A Diretoria atual do CNPq, segundo a própria, respaldada pelo Conselho Deliberativo do órgão, alterou a sistemática de concessão das bolsas de Doutorado. Antes, eram concedidas quotas de bolsas às coordenações de pós-graduação. No sistema atual, as bolsas são concedidas diretamente aos orientadores credenciados pelo CNPq. Apesar da reação de boa parte da comunidade científica contrária a esta mudança, a Diretoria do CNPq se manteve irredutível e implementou a nova sistemática para a concessão das bolsas de Doutorado, inclusive das renovações, com a justificativa de que a proporção de bolsistas que não defendem suas teses diminuirá com a adoção do novo procedimento. Como quase sempre acontece, a comunidade científica, mesmo descontente, obedeceu prazos e fez os pedidos de bolsas - via rede eletrônica - dentro do cronograma estabelecido pelo CNPq, e esperou deste o cumprimento de sua parte. O CNPq divulgou os resultados com dois meses de atraso. Tudo bem se o atraso fosse o único problema. Mas este é irrelevante, diante da gravidade do corte no número de bolsas novas de Doutorado, que surpreendeu até os mais otimistas.
Se o país não suporta crescimento da pós-graduação de 12% ao ano, pode-se até entender que o governo trace diretrizes para a desaceleração do seu crescimento. O que não se pode entender, e é inaceitável, é que uma vez mais a comunidade científica seja mobilizada, às custas do consumo de muita energia, para se chegar a uma decisão tão simplória. Até para reduzir é necessário planejamento. Por sinal, são nestas horas que se vêem os grandes administradores, aqueles que por tomarem medidas inteligentes, além do retrato nas paredes dos gabinetes governamentais, ganham o reconhecimento na história.
Os Editores
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
27 Nov 2003 -
Data do Fascículo
Abr 1998
