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Patogenicidade de espécies de Botryosphaeriaceae endofíticas de plantas da Caatinga do estado do Ceará em manga e umbu-cajá

Pathogenicity of endophytic Botryosphaeriaceae species in plants of the Caatinga of Ceará State in mango and Spondias sp.

RESUMO

Espécies de Botryosphaeriaceae são importantes patógenos em diversas plantas lenhosas e não lenhosas, causando diferentes tipos de sintomas. Espécies desta família são usualmente consideradas patógenos fracos, causando doenças apenas quando estas plantas se encontram sob algum tipo de estresse como seca, temperaturas baixas ou elevadas, deficiência nutricional e danos causados por outros patógenos ou pragas. No entanto, pouco se conhece sobre a ocorrência e diversidade de espécies de Botryosphaeriaceae em plantas nativas do bioma Caatinga, localizado no Semiárido, e sobre a presença de fungos endofíticos nessas espécies, e muito menos sobre a sua importância como patógenos. O objetivo do presente estudo foi avaliar a patogenicidade de 74 isolados representando as espécies Botryosphaeria mamane, Pseudofusicoccum adansoniae, P. stromaticum, o complexo Neofusicoccum parvum/ribis, Lasiodiplodia gonubiensis e L. theobromae, identificados pela primeira vez como endofíticos em plantas típicas do bioma Caatinga. Testes de patogenicidade conduzidos em frutos de mangueira e ramos de plantas adultas de Spondias sp., revelaram que todas as espécies de Botryosphaeriaceae desse estudo foram patogênicas, sendo L. theobromae e o complexo N. parvum/ribis as mais agressivas. Este é o primeiro relato sobre fungos endofiticos em plantas do bioma Caatinga cearense, bem como a confirmação de que estas espécies podem atuar como fonte de inóculo para espécies de frutíferas comerciais da região do Semiárido brasileiro.

Palavras-chave
Caatinga; agressividade; diversidade; Mangifera indica

ABSTRACT

Species of the Botryosphaeriaceae are important pathogens in several woody and non-woody plants, causing different types of symptoms. Species of this family are usually regarded as weak pathogens, only causing diseases when plants are under some type of stress such as drought, hot or cold weather, poor nutrition and damage caused by other pathogens or pests. However, little is known about the occurrence and diversity of Botryosphaeriaceae species in native plants of the biome Caatinga, located in the Brazilian Semi-Arid Region, and about the presence of endophytic fungi in these species; even less is known about their importance as pathogens. The aim of the present study was to assess the pathogenicity of 74 isolates representing the species Botyosphaeria mamane, Pseudofusicoccum adansoniae, P. stromaticum, the complex Neofusicoccum parvum/ribis, Lasiodiplodia gonubiensis and L.theobromae, identified for the first time as endophytic in plants typical of the biome Caatinga. Pathogenicity tests conducted in mango fruits and branches of adult plants of Spondias sp. revealed that all Botryosphaeriaceous species of this study were pathogenic, and L. theobromae and the complex N.parvum/ribis were the most aggressive ones. This is the first report of such endophytic fungi in plants of the biome Caatinga in Ceará State, as well as the confirmation that these species can act as a source of inoculum for commercial fruit species of the Brazilian Semi-Arid Region.

