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Aplicações sintéticas do ácido mucobrômico e da 3,4-dibromofuran-2(5H)-ona

Synthetic applications of mucobromic acid and 3,4-dibromofuran-2(5H)-one

Resumo

This review describes the use of two biomass-derivate butenolides as intermediates in organic synthesis, mucobromic acid and its reduced derivative 3,4-dibromofuran-2(5H)-one. The ambiphilic and ambident character of such butenolides make them versatile starting materials in the synthesis of natural and/or bioactive compounds. Thus, the reactions of mucobromic acid with C-nucleophiles and heteronucleophiles are described, as well as the nucleophilic addition to carbonyl reactions of 3,4-dibromofuran-2(5H)-one. Besides, both compounds are active in diverse metal cross-coupling reactions, manly with palladium in Suzuki and Sonogashira reactions.

mucobromic acid; 3,4-dibromofuran-2(5H)-one; butenolides


mucobromic acid; 3,4-dibromofuran-2(5H)-one; butenolides

REVISÃO

Aplicações sintéticas do ácido mucobrômico e da 3,4-dibromofuran-2(5H)-ona

Synthetic applications of mucobromic acid and 3,4-dibromofuran-2(5H)-one

Silvio Cunha* * e-mail: silviodc@ufba.br ; Caio C. Oliveira

Instituto de Química, Universidade Federal da Bahia, Campus de Ondina, 40170-290 Salvador - BA / Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Energia e Ambiente, Universidade Federal da Bahia, Campus de Ondina, 40170-290 Salvador - BA, Brasil

ABSTRACT

This review describes the use of two biomass-derivate butenolides as intermediates in organic synthesis, mucobromic acid and its reduced derivative 3,4-dibromofuran-2(5H)-one. The ambiphilic and ambident character of such butenolides make them versatile starting materials in the synthesis of natural and/or bioactive compounds. Thus, the reactions of mucobromic acid with C-nucleophiles and heteronucleophiles are described, as well as the nucleophilic addition to carbonyl reactions of 3,4-dibromofuran-2(5H)-one. Besides, both compounds are active in diverse metal cross-coupling reactions, manly with palladium in Suzuki and Sonogashira reactions.

Keywords: mucobromic acid; 3,4-dibromofuran-2(5H)-one; butenolides.

INTRODUÇÃO

A ciência Síntese Orgânica passa por um momento de revitalização que inclui, entre outros aspectos, a preocupação com a eficiência da metodologia sintética e sua aplicação numa síntese total, quer seja um produto natural ou uma substância valorada por suas propriedades biológicas ou físico-químicas.1-3 A incorporação de materiais de partida obtidos de fontes renováveis, a preocupação com o menor consumo de energia, o emprego de métodos e técnicas para acelerar e/ou promover reações antigas e novas passaram a ser metas do planejamento sintético.4,5 Estas modificações podem ser relacionadas com incrementos no design experimental. Desta forma, Carlson propôs o conceito da reação ideal, que deve ser realizada em água, o material de partida de fácil acesso, barato, não tóxico e o produto facilmente isolado em rendimento quantitativo.6 Complementarmente, Wender preconizou que a economia de etapas é o fator de maior influência na viabilidade de uma síntese, pois determina tempo, custo, geração de resíduos e escala do processo.7 Portanto, novas reações devem ser desenvolvidas para que os princípios da Química Verde sejam atendidos.8 Estas condições de idealidade para uma síntese norteiam os desafios a serem perseguidos pela comunidade sintética no século atual.

Uma das formas de se obter, em poucas etapas, um aumento significativo de complexidade estrutural consiste em empregar moléculas polifuncionalizadas ambifílicas e polidentadas de fácil acesso, que possam, assim, atuar como eletrófilos e/ou nucleófilos. Dentre as que apresentam todas estas características, merecem destaque as furanonas halogenadas como o ácido mucobrômico (1) e o seu derivado reduzido, a 3,4-dibromofuran-2(5H)-ona (2) (Figura 1).


