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Adsorção de arsênio(V) pela quitosana ferro - III reticulada

Asorption of arsenic (V) by crosslinked iron-III-chitosan

Resumo

The removal of As(V) by a crosslinked iron(III)-chitosan adsorbent was evaluated under various conditions. The adsorption capacity of CH-FeCL was around 54 mg/g of As(V). The kinetics of adsorption obeys a pseudo-first-order model with rate constants equal to 0.022, 0.028, and 0.033 min-1 at 15, 25 and 35 ºC respectively. Adsorption data were well described by the Langmuir model, although they could be modeled also by the Langmuir-Freundlich equation. The maximum adsorption capacity, calculated with the Langmuir model, was 127 mg g-1 of As(V). The inhibition by competing anions is dependant on their kind and valence.

crosslinked iron(III)-chitosan; arsenate; adsorption


crosslinked iron(III)-chitosan; arsenate; adsorption

ARTIGO

Adsorção de arsênio(V) pela quitosana ferro – III reticulada

Asorption of arsenic (V) by crosslinked iron-III-chitosan

Tathyane Fagundes; Amanda Wolff Ledra Bachmann; Heloísa Sonálio Overrath Tomaz; Clóvis Antonio Rodrigues* * e-mail: crodrigues@univali.br

Núcleo de Investigações Químico-Farmacêuticas, Universidade do Vale do Itajaí, CP 360, 88302-202 Itajaí - SC, Brasil

ABSTRACT

The removal of As(V) by a crosslinked iron(III)-chitosan adsorbent was evaluated under various conditions. The adsorption capacity of CH-FeCL was around 54 mg/g of As(V). The kinetics of adsorption obeys a pseudo-first-order model with rate constants equal to 0.022, 0.028, and 0.033 min-1 at 15, 25 and 35 ºC respectively. Adsorption data were well described by the Langmuir model, although they could be modeled also by the Langmuir-Freundlich equation. The maximum adsorption capacity, calculated with the Langmuir model, was 127 mg g-1 of As(V). The inhibition by competing anions is dependant on their kind and valence.

Keywords: crosslinked iron(III)-chitosan; arsenate; adsorption.

INTRODUÇÃO

Algumas atividades humanas podem favorecer a disponibilização do arsênio presente no solo.1 A presença de arsênio em água foi relacionada a dermatites, câncer de pele, problemas neurológicos, hepatomegalia, problemas cardíacos, cânceres internos e intoxicações.2 A Agência de Proteção Ambiental (EPA-US), dos Estados Unidos, baixou o limite regular de arsênio para água potável de 50 para 10 µg L-1, sendo que a data limite para atingir tais níveis foi em janeiro de 2006. Como resultado desta nova norma, vários trabalhos estão sendo desenvolvidos com o enfoque em novas tecnologias para a redução dos níveis de arsênio, tais como melhoria do sistema de coagulação, sistemas de membrana e novos adsorventes.3

O processo de adsorção em fase sólida é uma alternativa para a remoção de compostos de arsênio. Diversos materiais baseados na presença de ferro têm sido empregados como adsorvente, devido principalmente à necessidade de pouco pré-tratamento químico da solução e por apresentarem vantagens, principalmente devidas à formação do complexo Fe:As muito estável.4-11

Além dos materiais contendo ferro, uma série de outros materiais também tem sido utilizada na adsorção de arsênio como, por exemplo, zeolitas,2 pasta de cimento Portland,12 oxisol,13 polímeros contendo zircônio (IV),14 cinzas,15 sub-produtos da atividade agrícola.16

Dentre estes materiais alternativos utilizados na adsorção de arsênio encontram-se a quitina e quitosana17,18 e quitosana impregnada com íons molibdato.19,20 Por outro lado, em estudos anteriores mostramos que complexos de quitosana com íons Fe3+, na forma insolúvel, apresentam grande capacidade de adsorção de oxianions como, por exemplo, fosfato21, 22 e cromato.23

Com base no que foi mencionado acima, o complexo de quitosana-ferro reticulado (QTS-FeR) foi utilizado como adsorvente de As(V). Foram avaliados os efeitos de vários parâmetros sobre a capacidade de adsorção de As(V), entre os quais a quantidade de ferro no polímero, o pH e a temperatura das soluções de As(V), efeito salino, concentração e tipo de sal. Também foram estudadas a cinética de adsorção e a capacidade máxima de adsorção através da aplicação de modelos matemáticos de adsorção.