Keywords
Caatinga; aggressiveness; diversity; Mangifera indica

Espécies de Botryosphaeriaceae (Dothideomycetes) têm distribuição mundial, sendo encontradas em todas as regiões geográficas, incluindo áreas de clima tropical, temperado e até em ambiente marinho, com exceção das regiões polares (22 Barr, M.E. Prodomus to the class Loculoascomycetes . Published by the author, Amherst, MA, 1987.,3434 Phillips, A.J.L.; Alves, A.; Abdollahzadeh, J., Slippers, B.; Wingfield, M.J.; Groenewald, J.Z.; Crous, P.W. The Botryosphaeriaceae: genera and species known from culture. Studies in Mycology , Baarn, v.76, p.51-167, 2013.,3535 Punithalingam, E. Plant diseases attributed to Botryodiplodia theobromae . Vaduz: Pat. J. Cramer, 1980.,3838 Sakayaroj, J.; Preedanon, S.; Supaphon, O.; jones, E.B.G.; Phongpaichit, S. Phylogenetic diversity of endophyte assemblages associated with the tropical seagrass Enhalus acoroides in Thailand. Fungal Diversity , Hong Kong, v.42, p.27-45, 2010.). Já foram relatadas infectando plantas do grupo das monocotiledôneas, dicotiledôneas e gimnospermas, e até liquens (11 Assis, J.S. Cultivo da mangueira : Colheita e pós-colheita. Petrolina: Embrapa Semi Árido, 2010. Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Manga/CultivodaMangueira_2ed/colheita.htm>. Acesso em: 21 Jan. 2014.
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). Seus hospedeiros incluem uma diversidade de plantas de importância agronômica, florestal e ornamental (11 Assis, J.S. Cultivo da mangueira : Colheita e pós-colheita. Petrolina: Embrapa Semi Árido, 2010. Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Manga/CultivodaMangueira_2ed/colheita.htm>. Acesso em: 21 Jan. 2014.
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,88 Denman, S.; Crous, P.W.; Kang, J.; Pascoe, L.; Wingfield, M.J. An overview of the taxonomic history of Botryosphaeria, and a re-evluation of its anamorphs based on morphology and ITS rDNA phylogeny. Studies in Mycology , Baarn, v.45, p.129-140, 2000.). Entre as doenças causadas por espécies de Botryosphaeriaceae estão podridão de frutos, manchas foliares, tombamento e podridão de colo em mudas, cancros, secas em brotos e mudas, gomose, seca descendente, vassoura-de-bruxa e morte de árvores (4141 Slippers, B.; Wingfield, M.J. Botryosphaeriaceae as endophytes and latent pathogens of woody plants: diversity, ecology and impact. Fungal Biology Reviews , Amsterdam, v.21, p.90-106, 2007.).

