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Colletotrichum gloeosporioides causando manchas foliares em plantas de canela-da-índia no Estado do Pará

COMUNICAÇÕES

Colletotrichum gloeosporioides causando manchas foliares em plantas de canela-da-índia no Estado do Pará

Rosemary Corrêa da CostaI; Jaqueline Rosemeire VerzignassiII* * Autor para correspondência: Jaqueline Rosemeire Verzignassi ( jaqueline.verzignassi@embrapa.br) ; Luiz Sebastião PoltronieriIII; Ruth Linda BenchimolIII; Eudes de Arruda CarvalhoIII

IUniversidade Federal Rural da Amazônia, Av. Tancredo Neves, 2501, CEP 66077-530, Belém, PA

IIEmbrapa Gado de Corte, Avenida Rádio Maia, 830, CEP 79106-550, Campo Grande, MS

IIIEmbrapa Amazônia Oriental, Tv. Enéas Pinheiro, S/N, CEP 66095-100, Belém, PA

A caneleira ou canela-da-índia (Cinnamomum zeylanicum) é uma pequena árvore originária do Ceilão, pertencente à família Lauraceae. Todas as partes da planta possuem utilidade e importância econômica. As folhas secas e a casca servem de condimento para mingaus e doces; das raízes se extrai a cânfora e as folhas são usadas em chás, extraindo-se delas, assim como das flores, óleos essenciais empregados na indústria de perfumaria. Apesar da grande importância dessa planta que há milênios é explorada e cujo cultivo na Amazônia é uma atividade bastante promissora, não são encontrados trabalhos dirigidos à descrição ou diagnose de microrganismos fitopatogênicos nesse cultivo. Durante inspeções de rotina realizadas no Campo Experimental da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém, PA, observou-se a presença de plantas de caneleira acometidas por lesões foliares cobrindo aproximadamente 60 % da área foliar. Os sintomas consistiam em grande quantidade de manchas de coloração pardo-escura ou preta, com centro mais claro, de contorno irregular, distribuídas pelo limbo foliar (Figura 1A). Amostras de folhas infectadas foram encaminhadas ao Laboratório de Fitopatologia da mesma Instituição para análise. Após as etapas rotineiras de limpeza e desinfestação dos tecidos, fragmentos da região de transição entre a lesão e os tecidos sadios foram transferidos para placas de Petri contendo o meio de cultura ágar-água e, em seguida, incubados a 26 ºC, sob alternância luminosa fornecida por lâmpadas fluorescentes (12h de claro/12h de escuro). As colônias formadas foram multiplicadas em meio BDA (Batata-Dextrose-Ágar). Após cinco dias do plaqueamento, observou-se o crescimento micelial e a reprodução de conídios identificados como sendo do fungo Colletotrichum gloesporioides (Penzig) Saccardo (BAILEY, J.A.; JEGER, J.M. Colletotrichum: biology, pathology and control. Oxford: British Society for Plant Pathology, 1992. 388p.) (Figura 1B). Testes de patogenicidade foram realizados em folhas sadias destacadas, em condições de laboratório. Para tal, discos de micélio do fungo + meio de cultura foram depositados na parte adaxial e abaxial das folhas previamente feridas, acondicionando-se o material inoculado em bandejas forradas com papel toalha umedecido com água esterilizada. Estas foram, em seguida, envolvidas com saco plástico, para proceder-se à câmara úmida. Após cinco dias, as lesões apresentavam as mesmas características daquelas observadas inicialmente no campo. O reisolamento de C. gloesporioides confirmou o patógeno como o agente causal das lesões foliares encontradas nas plantas de canela-da-índia. Os fungos do gênero Colletotrichum são fitopatógenos importantes nas regiões tropicais e subtropicais de cultivo do mundo. Afetam espécies de grande importância econômica e social, causando a doença de maior importância em locais de alta umidade e precipitação, a antracnose. Colletotrichum gloeosporioides (Penzig) Saccardo, é um fungo Mitospórico, da ordem Melanconiales e família Melanconiaceae. O teleomorfo (fase sexuada) foi descrito como Glomerella cingulata (Stonem) Spaulding e Von Schrenk, no filo Ascomycota, classe Ascomycetes, ordem Phyllachorales e família Glomerellaceae. As duas principais fontes de inóculo para ciclos secundários de infecção por Colletotrichum spp. são os conídios produzidos em acérvulos na fase anamórfica e os ascósporos nos peritécios, na fase teleomórfica. O micélio desse patógeno também pode permanecer viável por longo período de tempo, em sementes, restos culturais ou em infecções latentes em frutos. Este é o primeiro registro de C. gloesporioides em canela-da-índia no Estado do Pará.


Data de chegada: 26/06/2012

Aceito para publicação em: 20/06/2013

  • *
    Autor para correspondência: Jaqueline Rosemeire Verzignassi (
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      15 Out 2013
    • Data do Fascículo
      Set 2013
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