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Estudo em raiz e ráquis foliar de spathelia excelsa: fitoquímica e atividade frente ao fungo Moniliophthora perniciosa associado ao cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum)

Study of root and leaf rachis of spathelia excelsa: phytochemistry and activity against fungus Moniliophthora perniciosa associated with cupuassu (Theobroma grandiflorum)

Resumo

The chemical composition of Spathelia excelsa (Krause) R. S. Cowan & Brizicky was investigated and the limonoids harrisonin (1) and deacetylspathelin (2), alkaloids folinin and casimiroin mixture (3a, b), plus a further casimiroin (3b) were identified in methanol extract from root. The CH2Cl2 extract from the rachis yielded protolimonoid 3β-angeloyl-21,24-epoxy-7α,21α,23α,25-tetrahydroxy-4α,4β,8β,10β-tetramethyl-25-dimethyl-14,18-cyclo-5α,13α,14α,17α-cholestane (4), and methanol extract, the limonoids limonin diosphenol (5) and perforatin (6), as well as the chromone biflorin (7). Harrisonin and biflorin were isolated for the first time in this genus. On the antifungal assay against witches' broom (Moniliophthoraperniciosa) compound 3b was found to be active.

Spathelia; alkaloids; Moniliophthoraperniciosa


Spathelia; alkaloids; Moniliophthoraperniciosa

ARTIGO

Estudo em raiz e ráquis foliar de spathelia excelsa: fitoquímica e atividade frente ao fungo Moniliophthora perniciosa associado ao cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum)# # Artigo em homenagem ao Prof. Otto R. Gottlieb (31/8/1920-19/6/2011)

Study of root and leaf rachis of spathelia excelsa: phytochemistry and activity against fungus Moniliophthora perniciosa associated with cupuassu (Theobroma grandiflorum)

Loretta Ennes de CarvalhoI; Maria da Paz LimaI,* * e-mail: mdapaz@inpa.gov.br ; Ariane da Costa MáximoI; Elaine Cristina da Silva PereiraI; Wagner Alan dos Santos MoreiraI; Antônio Gilberto FerreiraII; Solange de Mello VérasIII; Maria Geralda de SouzaIV

ICoordenação de Tecnologia e Inovação, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, CP 478, 69060-001 Manaus - AM, Brasil

IIDepartamento de Química, Universidade Federal de São Carlos, CP 676, 13560-970 São Carlos - SP, Brasil

IIIFaculdade de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Amazonas, 69077-000 Manaus - AM , Brasil

IVEmpresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, CP 319, 69011-970 Manaus - AM, Brasil

ABSTRACT

The chemical composition of Spathelia excelsa (Krause) R. S. Cowan & Brizicky was investigated and the limonoids harrisonin (1) and deacetylspathelin (2), alkaloids folinin and casimiroin mixture (3a, b), plus a further casimiroin (3b) were identified in methanol extract from root. The CH2Cl2 extract from the rachis yielded protolimonoid 3β-angeloyl-21,24-epoxy-7α,21α,23α,25-tetrahydroxy-4α,4β,8β,10β-tetramethyl-25-dimethyl-14,18-cyclo-5α,13α,14α,17α-cholestane (4), and methanol extract, the limonoids limonin diosphenol (5) and perforatin (6), as well as the chromone biflorin (7). Harrisonin and biflorin were isolated for the first time in this genus. On the antifungal assay against witches' broom (Moniliophthoraperniciosa) compound 3b was found to be active.

Keywords: Spathelia; alkaloids; Moniliophthoraperniciosa.

INTRODUÇÃO

O cupuaçu é o fruto do cupuaçuzeiro [Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) K. Schum.], família Sterculiaceae (= Malvaceae) que, pelas características muito agradáveis de sabor ácido e aroma intenso de sua polpa, se tornou um dos frutos nativos mais populares e consumidos da Amazônia, sendo muito usado na preparação de sucos, sorvetes e outras sobremesas. Devido ao aumento da demanda pela polpa desse fruto, principalmente na forma congelada, tem crescido o interesse pelo seu cultivo em muitas áreas da Amazônia brasileira.1 No entanto, nos últimos anos, têm-se observado a redução da produtividade nos cultivos da região amazônica2 devido, principalmente, à ocorrência de vassoura-de-bruxa, causada pelo fungo Moniliophthora perniciosa (Stahel) Aime & Phillips-Mora, cujo principal método de controle é a poda fitossanitária. Assim, métodos que envolvam produtos naturais são alternativas importantes na busca da ação antagonista para o controle dessa doença.