Espécies de Botryosphaeriaceae são frequentemente descritas como oportunistas ou patógenos latentes, os quais apresentam longo período de latência antes que algum fator como, por exemplo, estresse hídrico faça com que eles se tornem patogênicos, causando, frequentemente, cancros em seus hospedeiros (66 Burgess, T.; Wingfield, B.D.; Wingfield, M.J. Comparison of genotypic diversity in native and introduced populations of Sphaeropsis sapinea isolated from Pinus radiata. Mycological Research , Cambridge, v.105, p.1331-1339, 2001.,2828 Müllen, J. M.; Gilliam, C.H.; Hagen, A.K.; Morgan Jones. G. Lasiodiplodia theobromae cancer of dogwood, a disease influenced by drought stress or cultivar selection. Plant Disease , St. Paul, v.75, p.886-889, 1991.,4242 Smith, H.; Wingfield, M.J.; Crous, P.W.; Coutinho, T.A. Sphaeropsis sapinea and Botryosphaeria dothidea endophytic in Pinus spp. and Eucalyptus spp. in South Africa. South African Journal of Botany , Kirstenbosch, v.62, p.86-88, 1996.,4545 Taylor, A.; Hardy, G.E.J.; Wood, P.; Burgess, T. Identification and pathogenicity of Botryosphaeria species associated with grapevine decline in Western Australia. Australasian Plant Pathology , Clayton, v.34, p.187-195, 2005.). Essas espécies são bem conhecidas como endofíticas em uma variedade de plantas arbóreas. Entre as principais famílias botânicas já estudadas incluem-se Moraceae, Myrtaceae, Proteacea, Leguminosae, Pinaceae, Vitaceae e Anacardiaceae (66 Burgess, T.; Wingfield, B.D.; Wingfield, M.J. Comparison of genotypic diversity in native and introduced populations of Sphaeropsis sapinea isolated from Pinus radiata. Mycological Research , Cambridge, v.105, p.1331-1339, 2001.,88 Denman, S.; Crous, P.W.; Kang, J.; Pascoe, L.; Wingfield, M.J. An overview of the taxonomic history of Botryosphaeria, and a re-evluation of its anamorphs based on morphology and ITS rDNA phylogeny. Studies in Mycology , Baarn, v.45, p.129-140, 2000.,99 Fisher, P.J.; Petrini, O.; Sutton, B.C. A comparative study of fungal endophytes in leaves, xylem and bark of Eucalyptus nitens in Australia and England. Sydowia , Vienna, v.45, p.338-345, 1993.,1515 González, V.; Tello, M.L. The endophytic mycota associated with Vitis vinifera in central Spain. Fungal Diversity , Chiang Mai, v.47, p.29-42, 2011.,1616 Johnson, G.I.; Mead, A.J.; Cooke, A.W.; Dean, J.R. Mango stem-end rot pathogens fruit infection by endophytic colonisation of the inflorescence and pedicel. Annals of Applied Biology , London, v.120, p.225-234, 1992.,2424 Mohali, S.; Burgess T.I.; Wingfield, M.J. Diversity and host association of the tropical tree endophyte Lasiodiplodia theobromae revealed using simple sequence repeat markers. Forest Pathology , Berlin, v.35, p.385–396, 2005.,2727 Mohali, S.; Slippres, B.; Wingfield, M.J. Two new Fusicoccum species from Acacia and Eucaliptus in Venezuela recognizes based on morphology and DNA sequence data. Mycological Reserch , Amsterdam, v.110, p.405-413, 2006.,2929 Pancher, M.; Ceol, M.; Corneo, P.E.; Longa, C.M.; Yousaf, S.; Pertot, I.; Campisano, I. Fungal endophytic communities in grapevines (Vitis vinifera L.) respond to crop management. Applied and Environmental Microbiology , Washington, v.78, p.4308-4317, 2012.,4242 Smith, H.; Wingfield, M.J.; Crous, P.W.; Coutinho, T.A. Sphaeropsis sapinea and Botryosphaeria dothidea endophytic in Pinus spp. and Eucalyptus spp. in South Africa. South African Journal of Botany , Kirstenbosch, v.62, p.86-88, 1996.,4343 Stanosz, G.R.; Smith, D.R.; Guthmiller, M.A.; Stanosz, J.C. Persistence of Sphaeropsis sapinea on or in Asymptomatic Shoots of Red and Jack Pines. Mycologia . New York, v.89, p.525-530, 1997.,4444 Swart, L.; Crous, P.W.; Petrini, O.; Taylor, J.E. Fungal endophytes of Proteaceae, with particular emphasis on Botryosphaeria proteae. Mycoscience , Tokyo, New York, v.41, p.123-127, 2000.).