O butenolídeo91 é um excelente material de partida para sínteses orgânicas pois, além de ser densamente funcionalizado, está disponível comercialmente ou é preparado em uma etapa e em alto rendimento, através da bromação do furfural (3, oriundo de biomassa) empregando-se água como solvente (Esquema 1).10 Por sua vez, a furanona 2 é facilmente obtida a partir da redução de 1 com NaBH4, em escala multigrama (Esquema 2).11



O interesse em estudar a reatividade de 1 e 2 é decorrente do grande número de produtos naturais e moléculas de interesse biológico que apresentam o núcleo de butenolídeos polissubstituídos em suas estruturas (Figura 2).12 Assim, o objetivo desta revisão é apresentar as aplicações sintéticas dos butenolídeos 1 e 2 nos últimos 10 anos, bem como as suas aplicações em síntese total. Adicionalmente, os aspectos mecanísticos das reações são tratados de forma unificada, sistematizando-os.


APLICAÇÕES SINTÉTICAS DO ÁCIDO MUCOBRÔMICO

O ácido mucobrômico (1) é um oxo-ácido que existe em equilíbrio entre as formas cíclica e acíclica. Os dados de infravermelho indicam que a primeira é predominante tanto no estado sólido quanto em solução,13 no entanto, o padrão de reatividade de 1 é melhor explicitado na sua forma acíclica (Esquema 3).


Reações do ácido mucobrômico com nucleófilos de carbono

As duas carbonilas de 1 são bons centros eletrofílicos, pois estão conjugadas a grupos retiradores de elétrons. Adicionalmente, a ligação a um átomo de bromo torna C3 um poderoso aceptor de Michael. Assim, a presença destes centros eletrofílicos faz de 1 um sinton para formação de butenolídeos C-substituídos via reação com nucleófilos de carbono.

Em 2003, Zhang e colaboradores descreveram a formação de Γ-alil-Γ-butirolactonas a partir da reação de Barbier em THF/H2O entre 1 e brometos de alila primários com diferentes substituintes no grupo vinila (6a-d). A reação foi promovida por In ou Sn em excesso de 20% e NH4Cl catalítico (Tabela 1).14

Os rendimentos da reação de alilação variaram entre 41 e 75% e com excelentes quimio- e regiosseletividade. No entanto, não é possível afirmar qual metal é o melhor promotor, pois a reação que não ocorreu na presença de estanho (entrada 3), não foi realizada com índio.

A reação homo-aldólica de Mukayama entre 1 e silil ceteno acetais (8a e 8b) e silil enol éter (8c) na presença de um ácido de Lewis representa um avanço na síntese de Γ-butirolactonas-Γ-substituídas (Esquema 4).15 O butenolídeo 1 é instável em meio básico, assim, a tentativa de realizar a reação aldólica nas condições clássicas, teoricamente, não é viável.


As reações aldólicas foram realizadas a baixas temperaturas, em MeNO2, utilizando 0,1 equivalentes do catalisador, sendo o ZnCl2 eficiente para a reação de 1 com 8a e 8b, promovendo a formação de 9a e 9b em 48 e 75% de rendimento, respectivamente. Empregando o SEE 8c, um nucleófilo mais poderoso que 8a e 8b, e um ácido de Lewis mais duro, o Sc(OTf)3, foi possível a formação da butirolactona 9c.

O ataque nucleofílico de 8a com 1 pode ocorrer via estados de transição diastereoméricos 10a e 10b. A proximidade entre o hidrogênio da posição 4 do furano e o bromo de 1 desfavorece a formação de 10b (Esquema 5).


A adição nucleofílica de um grupo metileno ativado a um aldeído ou cetona seguida de eliminação de uma molécula de água é conhecida como reação de Knoevenagel.16 No método clássico, esta reação é realizada em meio básico, o que é uma limitação para substratos instáveis nestas condições. Baseado nisto, Zhang estudou a reação de condensação entre 1 e malonato de dietila (11a) na presença de ácidos de Lewis.17 Os melhores resultados foram obtidos quando a reação foi processada com ZnCl2 ou In(OAc)3 em tolueno, com remoção azeotrópica de água.

