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Geraldo Vicentini (04/04/1928 - 08/02/2003)

IN MEMORIAM

Geraldo Vicentini (04/04/1928 - 08/02/2003)

Paschoal Ernesto Américo Senise; Henrique Eisi Toma; Nicola Petragnani

IQ, USP

Geraldo Vicentini nasceu em São Paulo, em 04 de abril de 1928. Realizou seus estudos de bacharel no Departamento de Química na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, graduando-se em 1953. No ano seguinte iniciou os trabalhos de doutorado sob orientação do Prof. Heinrich Rheinboldt, desenvolvendo pesquisas sobre a síntese de compostos orgânicos de telúrio. Desde então, foi contratado como auxiliar de ensino no Departamento. Nesse período, juntamente com Nicola Petragnani, realizou trabalhos de grande impacto na química do selênio e telúrio. Seu convívio com o Prof. Rheinboldt foi interrompido em 1955, com a passagem do seu mestre, sendo um dos últimos de seus discípulos a se doutorar, em outubro de 1957. Após o doutorado, iniciou uma extensa atividade de pesquisa em parceria com Ernesto Giesbrecht, focalizando inicialmente a química de polifosfatos de metais de transição e actinídios, e depois a química de uma classe de compostos, conhecidos como adutos. Nessa época, juntou-se ao grupo, Madeleine Perrier, gerando um núcleo bastante ativo de investigação em química inorgânica. Em 1963, realizou um estágio de pós-doutorado com o Prof. Therald Moeller, na Universidade de Illinois, aprimorando seu conhecimento sobre a química dos adutos de terras raras, linha esta que abraçaria após seu retorno, e que prosseguiria ao longo de toda a sua carreira. Após a mudança do Departamento de Química para a Cidade Universitária, Geraldo Vicentini passou a conduzir o seu próprio laboratório, concentrando sua meta na formação de mestres e doutores, e na consolidação da área de química inorgânica, ainda bastante carente no país. Em 1971, obteve a livre-docência, e logo depois, o título de Professor Adjunto (1972) no Instituto de Química da USP. Conquistou o título de Professor Titular em 1978. Suas atividades de pesquisa envolveram um número imenso de colaboradores, como Ivo Giolito, Lea Barbieri Zinner, Júlio Zukerman-Schpector e Paulo Celso Isolani, além dos seus alunos e ex-alunos, incorporando, ao longo do tempo, técnicas espectroscópicas, análise térmica e difração de raios-X. Publicou 268 trabalhos completos, sendo 186 em revistas indexadas, com cerca de 1300 citações acumuladas em toda sua carreira. Apresentou ainda 358 comunicações em congressos, e participou na tradução de vários textos didáticos importantes. Formou 21 mestres e 30 doutores em Química, contribuindo para a nucleação de grupos de pesquisa em várias regiões do país. Foi editor dos Anais da Associação Brasileira de Química desde 1993, e de vários volumes sobre a Química das Terras Raras, como parte dos Anais da Academia de Ciências do Estado de São Paulo. Participou da organização de diversos eventos nacionais e internacionais, incluindo o Rare Earths' 2001, realizado no Brasil, o qual presidiu. Foi Professor exemplar de Química nos cursos de graduação e de pós-graduação do Instituto de Química da USP, e Coordenador Associado do Instituto de Química da UNICAMP, de 1967 a 1969. Ocupou a Presidência da Comissão de Pós-graduação, a Coordenadoria do Curso de Pós-Graduação em Química Inorgânica, de 1973 a 1981, e a Vice-diretoria do Instituto de Química da USP (1986-1990). Exerceu a Presidência da Associação Brasileira de Química, Regional de São Paulo, por diversas vezes, de 1985 a 1992, além da Vice-Presidência e Presidência da Associação (Nacional), em 1993 e 1994. Foi membro do Conselho Regional de Química (IV Região), por diversas vezes, no período de 1964 a 2001, ocupando a Vice-Presidência em 1995, 1996 e 1999-2002. Foi Diretor Executivo Adjunto, da Academia de Ciências do Estado de São Paulo. Atuou em inúmeras comissões de assessoramento técnico-científico, e no Corpo Editorial da revista Lanthanide Actinide Research. Recebeu o Prêmio Hans Feigl, da Associação Brasileira de Química, em 1966, e o Prêmio Retorta de Ouro, do Sindicato de Químicos do Rio de Janeiro, em 1981. Geraldo Vicentini foi uma presença marcante no Instituto de Química. Deixou muitos amigos, e partiu, levando consigo sua vocação de fazer ciência, com suas convicções, desafios e determinação.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Abr 2003
  • Data do Fascículo
    Mar 2003
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