No Ceará, o bioma Caatinga cobre uma área de 126.926 km2, correspondendo a 85% da área do estado. Trata-se um bioma heterogêneo, com enorme diversidade de plantas endêmicas e introduzidas (44 Braga, R. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará . 2 ed. Fortaleza: Imprensa Oficial, 1960. 540p.,2020 Maia, G.N. Caatinga: árvores e arbustos e suas utilidades . 1ª ed. São Paulo: D&Z Computação Gráfica e Editora, 2004, 413p.). Apenas Lasiodiplodia theobromae (Pat.) Griff. & Maubl. foi relatado causando doenças na maioria das espécies de frutíferas estudadas nesse estado (1010 Freire, F.C.O.; Cardoso, J.E.; Viana, F.M.P. Doenças de fruteiras tropicais de interesse agroindustrial . Brasília-DF: Embarapa Informação Tecnológica; Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2003. 687p.,1111 Freire, F.C.O. Viana, F.M.P.; Cardoso, J.E.; Santos, A.A. Novos hospedeiros do fungo Lasiodiplodia theobromaeno Estado do Ceará . Fortaleza: Embrapa-CNPAT, 2004. 6p. (Embrapa-CNPAT. Comunicado Técnico, 91).,1717 Lima, J.S.; Alves, E.S.; Melo, J.G.M.; Moreira, R.C.; Martins, M.V.V.; Viana, F.M.P.; Cardoso, J.E. Caracterização cultural e patogenicidade de isolados de Lasiodiplodia theobromae em plantas de cajaraneira. Scientia Agraria Paranaensis , Cascavel, v.13, p.296-302, 2014.,1818 Lima, J.S.; Moreira, R.C.; Cardoso, J.E.; Martins, M.V.V.; Viana, F.M.P. Caracterização cultural, morfológica e patogênica de Lasiodiplodia theobromae associado a frutíferas tropicais. Summa Phytopathologica , Botucatu, v.39, p.81-88, 2013.,1919 Lima, J.S.; Cardoso, J.E.; Moreira, R.C.; Alves, E.S.; Melo, J.G.M. Caracterização cultural de isolados de Lasiodiplodia theobromaee patogenicidade em plantas de aceroleira. Revista Trópica - Ciências Agrárias e Biológicas , Chapadina, v.6, p.10-16, 2012.). No entanto, estudos realizados em outros locais mostram que espécies de Botryosphaeriacae associadas a estas mesmas frutíferas formam um grupo diverso (77 Costa, V. S. O.; Michereff, S.J.; Martins, R.B.; Gava, C.A.T.; Mizubuti, E.S.G.; Câmara, M.P.S. Species of Botryosphaeriaceae associated on mango in Brazil. European Journal Plant Pathology , London, v.127, p.509–519, 2010.,2222 Marques, M.W.; Lima, N.B.; Morais Júnior, M.A.; Michereff, S.J.; Phillips, A.J.L.; Câmara, M.P.S. Botryosphaeria. Neofusicoccum. Neoscytalidium and Pseudofusicoccum species associated with mango in Brazil. Fungal Diversity , Chiang Mai, v.61, p.195-208, 2013.,2323 Mcdonald, V.; Eskalen, A. Botryosphaeriaceae species associated with avocado branch cankers in California. Plant Disease , St. Paul, v.95, p.1465-1473, 2011.). Além disso, várias plantas exóticas introduzidas no estado do Ceará são hospedeiras de uma diversidade de espécies de Botryosphaeriaceae em outros países (55 Burgess, T.I.; Barber, P.A.; Hardy, G.E.S. Botryosphaeria spp. associated with eucaliptis in western Australia, incluindig a descrition of Fusicoccum macroclavatumsp. nov. Australasian Plant Pathology , Clayton, v.34, p.557-567, 2005.,2727 Mohali, S.; Slippres, B.; Wingfield, M.J. Two new Fusicoccum species from Acacia and Eucaliptus in Venezuela recognizes based on morphology and DNA sequence data. Mycological Reserch , Amsterdam, v.110, p.405-413, 2006.,4040 Slippers, B.; Fourie, G.; Crous, P. W.; Coutinho, T.A.; Wingfield, B.D.; Carnegie, A.J.; Wingfield, M.J. Speciation and distribution of Botryosphaeria spp. on native and introduced Eucalyptus trees in Australia and South Africa. Studies in Mycology , Baarn, v.50, p.343-358, 2004.,4242 Smith, H.; Wingfield, M.J.; Crous, P.W.; Coutinho, T.A. Sphaeropsis sapinea and Botryosphaeria dothidea endophytic in Pinus spp. and Eucalyptus spp. in South Africa. South African Journal of Botany , Kirstenbosch, v.62, p.86-88, 1996.).

Infecção por Botryosphaeriaceae em plantas arbóreas ocorre predominantemente através de transmissão horizontal, ou seja, através de esporos ou órgão vegetais infectados. O movimento de patógenos entre hospedeiros nativos e introduzidos tem sido reconhecido como uma significativa ameaça às populações locais de plantas (4040 Slippers, B.; Fourie, G.; Crous, P. W.; Coutinho, T.A.; Wingfield, B.D.; Carnegie, A.J.; Wingfield, M.J. Speciation and distribution of Botryosphaeria spp. on native and introduced Eucalyptus trees in Australia and South Africa. Studies in Mycology , Baarn, v.50, p.343-358, 2004.,4141 Slippers, B.; Wingfield, M.J. Botryosphaeriaceae as endophytes and latent pathogens of woody plants: diversity, ecology and impact. Fungal Biology Reviews , Amsterdam, v.21, p.90-106, 2007.).