PARTE EXPERIMENTAL

Preparação e caracterização do polímero QTS-FeR

Os complexos foram preparados com a quitosana da Purifarma com grau de desacetilação de 83% e massa molecular de 165.000. Todos os outros reagentes foram de procedências Vetec e utilizados sem purificação prévia.

Os complexos quitosana ferro(III)-reticulado (QTS-FeR) foram preparados e caracterizados de acordo com o descrito na literatura.22 Foram preparados 4 lotes de QTS-FeR com diferentes quantidades de ferro sendo denominados QTS-FeR(A), QTS-FeR(B), QTS-FeR(C) e QTS-FeR(D) contendo 32,4; 54,2; 80,6 e 111,3 mg g-1 respectivamente.

Estudo de adsorção do As(V) (Métodos de banho)

Estudo das isotermas de adsorção

A adsorção do As(V) foi estudada através do método de banho, num sistema termostatizado, 25 ± 0,5 ºC. Neste experimento foram utilizados 25 mg dos diferentes QTS-FeR em 20 mL de solução de arsenato de sódio com concentração de 25, 50, 75, 100, 125, 150 mg L-1, respectivamente, durante 60 min. O pH das soluções foi ajustado para valores entre 2,0-8,0, com NaOH ou HCl. Posteriormente o polímero foi removido por filtração e a concentração de As(V) foi determinada através pelo método de azul de molibdênio.5

Estudo da cinética

A cinética de adsorção foi realizada em sistema termostatizado, nas temperaturas de 15, 25 e 35 ºC. Foram utilizados 25 mg de polímero e 20 mL de solução com a concentração de As(V) (75 mg L-1) sendo o pH ajustado em 4,0. O polímero e a solução ficaram em contato por uma variação de tempo entre 10-90 min. Após o tempo determinado para cada amostra, elas foram filtradas e analisadas pelo método de azul de molibdênio.5

Estudo do efeito salino

Foram realizados testes para estudar o efeito salino na adsorção de As(V) pela QTS-FeR; numa solução contendo 75 mg L-1 de As(V) e pH 4,0 foram adicionados diferentes sais na concentração de 0,1 mol L-1, durante 60 min. Os sais utilizados para o teste foram K2SO4, NaNO3, NaCl, KI. Paralelamente, foram feitos experimentos com o NaCl variando sua concentração para 0,01; 0,025; 0,05; 0,1; 0,5 mol L-1. Após 60 min, as amostras foram filtradas e analisadas pelo método de azul de molibdênio.5

Quantificação do As(V)

O As(V) foi quantificado através do método de azul de molibdênio, medindo-se a absorbância do complexo arsenomolibdato em 875 nm,5 utilizando o espectrofotômetro UV/vis Shimadzu 1601. A quantidade de As(V) adsorvido foi determinada pela diferença entre a quantidade adicionada e a quantidade encontrada após a remoção do polímero.

Modelo matemático da cinética de adsorção

Apesar de diversos modelos matemáticos que procuram explicar o processo de cinética de adsorção estarem disponíveis na literatura, optou-se pelo modelo de Lagergreen (pseudo-primeira ordem) utilizado por Zhang et al.8 para avaliar a velocidade de adsorção do As(V) em óxido de ferro contendo Ce(IV), Equação 1.

onde: qe é a capacidade de adsorção no equilíbrio (após 90 min) (mg g-1); qt é a capacidade de adsorção no tempo t (mg g-1) e kad é a constante de velocidade de adsorção (min-1).

Isotermas de adsorção

As curvas que relacionam a quantidade de um determinado soluto adsorvida por uma superfície adsorvente, numa determinada temperatura, chamadas isotermas de adsorção, foram utilizadas para a determinação da quantidade máxima de adsorção a constante de equilíbrio de adsorção.