Spathelia excelsa (Krause) R. S. Cowan & Brizicky [sin. Sohnroyia excelsa K.] é conhecida como Surucucumirá, uma planta hapaxanta ou monocárpica de ocorrência no Amazonas que, similar às demais espécies do gênero, se caracteriza pelo aspecto de árvore sem ramificação no tronco (aparência de palmeira).3,4 As contribuições fornecidas para o conhecimento químico de S. excelsa são referentes aos estudos fitoquímicos do extrato CH2Cl2 de raiz e extrato MeOH de folhas e caule que conduziram à identificação de alcaloides, limonoides e cromonas. Tais estudos forneceram subsídios para o posicionamento do gênero em Rutaceae, além de permitir a detecção do potencial antiprotozoário e da atividade larvicida em Aedes aegypti5-7 que consistem nos poucos relatos sobre substâncias ativas registrados em Spathelia. No presente trabalho descreve-se a fitoquímica dos extratos MeOH da raiz e CH2Cl2 e MeOH do ráquis foliar e avalia-se a atividade antifúngica sobre M. perniciosa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Substâncias identificadas nos extratos de S. excelsa

O extrato metanólico da raiz de S. excelsa forneceu o isolamento de β-sitosterol, dos limonoides harrisonina (1), desacetilspathelina (2), a mistura dos alcaloides folinina e casimiroina (3a, b), além da casimiroina pura. O extrato CH2Cl2 do ráquis foliar forneceu um protolimonoide (4) e, a partir do extrato metanólico, foram isolados os limonoides limonina diosfenol (5) e perforatina (6), e a cromona biflorina (7), Figura 1.


Os espectros de RMN de 1H dos limonoides 1, 2, 5 e 6 mostraram sinais típicos de anel furano na região de δ 7,45-7,40 (H-21), 6,37-6,33 (H-22) e 7,43-7,39 (H-23). Os singletos referentes ao H-15 em δ 4,29 (1), 4,16 (2), 4,13 (5) e 4,65 (6) aliados aos sinais de H-17 em δ 5,68 (1 e 6), 5,48 (2) e 5,44 (5) são coerentes para limonoide com anel 14,15-epóxi D lactona. As carbonilas das lactonas do anel D foram observadas nos espectros de RMN de 13C em δ 167,0 (1), 167,4 (2), 166,4 (5) e 167,5 (6) e as carbonilas de éster do anel A verificadas em δ 166,7 (1), 166,0 (2) e 169,1 (5), além da lactona α,β insaturada em δ 160,2 (6). Outros sinais típicos de carbonilas de cetona ocorreram em δ 216,0 (1) e 208,0 (2), diosfenol em δ 195,2 (5) e δ 201,8 da carbonila de 6. Os espectros em 2D (COSY, HSQC e HMBC) confirmaram a estrutura da harrisonina para 1. O HMBC mostrou a correlação do hidrogênio em δ 5,07 (C-6-OH) com os carbonos em δ 88,58 (C-6), 108,28 (C-7), 49,70 (C-10) e do hidrogênio em δ 3,61 (C-7-OH) com δ 108,28 (C-7) e 88,58 (C-6), confirmando a formação dos anéis A e B. Os dados obtidos nos espectros, aliados à comparação com literatura permitiram identificar os limonoides como harrisonina (1),8 desacetilspathelina (2),7 limonina diosfenol (5)9 e perforatina (6).10 Harrisonina foi previamente isolada em Harrisonia abyssinica (Simaroubaceae), sendo este o primeiro registro em Rutaceae. Os dados dos espectros de RMN de 1H e 13C obtidos para 4 foram compatíveis com o protolimonoide identificado,7 sendo a presença do grupo angeloil ligado a C-3 evidenciada pelos sinais de hidrogênios em δ 5,99 (H-3'), 2,05 (H-5') e 1,95 (H-4').