Esta reação de adição tipo Knoevenagel ocorre em duas etapas, adição nucleofílica do enolato do β-dicarbonílico ao ácido mucobrômico (1), seguida de lactonização do intermediário 12b. O rendimento da reação é melhorado quando é retirada a água formada no meio reacional (Esquema 6).


A reação catalisada por ZnCl2 apresentou bons rendimentos com diversos β-dicarbonílicos. Contudo, o In(OAc)3 foi escolhido como melhor catalisador por promover a formação dos produtos em maior rendimento, menor tempo e maior turnover que o ZnCl2 (Tabela 2), mas não houve a formação do produto de Knoevenagel com acetilacetona e acetoacetato de etila.

Os compostos 13a e 13b provaram ser intermediários versáteis para a síntese de Γ-alquilidenobutenolídeos, pois, na presença de DABCO em solventes apróticos, levaram à formação de 14a e 14b (Esquema 7).18


A proposta mecanística para a formação dos alquilidenos 14a-b pode ser racionalizada em três etapas, envolvendo a enolização da lactona mediada por DABCO seguida de reação ácido-base do enol 15a com o sal de amônio, formando a lactona α,β,Γ,Δ insaturada 15b que, por fim, sofre eliminação 1,4 mediada por DABCO, liberando HBr (Esquema 8).


Em mais um estudo sobre a reatividade do ácido mucobrômico (1) frente a C-nucleófilos, Zhang e colaboradores sintetizaram Γ-aril-Γ-butirolactonas via acilação de Friedel-Crafts catalisada por In(OTf)3. A reação ocorreu apenas com anéis aromáticos substituídos por grupos doadores de elétrons, e foi seletiva para a posição orto em relação às metoxilas (16a-c) (Esquema 9).19


A substituição eletrofílica aromática de 1 com o 1,2,4-trimetoxibenzeno ocorre regiosseletivamente em C5, apesar de C3 também estar ativado pelo efeito doador de elétrons de duas metoxilas (Esquema 10). Isto pode ser justificado através da repulsão existente entre a metoxila em C4 do anel e o átomo de bromo presente em C3 de 2, que leva a um estado de transição 17b com maior conteúdo energético que 17a.


Durante o estudo visando a síntese biomimética do phomoidrido B (18), metabólito do fungo ATCC 74256, Sulikowski empregou a adição nucleofílica do carbânion 20 ao derivado 19 do ácido mucobrômico (Esquema 11).20 Após a adição de Michael, a acidificação do meio levou à remoção dos grupos tert-butila e simultânea decarboxilação. O monoácido resultante foi reduzido para gerar o intermediário 21 em rendimentos que variaram entre 31-49%, para as três etapas.


Reação do ácido mucobrômico com heteronucleófilos

A versatilidade sintética de 1 é muito ampla em função deste eletrófilo poder reagir tanto com C-nucleófilos quanto com heteronucleófilos. A possibilidade de funcionalizar todos os carbonos de 2 foi utilizada por Kerdesky e colaboradores na síntese, em escala multiquilograma, do ABT-963 (22), um inibidor seletivo da COX-2.21 Os inibidores seletivos da COX-2 são alvos de interesse para a indústria farmacêutica, pois, diferentemente dos anti-inflamatórios não esteroidais, não provocam efeitos colaterais ao trato gastrointestinal.22

A piridazinona 23 foi sintetizada em meio aquoso a partir da reação da hidrazina (24) com 1 (Esquema 12). Em seguida, o bromo original da posição 3 de 1 foi seletivamente substituído pelo alcóxido primário de 25, em 78% de rendimento. Uma reação de Suzuki com o ácido borônico 26 e posterior oxidação do tio-éter com Oxone® levou à formação de 22 em 74% de rendimento. Destaque-se que nesta rota foram obtidos 6,75 kg do anti-inflamatório.