No processo de adsorção normalmente são empregados os modelos de isoterma de Langmuir e Langmuir-Freundlich para interpretar os dados experimentais de adsorção, devido à facilidade de transformar estas equações para a forma linear e, conseqüentemente, os parâmetros podem ser estimados graficamente. A escolha do modelo de isoterma, bem como o ajuste dos dados para determinação dos parâmetros foi realizada em função da equação que melhor produziu os dados experimentais, isto é, o menor desvio médio relativo e os parâmetros ajustado pelo método não linear.24,25

A Equação de Langmuir é:

onde, q é a quantidade de soluto adsorvido (mg g-1), C é a concentração de equilíbrio do soluto na solução (mg L-1), KL é a constante de Langmuir (L mg-1), M é a quantidade máxima de adsorvida (mg g-1).

A Equação de Langmuir-Freundlich é:

onde, β é um parâmetro empírico que varia com o grau de heterogeneidade da superfície do adsorvente, tem valor entre 0 e 1; KLF é a constante de Langmuir-Freundlich (L mg-1) e os demais parâmetros correspondem ao modelo de Langmuir.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Efeito da quantidade de ferro

Na Tabela 1 é mostrada a quantidade de As(V) adsorvido pelos polímeros preparados com diferentes quantidades de ferro. Neste estudo a concentração de As(V) foi mantida em 75 mg L-1, tempo de agitação 60 min, quantidade de adsorvente 25 mg, volume da solução 20 mL e pH 4,0. Nestas condições é possível observar que a capacidade de adsorção aumenta com a quantidade de ferro presente no adsorvente. A escolha do íon Fe3+ está relacionada com o princípio de acidez e basicidade de Pearson, isto é, ácidos duros como o Fe3+, têm grande afinidade por bases duras, como é o caso do As(V).26 A quantidade de As(V) adsorvida pela QTS-FeR é superior à relatada para outros adsorventes contendo ferro como, por exemplo, resíduos de indústria de processamento de suco de laranja,9 óxidos de ferro contendo Ce(V).8

O processo de adsorção de As(V) por adsorventes contendo ferro está baseado na formação do complexo entre o Fe(III) e o As(V), segundo mostrado na Figura 1. Este esquema é uma simplificação uma vez que o As(V) pode coordenar-se ao íon Fe3+ na forma monodentado e mononuclear, bidentado e monuclear ou bidentado e binuclear pelo mecanismo de formação de complexo de esfera interna.5,6,9


Com base nestes resultados, os estudos sobre o efeito do pH, temperatura, capacidade de adsorção e efeito salino foram conduzidos utilizando o adsorvente contendo 80,6 mg de ferro por grama de polímero (QTS-FeR (C)).

Efeito do pH

Os estudos envolvendo diferentes pHs estão relacionados principalmente com o ácido arsênico. Ele possui três constantes de dissociação que podem interferir no processo de adsorção. Portanto, o estudo da variação do pH foi realizado com o objetivo de encontrar o pH ótimo de adsorção do As(V).27

H3AsO4→H2AsO4- pKa1 = 2,1

H2AsO4- → HAsO42- pKa2 = 6,7

HAsO42- → HAsO43- pKa3 = 11,2

A influencia do pH foi estudada nos pHs 2,0; 4,0; 6,0 e 8,0, utilizando para o ajuste das soluções HCl e NaOH.

A Tabela 2 mostra o efeito do pH da solução sobre a capacidade de adsorção de As(V). A concentração inicial de As(V) foi de 75 mg L-1, tempo de agitação de 60 min, temperatura de 25 ºC e 25 mg de adsorvente. Como podemos observar, o pH tem grande efeito sobre a quantidade de As(V) adsorvido. Na faixa de pH entre 4,0–8,0 a capacidade praticamente permanece constante, entretanto, quando o pH está próximo a 2,0 a capacidade diminui significativamente.