Os dados de RMN de 1H e 13C permitiram a identificação dos alcaloides folinina e casimiroina (3a, b),11 em mistura, bem como da casimiroina isolada (3b). Com base nas intensidades dos sinais, da folinina (δ 7,52; 7,06, e 7,01) e da casimiroina (δ 7,46 e 6,71), a folinina é predominante (aprox. 60%) na mistura.

No espectro de RMN de 1H da substância 7, o sinal de metila como dubleto (δ 2,36) associado ao sinal de hidrogênio como quarteto (δ 6,08, J = 0,8 Hz) caracterizaram a parte 2-metil-pirona da molécula. O sinal de hidrogênio aromático foi observado como singleto em δ 6,37. Sinais de hidrogênios carbinólicos na região entre δ 4,16-3,40, além do sinal em δ 4,85 como dubleto (J = 7,2 Hz) sugeriram a presença de glicosídeo na molécula. Pelo espectro de RMN de 13C foi possível propor uma unidade 5,7-di-hidroxicromona devido à presença dos sinais em δ 162,2 e 165,3. A comparação dos dados espectrais obtidos com os da literatura12,13 sugere a estrutura da biflorina que se constitui no primeiro registro de cromona C-glucosilada em Spathelia.

Atividade antifúngica in vitro

No ensaio antifúngico in vitro avaliou-se o efeito das diferentes concentrações das substâncias predominantes (2 e 3b) no extrato metanólico da raiz de S. excelsa contra o fungo fitopatogênico isolado de Theobroma grandiflorum. Os níveis de inibição máxima do limonoide 2 foram de 52,46 e 38,3% para as concentrações de 200 e 100 µg mL-1, respectivamente, não evidenciando antagonismo promissor contra o fungo nas concentrações testadas. A casimiroina (3b) mostrou excelente atividade antifúngica (IC50 = 1,3 µg mL-1). Oliva et al.14 também encontraram alcaloides do tipo quinolona com potencial antifúngico contra patogênicos de plantas. Os alcaloides isolados em Ruta graveolens (Rutaceae) mostraram 100% de inibição do crescimento de Botrytis cinerea e Phomopsis obscurans a 30 µM. No entanto, para os fungos Colletotrichum acutatum, C. fragariae e Fusariumoxysporum a inibição dos alcaloides foi observada entre 50-57% (a 300 µM).

É importante ressaltar a carência de estudos na busca de fitoconstituintes com ação sobre M. perniciosa. Silva e Bastos15 relatam a fungitoxicidade de óleos essenciais de quatro espécies de Piper em vassoura-de-bruxa do cacaueiro. Não há relatos prévios da ação de substâncias voláteis e não voláteis em vassoura-de-bruxa do cupuaçuzeiro. Assim, o antagonismo revelado pela substância 3b é considerado promissor para o controle da M. perniciosa de Theobroma grandiflorum.

PARTE EXPERIMENTAL

Procedimentos experimentais gerais

Os espectros de RMN foram obtidos em espectrômetro Bruker DRX-400, utilizando-se solventes deuterados na dissolução das amostras e TMS como padrão interno. Para as cromatografias em coluna utilizou-se gel de sílica (70-230 e 230-400 mesh da Merck) e Sephadex LH-20 (Sigma). Nas análises em camada delgada (CCD) utilizaram-se cromatofolhas de alumínio com sílica-gel 60 (Merck), reveladas com luz UV e solução alcoólica de vanilina e ácido sulfúrico.

Material vegetal

Partes vegetativas (raiz e ráquis foliar) de Spathelia excelsa foram coletadas na Reserva Florestal Adolpho Ducke, km 26, AM 010, em 29/11/2005. Esta espécie foi previamente mapeada e identificada pelo Prof. Dr. J. R. Pirani, da Universidade de São Paulo, durante a execução do projeto Flora da Reserva Adolpho Ducke. A exsicata de número 4227 utilizada na comparação encontra-se depositada no Herbário do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

