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Colletotrichum coccodes, patógeno de solanáceas no Brasil

Occurrence of Colletotrichum coccodes, a pathogen of Solanaceae in Brazil

NOTAS FITOPATOLÓGICAS PHYTOPATHOLOGICAL NOTES

Colletotrichum coccodes, patógeno de solanáceas no Brasil

Occurrence of Colletotrichum coccodes, a pathogen of Solanaceae in Brazil

Maria Helena D. Costa; Ludwig H. Pfenning; Edson A. Pozza

Universidade Federal de Lavras, Departamento de Fitopatologia, Cx. Postal 3037, CEP 37200-000, Lavras, MG, e-mail: ludwig@ufla.br

ABSTRACT

Colletotrichum coccodes is a common pathogen causing anthracnoses and black-dot in crops like tomato, pepper and potato. A morphological characterization and illustrations of the pathogen are presented for the first time in Brazil.

Colletotrichum coccodes (Wallr.) S. Hughes é o agente etiológico de doenças como "antracnose" e "black-dot" em solanáceas, causando prejuízos expressivos em diversas áreas do mundo (Andrivon et al.,Plant Pathology 47:440. 1998). O fungo possui vários sinônimos o que dificulta a análise de sua ocorrência e distribuição geográfica, inclusive a adoção de medidas quarentenárias [Bailey & Jeger (Eds.) Colletotrichum, CAB International, 1992. p.225]. Dentre os sinônimos destaca-se com maior uso Colletotrichum atramentarium (Berk. & Broome) Taubenh. Embora o teleomorfo da espécie não seja conhecido, o gênero Colletotrichum é classificado na ordem Phyllachorales. O patógeno pode ser encontrado com freqüência causando doenças em diferentes espécies e variedades de solanáceas, mas é pouco conhecido no Brasil. Para o território brasileiro, existem somente relatos escassos, sendo estes de Viégas (1940; Índice de Fungos da América do Sul) e Wellman (1972; Dictionary of Plant Diseases of Tropical America), transcritos nos Catálogos de Reifschneider (1983; Índice de Doenças de Hortaliças) e Mendes (1997; Fungos em Plantas do Brasil). Em frutos de tomate e pimentão, os sintomas são conhecidos como antracnose afetando o caule, raízes, frutos verdes e maduros, onde se forma uma lesão circular, deprimida, com escurecimento central e produção abundante de acérvulos, setas e microesclerócios (Figura 1A-C) (Andrivon, Plant Pathology 47:440. 1998; Dillard, Phytopathology 79:1063. 1989). Os danos causados por este patógeno resultam tanto na redução direta da qualidade e quantidade do fruto, como no aumento dos custos de produção e de pós-colheita. No batateiro observa-se a colonização de todos os órgãos subterrâneos. Na raiz e no caule aparece podridão, na superfície dos tubérculos lesões prateadas com intensa produção de microesclerócios pretos. Nas folhas, o sintoma é amarelecimento e, eventualmente, morte prematura da planta. A qualidade de tubérculos, tanto para consumo como para semente, é reduzida. A batata semente infectada pode representar ainda importante fonte de inoculo, inclusive para plantios futuros de solanáceas. O fungo cresce em meio MA 2% e BDA com uma taxa de crescimento média de 1 cm por dia e esporula com facilidade em V8. Há uma intensa produção de setas septadas com suas extremidades agudas, de comprimento de 80 a 350 µm. Os conídios são fusiformes com as extremidades obtusas, hialinos, asseptados, medem 16-24 x 2.5-4.5 µm e formam uma massa de aparência amarela a rosada (Figura 1D-E). Tanto em tecido vegetal, como em meio de cultura o fungo produz esclerócios em abundância, de 100-500 µm de diâmetro (Figura 1F). As espécies C. gloeosporioides (Penz.) Penz. & Sacc. e C. acutatum J.H Simmons também ocorrem em solanáceas com sintomatologia inicial parecida, entretanto tais espécies têm micromorfologia diferente, além de não produzirem os microesclerócios pretos, característicos da espécie C. coccodes.


Aceito para publicação em 07/03/2006

Autor para correspondência: Ludwig H. Pfenning

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Set 2006
  • Data do Fascículo
    Jun 2006
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