Vários estudos mostram que espécies de Botryosphaeriaceae isoladas de tecidos sadios quando inoculadas artificialmente em seus próprios hospedeiros ou em outras espécies de plantas se comportam como patógenos altamente agressivos (33 Begoude, B.A.D.; Slippers, B.; Wingfield, M.J.; Roux, J. Botryosphaeriaceae associated with Terminalia catappa in Cameroon, South Africa and Madagascar. Mycological Progress , Cambridge, v.9, p.101-123, 2010.,3030 Pavlic, D.; Slippers, B.; Coutinho, T.A.; Wingfield, M.J. Botryosphaeriaceae occurring on native Syzygium cordatum in South Africa and their potential threat to Eucalyptus. Plant Pathology , Oxford, v.56, p.624-636, 2007.,3333 Pérez, C.A.; Wingfield, M.J.; Slippers, B.; Altier, N.A.; Blanchette, R.A.. Endophytic and canker-associated Botryosphaeriaceae occurring on non-native Eucalyptus and native Myrtaceae trees in Uruguay. Fungal Diversity , Hong Kong, v.41, p.53-69, 2010.,3636 Sakalidis, M.L.; Hardy, G.S.J.; Burguess, T.I. Endophytes as potential pathogens of the baobab species Adansonia gregorii: a focus on the Botryosphaeriaceae. Fungal Ecology , Amsterdam, v.4, p.1-14, 2011a.,4646 Taylor, K.; Barber, P.A.; Hardy, G.E.J.; Burgess, T.I. Botryosphaeriaceae from tuart (Eucalyptus gomphocephala) woodland, including descriptions of four new species. Mycological Research , Cambridge, v.113, p.337-353, 2009.). Estudos realizados com espécies de Botryopshaeriaceae isolados de Syzygium cordatum Hochst., nativas da África do Sul, revelaram que eles são capazes de causar sintoma de doença em S. cordatum e no clone Ecaliptus grandis x camaldulensis quando inoculados artificialmente (3030 Pavlic, D.; Slippers, B.; Coutinho, T.A.; Wingfield, M.J. Botryosphaeriaceae occurring on native Syzygium cordatum in South Africa and their potential threat to Eucalyptus. Plant Pathology , Oxford, v.56, p.624-636, 2007.). Em um levantamento de espécies de Botryosphaeriaceae associadas a sintomas e endofíticas de EucaliptusL’Her e Myrtaceae nativas do Uruguai, observou-se que os isolados obtidos das espécies nativas e identificados como L. pseudotheobromae A. J. L. Phillips, A. Alves & Crous, Neofusicoccum eucalyptorum (Slippers, Crous & M.J. Wingf.) Crous, Slippers & A.J.L. Phillips e o complexo N. parvum/ribis foram patogênicos a E. grandis W.Hill ex Maiden (3333 Pérez, C.A.; Wingfield, M.J.; Slippers, B.; Altier, N.A.; Blanchette, R.A.. Endophytic and canker-associated Botryosphaeriaceae occurring on non-native Eucalyptus and native Myrtaceae trees in Uruguay. Fungal Diversity , Hong Kong, v.41, p.53-69, 2010.). Recentemente, plantas como o baobá (Adansonia gregorii F.Muell.) e outras espécies vegetais nativas na Austrália foram investigadas quanto à presença de fungos endofíticos, sendo possível a identificação de 11 espécies de Botryosphaeriaceae. Testes de patogenicidade determinaram que todas estas espécies foram patogênicas a mudas e raízes de baobá (3636 Sakalidis, M.L.; Hardy, G.S.J.; Burguess, T.I. Endophytes as potential pathogens of the baobab species Adansonia gregorii: a focus on the Botryosphaeriaceae. Fungal Ecology , Amsterdam, v.4, p.1-14, 2011a.).

