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Determinação enzimática de dopamina em formulações farmacêuticas utilizando sistema de análise por injeção em fluxo com extrato bruto de abacate (Persea americana)

Enzimatic determination of dopamine in pharmaceutical formulations using a flow injection analysis system with avocado (Persea americana) crude extract

Resumo

In this work, a spectrophotometric flow injection analysis system using a crude extract of avocado (Persea americana) as a source of polyphenol oxidase to dopamine determination was developed. The substrates and enzyme concentrations from 2.4x10-7 to 5.3x10-4 mol L-1 and 28 to 332 units mL-1 were evaluated, respectively. In addition, the FIA parameters such as sample loop (50 to 500 µL), flow rate (1.4 to 4.3 mL min-1) and reactor length (100 to 500 cm) were also evaluated in a 0.1 mol L-1 phosphate buffer solution (pH 7.0). Dopamine solution concentrations were determined using 277 units mL-1 enzyme solution, 400 mL enzyme loop, 375 µL sample loop, 2.2 mL min-1 flow rate and a reactor of 350 cm. The analytical curve showed a linearity from 5.3x10-5 to 5.3x10-4 mol L-1 dopamine with a detection limit of 1.3x10-5 mol L-1. The analytical frequency was 46 h-1 and the RSD lower than 0.5% for 5.3x10-4 mol L-1 dopamine solution (n=10). A paired t-test showed that all results obtained for dopamine in commercial formulations using the proposed flow injection procedure and a spectrophotometric procedure agree at the 95% confidence level.

dopamine; flow injection analysis; crude extract


dopamine; flow injection analysis; crude extract

ARTIGO

Determinação enzimática de dopamina em formulações farmacêuticas utilizando sistema de análise por injeção em fluxo com extrato bruto de abacate (Persea americana)

Enzimatic determination of dopamine in pharmaceutical formulations using a flow injection analysis system with avocado (Persea americana) crude extract

Karina Omuro Lupetti; Luiz Antônio Ramos; Orlando Fatibello-Filho

Departamento de Química, Universidade Federal de São Carlos, CP 676, 13565-905 São Carlos, SP

Endereço para correspondência Endereço para correspondência Orlando Fatibello-Filho e-mail: bello@dq.ufscar.br

ABSTRACT

In this work, a spectrophotometric flow injection analysis system using a crude extract of avocado (Persea americana) as a source of polyphenol oxidase to dopamine determination was developed. The substrates and enzyme concentrations from 2.4x10-7 to 5.3x10-4 mol L-1 and 28 to 332 units mL-1 were evaluated, respectively. In addition, the FIA parameters such as sample loop (50 to 500 µL), flow rate (1.4 to 4.3 mL min-1) and reactor length (100 to 500 cm) were also evaluated in a 0.1 mol L-1 phosphate buffer solution (pH 7.0). Dopamine solution concentrations were determined using 277 units mL-1 enzyme solution, 400 mL enzyme loop, 375 µL sample loop, 2.2 mL min-1 flow rate and a reactor of 350 cm. The analytical curve showed a linearity from 5.3x10-5 to 5.3x10-4 mol L-1 dopamine with a detection limit of 1.3x10-5 mol L-1. The analytical frequency was 46 h-1 and the RSD lower than 0.5% for 5.3x10-4 mol L-1 dopamine solution (n=10). A paired t-test showed that all results obtained for dopamine in commercial formulations using the proposed flow injection procedure and a spectrophotometric procedure agree at the 95% confidence level.

Keywords: dopamine; flow injection analysis; crude extract.

INTRODUÇÃO

As enzimas são, em sua grande maioria, proteínas que catalisam com grande eficiência as reações metabólicas sob diversas condições de pH, temperatura, meio iônico, entre outros1-5.

Toda enzima possui um centro ativo, local onde se processam as reações com determinado substrato. Este centro ativo é geralmente constituído de alguns resíduos de aminoácidos da cadeia protéica e de um grupo não-protéico, sendo responsável pela atividade biológica da enzima1-5.

Algumas enzimas dependem somente de sua estrutura protéica para exercer sua atividade, enquanto outras necessitam também de um ou mais componentes não-protéicos chamados de cofatores, que podem ser íons metálicos ou moléculas orgânicas denominadas coenzimas. Algumas enzimas dependem de ambos. O complexo cataliticamente ativo enzima-cofator é denominado haloenzima1-5.

