Sr. Editor,
Mulher de 33 anos de idade, apresentando lombalgia intermitente irradiada para a região suprapúbica há cinco meses. Negou disúria ou hematúria. Tomografia computadorizada demonstrou ureterolitíase, e a paciente foi tratada conservadoramente, com melhora parcial. Evoluiu com piora da intensidade e frequência da dor, associadas a polaciúria. Exame físico sem alterações significativas. Exame simples de urina demonstrou eritrócitos no sedimento urinário. Ressonância magnética revelou formação polipoide, alongada, com provável origem no ureter médio e deslocamento inferior, com cerca de 4,8 cm de comprimento (Figuras 1A e 1B). Ureteroscopia mostrou pólipo ureteral intraluminal (Figura 1C). A paciente foi submetida a ressecção endoscópica (Figura 1D), realizada com sucesso, apresentando melhora dos sinais e sintomas. Relatório anatomopatológico confirmou pólipo fibroepitelial (PFE).
Urorressonância magnética coronal (A) e reconstrução tridimensional (B) demonstrando formação polipoide, alongada, com provável origem no ureter médio (setas). C: Ureteroscopia mostrando pólipo intraluminal. D: Aspecto macroscópico da lesão.
Embora tumores do aparelho geniturinário não sejam incomuns(11 Miranda CLVM, Sousa CSM, Bastos BB, et al. Giant renal angiomyolipomas in a patient with tuberous sclerosis. Radiol Bras. 2018;51:64-5.
2 Oliveira TS, Stamoulis DNJ, Souza LRMF, et al. Leiomyoma of the seminal vesicle. Radiol Bras. 2018;51:200-1.
3 Sousa CSM, Viana IL, Miranda CLVM, et al. Hemangioma of the urinary bladder: an atypical location. Radiol Bras. 2017;50:271-2.-44 Fernandes AM, Paim BV, Vidal APA, et al. Pheochromocytoma of the urinary bladder. Radiol Bras. 2017;50:199-200.), os tumores primários do ureter são raros, representando apenas 1% de todos os tumores do aparelho urinário alto. As lesões benignas são ainda mais raras, atingindo apenas 20% de todos os tumores do ureter, sendo de origem epitelial ou não epitelial. Os tumores não epiteliais têm origem na mesoderme e incluem os fibromas, leiomiomas, neurofibromas, hemangiomas e PFE(55 Faerber GJ, Ahmed MM, Marcovich R, et al. Contemporary diagnosis and treatment of fibroepithelial ureteral polyp. J Endourol. 1997;11:349-51.). Os PFEs, apesar de raros, são as lesões benignas mais frequentes do ureter. São lesões mesodérmicas que consistem em tecido conjuntivo hiperplásico com estroma vascular e recoberto por urotélio. A etiologia é desconhecida, mas acredita-se que possam ser lesões congênitas de crescimento lento ou resultantes de irritação urotelial crônica como inflamação, infecção, trauma ou obstrução. PFEs são mais encontrados em homens (3:2), sendo a maioria lesões únicas e com menos de 5 cm de comprimento(66 Ugras S, Odabas O, Aydin S, et al. Fibroepithelial polyp of the ureter associated with an adjacent ureteral calculus. Int Urol Nephrol. 1997;29:543-9.,77 Bellin MF, Springer O, Mourey-Gerosa I, et al. CT diagnosis of ureteral fibroepithelial polyps. Eur Radiol. 2002;12:125-8.). Hematúria é o sintoma mais comum, mas podem manifestar-se com dor lombar e, menos frequentemente, com disúria e polaciúria.
