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Ocorrência de Colletotrichum gloeosporioides em ciclamem cultivado em vaso sob estufa no Estado de São Paulo

Occurrence of Colletotrichum gloeosporioides on cyclamen cultivated on pot under greenhouse in State of São Paulo, Brazil

NOTAS FITOPATOLÓGICAS PHYTOPATHOLOGICAL NOTES

Ocorrência de Colletotrichum gloeosporioides em ciclamem cultivado em vaso sob estufa no Estado de São Paulo

Occurrence of Colletotrichum gloeosporioides on cyclamen cultivated on pot under greenhouse in State of São Paulo, Brazil

Janaína M. MarqueI; Rômulo Fujito KoboriII; Sílvia Megumi KatoIII

IDepartamento de Produção Vegetal, Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Cx. Postal 237, CEP 18603-970, Botucatu, SP, e-mail: jmmarque@hotmail.com

IISakata Seed Sudamerica, Cx. Postal 427, CEP 12906-840, Bragança Paulista, SP, e-mail: romulo.kobori@sakata.com.br

IIIAflord, Cx. Postal 172, CEP 07400-970, Arujá, SP

ABSTRACT

Cyclamen persicum has its origin in cold and dry mountain regions of Meditteranean. The flowering cycle is from six to eight months, and it's faster in high temperatures. In 1999 and 2000 the occurrence of a foliar disease on cyclamen cultivated on pot under greenhouse was detected in Arujá, SP. From plants with foliar, stems and petals necrosis simptoms and orange growth, a fungus was isolated in BDA+OXI medium. The fungus had greyish micelium, and the morphological characterization (colonial aspect, shape and size of conidia and acervuli) and the Koch Postulates confirmed the occurrence of Colletotrichum gloeosporioides as the causal agent of cyclamen anthracnosis. The occurrence of Colletotrichum gloeosporioides in cyclamen (Cyclamen persicum) is reported for the first time in the state of São Paulo, Brazil.

O ciclamem (Cyclamen persicum Mill.) é uma flor originária das regiões montanhosas do Mediterrâneo. A semeadura é feita em bandejas e o transplante ocorre em 45 a 60 dias para um vaso intermediário (8 a 10 cm de diâmetro). Quando a planta atinge o estádio de seis folhas verdadeiras é transferida para um vaso definitivo (14 a 15 cm de diâmetro. Aproximadamente três a quatro meses depois ocorre o florescimento. O ciclo total varia de seis a oito meses e pode ser menor em temperaturas mais elevadas. Esta condição favorece também o aparecimento de doenças (Ball, Ball red book: Greenhouse growing 475, 1991).

Nos anos de 1999 e 2000 foram observadas lesões nas folhas, hastes e pétalas em plantas de ciclamem em propriedades da região de Arujá, SP. Os sintomas eram lesões inicialmente encharcadas que progrediram para necrose nas folhas e pétalas. Este sintoma pode expandir para os pecíolos das folhas, chegando a causar podridões na base da planta que resultam na sua morte. Com o progresso da doença, na superfície das lesões podem surgir pontuações pretas e massas alaranjadas, constituídas de acérvulos e esporos do fungo.

O isolamento do agente etiológico foi efetuado a partir de lesões das diferentes partes da planta em BDA + oxitetraciclina. As colônias eram inicialmente brancas, tornando-se acinzentadas a partir do centro, após cinco a sete dias de incubação a 26 ºC e fotoperíodo de 12 h. O fundo da colônia tinha coloração alaranjada. Os conídios eram hialinos, asseptados, cilíndricos e com extremidades arredondadas. Foram medidos 150 conídios e as dimensões variaram de 13-21 x -7 µm. As células conidiogênicas eram enteroblásticas com estreitamento periclinal e os acérvulos não tinham setas. De acordo com Sutton (Colletotrichum: biology, pathology and control. 1992), o fungo foi identificado como Colletotrichum gloeosporioides (Penz.) Penz. & Sacc. Para confirmar a patogenicidade do isolado, plantas de ciclamen foram inoculadas com uma suspensão de conídios (1x106 esporos/mL), pulverizada manualmente. Posteriormente foram mantidas em câmara úmida por dois dias. De sete a dez dias após a inoculação, os sintomas foram idênticos aos observados em cultivo em estufa (Figura 1). C. gloeosporioides foi isolado dessas plantas, comprovando o postulado de Koch. Segundo Daughtrey et al. (Compendium of flowering potted plant diseases, 16. 1995), Gloeosporium cyclaminis Sibilia também pode causar sintomas de antracnose em ciclamem. De acordo com a descrição do mesmo autor, os conídios de G. cyclaminis são menores e de formato diferente dos de Colletotrichum. Os acérvulos também não possuem seta, mas podem se unir num estroma, o que não acontece com o Gloeosporium cyclaminis. Além disso, a colônia de G. cyclaminis tem coloração negra e morfologia nitidamente diferente da colônia de C. gloeosporioides. Confirmou-se a hipótese de que o fungo C. gloeosporioides é o agente causal da antracnose do ciclâmen, sendo, provavelmente, seu primeiro relato no Brasil.


Aceito para publicação em 29/01/2003

Autor para correspondência: Janaína M. Marque

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Set 2006
  • Data do Fascículo
    Jun 2006
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