A explicação para este comportamento está relacionada com a distribuição das espécies do Arsênio (V) em meio aquoso, à medida que diminui o pH da solução aumenta a quantidade de H3AsO4 e diminui a quantidade de H2AsO4-, que está presente nesta forma preferencialmente entre pH 4,0 – 6,0, para ser adsorvido deve estar nas formas carregadas negativamente. À medida que o pH aumenta, acima de 7,0, a espécie principal é HAsO4-2, que também é adsorvida pelo ferro.9

Os equilíbrios responsáveis pela adsorção do As(V) no adsorvente podem ser representados pelas Equações:

Fe3+ + H2AsO4-→ [FeH2AsO4]2+ em pH 4,0- 6,0

Fe3+ + HAsO42-→ [FeHAsO4]+ 7,0 > pH > 10

Estes resultados mostram que este adsorvente pode ser empregado em condições que variam entre levemente ácidas a levemente básicas sem perda da eficiência, diferente do adsorvente POW no qual a faixa ótima situa-se entre 2,0 e 5,0.9 Comportamento semelhante foi relatado por Fagundes et al.,21 para a adsorção de HPO4-2 pela QTS-FeR, mostrando um comportamento similar entre os oxiácidos.

Efeito da temperatura

O estudo do processo de adsorção em diferentes temperaturas teve como objetivo a obtenção de informações para calcular os parâmetros termodinâmicos da adsorção.

A Figura 2 mostra o efeito da temperatura sobre o processo de adsorção do As(V). Como pode ser observado, não existe diferença significativa da capacidade de adsorção, após 90 min, em função da temperatura. A quantidade de As(V) adsorvida pela QTS-FeR(C) ficou em torno de 59 mg g-1.


Cinética de adsorção

O processo cinético de adsorção foi realizado com o objetivo de verificar a velocidade com que o polímero QTS-FeR adsorve o As(V). Este estudo é essencial para empregar este adsorvente na purificação de amostras ambientais.

A adsorção de arsênio pela QTS-FeR(C) é dependente do tempo de contato. A Figura 3 mostra o efeito do tempo de contato sobre a concentração de As(V) na solução e no adsorvente. De acordo com os dados, ocorre uma diminuição muito grande da concentração de As(V) na solução após 20 min de contato (redução de 94%).


Este resultado mostrou que a QTS-FeR é muito mais efetiva quando comparada com a pasta de cimento Portland endurecido que, na dose 15 g L-1 de adsorvente e 0,2 mg L-1 de As(V), conseguiu remover apenas 70% do As(V) inicial.12 A redução na concentração de As(V), também foi maior quando comparadas com a quitina e quitosana, que nas concentrações de adsorvente de 5 e 25 g L-1, foram de 30 e 60%, para os dois adsorventes respectivamente, sendo que o tempo de contato entre os adsorventes e o As(V) foi de 10 dias.17

Modelo matemático da cinética de adsorção

Na Figura 4 é mostrado um gráfico referente à aplicação do modelo de cinética de adsorção de pseudo-primeira ordem de Lagergreen. Na Tabela 3 são mostrados as constantes de velocidade de adsorção e o coeficiente de correlação. A constante de velocidade de adsorção, segundo o modelo aplicado, teve uma pequena diminuição na faixa de temperatura estudada, considerando que os coeficientes encontrados neste trabalho não estão muito próximos da unidade. Os valores de k estão acima daqueles relatados por Zhang et al.,8 1,84 x 10-3 min-1 (r = 0,98), em estudos utilizando Ce(IV) incorporado em oxido de ferro como adsorvente.8


Isotermas de adsorção

Na Figura 5 são mostradas as isotermas de adsorção do As(V) em função do pH da solução. Fica nítido, nesta figura, que o processo de adsorção em pH > 4,0 é favorecido, uma vez que a concentração de As(V) na solução diminui e, conseqüentemente, aumenta a concentração no adsorvente. As curvas entre os pontos foram geradas a partir do modelo de adsorção de Langmuir (Equação 2).


Na Figura 6 são mostradas as isotermas de adsorção bem como a curva gerada após a aplicação dos modelos matemáticos das isotermas de Langmuir-Freundlich (Equação 3).


Os resultados dos parâmetros de adsorção para a QTS-FeR empregada no estudo estão listados na Tabela 4; os coeficientes de correlação estão muito próximos uns dos outros.

Outra observação importante é a proximidade dos valores da capacidade de adsorção quando comparamos os dois modelos matemáticos empregados. Quando o parâmetro β (Equação 3) aproxima-se da unidade, o comportamento de adsorção segue o modelo de Langmuir, que admite um único sítio de adsorção. Este comportamento mostra o processo de adsorção num único sítio de adsorção ativo, que neste caso é o íon Fe3+.