A enzima polifenol oxidase (PFO: E.C. 1.14.18.1) presente em grande quantidade em cogumelos, que na presença de oxigênio molecular causa oxidação de certos compostos, foi descoberta em 1895 por Bourquelot e Bertrand1. Ela é também chamada tirosinase, catecolase ou catecol oxidase e catalisa a oxidação tanto de monofenóis (e.g. tirosina, fenol, etc.) como difenóis (e.g. catecol, L-dopa, dopamina, adrenalina, etc.).

A PFO está presente em algumas bactérias e fungos, na maioria das plantas, em alguns artrópodes e mamíferos. Em todos estes casos, a enzima está associada com a pigmentação escura do organismo. Ela está presente, em concentrações altas, em cogumelo, batata, pêssego, maçã, banana, manga, abacate, folhas de chá e café6.

A massa molar para as diferentes PFOs varia de 57 a 62 kDa, com exceção da PFO do cogumelo que apresenta 128 kDa, possuindo duas cadeias maiores com 43-45 kDa cada uma, onde estão os sítios catalíticos, e duas menores com 13 kDa cada uma6. A enzima apresenta-se como um complexo binuclear com dois átomos de Cu(II) no seu centro ativo, como apresentado no mecanismo proposto de oxidação de dopamina da Figura 1. A formação da dopaminaquinona depende tanto da concentração do oxigênio como da concentração da enzima7. Uma vez formada, a dopaminaquinona pode sofrer polimerização, levando à formação de melaninas.


A dopamina é um neurotransmissor central, precursor metabólico da noradrenalina e da adrenalina, que atua em receptores específicos, presentes no sistema nervoso central, nos vasos mesentéricos, renais e nas coronárias. É utilizada para o tratamento de diversos tipos de choque e da hipotensão grave após infarto agudo do miocárdio, dilatando os vasos sanguíneos renais e aumentando dessa forma o fluxo de sangue8. No Brasil, a dopamina é comercializada em forma de ampolas de 5 mg mL-1.

Diversas metodologias podem ser encontradas na literatura para determinação desse analito, dentre estas destacam-se os procedimentos em fluxo com detecção espectrofotométrica9-11, amperométrica12-17 e por quimiluminescência18-20. Ortega e Dominguez9 empregaram tirosinase imobilizada em reatores para determinação de dopamina por análise em fluxo com detecção espectrofotométrica e eletroquímica, apresentando limites de detecção de 3,5x10-6 mol L-1 e 8,4x10-6 mol L-1, respectivamente. Nevado e colaboradores10 empregaram solução de metaperiodato em fluxo para detecção espectrofotométrica dessa catecolamina. O sistema apresentou um limite de detecção de 2,5x10-6 mol L-1 e uma freqüência de amostragem de 130 determinações por hora. Uchiyama e Suzuki12 utilizaram extrato de folhas de espinafre como fonte de polifenol oxidase para a determinação amperométrica de dopamina. No entanto, 5 min de espera eram necessários para o retorno à linha base e início de nova injeção da solução de amostra. A linearidade do sistema em fluxo foi de 1,0x10-4 a 6,0x10-3 mol L-1. Montenegro e Sales15 empregaram um eletrodo seletivo a IO4- para a determinação potenciométrica de dopamina, obtendo-se uma linearidade no intervalo de concentração desse analito de 8,0x10-3 a 2,7x10-1 g L-1 (4,2x10-5 a 1,4x10-3 mol L-1). Lima et al.16 desenvolveram eletrodos de carbono vítreo e pasta de carbono modificados com tecido vegetal de palmeira (Latania sp), como fonte enzimática para a determinação eletroquímica dessa catecolamina. O sistema em fluxo apresentou linearidade entre 5,0x10-6 a 7,0x10-5 mol L-1 de dopamina. Wang e Walcarius17 construíram eletrodos de pasta de carbono modificados com zeólitas para a determinação amperométrica desse fármaco. O sistema apresentou linearidade entre 2,0x10-5 a 1,0x10-3 mol L-1 com um tempo de residência de 45 s para pré-concentração em fluxo. Nozaki e colaboradores18 determinaram dopamina por meio da geração de peróxido de hidrogênio durante 30 min e detecção quimiluminescente do mesmo, na reação com peroxidase e luminol. O limite de detecção obtido foi de 1,0x10-7 mol L-1, com um desvio padrão relativo de 4,7% (n=5). Huang e colaboradores19 empregaram a inibição pela dopamina da propriedade quimiluminescente do sistema luminol-hipoclorito, obtendo um limite de detecção de 0,6 µg L-1 (3,2x10-9 mol L-1).

