Acessibilidade / Reportar erro

Contribuição para o conhecimento da flora algológica marinha do estado do Paraná

Resumos

Esta nota é a primeira contribuição para a distribuição especial das algas marinhas do litoral paranaense (Caiobá). São considerados três tipos de litoral: a) Litoral rochoso sujeito à ação de arrebentação. b) Litoral rochoso mais ou menos abrigado. c) Manguesais. Dentro do esquema proposto, o primeiro tipo é subdividido em 2 zonas: 1.º) Zona dos borrifos, situada acima do limite médio da maré alta (fig. 2 n.º 1), correspondente à "Splash zone" ou à "Sprit zone" dos autores estrangeiros. 2.º) Zona de arrebentação (Ressaca), situada entre os níveis médios das marés baixa e alta, correspondendo à "Interdital zone" ou à "Gezeitenzone" dos autores estrangeiros, (fig. 2 n.º 2). A primeira zona só conta com uma alga, Lyngbya confervoides e pelo menos mais duas espécies de moluscos do gênero Littorina. A segunda zona, a mais rica tanto em algas como em animais, é essencialmente caracterizada em Caiobá pelas algas seguintes: Levringia sp. Chaetomorpha media e Centroceras clavulatum na parte mais alta, associadas a balanoides (craca) e a Mytilus perna (marisco). Mais abaixo domina Pterosiphonia pennata, Hypnea musciformis e Bryocladia thyrsigera. São apresentados também mais três tipos secundários dependendo das condições locais dos rochedos. Esta sucessão de Littorina, Balanus e Mytilus é a mesma existente no sul da África, segundo se depreende dos trabalhos de Stephenson (11,12) e de vários de seus colaboradores. O segundo tipo apresenta também duas zonas, sendo a segunda a mais rica e variada, aparecendo aqui como dominante, uma associação na qual, Callithamnion, Laurencia papulosa, Gigartina Teedii e Sargassum cymosum são as mais abundantes. É sugerida a existência de uma zona abaixo do limite inferior das marés baixas, zona essa representada por Rhodymenia Palmetta, Plocamium brasiliensis e Spatoglossum Schroederi pelo menos. É feita uma rápida enumeração das algas dos manguesais.


This paper is to be considered as a first contribution to the special distribution regarding marine sea-weed of the Parana coast (Caiobá). We shall consider three coastal types: a) Those of the rocky coast subject to the action of waves. b) Those of the rocky coast but nevertheless more or less protected; and, c) Those of the marshy ground. "Within the proposed plan, the first type is divided into two zones: 1) The Splash Zone located above the average limit of the tide (fig. 2 n.º 1). Foreign authors call this zone also the Spritzone. 2) The Intertidal Zone (Ressaca), situated between the average of the levels of the tide. Foreign authors named this zone the Gezeitenzone (fig. 2 n.º 2). The first named of the two above zones contains only one species of sead-weed, Lyngbya confervoides and at least two species of molluks of the Littorina genus. The second zone is the richer one of the two in animals as well as in sea-weed and is especially characterized in Caiobá by means of the following sea-weeds: Levringia sp., Chaetomorpha media and Centroceras clavulatum. These are to be found in the upper part together with balanoids (craca) and Mytilus perna (marisco). Pterosiphonia pennata, Hypnea musciformis, and Bryocladia thyrsigera are prevalent in the lower part. Another three secondary types are to be found, however, this depending upon local conditions of the rocks. This succession of Littorina, balanoides and Mytilus is the same as that existing in the Southern part of Africa, as can be noted from works published by Stephenson (11,12) and various others of his collaborators. The second type also populates two zones, being the second one the richer and it also provides a grater variety. Here we find a group of sea-weeds and among them the following dominate Callithamnion, Laurencia papulosa, Gigartina Teedii and Sargassum cymosum. It is believed that there exists another zone below the inferior limit of the tide and the same presents us the species Rhodymenia Palmetta, Plocamium brasiliensis and Spatoglossum Schroederi. A quick enumeration of the sea-weeds living in the marshy ground is made.


