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Editorial

Editorial

No ofício de encaminhamento do seu trabalho à Revista Brasileira de Fruticultura (RBF), edição de abril de 2007, o Dr. Warwick Estevan Kerr escreveu de próprio punho: "esse não é um trabalho experimental, mas representa um achado, para a fruticultura brasileira, ou seja, a descoberta de uma planta de pequi sem espinho", relatando, como ocorreu essa descoberta. No norte do Tocantins, havia um produtor, Sr. Bdijai Tchucaramae, que possuía uma plantação com mais de 300 plantas de pequi, sendo que uma delas apresentava frutos sem espinhos no caroço".

Tal ocorrência nos levou às seguintes reflexões:

1) O que leva esse jovem pesquisador, de 85 anos, a continuar com essa garra?

Várias poderiam ser as ponderações a respeito, mas enumeraremos pelo menos duas:

a) O amor naquilo que faz,o que é inegavelmente uma marca do Dr. Kerr, indelével , sempre deixada por onde passou e trabalhou.

b) Como ele faz questão de destacar: ‘É uma forma de poder retribuir à sociedade tudo que o ensino público e de qualidade me proporcionou’.

2) Como são tratados os mais velhos, nas Universidades/ Institutos de pesquisas , etc. ?

Respondendo pelo universo que conhecemos, ao longo dessa caminhada, iniciada com a conclusão do curso de agronomia na ESALQ, em 1966; como professor de fruticultura, na UNESP/Jaboticabal, desde 1968; como pró-reitor de extensão da UNESP (1989-1993) e com o relacionamento com outras instituições, podemos dizer que são tratados de uma forma não muito aceitável.

Conhecemos fatos como:

"Alguns colegas, no dia seguinte a aposentadoria, tiveram seus pertences colocados nos corredores do departamento’;

‘Outro foi transferido para o porão do departamento’;

‘A outro, foi negada uma simples mesa, para compartilhar a sala com outro colega’;

‘A outro, foram trocadas as chaves, para impedir uma nova entrada naquele ambiente, onde labutou por longos anos’, e outros tantos exemplos.

Existem, em contrapartida, bons exemplos, professores que tiveram suas salas preservadas, assim como eles a deixaram.. Também pudemos testemunhar o tratamento dado ao Prof. Dr. Euripedes Malavolta (80), CENAESALQ, onde tem inclusive uma vaga personalizada no estacionamento.

Não seria o caso de criarmos condições como fazem várias das universidades americanas, de estimularmos a figura do prof. Emeritus, como tivemos a satisfação de conhecer e trabalhar com o Dr. Henry Nakasone, na University of Hawaii(EUA).

Fica, portanto, nossa sugestão aos diretores dessas instituições, para criarem condições objetivando o melhor aproveitamento dessa maravilhosa , competente massa crítica , que seguramente trará bons resultados à comunidade científica, e que poderá servir de norte aos mais jovens, no delineamento de seus projetos de vida.

3) O ‘achado’ do Dr. Kerr nos remete também às seguintes perguntas:

  • Como estamos aproveitando o imenso potencial da biodiversidade brasileira?

  • Como estamos aproveitando os mutantes naturais que a natureza, generosamente, está a nos oferecer?

Seguramente , o olhar atento dos técnicos, em cada uma das nossas fruteiras, nos proporcionaria outros achados, graciosamente elaborados pela mãe natureza.

Ao Dr. Kerr, por essa lição de vida, desejamos que continue a nos prestigiar com outros achados. A ele, uma certeza de que o seu "débito", para com a sociedade, já foi suficientemente saldado por inúmeras vezes.

Jaboticabal, 30 de abril de 2007.

Prof. Carlos Ruggiero

Editor-Chefe

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Jun 2007
  • Data do Fascículo
    Abr 2007
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