Desenvolveu-se nesse trabalho um sistema de análise por injeção em fluxo por zonas coalescentes para a determinação enzimática de dopamina em formulações farmacêuticas. Nesse procedimento, a enzima polifenol oxidase obtida do extrato bruto de abacate oxidou a dopamina à dopaminaquinona, que foi monitorada espectrofotometricamente em 466 nm.

PARTE EXPERIMENTAL

Equipamentos

O abacate, fonte da enzima polifenol oxidase, foi homogeneizado em um liquidificador Walita, modelo Firenze RI6755. Usou-se na centrifugação desse material biológico, uma centrífuga Du Pont Instrumentos Sorvall, modelo RC-5B, provida de um rotor modelo SS-34 com diâmetro de 23 cm.

As medidas espectrofotométricas foram feitas em um espectrofotômetro Femto, modelo 434 com uma célula de fluxo de vidro (caminho óptico de 1,00 cm) conectada a um registrador Cole Parmer (Niles, IL, USA), modelo 12020000 de dois canais. Para propulsão das soluções de referência, reagentes e amostras utilizou-se uma bomba peristáltica Ismatec (Zurich, Switzerland), modelo 7618-40 e tubos de extensão de Tygon de 0,8 mm de diâmetro interno. As amostras e soluções de referência foram introduzidas no sistema FIA, utilizando-se um injetor-comutador manual desenvolvido no CENA-USP, Piracicaba.

Reagentes e soluções

Para a determinação de dopamina em fluxo, preparou-se uma solução estoque de dopamina (Sigma) dissolvendo-se 0,0102 g desse reagente em um balão volumétrico de 10 mL com tampão fosfato 0,1 mol L-1 (pH 7,0).

Obtenção do extrato bruto de abacate

Para obtenção do extrato bruto de abacate (Persea americana), fonte de polifenol oxidase, o seguinte procedimento foi adotado: uma massa de 25,0 g de polpa de abacate foi homogeneizada com 100 mL de tampão fosfato 0,1 mol L-1 (pH 7,0) e 2,5 g de agente protetor Polyclar Super R, em um liquidificador, durante 3 min. O homogenato foi filtrado em 4 camadas de gaze e centrifugado a 15000 rpm durante 30 min, a 4 oC. A solução sobrenadante foi dividida em diversas alíquotas, armazenadas em refrigerador a 4 oC e usadas como fonte enzimática20,21.

Determinação de proteína total e atividade enzimática da PFO

O teor de proteína total da solução sobrenadante foi determinado pelo método do biureto, empregando-se albumina de soro bovino como padrão22.

A atividade da polifenol oxidase foi determinada medindo-se a variação de absorbância (l = 410 nm) da quinona formada na reação enzimática. Nessa determinação foram usados 2,8 mL de solução de catecol 0,05 mol L-1 e 0,2 mL da solução sobrenadante (homogenato), a 25 oC. Uma unidade de atividade (unidades mL-1) é definida como a quantidade de enzima que causa o aumento de 0,001 unidades de absorbância por minuto nas condições mencionadas.

Uma solução estoque de enzima PFO de 553 unidades mL-1 foi obtida a partir do extrato bruto enzimático concentrado de abacate.

Métodos comparativos para determinação de dopamina

Como métodos comparativos para a determinação de dopamina, foram utilizados o método proposto por Vieira e Fatibello20,21 e o método padrão da Farmacopéia Brasileira23. Dissolveu-se 5 mL da solução injetável Eurofarma em um balão volumétrico de 25 mL com solução tampão fosfato 0,1 mol L-1 (pH 7,0). Construiu-se uma curva analítica a partir de uma solução padrão de dopamina (5 mg mL-1) variando-se a concentração das soluções de referência de 0,1 a 3,0 mg mL-1, adicionando-se as alíquotas da solução padrão diretamente na cubeta de quartzo com auxílio de uma micropipeta. Em seguida, completou-se o volume para 2,8 mL com solução tampão fosfato 0,1 mol L-1 (pH 7,0) e por fim adicionaram-se 0,2 mL da solução de extrato bruto de batata doce (128 unidades mL-1) como fonte de polifenol oxidase. Foi cronometrado um tempo de 5 min e mediram-se as absorbâncias do cromóforo (dopaminaquinona) formado em 470 nm. O método da Farmacopéia consistiu em realizar as medidas de absorbância de dopamina diretamente em 280 nm.