Os valores da quantidade máxima adsorvida, encontrados neste trabalho, estão bem acima daqueles observados para o hidróxido de ferro granulado (5,0 mg g-1)28 ou óxido de Ce(IV) contendo ferro (70,4 mg g-1) segundo o modelo de Langmuir;8 também estão bem acima dos valores relatados por Kundu et al.,12 para a pasta de cimento Portland (3,98 mg g-1). Os valores da quantidade de arsênio adsorvida estão muito próximos dos valores encontrados para o subproduto da indústria de suco contendo íons ferro (126,0 mg g-1)9. Bradruzzaman et al.4 relataram uma capacidade de adsorção de 4,4 mg g-1 para o hidróxido de ferro granular aplicando o modelo de Freundlich e 18 dias de agitação. Os valores da quantidade máxima adsorvida de As(V) para QTS-FeR são maiores que a maioria dos adsorventes; no caso do subproduto da indústria de suco os valores são praticamente os mesmos. Entretanto, as vantagens da QTS-FeR em relação ao anterior estão nas etapas de preparação do adsorvente.

Efeito de outros íons

A presença de outros ânions na solução pode provocar uma competição pelo sítio de adsorção Fe3+. Na Tabela 5 são mostrados os valores da capacidade de adsorção de As(V) em soluções contendo outros sais. Como é possível observar, ocorre uma diminuição na capacidade de adsorção na presença de sal. Quando se analisa em termos de concentração de NaCl ocorre uma redução que varia de 12,7-45,5% na adsorção de As(V), dependendo da concentração de sal, quando comparada com a adsorção na ausência de NaCl, sendo que a redução máxima ocorreu quando a razão Cl-/As(V) foi de 250.

A mesma ordem de efeito salino foi observada no estudo de adsorção de fosfato pela QTS-FeR, entretanto o efeito no presente estudo é menos pronunciado.22

A presença de outros íons, na razão ânion/As(V) de 250, também provocou uma redução na capacidade de adsorção. No caso do SO42- a redução na adsorção foi de aproximadamente 82% quando comparada com a ausência de ânion. Este mesmo efeito foi observado para a adsorção de HPO42- pela QTs-FeR, entretanto, no caso do As(V) o efeito salino é menos pronunciado.22 O comportamento observado neste trabalho foi diferente do relatado para a sílica funcionalizada com Fe3+, no qual a presença de cloreto, sulfato e nitrato não provocou redução significativa na adsorção de As(V).29

Segundo Cumbal e Sengupta,30 as interações entre o ferro imobilizado na superfície de polímeros e o As(V) e As(III) em solução ocorrem através do mecanismo de formação do complexo de esfera interna. Por outro lado, a interação entre os outros íons presentes na solução ocorre através de mecanismo de esfera externa, geralmente através de interações eletrostática. Como as interações por esfera-interna são fracas, a diminuição da quantidade de As(V) adsorvida pode estar relacionada com a quantidade dos outros íons presentes.

CONCLUSÕES

Os resultados obtidos no presente estudo permitem concluir que a adsorção de As(V) é dependente da concentração de ferro presente no QTS-FeR, onde quanto maior a concentração de ferro maior a quantidade de arsênio adsorvido. Na faixa de pH entre 4,0-8,0 a capacidade praticamente permanece constante. A adsorção de arsênio pela QTS-FeR é dependente do tempo de contato, ocorre uma diminuição muito grande da concentração de As(V) na solução após 20 min de contato (redução de 94% da concentração inicial) mostrando uma cinética de adsorção muito rápida. A presença de outros ânions na solução pode provocar uma competição pelo sítio de adsorção Fe3+, diminuindo a quantidade de As(V) adsorvido.

AGRADECIMENTOS

À ProPPEC/UNIVALI pelo financiamento do projeto.

Recebido em 21/3/07; aceito em 17/12/07; publicado na web em 31/7/08

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  • *
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      10 Out 2008
    • Data do Fascículo
      2008

    Histórico

    • Recebido
      21 Mar 2007
    • Aceito
      17 Dez 2007
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