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Podridão peduncular de coco causada por Cylindrocladium floridanum no Estado do Pará

Coconut stalk rot caused by Cylindrocladium floridanum in the State of Pará, Brazil

NOTAS FITOPATOLÓGICAS / PHYTOPATHOLOGICAL NOTES

Podridão Peduncular de Coco Causada por Cylindrocladium floridanum no Estado do Pará

Coconut stalk rot caused by Cylindrocladium floridanum in the State of Pará, Brazil

Luiz S. PoltronieriI, * * Autor para correspondência: Luiz S. Poltronieri ; Dinaldo R. TrindadeI; Acelino C. AlfenasII; Fernando C. AlbuquerqueI; José E. U. CarvalhoI

IEmbrapa Amazônia Oriental, Tv. Dr. Enéas Pinheiro, s/nº, CEP 66095-100, Belém, PA, e-mail: poltroni@cpatu.embrapa.br

IIDepartamento de Fitopatologia, Universidade Federal de Viçosa, CEP 36571-000, Viçosa, MG

ABSTRACT

Coconut stalk rot caused by Cylindrocladium floridanum was observed in a experimental field of the Agroforest Research Center of Embrapa, Belém, PA. The fungus was inoculated in healthy fruits causing the same field symptoms and reisolated, fulfilling koch postulates. This is the first report of this pathogen on coconut in the State of Pará, Brazil.

Durante inspeção realizada em junho de 2000 em pomares no campo experimental da Embrapa Amazônia Oriental em Belém, PA, constatou-se em coqueiro (Cocos nucifera L.) frutos apresentando sintomas de podridão peduncular que, em estágio avançado, culminava com a queda dos mesmos. A partir de amostras coletadas no campo, fragmentos foram retirados de tecidos das margens infetadas e submetidos à desinfestação em hipoclorito de sódio a 1% durante 1 min, lavagem em água esterilizada e plaqueamento em meio de cultura ágar-água. Após três dias de incubação, em condições ambientais de laboratório, obteve-se um isolado fúngico que em meio BDA apresentou características morfológicas correspondentes ao gênero Cylindrocladium. A sintomatologia apresentada é semelhante àquela assinalada por Ponte & Lemos (Fitopatologia brasileira 1:113-116. 1976; Ponte & Silveira-Filho. Fitop. bras. 22:567. 1997) a qual denominaram de Podridão Peduncular, cujo agente etiológico é o fungo Cylindrocladium pteridis Wolf, detectado no Estado do Pará em 1998, causando lesões necróticas em folhas de coqueiro (Trindade et al. Fitop. bras. 23:3.412.1998). Após o isolamento do patógeno, procedeu-se ao teste de patogenicidade, semelhante ao utilizado por Ponte & Lemos (1997). Pedaços de meio BDA colonizados pelo fungo foram colocados sobre o pedúnculo escarificado de frutos verdes não destacados da planta e recobertos com chumaços de algodão embebidos em água esterilizada. Nos frutos testemunhas executou-se apenas a escarificação e colocação de discos de cultura sem o fungo. Os frutos inoculados e testemunhas foram mantidos cobertos com saco de plástico durante uma semana. Após 15 dias apareceram os primeiros sintomas da doença comprovando-se a patogenicidade do fungo. Exames microscópicos do isolado de Cylindrocladium mostraram tratar-se de uma espécie diferente de C. pteridis, razão pela qual o isolado foi enviado ao Dr. Acelino Alfenas, da Universidade Federal de Viçosa, que o identificou como Cylindrocladium floridanum Sobers & Seym., teleomorfo Calonectria kyotensis Terash. Os conídios são uniseptados, medindo de 42-54 x 3,1 – 3,7 mm com vesícula globosa medindo de 8-14 mm. Os peritécios são isolados ou em grupos, de cor laranja a vermelha, subglobosos a ovóides medindo 280-550 mm de altura e 210-425 mm de diâmetro; ascos clavados, com oito esporos, medindo 70-140 x 13-22 mm; ascosporos agregados no terço superior dos ascos, hialinos, gutulados, fusóides com extremidade arredondada, uniseptados e sem constrição na região do septo. As fases anamorfa e telemorfa foram reportadas no Estado do Pará causando lesões foliares em morototozeiro (Didymopanax morototoni Aubl.) e cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum Will. Ex. Spreng.) Schum. Este é o primeiro relato da ocorrência de C. floridanum em coqueiro no Brasil. A podridão peduncular causada por C. floridanum é diferente daquela descrita por Viana et al. (Fitop. bras. 27:545. 2002). No primeiro caso, os frutos apodrecem na planta enquanto que o segundo a podridão é pós-colheita.

Aceito para publicação em 27/09/2002

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    Autor para correspondência: Luiz S. Poltronieri
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      03 Jun 2003
    • Data do Fascículo
      Jan 2003
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