Aplicações preventivas e erradicantes de fungicidas no controle da ferrugem asiática da soja

COMUNICAÇÕES

Aplicações preventivas e erradicantes de fungicidas no controle da ferrugem asiática da soja

Guilherme Rossato Augusti; Bruno Giacomini Sari; Ivan Francisco Dressler da Costa; Joelton dos Santos Rodrigues; Renato Carnellosso Guerra

Departamento de Defesa Fitossanitária, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Av. Roraima, 1000, Cidade Universitária, 97105-900, Santa Maria, RS, Brasil

^{Autor para correspondência}

A utilização de fungicidas é a principal ferramenta de controle da ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi Sydow & Sydow). Atualmente a mistura de trizóis + estrobilurinas é amplamente utilizada no controle da doença. Porém uma nova molécula fungicida do grupo das carboxamidas (fluxapiroxade) foi lançada recentemente como alternativa no controle da ferrugem. Este fato demanda informações a respeito do seu efeito sobre o patógeno, de modo que se possa posicionar de forma correta a sua aplicação. Na safra 2011/2012 foi realizado um experimento em casa-de-vegetação, no município de Santa Maria/RS, com o objetivo de testar o efeito protetor e a eficiência no controle da ferrugem asiática da soja do fungicida piraclostrobina + epoxiconazol + fluxapiroxade (64,8 + 40 + 40 g i.a. ha^-1) em diferentes momentos de aplicação (pré e pós inoculação da ferrugem) comparando a um fungicida padrão composto pela mistura azoxistrobina + ciproconazol (60 + 24 g i.a. ha^-1). Para isso, inoculou-se plantas da cultivar de soja BMX 'Potência' RR no estádio R5.2 com uma suspensão contendo 1x105 esporos ml^-1 de P. pachyrhizi. Os fungicidas foram aplicados nos estádios fenológicos R1, R5.2 (48 horas antes da inoculação), 10 dias após a inoculação (DAI) e 17 DAI, utilizando-se um volume de aplicação de 150 L ha^-1. O delineamento utilizado foi o blocos ao acaso, em esquema fatorial 3 (fungicidas + testemunha) x 4 (momentos de aplicação), com quatro repetições, sendo cada parcela composta por quatro plantas de soja. Dois dias após a inoculação, avaliações diárias foram realizadas no sexto, oitavo e décimo trifólio de todas as plantas da parcela para determinar o número de dias para o aparecimento da primeira pústula e, assim, determinar o período de proteção dos fungicidas. Após a visualização da primeira pústula, cinco avaliações semanais foram realizadas nos mesmos trifólios para determinar a severidade da ferrugem, utilizando-se uma escala diagramática (Godoy,C.V. et al. Diagrammatic scale for assessment of soybean rust severity. Fitopatologia Brasileira, v.31, n.1, 2006). Com esses dados calculou-se a área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) (Campbell, C.L.; Madden, L.V. Introduction to plant disease epidemiology. New York: Wiley, 1990. 560 p.). Os dados foram submetidos a análise da variância e as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott (p<0,05). A utilização do fungicida com mistura tripla não resultou em um maior período de proteção quando comparado ao fungicida padrão em nenhum estádio de aplicação. O maior período de proteção dos fungicidas foi observado no décimo trifólio e em aplicações realizadas próximas a inoculação da ferrugem. Além da proximidade entre a pulverização e a inoculação, a maior absorção de fungicidas e a menor susceptibilidade de tecidos mais jovens à ferrugem estão relacionadas com o atraso no aparecimento dos sintomas. Analisando-se a AACPD conclui-se que, de maneira geral, as aplicações preventivas dos fungicidas são mais eficientes no controle da ferrugem em relação a aplicações erradicantes. Porém, o controle da doença não diferiu entre os fungicidas nas aplicações preventivas em todos os trifólios. Nas aplicações erradicantes, houve uma maior eficiência do fungicida piraclostrobina + epoxiconazol + fluxapiroxade quando comparado ao fungicida padrão apenas no décimo trifólio, resultado da maior absorção do fungicida em folíolos superiores e do aumento do número de sítios de ação sobre o patógeno. Portanto, a utilização de fungicidas com mistura tripla pode ser uma importante ferramenta em aplicações erradicantes, podendo ser posicionado em aplicações mais tardias, protegendo o tecido sadio, principalmente, no terço superior das plantas, que possui folhas mais jovens.

Tabela 1

Data de chegada: 22/05/2014.

Aceito para publicação em: 15/08/2014.

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  30 Out 2014
• Data do Fascículo
  Set 2014