Extração e isolamento dos constituintes químicos

Amostras de raiz (735,0 g) e ráquis foliar (650,0 g), após secagem e pulverização, foram individualmente submetidas à maceração sucessiva em hexano, diclorometano e metanol (7 dias em cada solvente). O extrato metanólico (9,87 g) da raiz foi fracionado em coluna (h x Ø = 19,0 x 3,5 cm) utilizando-se gel de sílica (70-230 mesh), eluída em CH2Cl2, CH2Cl2:MeOH (1:1) e MeOH, gerando 40 frações. As frações agrupadas 14-17 (RSM-14) e 23-26 (RSM-23) foram submetidas a novos fracionamentos. RSM-14 (950 mg) foi fracionada em coluna (h x Ø = 15,0 x 3,5 cm) de gel de sílica (70-230 mesh), eluída em hexano:AcOEt (5-30%) fornecendo 46 subfrações, das quais, as subfrações 12-14 (RSM-14A), 24-27 (RSM-14B) e 28-34 (RSM-14C) foram submetidas aos seguintes procedimentos: RSM-14A tratada em MeOH forneceu o β-sitosterol (18 mg); RSM-14B fracionada em coluna (h x Ø = 18,0 x 2,0 cm) de gel de sílica (230-400 mesh) eluída em CH2Cl2:acetona (2-50%) forneceu 1 (14 mg); RSM-14C fracionada em coluna de gel de sílica (70-230 mesh; h x Ø = 18,0 x 2,0 cm), eluída em hexano:AcOEt (5 a 50%), AcOEt e MeOH, forneceu 16 subfrações; as subfrações 9-10, eluídas em hexano:AcOEt (6:4), tratadas com MeOH a quente resultaram no isolamento de 2 (33 mg). RSM-23 (3,78 g) foi fracionada em coluna (h x Ø = 26,0 x 3,0 cm) empregando-se gel de sílica (70-230 mesh), eluída em CH2Cl2, CH2Cl2:acetona (10-40%), acetona, acetona:MeOH (10-50%) e MeOH, obtendo-se 31 frações. A subfração 5, após filtração em Sephadex LH-20, eluída em CH2Cl2:MeOH (95:5) seguida por coluna (h x Ø = 28,0 x 1,0 cm) em gel de sílica (230-400 mesh), utilizando-se como eluentes CH2Cl2, CH2Cl2:AcOEt (10-100%), resultou na obtenção da mistura 3a,b (12 mg) e no isolamento de 3b (26 mg).

O extrato CH2Cl2 (10,34 g) dos ráquis foliar foi fracionado em coluna de gel de sílica (h x Ø = 26,5 x 4,7 cm), eluída em hexano, hex:AcOEt (2 -50%), AcOEt e MeOH, originando 43 frações. A fração 40 após tratamento com acetona resultou no isolamento de 4 (14 mg). O extrato metanólico (75,4 g) foi submetido a fracionamento em coluna (h x Ø = 22,5 x 4,2 cm) de gel de sílica (70-230 mesh), eluída em hexano, hexano:CH2Cl2 (10-50%), CH2Cl2, CH2Cl2:AcOEt (10-50%), AcOEt, AcOEt:MeOH (10-50%) e MeOH, resultando em 56 frações; a fração SCHM-43 (43-47; 2,79 g) foi fracionada em coluna (h x Ø = 39,5 x 2,8 cm) de gel de sílica (70-230 mesh), utilizando como eluentes CH2Cl2, CH2Cl2:AcOEt (1-50%), AcOEt, AcOEt:MeOH (10 a 50%) e MeOH, fornecendo 35 subfrações: subfração 11-14 (SCHM-43A) cromatografada em coluna (h x Ø = 28,0 x 1,0 cm) de gel de sílica (230-400 mesh), eluída em CH2Cl2, CH2Cl2:AcOEt (1-50%), AcOEt, AcOEt:MeOH (1-50%) fornecendo 5 (14 mg) e 6 (5 mg); subfr.27-29 (SCHM-43B) foi fracionada em coluna (h x Ø = 37,5, x 1,7 cm) de gel de sílica (230-400 mesh), eluída em CH2Cl2, CH2Cl2:AcOEt (5-50%), AcOEt, acetona, acetona:MeOH (50%) e MeOH resultando no isolamento de 7 (3 mg).

