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Macieira

Macieira

A macieira pertence à família das Rosaceae, subfamília Maloidae (Pomoidae), gênero Malus. Apesar de serem citados vários nomes para a espécie, a denominação Malus domestica é a primeira denominação válida publicada para a macieira cultivada, segundo o Código Internacional de Nomenclatura para plantas Cultivadas.

O centro de origem está na região do Cáucaso, cadeia de montanhas da Ásia e o leste da China. Presume-se que o desenvolvimento das espécies atuais tenha iniciado há 20.000 anos. Parece que os gregos na antiguidade clássica cultivavam macieira, sendo que, no Império Romano, a cultura da macieira já era bastante difundida. No Brasil, o início da cultura da macieira ocorreu, provavelmente, no município de Valinhos-SP, em 1926. O início da pesquisa no Brasil, com macieira, ocorreu em 1928, com a introdução de 72 cultivares na Estação Experimental de São Roque, do Instituto Agronômico de Campinas. Inúmeras outras tentativas foram desenvolvidas, visando ao cultivo comercial da cultura ao longo dos anos, porém pode-se dizer que, em escala comercial, tenha iniciado no final da década de 60 e inicio de 70. Até essa data, o Brasil dependia de importação para abastecer o mercado de maçãs. A criação do Projeto de Fruticultura de Clima–Temperado Profit, pelo Estado de Santa Catarina, através da Lei nº 4.263, de 1968, com o objetivo de desenvolver e fomentar o plantio de macieira no Estado e a Lei Federal nº 5.106, conhecida como lei dos incentivos fiscais, que permitia abater 50% do imposto de renda devido no exercício, para aplicação em reflorestamento, podendo ser feita com a cultura da macieira, deram o grande impulso inicial ao desenvolvimento comercial da cultura da macieira em Santa Catarina e no Brasil. Atualmente, a cultura está distribuída nos Estados do RS, SC, PR, SP, MG e BA, sendo Santa Catarina o maior produtor, vindo a seguir o Rio Grande do Sul. A evolução dos plantios foi rápida, chegando em 2008 com 34 mil hectares e uma produção em torno de 850 mil toneladas. A partir de 1988, o Brasil passou a exportar maçãs, atingindo a auto-suficiência em 1998, quando as exportações ultrapassaram as importações.

A maçã está entre as quatro frutas mais consumidas no mundo. No Brasil, é comercializada os doze meses do ano e distribuída em todo o País. Afora o consumo in natura é utilizada para purês, geléias, fruta desidratada, suco concentrado e bebidas fermentadas. O fruto da macieira é rico em substâncias pécticas e celulose, que, juntamente com a lignina constituem a fibra. Os teores de proteína e lipídios são baixos, apresentando uma grande variedade de ácidos orgânicos, predominando o ácido málico.

A macieira é uma planta perene de folhas caducas que entra em estado de paralisação aparente, no inverno, chamado de dormência. Para sair da dormência e iniciar a brotação na primavera, as plantas precisam, no inverno, de certa quantidade de horas de frio abaixo de 7,2º C. Essa necessidade de frio varia de acordo com a cultivar, havendo hoje, devido ao melhoramento genético, uma gama de cultivares com necessidades entre 200 e 1.000 horas de frio. Quando plantada em regiões onde o frio é insuficiente para promover uma boa brotação, o uso de produtos químicos específicos para a indução da brotação se faz necessário. A produção de mudas é realizada pelo método de enxertia, sendo os porta-enxertos multiplicados pelo método de mergulhia ou através de micropropagação. O porta-enxerto determina o porte da planta, sendo mais utilizados no Brasil o M-9 (anão), M-7 (semivigoroso) e Marubakaido (vigoroso). Com o porta-enxerto Marubakaido, é utilizado o interenxerto de M-9 para reduzir o vigor da planta. A densidade de plantio depende do porta-enxerto e do sistema de condução utilizado, variando de 1.000 a 3.500 plantas/ha, com espaçamentos de 3,0 a 5,0m x 0,8 a 2,5m. As cultivares Gala e Fuji e seus clones, com melhor coloração vermelha dos frutos, ainda representam 90% da produção, mas a tendência é de haver maior diversificação com a disponibilidade de novas cultivares, mais adaptadas ao clima do Sul do Brasil e com resistência às principais doenças, oriundas do programa de melhoramento genético. A macieira exige polinização cruzada, necessitando do plantio de duas ou mais cultivares, sendo que nos novos plantios vêm sendo utilizadas plantas do gênero Malus com o fim específico de polinização. A maioria dos pomares está sendo conduzido no sistema de líder central, com necessidade de sistema de sustentação quando utilizado porta-enxerto anão. A colheita ocorre de dezembro e abril em função da cultivar e das particularidades climáticas de cada região, sendo a maior concentração entre fevereiro a abril. A produtividade esperada em plantios que utilizam a tecnologia disponível fica entre 40 e 60 t/ha. Os frutos são comercializados em caixas de 18 quilos e classificados de acordo com o número de frutos por caixa.

A cultura da macieira é um exemplo de como o setor publico e a iniciativa privada podem atuar juntas e contribuir para o desenvolvimento econômico e social de uma região. Duas regiões de Santa Catarina, São Joaquim e Fraiburgo,e uma do Rio Grande do Sul, Vacaria, têm sua base econômica na cultura da macieira. Esta importante cadeia produtiva gera emprego e renda, sendo também responsável pela introdução de tecnologias, como, por exemplo, o desenvolvimento da cadeia de frio, sendo a pioneira no Brasil no que concerne ao uso da atmosfera controlada, que permite a conservação de maçãs por longos períodos. O setor é um importante empregador e já representa um dos mais importantes segmentos do agronegócio da fruticultura brasileira.

José Luiz Petri

M.Sc. Fitotecnia

Pesquisador, Epagri/Estação Experimental de Caçador

e-mail: petri@epagri.sc.gov.br

Gabriel Berenhauser Leite

Dr. Fisiologia

Pesquisador, Epagri/Estação Experimental de Caçador

e-mail: gabriel@epagri.sc.gov.br

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Fev 2009
  • Data do Fascículo
    Dez 2008
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