Na busca por novos antibióticos, Lattman relatou a síntese de 3-bromo-4-amino-5-hidróxi-2-furanonas baseado na reação de 2 com formamidas primárias 27a-c, catalisada por H2SO4. Foram obtidas três α-bromo-enaminonas 28a-c, cujos rendimentos não foram descritos (Esquema 13).23 Apesar do histórico de enaminonas com atividade antibacteriana, as moléculas 28a-c não apresentaram bioatividade significativa.24 Ainda buscando potenciais antimicrobianos, Lattmann reportou a síntese de 3-bromo-4-imidazo-5-metóxi-2-furanonas (29a-d).25 A substituição, da hidroxila em C4 por uma metoxila torna as α-bromo-enaminonas 29a-d mais lipossolúveis que 28a-c.


As butirolactonas 29a-d foram sintetizadas em duas etapas, envolvendo a formação do éter metílico do ácido mucobrômico (30) via adição de metanol em meio ácido, seguida de adição nucleofílica de um derivado de imidazol, presente em excesso no meio reacional (Esquema 14). Das butirolactonas, apenas estas quatro (29a-d) demonstraram potencial como possíveis antibacterianos, com concentração inibitória mínima (MIC) entre 2-16 µg/g para os micro-organismos S. aureus, E. coli e P. aeruginosa (Tabela 3).


A substituição regiosseletiva no C4 (rota b) de derivados de 1 foi realizada por Zhang, em 2003.26 Esta metodologia representa um avanço significativo na química deste butenolídeo, uma vez que ataques de heteronucleófilos tendem a ocorrer em C3 via mecanismo de adição-eliminação (rota a) (Esquema 15).


Inicialmente, a diferenciação entre a substituição vinílica, que leva à 30a, e alílica, que gera compostos como 30b, foi avaliada utilizando a reação de Tsuji-Trost. O estudo da eterificação do carbonato 31, derivado do ácido mucoclórico (32), com m-cresol (33) apresentou bons resultados quando Pd2(dba)3 foi utilizado como catalisador e CsF como base (Tabela 4). Na ausência da base, não houve formação do produto (entrada 2). A boa surpresa aconteceu quando a reação foi realizada sem o Pd2(dba)3, pois o éter (34) foi obtido em 89% de rendimento. No entanto, o tempo reacional foi maior (entrada 3). Essa metodologia foi expandida para o carbonato bromado 35, que na condição reacional otimizada, produziu 36 em 91% de rendimento (Esquema 16).


Reações do ácido mucobrômico - acoplamento cruzado mediadas por paládio

As reações de acoplamento catalisadas por paládio representam uma das mais importantes vias de formação de ligação C-C.27 Dentre elas destacam-se as reações de Mizoroki-Heck, Suzuki e Sonogashira. Os mecanismos das reações de Suzuki (Esquema 17) e Sonogashira (Esquema 18) são compostos por três etapas: adição oxidativa do paládio ao haleto vinílico; transmetalação com um organometálico nucleofílico e, eliminação redutiva. A primeira e a última etapas ocorrem da mesma forma nas duas reações. A principal diferença está relacionada com a natureza do nucleófilo durante a transmetalação: um organoboro (37a - Esquema 17) na reação de Suzuki ou um acetilídio de cobre (37b - Esquema 18) na reação de Sonogashira.



Na reação de Suzuki a continuidade do ciclo catalítico depende da substituição do halogênio por uma base (normalmente um fluoreto) na esfera de coordenação do paládio, enquanto que na reação de Sonogashira a base é necessária para desprotonar o alcino complexado ao cobre.28 Como a presença de uma base é necessária para o sucesso dessas reações, o emprego do ácido mucobrômico como substrato para reações de acoplamento cruzado representa um desafio, principalmente nas reações em que o nucleófilo é uma base forte, uma vez que 1 apresenta função ácida e é instável em meio básico. Por este motivo, a maior parte dos relatos das reações de acoplamento cruzado utilizam derivados O-protegidos de 1.