Dados de RMN e algumas características das substâncias 1-7

Harrisonina (1)

RMN 1H (400 MHz, CDCl3): δ 7,42 (m; H-21), 7,41 (m; H-23), 6,33 (dd; J = 1,6 e 0,8 Hz; H-22), 6,02 (d; J = 12,4 Hz; H-1), 5,78 (d; J = 12,4 Hz; H-2), 5,68 (s; H-17), 5,07 (s; OH-7), 4,29 (s; H-15), 3,80 (s; OMe), 3,61 (s; OH-6), 3,02 (dd; J = 113,6 e 6,0 Hz; H-9), 1,92 (m; H-11α), 1,75 (m; H-11β/H-12α), 1,57 (m; H-12β), 1,51 (s; H-19), 1,37 (s; H-29), 1,28 (s; H-18), 1,19 (s; H-28), 1,16 (s; H-30). RMN 13C (100 MHz, CDCl3): δ 216,0 (C-5), 167,0 (C-16), 166,7 (C-3), 153,9 (C-1), 142,9 (C-23), 141,2 (C-21), 123,2 (C-2), 121,0 (C-20), 109,9 (C-22), 108,3 (C-7), 88,6 (C-6), 80,9 (C-4), 78,4 (C-17), 68,6 (C-14), 57,3(C-15), 52,0 (OMe), 49,9 (C-8), 49,7 (C-10), 46,8 (C-9), 39,5 (C-13), 27,4 (C-29), 26,3 (C-12), 24,1 (C-28), 18,3 (C-18), 17,3 (C-19), 15,2 (C-11), 14,7 (C-30). COSY (400 MHz, CDCl3): 7,42→6,33; 6,02→5,78; 3,02→1,92/1,75. HSQC (400/100 MHz, CDCl3): texto. HMBC (400/100 MHz, CDCl3): texto.

Desacetilspathelina (2)

RMN 1H (400 MHz, CDCl3): δ 7,40 (m; H-21), 7,39 (m; H-23), 6,37 (dd; J = 1,6 e 0,8 Hz; H-22), 6,20 (d; J = 12,4 Hz; H-1), 5,81 (d; J = 12,4 Hz; H-2), 5,48 (s; H-17), 5,02 (sl; H-7), 4,16 (s; H-15), 3,66 (s; OMe); 3,09 (dl; H-9); 1,87-1,65 (m; H-11); 1,87 -165 (m; H-12); 1,30 (s; H-29), 1,25 (s; H-19), 1,22 (s; H-18), 1,18 (s; H-28) 0,68 (s; H-30). RMN 13C (100 MHz, CDCl3): δ 208,0 (C-6), 167,4 (C-16), 166,0 (C-3), 161,0 (C-1), 143,0 (C-23), 141,0 (C-21), 120,3 (C-20), 118,8 (C-2), 110,0 (C-22), 81,1 (C-7), 78,1 (C-17), 70,8 (C-5), 69,4 (C-4), 67,0 (C-14), 51,8 (OMe), 51,4 (C-15), 45,7 (C-9), 45,0 (C-10), 44,6 (C-8), 37,8 (C-13), 32,8 (C-12), 29,0 (C-28), 22,6 (C-19), 21,4 (C-11), 20,2 (C-18), 19,7 (C-29), 12,5 (C-30).

Folinina e casimiroina (3a, 3b)

RMN 1H (400 MHz, CDCl3): δ 7,52 [dd; J = 8,0 e 1,6 Hz; H-5 (3a)], 7,46 [d; J = 8,4 Hz; H-5 (3b)], 7,06 [t; J = 8,0 Hz; H-6 (3a)], 6,71 [d; J = 8,0 Hz; H-6 (3b)], 7,01 [dd; J = 8,0 e 1,6 Hz; H-7 (3a)], 5,97 [s; H-3 (3a)], 5,96 [s; CH2-O (3b)], 5,81 [s; H-3 (3b)], 3,85 e 3,83 [s; OMe (3a)]; 3,84 [s; OMe (3b)], 3,81 [s; N-CH3(3a)], 3,76 [s; N-CH3(3b)]. RMN 13C (100 MHz, CDCl3): δ 165,0 (C-2, 3a), 164,1 (C-2, 3b), 162,4 (C-4, 3a), 162,6 (C-4, 3b), 149,9 (C-7, 3b), 148,6 (C-8, 3a), 133,5 (C-8, 3b), 131,4 (C-8a, 3a), 126,5 (C-8a,3b), 122,2 (C-6, 3a), 119,1 (C-4a, 3a), 104,3 (C-6, 3b), 118,5 (C-5, 3b), 115,6 (C-5, 3a), 114,4 (C-7, 3a), 112,9 (C-4a, 3b), 101,0 (CH2-O, 3b), 96,7 (C-3, 3a), 94,5 (C-3, 3b), 34,9 (N-CH3, 3a), 31,9 (N-CH3, 3b).