Sistema de análise por injeção em fluxo

O diagrama do sistema de análise por injeção em fluxo para determinação de dopamina é apresentado na Figura 2.


Conforme pode ser observado no diagrama, as soluções de referência ou amostra, S, contidas na alça de amostragem L1, de 75 cm (375 µL) e a solução enzimática contida na alça L2, de 80 cm (400 µL) são inseridas no transportador, C (tampão fosfato, pH 7,0) e após passarem pelo ponto de confluência X, dirigem-se ao reator R, de 350 cm de comprimento. O produto formado (dopaminaquinona) na reação enzimática foi então monitorado espectrofotometricamente em 466 nm.

Foram estudadas várias concentrações de substrato (2,4x10-7 a 5,3x10-4 mol L-1) e de enzima (28; 42; 55; 83; 111; 138; 165; 208; 221; 277 e 332 unidades mL-1), variando-se o comprimento das alças L1 e L2 (50, 75, 100, 150, 200, 250, 300, 375, 400 e 500 µL). Estudou-se a vazão do carregador (1,4; 1,8; 2,2; 2,7; 3,1; 3,5 e 4,3 mL min-1) variando-se a velocidade de propulsão da bomba peristáltica. E por fim, variou-se o comprimento do reator de 0,8 mm de d.i. (100, 200, 250, 300, 350, 400, 450 e 500 cm). Construiu-se uma curva analítica para dopamina no intervalo de concentração de 5,3x10-5 a 5,3x10-4 mol L-1 e determinou-se então, a concentração de dopamina em ampolas EurofarmaÒ, após diluição de 10 vezes em solução tampão fosfato 0,1 mol L-1 (pH 7,0).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a determinação espectrofotométrica de dopamina usando a enzima PFO em fluxo com zonas coalescentes, foram otimizados alguns parâmetros do sistema em fluxo como concentração enzimática, comprimentos das alças de amostragem e da solução de PFO, vazão do sistema em fluxo e comprimento da bobina reacional.

Efeito da concentração enzimática

A atividade específica da PFO no abacate depende do grau de maturação dessa fruta, bem como da espécie estudada. Como estudado anteriormente por Lupetti24, a atividade específica aumenta com o grau de maturação até o estágio entre verde e maduro, diminuindo para os estágios avançados de maturação devido à degradação parcial da atividade dessa enzima.

A Figura 3 ilustra o efeito da concentração enzimática de PFO sobre o sinal analítico (absorbância) do sistema FIA. Estudou-se um intervalo de concentrações de 28 a 332 unidades mL-1, sendo então selecionado 277 unidades mL-1. Além da melhor resposta obtida nessa concentração enzimática, as medidas de absorbância apresentaram o menor desvio padrão relativo (RSD) e melhor relação sinal/ruído. Ademais, empregando-se esse extrato bruto, foi possível trabalhar-se durante um período de 6-7 h, sem perda da atividade enzimática.


Efeito dos volumes das alças de amostragem e da solução de PFO

O efeito dos volumes das alças de amostragem e da solução de PFO de 50 a 500 µL sobre o sinal analítico foram investigados. O sinal analítico aumentou com o aumento do volume da alça de amostragem (L1) até o volume de 375 µL, mantendo-se praticamente constante em volumes superiores. Sendo assim, trabalhou-se com esse volume de alça de amostragem, pois essa também proporcionou maior freqüência analítica, como previsto. O efeito do volume da alça da solução de PFO 277 unidades mL-1, no intervalo de 50 a 500 µL sobre o sinal analítico também foi investigado. A maior relação sinal/ruído foi obtida com 400 µL de solução de PFO 277 unidades mL-1, para a alça de amostragem de 375 µL, mostrando ser esse volume suficiente para garantir maior eficiência da reação da enzima com o substrato. Sendo assim, selecionou-se esse volume de L2 para os estudos posteriores.