A única metodologia de acoplamento cruzado que emprega diretamente o ácido mucobrômico (1) foi descrita por Zhang e colaboradores, em 2002. De forma engenhosa, a diarilação de 1 foi possível ao utilizar excesso do ácido fenil-borônico (38) em um sistema bifásico, o qual evita a decomposição de 1, já que o butenolídeo e a base solubilizam em fases distintas (Esquema 19).29 Todavia, o rendimento para esta reação não foi informado. No entanto, quando o substrato foi o ácido mucoclórico (31), nas mesmas condições, o produto 39 foi obtido em 71% de rendimento.


Essa metodologia foi utilizada por Krayushkin para sintetizar o anidrido fotocrômico (40). A reação de Suzuki forneceu o intermediário 41 em 32% de rendimento. A substituição de PdCl2(PPh3)2 por Pd(PPh3)4 não proporcionou o aumento do rendimento e, em ambos os casos, o produto majoritário foi o bis-tiofeno 42. A síntese foi concluída com a oxidação de 41 com KMnO4 (Esquema 20).30


Em um estudo visando comprovar a rota biossintética para a formação do metabólito de fungo phomoidrido B (18), o anidrido (43) foi obtido em várias etapas. A reação de Suzuki do silil-éter do ácido mucobrômico (19) com o ácido fenil-borônico 44 produziu o butenolídeo deuterado 45 em 41% de rendimento. (Esquema 21).31


Após incubação de 43 e fermentação da cultura do fungo ATCC 74256, o phomoidrido B deuterado (46) foi isolado por HPLC. Este resultado indica que, provavelmente, a biossíntese deste produto natural seja resultado da dimerização decarboxilativa de 43. (Esquema 22).


Em 2006, Gomez-Paloma e colaboradores reportaram a arilação do derivado de 1 protegido com éter metoxietoximetílico (MEM) 47 via irradiação por micro-ondas (Esquema 23).32 Posteriormente, o mesmo grupo publicou um estudo que visava a descoberta de 4-aril-Γ-hidróxi-Γ-furanonas (49a-j) com atividade anti-inflamatória.33 A síntese destas furanonas foi realizada a partir da arilação de 48 seguida da desproteção do grupo MEM com o AlCl3 (Esquema 24).



Os testes in vitro apontaram a furanona 49i como potencial anti-inflamatório dose-dependente, atuando como inibidora da prostaglandina sintetase, com atividade semelhante à dexametasona.

Apesar do grande número de publicações sobre a reação de Mizoroki-Heck, a maioria delas emprega haletos de arila como substrato.34 Haletos vinílicos são utilizados em menor frequência como substratos para esta reação.35 Supostamente por isto não existem, até o momento, relatos de olefinação para o ácido mucobrômico e seus derivados via reação de Heck.

APLICAÇÕES SINTÉTICAS DA 3,4-DIBROMOFURAN-2(5H)-ONA

Duas classes de reações predominam no cenário de transformações envolvendo a furanona 2, sua adição nucleofílica a compostos carbonílicos e as reações de acoplamento cruzado mediado por paládio. Assim, a maioria dos estudos explora o caráter nucleofílico da 3,4-dibromofuran-2(5H)-ona, sendo escassos, mas promissores, os estudos onde 2 atua como eletrófilo.

Reações da 3,4-dibromofuran-2(5H)-ona - adição nucleofílica à carbonila

A furanona 2 apresenta reatividade diferenciada do ácido mucobrômico (1) principalmente por C4 possuir caráter nucleofílico em meio básico, uma vez que os hidrogênios ácidos ligados em C4 são facilmente removidos (Figura 3).


Em meio básico e na presença de um eletrófilo a furanona 2 pode reagir via ataque nucleofílico do oxigênio (rota a), ou do carbono (rota b), ou ainda pode sofrer decomposição (rota c) (Esquema 25).