3b-angeloil-21,24-epoxi-7a,21a,23a,25-tetra-hidroxi-4a,4b,8b,10b-tetrametil-25-dimetil-14, 18 -ciclo-5a,13a,14a,17a-colestano (4)

RMN 1H (400 MHz, C5D3N): δ 5,99 (dq; J = 7,2 e 1,2 Hz; H-3'), 5,87 (sl; H-21), 4,84 (dd; J = 11,6 e 4,8 Hz; H-3), 4,50 (sl; H-23), 4,11 (sl; H-24), 3,93 (sl; H-7), 2,50 (m; H-5), 2,43 e 1,79 (m; H-2), 2,30 (m; H-20), 2,14 e 2,01 (m; H-22), 2,05 (dd; H-5'), 1,95 (t; H-4'), 1,90 e 1,68 (m; H-12), 1,90 (m; H-17), 1,79 e 1,66 (m; H-15), 1,75 e 1,68 (m; H-6), 1,68 (m; H-16), 1,56 (s; H-27), 1,54 (s; H-26), 1,45 (m; H-1), 1,38 (m; H-9), 1,28 e 1,13 (m; H-11), 1,15 (s; H-30), 1,00 (s; H-28), 0,95 (s; H-19), 0,92 e 0,63 (d; 5,6 Hz; H-18), 0,86 (s; H-29). RMN 13C (100 MHz, C5D3N): δ 167,6 (C-1'), 137,3 (C-3'), 128,9 (C-2'), 94,2 (C-21), 80,9 (C-3), 74,1 (C-7), 73,3 (C-25), 73,2 (C-24), 66,4 (C-23), 47,8 (C-20), 46,2 (C-17), 44,5 (C-9), 39,3 (C-14), 39,0 (C-5), 38,5 (C-1), 37,7 (C-8), 37,3 (C-4), 37,3 (C-10), 31,5 (C-22), 28,4 (C-16), 28,1 (C-27), 28,0 (C-28), 27,7 (C-2), 27,6 (C-13), 27,1 (C-26), 26,4 (C-12), 25,6 (C-15), 24,1 (C-6), 20,9 (C-4'), 20,2 (C-30), 17,3 (C-11), 17,3 (C-19), 16,2 (C-29), 16,0 (C-5'), 15,3 (C-18).

Limonina diosfenol (5)

RMN 1H (400 MHz, CDCl3): δ 7,41 (dd; J = 1,6 e 0,8 Hz; H-21), 7,40 (tl; J = 1,6 Hz; H-23), 6,34 (dd; J = 2,0 e 0,8 Hz; H-22), 6,26 (sl; OH), 5,44 (s; H-17), 4,65 (m; H-19), 4,13 (s; H-15), 4,09 (tl; H-1), 2,98 (dd; J = 18,0 e 2,8 Hz; H-2) e 2,85 (dd; J = 18,0 e 4,4 Hz; H-2), 2,68 (dd; J = 12,8 e 2,0 Hz; H-9) 1,86-1,80 (m; H-11), 1,72-1,69 (m; H-12), 1,55 (m; H-29), 1,50 (s; H-28), 1,16 (s; H-30), 1,05 (s; H-18). RMN 13C (100 MHz, CDCl3): 195,2 (C-7), 169,1 (C-3), 166,4 (C-16), 143,3 (C-23), 141,1 (C-21), 140,2 (C-5), 139,4 (C-6), 119,8 (C-20), 109,6 (C-22), 81,8 (C-4), 79,2 (C-1), 77,7 (C-17), 68,6 (C-19), 65,3 (C-14), 52,1 (C-15), 48,4 (C-10), 46,8 (C-8), 46,4 (C-9), 37,4 (C-13), 34,8 (C-2), 31,7 (C-12), 25,7 (C-29), 25,2 (C-28), 20,6 (C-11), 20,5 (C-18), 18,1 (C-30).

