COMUNICADOS
Ocorrência de Phakopsora jatrophicola em pinhão manso no estado do Paraná
Solange Monteiro de Toledo Piza Gomes Carneiro1 1 Autor para correspondência: Solange M. de Toledo Piza Gomes Carneiro, e-mail: solange_carneiro@iapar.br ; André Luiz Medeiros Ramos; Euclides Romano; Tatiana Marianowski; Jaqueline Pereira de Oliveira
Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR, Rodovia Celso Garcia Cid, Km 375, Caixa Postal 481, CEP 86001-970, Londrina, PR
Figura 1 - clique para ampliar
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma planta da família Euphorbiaceae, de origem centro-americana, disseminada pelos portugueses pela África e Ásia a partir do Caribe, via arquipélago de Cabo Verde; ocorre hoje na América do Sul, na Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Venezuela e Ilhas Galápagos. O pinhão manso pode ser descrito como um arbusto grande ou uma árvore de pequeno porte, que pode atingir 5 m de altura. Tradicionalmente, no Brasil e países da sua área de ocorrência, seu uso principal é para a formação de cercas vivas, ocupando divisas de propriedades e áreas agrícolas. Durante a primeira metade do século XX, concentrava-se a produção de sementes (tóxicas para humanos e animais) nas ilhas de Cabo Verde, para exportação para Portugal e França como matéria-prima para a fabricação de sabão, cuja produção mundial hoje é muito pequena.
A espécie vem sendo estudada como espécie potencial para a produção de biodiesel. Dados de produção de plantios na Índia indicam, para áreas sem irrigação e nível tecnológico médio, chegam a 2.000 kg de sementes/ha.ano, com teor de óleo entre 30 e 40% (SRIPHL. Centre of Excellence for Jatropha Biodiesel Promotion. Jatropha cultivation. Disponível em:<http://www.jatrophabiodiesel.org/jatrophaPlantation.php?_divid=menu2>. Acesso em 16 de julho de 2007). Para que se possa recomendar com segurança o uso desta espécie para cultivo em pequenas e médias propriedades ou projetos de grande escala, será necessária a intensificação de esforços de pesquisa nas linhas tais como melhoramento genético, sistemas de implantação, propagação e manejo, nutrição e controle de pragas e doenças.
Em Londrina, no norte do estado do Paraná, no mês de junho de 2007, foram observados sintomas de ferrugem em plantas cultivadas em vasos dentro de viveiro e também em campo na estação experimental do IAPAR. As folhas das plantas afetadas apresentavam inicialmente pequenos pontos cloróticos na página superior que correspondiam, na página inferior da folha, a pequenas pústulas salientes, que após o rompimento liberavam uma massa pulverulenta de urediniósporos de coloração bege, passando posteriormente a marrom claro. Em infecções severas, as pústulas coalesciam, desenvolvendo manchas castanhas, de formato irregular, no tecido mais afetado. O exame do material fúngico coletado de plantas doentes foi feito sob microscópio ótico, sendo que 100 urediniósporos presentes nas folhas foram medidos e fotografados, permitindo a identificação do patógeno (Viégas, A. P., Bragantia, v.5, n.1, p.7-8, 1945). Apenas a fase uredinial foi observada no material. Os urediniósporos apresentavam formato oval a elíptico, levemente equinulados, hipófilos, e coloração pardo-amarelada, medindo 29,3 µm (20-35 µm) de comprimento e 20,8 µm (16,5-27,5 µm) de largura. Este é o primeiro relato de Phakopsora jatrophicola (Arthur) Cummins sobre J. curcas no estado do Paraná, sendo que o patógeno pode ocorrer também sobre J. canescens (Benth) Mull.-Arg. e J. gossypifolia L. (Mendes et al., Fungos em plantas no Brasil, Brasília: Embrapa - SPI, Embrapa-Cenargen, 1998).
Data de chegada: 10/03/2008.
Aceito para publicação em: 06/09/2008
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
26 Maio 2009 -
Data do Fascículo
Fev 2009