Em 2007, Zhang e colaboradores descreveram a reação homo-aldol entre a furanona 50 e diversos aldeídos e cetonas.36 As reações foram realizadas em metanol na presença de 0,5 equivalentes de trietilamina (Tabela 5).

Nas reações com aldeídos aromáticos a relação entre os diastereômeros sin/anti foi de 2/1 para a maioria dos produtos (entradas 4-9). Os resultados observados nas reações com 1-naftaldeído e 2-naftaldeído indicam que a seletividade é maior para aldeídos orto-substituídos (entradas 3 e 8). Adicionalmente, a presença de grupos retiradores de elétrons na posição orto parece ser o principal fator responsável pela formação preferencial do isômero sin (entradas 1 e 2).

A racionalização do mecanismo da formação dos butenolídeos 51a-j envolve a enolização de 50, seguida do ataque nucleofílico à carbonila do aldeído. Como o metanol foi utilizado como solvente, a aproximação sinclinal deve ser favorecida uma vez que ocorre maximização do dipolo.37 Esta etapa pode ocorrer por dois estados de transição distintos, 52a e 53a. O primeiro, que leva à formação do isômero sin, é favorecido por não apresentar interação gauche entre o anel aromático e o átomo de cloro ligado ao C3 do enolato. A acidificação do meio leva à formação dos adutos de homo-aldol 53a ou 53b (Esquema 26).


Para confirmar a hipótese de que a repulsão estérica entre o anel aromático e o substituinte em C3 do enolato era um dos fatores que contribuía para a diastereosseletividade da reação, foi realizada a reação do benzaldeído (54) com 3,4-dibromofuran-2(5H)-ona (3) (Esquema 27). Nesta reação, a relação sin/anti dos produtos foi 5/1, enquanto que na reação homo-aldol com 50 foi de 2/1(Tabela 5, entrada 4). O átomo de bromo é mais volumoso do que o de cloro, aumentando assim o caráter repulsivo presente na aproximação representada por 53a (Esquema 26). Desta forma, o caminho reacional que leva à formação do produto sin é favorecido.


O trabalho pioneiro de Zhang em relação à reação homo-aldol em furanonas halogenadas permitiu enxergar 2 como um sinton para a formação de Δ-hidróxi-Γ-furanonas, que é um núcleo comum em diversos produtos naturais (Figura 4).36 Neste cenário, Terada e colaboradores desenvolveram a reação homo-aldol assimétrica catalisada por guanidinas cíclicas quirais 56a-h (Figura 5).38 A criação de dois centros adjacentes de configuração definida em uma única etapa, com 100% de economia atômica, coloca esta reação em destaque na química de 2. Para a seleção do melhor catalisador, avaliou-se a eficiência de formação de 51d a partir da reação de 50 com benzaldeído (54). A guanidina 56a promoveu a formação do produto em 15% de rendimento. A inserção de substituinte volumoso no nitrogênio em 56d mostrou ser benéfica para aumentar o rendimento; no entanto, o tempo reacional ainda foi elevado. A guanidina 56e, substituída com anéis deficientes em elétrons, não apresentou atividade catalítica para esta reação. Os melhores resultados, com rendimentos acima de 70% e tempo reacional abaixo de 8 h só foram obtidos com 56g e 56h, sendo que este último foi escolhido por promover a reação em altos rendimentos e bons excessos diastereo- e enatioméricos (Tabela 6).



A adição de acetona como cossolvente aumentou a diastereosseletividade da reação em relação ao uso exclusivo de THF. Nestas condições, foram obtidas 7 Δ-hidróxi-Γ-furanonas quirais 58a-g derivadas de 2 em rendimentos que variaram entre 58 e 95% (Tabela 7).

Mais uma vez, os aldeídos orto-substituídos forneceram o produto de homo-aldol em maior diastereosseletividade que o isômero para (entradas 1, 2, 3 e 4). A racionalização para explicar o rendimento não é óbvia, uma vez que os aldeídos ricos em elétrons 57a e 57g apresentaram rendimentos químicos bem distintos, mas excessos diastereo- e enantioméricos comparáveis (entradas 1 e 7).

