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Ocorrência de oídio em Mentha x villosa

COMUNICAÇÕES

Ocorrência de oídio em Mentha x villosa

Hugo José Tozze Júnior; Daniel Garcia Júnior; Nelson Sidnei Massola Júnior

Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola, Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Av. Pádua Dias, 11, 13418-900, Piracicaba, SP

Dentre as espécies do gênero Mentha cultivadas no Brasil, M. x villosa (M. crispa) destaca-se pelo uso culinário e na forma de chás, com efeito medicinal. Esta é comumente comercializada in natura e empregada popularmente como espasmolítica, antivomitiva, carmiativa, estomáquica e anti-helmíntica. Recentemente, tem sido utilizada no tratamento contra ameba, giárdia e tricomonas, com elevado percentual de cura.

Em Piracicaba, SP, foi observado oídio em plantas de M. x villosa num cultivo doméstico dessa erva. Nas plantas afetadas, a doença se concentrava nas folhas baixeiras, causando amarelecimento e grande desfolha. Nas folhas, a colonização pelo fungo se mostrava epifítica e anfígena, porém, exibia forte tendência hipófila.

Amostras foliares foram coletadas das plantas doentes e submetidas ao exame microscópico, por meio de microscopia de luz e microscopia eletrônica de varredura. Em ambas as análises, caracterizaram-se morfologicamente os conídios, conidióforos e apressórios.

Para a microscopia de luz, lâminas semi-permanentes foram preparadas, tendo como meio de montagem o lactofenol. Cinqüenta conídios e trinta células basais dos conidióforos, aleatoriamente escolhidos, tiveram o comprimento e a largura mensurados, usando-se aumento de 400x. Verificou-se também a possível presença de corpos de fibrosina nos conídios, por meio do preparo de lâminas usando uma solução de KOH como meio de montagem.

Para os exames em microscopia eletrônica de varredura, segmentos de folhas colonizados pelo fungo foram fixados, desidratados e metalizados com vapor de ouro. Posteriormente, foram observados em microscópio eletrônico de varredura Zeiss DSM 940-A.

Testes de inoculação em plantas sadias foram realizados, em condições controladas. A partir de plantas doentes, coletaram-se esporos, que foram transferidos, com auxílio de um pincel de cerdas macias, para ambas as superfícies de folhas de plantas sadias, mantidas em vasos. Após a manifestação dos sintomas e sinais nas plantas inoculadas, amostras foliares foram retiradas e submetidas aos mesmos procedimentos de microscopia já descritos.

O exame microscópico do material fúngico sobre as plantas doentes revelou a presença de conídios doliformes, medindo 23,532,5 x 15,020,2 µm, com média de 26,817,4 µm. Os conidióforos mostraram-se simples, cilíndricos, com célula basal medindo 58,3-80 x 11,9-14,4 µm, seguidas por 2 ou 3 células. O contorno das cadeias de conídios imaturos foi classificado como sinuado. Os apressórios apresentaram-se indistintos, caracterizados apenas por leve dilatação da hifa (Figura 1). Não foram observados corpos de fibrosina nos conídios. Estruturas da fase sexuada também não foram observadas.


Duas semanas após a inoculação, as plantas inoculadas apresentavam sintomas e sinais bastante evidentes (Figura 1). Assim como nas plantas observadas no campo, a colonização se mostrou anfígena, porém, com forte tendência hipófila. O patógeno presente nas plantas inoculadas apresentou as mesmas características morfológicas apresentadas pelo fungo observado em plantas de Mentha no campo.

As características morfológicas do patógeno, descritas neste trabalho, assemelham-se às observadas para as fases anamórficas do gênero Erysiphe, mesmo gênero já relatado em outras espécies de Mentha. Uma vez que a espécie M. x villosa apresenta pouca expressão econômica, testes de patogenicidade em M. arvensis necessitariam ser realizados para verificar se M. x villosa se comporta como hospedeiro alternativo para o oídio de M. arvensis, esta última com maior expressão econômica no Brasil. Este é o primeiro relato de Erysiphe causando oídio na espécie M. x villosa.

Data de chegada: 16/11/2004. Aceito para publicação em: 06/10/2005.

Autor para correspondência: Nelson S. Massola Júnior. <nmassola@esalq.usp.br>

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Out 2006
  • Data do Fascículo
    Jun 2006
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