Contribuição para o conhecimento da flora algológica marinha do estado do Paraná

Aylthon Brandão Joly

Departamento de Botânica - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo

RESUMO

Esta nota é a primeira contribuição para a distribuição especial das algas marinhas do litoral paranaense (Caiobá).

São considerados três tipos de litoral:

a) Litoral rochoso sujeito à ação de arrebentação.

b) Litoral rochoso mais ou menos abrigado.

c) Manguesais.

Dentro do esquema proposto, o primeiro tipo é subdividido em 2 zonas:

1.º) Zona dos borrifos, situada acima do limite médio da maré alta (fig. 2 n.º 1), correspondente à "Splash zone" ou à "Sprit zone" dos autores estrangeiros.

2.º) Zona de arrebentação (Ressaca), situada entre os níveis médios das marés baixa e alta, correspondendo à "Interdital zone" ou à "Gezeitenzone" dos autores estrangeiros, (fig. 2 n.º 2).

A primeira zona só conta com uma alga, Lyngbya confervoides e pelo menos mais duas espécies de moluscos do gênero Littorina.

A segunda zona, a mais rica tanto em algas como em animais, é essencialmente caracterizada em Caiobá pelas algas seguintes:

Levringia sp. Chaetomorpha media e Centroceras clavulatum na parte mais alta, associadas a balanoides (craca) e a Mytilus perna (marisco). Mais abaixo domina Pterosiphonia pennata, Hypnea musciformis e Bryocladia thyrsigera. São apresentados também mais três tipos secundários dependendo das condições locais dos rochedos.

Esta sucessão de Littorina, Balanus e Mytilus é a mesma existente no sul da África, segundo se depreende dos trabalhos de Stephenson (11,12) e de vários de seus colaboradores.

O segundo tipo apresenta também duas zonas, sendo a segunda a mais rica e variada, aparecendo aqui como dominante, uma associação na qual, Callithamnion, Laurencia papulosa, Gigartina Teedii e Sargassum cymosum são as mais abundantes.

É sugerida a existência de uma zona abaixo do limite inferior das marés baixas, zona essa representada por Rhodymenia Palmetta, Plocamium brasiliensis e Spatoglossum Schroederi pelo menos.

É feita uma rápida enumeração das algas dos manguesais.

SUMMARY

This paper is to be considered as a first contribution to the special distribution regarding marine sea-weed of the Parana coast (Caiobá).

We shall consider three coastal types:

a) Those of the rocky coast subject to the action of waves.

b) Those of the rocky coast but nevertheless more or less protected; and,

c) Those of the marshy ground.

"Within the proposed plan, the first type is divided into two zones:

1) The Splash Zone located above the average limit of the tide (fig. 2 n.º 1). Foreign authors call this zone also the Spritzone.

2) The Intertidal Zone (Ressaca), situated between the average of the levels of the tide. Foreign authors named this zone the Gezeitenzone (fig. 2 n.º 2).

The first named of the two above zones contains only one species of sead-weed, Lyngbya confervoides and at least two species of molluks of the Littorina genus.

The second zone is the richer one of the two in animals as well as in sea-weed and is especially characterized in Caiobá by means of the following sea-weeds: Levringia sp., Chaetomorpha media and Centroceras clavulatum. These are to be found in the upper part together with balanoids (craca) and Mytilus perna (marisco).

Pterosiphonia pennata, Hypnea musciformis, and Bryocladia thyrsigera are prevalent in the lower part. Another three secondary types are to be found, however, this depending upon local conditions of the rocks.

This succession of Littorina, balanoides and Mytilus is the same as that existing in the Southern part of Africa, as can be noted from works published by Stephenson (11,12) and various others of his collaborators.