Reações da 3,4-dibromofuran-2(5H)-ona - acoplamento cruzado mediado por paládio

A presença de dois brometos vinílicos proporciona à 3,4-dibromofuran-2(5H)-ona (2) uma posição de destaque na síntese de produtos naturais e não naturais, sendo empregada como substrato para reações de acoplamento cruzado catalisadas por paládio.

O metabólito citotóxico rubrolídeo N (59a), isolado da esponja marinha Sinoicum blochmanni;39 o anti-inflamatório inibidor seletivo da COX-2, Vioxx® (59b), retirado do mercado em 2004;40 e o pigmento fluorescente, aurantricolídeo A (59c), isolado do fungo Tricholoma aurantium,41 são exemplos de furanonas substituídas em C3 e C4 que podem ser obtidas por reações de acoplamento a partir de 2 (Figura 6).


As duas primeiras metodologias de alquilação por reações de acoplamento de 3 foram descritas por Bellina e colaboradores.42,43 Nestes trabalhos foi realizada a substituição seletiva dos brometos vinílicos para a formação de 3,4-di-alquil furanonas. A condição descrita pelos autores como ideal para a reação de Suzuki em C4 utiliza 20 mol% de AsPh3 e três equivalentes de Ag2O como base. O tamanho da cadeia e a presença de heteroátomo nos ácidos alquil borônicos 60a-d não forneceram mudanças significativas no rendimento das reações, que variaram entre 79 e 69% (Tabela 8). A síntese das furanonas 3,4-dialquil substituídas foi completada através de reação de Stille entre as alquil furanonas 61b-d com três equivalentes de tetrametil estanana (62) na presença de CuI (Esquema 28).


Rubrolídeos são metabólitos secundários isolados das esponjas Ritterella rubra e Sinoicum blochmanni.39,45 Estes produtos naturais, apesar de estruturalmente simples, apresentam diversos tipos de atividade biológica importantes, como inibição da proteína fosfatase, citotoxidade contra células humanas cancerosas, além de atuarem como antibióticos. Durante a síntese do rubrolídeo N (59a), Bellina e colaboradores expandiram, para os ácidos fenil-borônicos, a metodologia desenvolvida para a reação de Suzuki com os ácidos alquil-borônicos.43

Além da reação de Suzuki, a síntese das 4-aril furanonas 64a-e foi realizada através da reação de Stille com ariltributil estananas (Figura 7).43 Quando o grupamento arila é o mesmo na estanana ou no ácido borônico os rendimentos são equivalentes para as duas metodologias (Tabela 9, comparar entrada 1 com 4 e 2 com 7). Acredita-se que nas reações de Suzuki a função da prata é complexar com o átomo de bromo após a adição oxidativa, facilitando o ataque nucleofílico do grupamento arila ao paládio. Sem a presença do Ag2O não é observada a formação do produto de acoplamento, sendo obtida grande quantidade do produto de homo-acoplamento do ácido borônico.


De posse das 4-aril furanonas 64a-d a síntese dos análogos de rubrolídeos 65a-e foi realizada em duas etapas, via reação homo-aldol mediada por TBDMSOTf com para-anisaldeído ou 3-bromo-4-metóxi-benzaldeído, seguido da desidratação do intermediário 66 com dois equivalentes de DBU (Esquema 29). O rubrolídeo N (59a) foi obtido em 47% de rendimento após desproteção das metoxilas em 65e com 5 equivalentes de BBr3 em DCM (Esquema 30).



Apesar da grande contribuição de Bellina e colaboradores em relação às reações de acoplamento da furanona 2, somente em 2002 foi descrita uma metodologia na qual não era necessária a presença de reagentes caros e tóxicos como o Ag2O e o AsPh3, respectivamente. Neste trabalho, a furanona 2 foi diarilada com 2,4 equivalentes do ácido fenil-borônico (38) em um sistema bifásico na presença de PdCl2(PPh3)2 e CsF, além de um catalisador de transferência de fase (Esquema 31).29


A aplicação desta metodologia na síntese do Vioxx (59b) partindo-se de 2 e realizada somente em três etapas demonstra o potencial sintético desta furanona em reações de acoplamento cruzado mediado por paládio (Esquema 32).


