dados da FAO (2006), em 2005, a área ocupada com vinhedos no mundo foi de 7,3 milhões de hectares, com produção de 65,9 milhões de toneladas de uvas. A Espanha representava a maior área de cultivo, com cerca de 949 mil hectares, seguida pela França, com 855 mil hectares, Itália com 800 mil hectares, Turquia com 530 mil hectares e China com 453 mil hectares. Em área, o Brasil ocupava a 21ª posição no mundo e a 4ª nas Américas, atrás dos Estados Unidos (380 mil ha), Argentina (308 mil ha) e Chile (178 mil ha). Em produção, a Itália era a primeira colocada (9,3 milhões de toneladas), seguida da França (6,8 milhões de toneladas), Estados Unidos (6,4 milhões de toneladas), Espanha (5,9 milhões de toneladas) e China (5,7 milhões de toneladas). O Brasil, com 1,2 milhão de toneladas, era o 13° país em produção no mundo e novamente o 4° nas Américas.

No Brasil, em 2005, a videira era cultivada em uma área de 73.715 ha, distribuídos principalmente entre os Estados do Rio Grande do Sul (42.240 ha), São Paulo (12.303 ha), Paraná (5.800 ha), Pernambuco (4.742 ha), Santa Catarina (4.301 ha), Bahia (3.397 ha) e Minas Gerais (932 ha), de acordo com AGRIANUAL (2006).

Segundo IBGE (2006), de 1994 a 2004, houve um aumento na área cultivada de 11.244 ha, o que representa uma taxa de crescimento de 1,6% ao ano. Entretanto, se consideramos apenas o período de 2000 a 2004, observa-se um crescimento bastante consistente, com 4,1% ao ano. Comparativamente, as taxas mundiais de crescimento em área cultivada foram de 0,8% ao ano entre 1994 e 2004, caindo para apenas 0,1% ao ano entre 2000 e 2004 (FAO, 2006).

A produção nacional de uvas e a elaboração de vinhos e derivados aumentaram consideravelmente de 2003 para 2005. Segundo dados da Secretaria de Política Agrícola (MAPA, 2006), a produção nacional de uvas passou de 1.067 mil toneladas em 2003 para 1.283 mil toneladas em 2004.

De acordo com a União Brasileira de Vitivinicultura (UVIBRA, 2006), em 2003, o Brasil produziu 43.367.979 kg de uvas viníferas e 339.744.071 kg de uvas comuns. Em 2005, a produção foi de 70.609.245 kg e 422.637.749 kg, respectivamente, um aumento de 63% na produção de uvas viníferas e de 24% para as uvas comuns. A produção de vinho comum foi de 226.037.432 litros, enquanto a de vinho fino foi de 45.496.896 de litros. Estes números mostram que a grande maioria dos vinhos produzidos no Brasil ainda é dos vinhos comuns, feitos com as uvas da espécie Vitis labrusca. Os vinhos finos ainda representam uma pequena porcentagem da produção nacional.

Dentre eles, especial destaque tem sido alcançado com os vinhos espumantes feitos a partir das uvas Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico. Dentre os tintos, as variedades européias mais cultivadas são as variedades francesas: Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Syrah e Tannat

O Rio Grande do Sul é o principal Estado produtor, responsável por 95% da produção nacional de vinhos e mosto no ano de 1999, seguido por Santa Catarina (4%), Pernambuco (2%), São Paulo e Minas Gerais (menos de 0,5%) (EMBRAPA/CNPUV, 2006).

O Brasil ainda importa uma grande parte dos vinhos finos aqui consumidos. Em 2005, foram importados 41 milhões de litros de vinhos (tranqüilos e espumantes), o que representou 59,0 % do consumo daquele ano. Por outro lado, as exportações brasileiras de vinhos e derivados limitam-se a 2 milhões de litros.

Embora o consumo de vinho no Brasil esteja experimentando um forte aumento nos últimos anos,notadamente dos vinhos finos, ele ainda é muito baixo se comparado com outros países com maior tradição no consumo desta bebida. As estatísticas para média nacional oscilaram de 1,5 litro per capita, em 1995, para 1,8, em 2002.

Não obstante à constante evolução da qualidade dos vinhos finos nacionais, um dos principais fatores de entrave à maior competitividade de nossa indústria vinícola é a qualidade da matéria-prima, que encontra, em grande parte das regiões produtoras, dificuldade para atingir índices de maturação, em especial o da maturação fenólica, capaz de originar vinhos finos com potencial de envelhecimento. Neste sentido, a busca por novas regiões vitícolas tem sido uma constante, o que pode ser verificado pelas iniciativas de plantio de videiras em São Joaquim (SC), na região da Campanha (RS) e nas regiões áridas e semi-áridas do Nordeste brasileiro. Mais recentemente, o Estado de Minas Gerais também tem buscado novas regiões para produção de vinhos finos, como o cerrado (Vale do Paracatu) e sul de Minas Gerias (fotos ilustrativas), onde o manejo de poda tem permitido a maturação da uva no outono e colheita no inverno, épocas de pouca pluviosidade e com amplitude térmica elevada, o que tem favorecido a obtenção de uvas com grande potencial qualitativo. O desenvolvimento destas novas regiões vitícolas certamente abrirá novo cenário para a produção e oferta de vinhos finos no Brasil, permitindo melhoria da qualidade e maiores benefícios para toda a cadeia produtiva, gerando empregos e alternativas para a produção agrícola e, ao mesmo tempo, contribuindo para a redução nas importações.

Murillo de Albuquerque Regina

Pesquisador EPAMIG - Núcleo Tecnológico EPAMIG Uva e Vinho

Avendia Santa Cruz, 500 - C.P. 33 CEP 37780-000 - Caldas, Minas Gerais

e-mail: murillo@epamigcaldas.gov.br

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Abr 2013
  • Data do Fascículo
    Ago 2006
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