The second type also populates two zones, being the second one the richer and it also provides a grater variety. Here we find a group of sea-weeds and among them the following dominate Callithamnion, Laurencia papulosa, Gigartina Teedii and Sargassum cymosum.

It is believed that there exists another zone below the inferior limit of the tide and the same presents us the species Rhodymenia Palmetta, Plocamium brasiliensis and Spatoglossum Schroederi.

A quick enumeration of the sea-weeds living in the marshy ground is made.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

BIBLIOGRAFIA

12. STEPHENSON, T. A. - Idem. II. Ann. Natal Mus. X, 3:261-358. 1944.

(Trabalho apresentado na 2.ª Reunião Anual da Sociedade Botânica do Brasil, em Viçosa - Janeiro de 1951)

Queremos agradecer aqui, a orientação e colaboração dos Profs. F. Rawitscher e Wm. R. Taylor que despertaram no autor, o interêsse por êste grupo e ao Prof. E. Simões de Paula, Diretor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, pelas facilidades materiais proporcionadas para as excursões e aparelhamentos.

  • 1. BIGARELLA, João J. - Contribuição ao estudo da planície litorânea do Estado do Paraná. Arq. Biol, e Tecnol. Sec. Ag. Ind. Com. Paraná I Art. 7:75-111 Curitiba 1946.
  • 2. CHAPMAN, V. J. - Marine Algal Ecology. Bot. Rev. 12 - 10:628-672, 1946.
  • 3. DE TONI, J. B. - Sylloge Algarum 1899-1903.
  • 4. ENGLER, A. U., PRANTL, K. - Die natürlichen Pflanzenfamilien I:2 Leipzig, 1897.
  • 5. FRITSCH, F. E. - The structure and reproduction of the Algae. I e III: Cambridge Univ. Press. Cambridge 1935 e 1945.
  • 6. LUEDERWALT, H. - Os manguesais de Santos - sep. Rev. Mus. Paulista XI:1-98. São Paulo 1919.
  • 7. LUETZELBURG, P. von - Estudo Botânico do Nordeste. Insp. Fed. Obras Contra as Sêcas. Minist. Viação e Ob. Publ. 57. Ser. I, A 3 vol. 1922-1923. Rio de Janeiro - Brasil.
  • 8. OLTMANNS, F. - Morphologie u. Biologie der Algen vol. 3 - Jena 1923.
  • 9. RAWITSCHER, Felix K. - Algumas noções sobre a vegetação do litoral brasileiro. Bol. Assoc. Geogr. Bras. 5:13-28. São Paulo 1944.
  • 10. STELLFELD, C. - Aspectos da zona da praia do Estado do Paraná (Brasil) Lilloa 20:203-214. Tucuman 1949.
  • 11. STEPHENSON, T. A. - The constitution of the inter-tidal fauna and flora of South Africa. I. - Journ. Linn. Soc. Zool. 40:487-536. 1939.
  • 13. TAYLOR, Wm. R. - Caribbean Marine Algae of the Allan Hancock Expedition 1939 Report n.ş 2. The Univ. South Cal. Press - Los Angeles, Cal. 1942.
  • 14. TAYLOR, Wm. R. - A synopsis of the marine algae of Brasil. Rev. alg. V, 3-4, 279-313. Paris 1931.
  • 15. TAYLOR, Wm. R. - Algae collected by the "Hassler", "Albatross" and Schmitt Expeditions II. Mich. Ac. Sc. Arts and Let. XXIV, I:127-164. 1938.
  • 16. OLIVEIRA, Lejeune de - Levantamento Biogeográfico da Baía de Guanabara. Mem. Inst. Oswaldo Cruz 48:363-391. 1950.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Jun 2012
  • Data do Fascículo
    Jan 1951
Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo Praça do Oceanográfico, 191, 05508-120 São Paulo SP Brasil, Tel: (55 11) 3091-6513, Fax: (55 11) 3032-3092 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: amspires@usp.br