Efeito da vazão do sistema FIA

O efeito da vazão do carregador, variando de 1,4 a 4,3 mL min-1, sobre o sinal analítico foi também estudado, sendo que este aumentou da vazão de 4,3 a 1,4 mL min-1. Nesse trabalho foi selecionada a vazão de 2,2 mL min-1, uma vez que nessa vazão o sistema em fluxo apresentou maior repetibilidade e estabilidade da linha base.

Estudo da bobina reacional

Diferentes comprimentos de bobinas de reação variando de 100 a 500 cm foram também estudados. Como pode ser visto na Figura 4, o reator de 350 cm possibilitou a obtenção de maior sinal analítico, sendo assim selecionado para estudos posteriores. Reatores de comprimentos inferiores a 350 cm, provavelmente, não foram suficientes para o processamento da reação enzimática e os de comprimentos superiores devem ter causado maior dispersão da zona de amostra, diminuindo significativamente a magnitude do sinal analítico. No entanto, a queda acentuada do sinal analítico merece futuras investigações, pois o efeito da dispersão ao passar do reator (bobina reacional) de 350 para o de 400 cm, não deveria levar a uma queda brusca de magnitude da absorbância.


Estudo da repetibilidade

O sistema apresentou uma boa repetibilidade com RSD inferior a 0,5%, após 10 injeções sucessivas de padrão de dopamina 5,3x 10-4 mol L-1.

Determinação em fluxo de dopamina

Empregando-se as melhores condições experimentais encontradas, i.e. bobina reacional de 350 cm, concentração de PFO 277 unidades mL-1, alça de amostragem de 375 µL, alça da solução de PFO de 400 µL, vazão de 2,2 mL min-1, obteve-se a curva analítica para o procedimento FIA proposto. A Figura 5 apresenta os sinais transientes em triplicata para as soluções de referência de dopamina de 5,3x10-5 a 5,3x10-4 mol L-1, seguidos dos sinais transientes em triplicata das amostras A, B e C e, finalmente, sinais transientes das soluções de referência em concentrações decrescentes de 5,3x10-4 a 5,3x10-5 mol L-1 .


A curva analítica apresentou uma linearidade de 5,3x10-5 a 5,3x10-4 mol L-1 de dopamina, com um limite de detecção de 1,3x10-5 mol L-1 e pode ser descrita pela Equação 1:

onde, A é a absorbância do composto formado, dopaminaquinona, C, a concentração de dopamina em mol L-1 e r = 0,9980.

A freqüência analítica foi de 46 h-1. A Tabela 1 apresenta os teores de dopamina em três produtos comerciais obtidos com um método enzimático em batelada21, o método padrão da Farmacopéia Brasileira23, com o procedimento FIA proposto e também os teores rotulados. Aplicando-se o teste t-pareado aos resultados obtidos empregando os métodos padrão e da literatura e o método proposto, verificou-se que esses resultados são concordantes a um nível de 95%. Comparando-se os dados referentes a limite de detecção, linearidade e principalmente versatilidade, o método em fluxo proposto apresentou maior linearidade, menor LD e menor RSD que aquele trabalho anteriormente desenvolvido pelo grupo21 e maior freqüência analítica à metodologia padrão da Farmacopéia23, podendo ser utilizado na determinação de dopamina em formulações farmacêuticas.

CONCLUSÕES

Os estudos realizados neste trabalho evidenciaram a viabilidade do emprego do método espectrofotométrico enzimático em fluxo para a determinação de dopamina em amostras farmacêuticas. A freqüência analítica foi de 46 h-1, sendo utilizados apenas 400 µL de solução enzimática 277 unidades de enzima mL-1 do extrato bruto de abacate e 375 µL de amostra. Este procedimento apresentou boa repetibilidade (RSD < 0,5%) para 10 injeções sucessivas de dopamina 5,3x 10-4 mol L-1, com um limite de detecção de 1,3x10-5 mol L-1.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à FAPESP pelo auxílio financeiro e bolsa concedida à K. O. Lupetti (Proc. no 98/01252-1).

Recebido em 16/4/02

Aceito em 4/9/02

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  • Endereço para correspondência
    Orlando Fatibello-Filho
    e-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      08 Abr 2003
    • Data do Fascículo
      Mar 2003

    Histórico

    • Aceito
      04 Set 2002
    • Recebido
      16 Abr 2002
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