Os PFEs se apresentam de forma altamente variável, podendo ser avaliados utilizando várias técnicas de imagem, que auxiliam no diagnóstico e localização da lesão. A urografia intravenosa e a ureterografia retrógrada eram os principais meios de avaliação de uma lesão ureteral, radiologicamente(55 Faerber GJ, Ahmed MM, Marcovich R, et al. Contemporary diagnosis and treatment of fibroepithelial ureteral polyp. J Endourol. 1997;11:349-51.). A ressonância magnética vem sendo cada vez mais utilizada, com o desenvolvimento de sequências mais rápidas, e os benefícios incluem imagens multiplanares, excelente contraste de tecidos moles, além da ausência de radiação ionizante. Pode delinear a extensão do tumor, fornecendo informações importantes para o planejamento terapêutico e um diagnóstico mais preciso. A ausência de invasão local, linfonodopatia regional e de metástases a distância fornece subsídio de imagem para o diagnóstico de uma lesão ureteral benigna. Os pólipos geralmente são vistos como defeitos de enchimento alongados, delgados e geralmente lisos, frequentemente encontrados no ureter proximal e às vezes associados a uretero-hidronefrose(55 Faerber GJ, Ahmed MM, Marcovich R, et al. Contemporary diagnosis and treatment of fibroepithelial ureteral polyp. J Endourol. 1997;11:349-51.). A presença de urina ao redor do defeito de enchimento, a demonstração de um anexo polipoide e o aumento do comprimento da massa ureteral são características de imagem altamente sugestivas de PFE(77 Bellin MF, Springer O, Mourey-Gerosa I, et al. CT diagnosis of ureteral fibroepithelial polyps. Eur Radiol. 2002;12:125-8.,88 Lai TK, Chung CH, Chin AC, et al. Magnetic resonance imaging for ureteral fibroepithelial polyp. Hong Kong Med J. 2008;14:408-10.). Deve-se obter sempre a confirmação histológica da lesão antes de se realizar o tratamento definitivo(66 Ugras S, Odabas O, Aydin S, et al. Fibroepithelial polyp of the ureter associated with an adjacent ureteral calculus. Int Urol Nephrol. 1997;29:543-9.).
O tratamento de escolha é a ressecção local, minimamente invasiva, porém não é incomum a ureterectomia segmentar ou a nefroureterectomia por dúvidas no diagnóstico pré-operatório. No caso de exclusão renal por obstrução prolongada, o tratamento de eleição é a nefroureterectomia(99 Lam JS, Bingham JB, Gupta M. Endoscopic treatment of fibroepithelial polyps of the renal pelvis and ureter. Urology. 2003;62:810-3.,1010 Kijvikai K, Maynes LJ, Herrell SD. Laparoscopic management of large ureteral fibroepithelial polyp. Urology. 2007;70:373.e4-7.).
REFERENCES
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1Miranda CLVM, Sousa CSM, Bastos BB, et al. Giant renal angiomyolipomas in a patient with tuberous sclerosis. Radiol Bras. 2018;51:64-5.
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2Oliveira TS, Stamoulis DNJ, Souza LRMF, et al. Leiomyoma of the seminal vesicle. Radiol Bras. 2018;51:200-1.
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3Sousa CSM, Viana IL, Miranda CLVM, et al. Hemangioma of the urinary bladder: an atypical location. Radiol Bras. 2017;50:271-2.
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4Fernandes AM, Paim BV, Vidal APA, et al. Pheochromocytoma of the urinary bladder. Radiol Bras. 2017;50:199-200.
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5Faerber GJ, Ahmed MM, Marcovich R, et al. Contemporary diagnosis and treatment of fibroepithelial ureteral polyp. J Endourol. 1997;11:349-51.
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6Ugras S, Odabas O, Aydin S, et al. Fibroepithelial polyp of the ureter associated with an adjacent ureteral calculus. Int Urol Nephrol. 1997;29:543-9.
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7Bellin MF, Springer O, Mourey-Gerosa I, et al. CT diagnosis of ureteral fibroepithelial polyps. Eur Radiol. 2002;12:125-8.
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8Lai TK, Chung CH, Chin AC, et al. Magnetic resonance imaging for ureteral fibroepithelial polyp. Hong Kong Med J. 2008;14:408-10.
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9Lam JS, Bingham JB, Gupta M. Endoscopic treatment of fibroepithelial polyps of the renal pelvis and ureter. Urology. 2003;62:810-3.
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10Kijvikai K, Maynes LJ, Herrell SD. Laparoscopic management of large ureteral fibroepithelial polyp. Urology. 2007;70:373.e4-7.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
13 Jun 2019 -
Data do Fascículo
May-Jun 2019
Histórico
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Recebido
07 Nov 2017 -
Aceito
04 Dez 2017