Perforatina (6)

RMN 1H (400 MHz, CDCl3): δ 7,45 (m; H-21), 7,43 (t; J = 1,6 Hz; H-23), 6,94 (d; J = 9,6 Hz; H-1), 6,43 (s; OH), 6,33 (m; H-22), 5,91 (d; J = 9,6 Hz; H-2), 5,68 (s; H-17), 4,65 (s; H-15), 3,16 (dd; J = 12,8 e 9,6 Hz; H-9), 1,41 (s; H-28), 1,39 (s; H-18), 1,32 (s; H-29), 1,29 (s; H-30), 1,20 (s; H-19). RMN 13C (100 MHz, CDCl3): 201,8 (C-6), 167,5 (C-16), 160,2 (C-3), 150,1 (C-1), 143,2 (C-23), 141,3 (C-21), 120,6 (C-20), 119,1 (C-2), 109,7 (C-22), 99,1 (C-7), 88,8 (C-4), 80,5 (C-5), 76,7 (C-17), 70,2 (C-14), 58,3 (C-15), 51,6 (C-8), 44,1 (C-10), 39,8 (C-13), 35,4 (C-9), 27,8 (C-28), 27,6 (C-29), 25,2 (C-12), 19,7 (C-30), 19,3 (C-18), 15,5 (C-11), 15,1 (C-19).

Biflorina (7)

Sólido cristalino, pf 287-290 ºC. RMN 1H (400 MHz, MeOD): δ 6,37 (s; H-8), 6,08 (q; J = 0,8 Hz; H-3), 4,85 (d; J = 7,2; H-1'), 4,16 - 3,40 (m; H-2' a H-6'), 2,36 (d; J = 0,8 Hz; Me) RMN 13C (100 MHz, MeOD): 184,2 (C-4), 169,3 (C-2), 165,3 (C-7), 162,2 (C-5), 159,3 (C-8a), 109,2 (C-6), 109,1 (C-3), 104,9 (C-4a), 95,3 (C-8), 82,7 (C-5'), 80,2 (C-3'), 75,3 (C-1'), 72,6 (C-2'), 71,8 (C-4'), 62,9 (C-6'), 20,3 (Me).

Ensaio antifúngico

O fungo M.perniciosa foi obtido da vassoura-de-bruxa seca do cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum), cujos esporos foram germinados a partir de basidiocarpos crescidos no campo experimental da EMBRAPA Ocidental (AM-010, km-29). A cultura fúngica obtida em batata-dextrose-agar (BDA) é conservada em solução de glicerol 70% e batata-dextrose (1:1). Para avaliação da atividade antifúngica, alíquotas em quantidades apropriadas para diferentes concentrações (200 e 100 µg/mL da substância 2; 100 a 0,5 µg/mL de 3b, solubilizadas em DMSO) foram incorporadas separadamente no meio de cultura BDA fundente. As amostras foram vertidas em placa de Petri de 9,0 cm e após a solidificação do meio, discos miceliais (0,8 cm de diâmetro) foram removidos da borda da cultura fúngica e colocados no centro da placa de Petri. As placas foram incubadas em câmara de crescimento B.O.D. à 25 ºC e na ausência de luz, até que o crescimento das placas do controle (sem substâncias) atingissem toda a superfície do meio (17 dias). As placas foram preparadas em triplicata para cada tratamento. A porcentagem de inibição do crescimento micelial (PIC)16 foi calculada com base no crescimento da placa controle utilizando-se a seguinte fórmula:

P.I.C. = [C - T) / C] X 100,

onde C e T referem-se ao crescimento (mm) do fungo nas placas do controle e tratamento, respectivamente.

AGRADECIMENTOS

Ao CNPQ, pelo auxílio financeiro e pelas bolsas concedidas a A. da C. Máximo, L. E. de Carvalho e E. C. da S. Pereira, à CAPES pela bolsa concedida a W. A. dos S. Moreira.

Recebido em 27/4/12; aceito em 15/8/12; publicado na web em 28/9/12

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    Artigo em homenagem ao Prof. Otto R. Gottlieb (31/8/1920-19/6/2011)
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    e-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      30 Nov 2012
    • Data do Fascículo
      2012

    Histórico

    • Recebido
      27 Abr 2012
    • Aceito
      15 Ago 2012
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