Na busca por substâncias com potencial atividade citotóxica, assim como os rubrolídeos, Bellina e colaboradores publicaram a síntese formal do nostoclídeo I e II (5c e 68, respectivamente) (Esquema 33),46 e alquinil furanonas (Esquema 34).47 Nestas sínteses, a formação das ligações C-C envolve reações de acoplamento. Uma reação de Stille com a vinil estanana (69) seguida de hidrogenação leva à formação de 70 que, após a reação de Negishi com o organozinco 71, forma o intermediário 72, que é o mesmo utilizado por Boukouvalas na síntese total de 5c e 68a-b.48 O rendimento de 36% desta última etapa ilustra como é sensível a utilização de furanonas enolizáveis em meio básico. Recentemente, empregando uma rota semelhante, Barbosa e colaboradores sintetizaram análogos de nostoclídeos com atividade antimicrobiana.49



A formação das alquinil furanonas 73a-d partindo de 2 é o único exemplo descrito para a reação de Sonogashira utilizando este substrato (Esquema 34).47 Apesar da alquinilação ter sido realizada com outros alcinos, a avaliação da citotoxidade foi efetuada somente para as moléculas 73a-d. Estas substâncias apresentaram potente atividade citotóxica in vitro contra células cancerosas do pulmão, da mama e do sangue. Estes resultados indicam estas alquinil furanonas como potenciais drogas no tratamento destas neoplasias.

Em todas as reações descritas para 2, seu comportamento como nucleófilo é o predominante. O seu potencial como eletrófilo foi investigado recentemente com a reação desta furanona com aminas, sendo obtida uma variedade de α-bromo enaminonas em rendimentos entre 23 e 92%. A baixa basicidade da amina é essencial para o sucesso da reação, em função da instabilidade de 2 em meio básico. Nesta metodologia torna-se necessária a adição de um equivalente adicional da amina ou de NaHCO3 para neutralizar o HBr liberado no meio reacional a partir da reação de adição-eliminação. Nas condições estudadas, a única amina alifática que reagiu com 2 foi a morfolina (75) (Tabela 10). Adicionalmente, este mesmo estudo descreveu a formação do alquilideno 74 em rendimento modesto. Contudo, cabe destacar que esta foi a primeira participação de 2 em uma reação multicomponente descrita na literatura (Esquema 35).50


CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo da reatividade do ácido mucobrômico (1) e da 3,4-dibromofuran-2(5H)-ona (2) apresentou significativo avanço desde o início do século XXI. No entanto, muitos desafios ainda persistem. Por exemplo, reações de acoplamento cruzado envolvendo 1 e 2 podem ser estendidas a outros metais além do paládio, enquanto as transformações em meio básico ainda são problemáticas para as duas furanonas. Tão importante quanto estes aspectos é a investigação da capacidade de 2 atuar como eletrófilo, pois os registros deste padrão reacional são ainda escassos na literatura.

Finalmente, os butenolídeos 1 e 2 são sinthons versáteis para a construção de moléculas complexas por serem polifuncionalizados e várias reações quimio-, regio- e estereosseletivas de formação de ligação C-C e C-heteroátomo já foram descritas em bons rendimentos (Esquema 36).


AGRADECIMENTOS

Ao apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia - FAPESB pelas bolsas de produtividade em pesquisa, mestrado e PIBIC.

REFERÊNCIAS

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Recebido em 23/11/10; aceito em 1/4/11; publicado na web em 10/6/11

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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      06 Out 2011
    • Data do Fascículo
      2011

    Histórico

    • Aceito
      01 Abr 2011
    • Recebido
      23 Nov 2010
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