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Ocorrência de Sclerotium rolfsii em plantas de kenaf no Estado de Pernambuco

COMUNICAÇÕES

Ocorrência de Sclerotium rolfsii em plantas de kenaf no Estado de Pernambuco

Íris Lettiere do Socorro Santos da Silva; Péricles de Albuquerque Melo Filho* * Autor para correspondência: Péricles de Albuquerque Melo Filho

Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Agronomia, 52.171-900, Recife, PE, pericles@ufrpe.br, irislletiere@bol.com.br

O kenaf (Hibiscus cannabinus L.) é uma planta anual herbácea, pertencente à família Malvaceae e cultivada no Egito há 6000 A.C. Teve origem no continente africano, sendo atualmente cultivada em países como a China, Tailândia, Índia, Estados Unidos e na América Latina. Trata-se de uma cultura importante para a indústria têxtil por fornecer grande quantidade de fibras de alta resistência, as quais, são utilizadas na confecção de tapetes, cordas, bolsas, papel, entre outros produtos. Tal propriedade a torna uma excelente alternativa em substituição à juta. O cultivo de kenaf vem aumentando mundialmente devido a seu ciclo curto e fornecimento de polpa clara empregada na indústria de papel. Isso tem dispensando o uso de ácidos clarificadores que são poluidores do meio ambiente. Além dessas utilidades, atribui-se ao kenaf a possibilidade de seu uso como fonte alimentar, fonte de produção de óleo e ainda, a possibilidade do seu emprego no tutoramento do inhame.

Em Pernambuco, o kenaf tem sido estudado para uso em programa de desenvolvimento sustentável e para controle de Aspergillus flavus em amendoim. Em uma área de plantio conduzida no Campus Experimental da Universidade Federal Rural de Pernambuco foi observada a presença de plantas doentes. Os sintomas iniciais foram o murchamento de plantas, seguido do estrangulamento na região do colo. Ainda no campo foi possível observar a presença de sinais do patógeno tais como: presença de escleródios claros, os quais se tornam marrom escuro e crescimento micelial de cor branco na área afetada.

O fungo foi isolado em meio de cultura BDA e identificado como Sclerotium rolfsii Sacc. A identificação tomou como base os caracteres morfológicos descritos para a espécie.

O teste de patogenicidade foi realizado com mudas de kenaf logo após a emissão da primeira folha definitiva. Escleródios e discos de micélio do fungo, cultivado em meio BDA, foram depositados sobre um ferimento no colo da planta, ocasionado por estilete flambado. Na testemunha, discos de BDA sem a presença do patógeno foram depositados sobre os ferimentos. Após a inoculação, as mudas foram submetidas a câmara úmida por 48 horas. Os primeiros sinais foram observados quatro dias após a inoculação, com a presença de micélio branco na região inoculada e posterior surgimento de escleródios (Figura 1). Os sintomas foram necrose no colo da planta, causando estrangulamento da região afetada (Figura 1) e murcha generalizada da planta. Para completar os postulados de Koch o fungo foi re-isolado das lesões produzidas e re-identificado como agente causal da doença. Em kenaf, a primeira ocorrência de Sclerotium rolfsii foi relatada em 2003 na África do Sul. No Brasil, esse é o primeiro relato.


Data de chegada: 21/10/2005.

Aceito para publicação em: 30/03/2006.

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    Autor para correspondência: Péricles de Albuquerque Melo Filho
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      14 Mar 2007
    • Data do Fascículo
      Mar 2007
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