Apesar de muitas espécies de Botryosphaeriaceae, terem sido reportadas como endofíticas em diversas espécies de hospedeiros de diferentes ambientes (4141 Slippers, B.; Wingfield, M.J. Botryosphaeriaceae as endophytes and latent pathogens of woody plants: diversity, ecology and impact. Fungal Biology Reviews , Amsterdam, v.21, p.90-106, 2007.), pouco se sabe a respeito da sua biologia. A respeito da biodiversidade da Caatinga, muito pouco se conhece sobre sua população fúngica e muito menos sobre suas funções ecológicas. Com relação aos fungos endofíticos no Nordeste, as informações são incipientes (1212 Freire, F.C.O.; Bezerra, J.L. Foliar endophyic fungi of Ceará State (Brazil) - a preliminary study. Summa Phytopathologica , Botucatu, v.27, p.304-308, 2001.,2121 Mariano, R.L.R.; Lira, R.V.I.; Silveira, E.B.; Menezes, M.. Levantamento de fungos endofíticos e epifíticos em folhas de coqueiro no Nordeste do Brasil. I. Frequência da população fúngica e efeito da hospedeira. Agrotrópica , Itabuna, v.9, p.127-134, 1997.,3939 Silva, R.L.O.; Luz, J.S.; Silveira, E.B.; Cavalcante, U.M.T. Fungos endofíticos em Annona spp.: isolamento, caracterização enzimática e promoção do crescimento em mudas de pinha (Annona squamosa L.). Acta Botânica Brasileira , Belo Horizonte, v.20, p.649-655, 2006.), e sobre Botryosphaeriaceae pouco é conhecido (1414 Gonçalves, F.J.T.; Freire, F.C.O.: Lima, J.S. Fungos endofíticos e seu potencial como produtores de compostos bioativos. Essentia , Sobral, v.15, p.71-92, 2013.).

Diante do exposto, especula-se que as espécies de Botryosphaeriaceae que vivem como endofitícas em plantas do bioma Caatinga são, na verdade, patógenos latentes que podem causar doenças em seus hospedeiros ou em outras espécies quando estes se encontram em condição de estresse. Assim, o objetivo desse estudo foi avaliar a patogenicidade de espécies de Botryosphaeriaceae endofíticas de plantas do bioma Caatinga no estado de Ceará, através de inoculação em ramos de plantas de umbu-cajá (Spondiassp.) e em frutos de mangueira (Mangifera indica L.).

MATERIAL E MÉTODOS

Obtenção dos isolados

Todos os isolados utilizados nesse estudo (Tabel 1) são provenientes da Coleção de Culturas da Embrapa Agroindústria Tropical (CNPAT), os quais foram identificados com base na morfologia e sequências de ITS. Os mesmos se encontram preservados através do método de Castellani e em óleo mineral.

Tabela 1
Espécies de Botryosphaeriaceae utilizadas neste estudo com respectivos hospedeiros, órgãos de onde foram isolados e município de coleta, no estado do Ceará.

Teste de patogenicidade em ramos

Para avaliar a patogenicidade dos isolados em ramos, foram utilizadas plantas de umbu-cajá (Spondias sp.) entre 4 e 6 anos de idade. As plantas foram inoculadas na região próxima às pontas dos ramos, cujo diâmetro era de aproximadamente 8 mm. Neste experimento foram utilizados 74 isolados mais o controle. Cada isolado, bem como o tratamento controle, foram inoculados em seis plantas, totalizando 75 ramos por planta e um total de 450 ramos inoculados. O fungo foi inoculado através da perfuração, com o auxílio de um vazador metálico de 5 mm de diâmetro, possibilitando a retirada da casca e a exposição do lenho. Em cada perfuração foi depositado um disco de BDA com 5 mm de diâmetro contendo as estruturas do fungo, incubado por um período de 5 a 6 dias. Em cada inoculação, buscou-se o contato do disco contendo estruturas do patógeno com o lenho da planta. Em seguida, o inóculo foi coberto com a casca retirada anteriormente, coberto com vaselina sólida e envolvido com Parafilme® por todo o período do experimento. A testemunha foi inoculada apenas com um disco de BDA estéril com as mesmas dimensões.

Para avaliação do comprimento da lesão interna, ao completar 85 dias após a inoculação, os ramos contendo a lesão causada pelo inóculo foram separados da planta e levados ao laboratório, onde foi feito um corte longitudinal, de modo a expor a lesão interna e possibilitar a medição do comprimento máximo da lesão, realizada com o auxílio de um paquímetro. Foram utilizadas 6 repetições por tratamento (isolado), empregando o delineamento em blocos ao acaso, sendo cada ramo da planta uma unidade experimental. Finalmente, os postulados de Koch foram concluídos através do reisolamento do patógeno em BDA, seguido do cultivo dos mesmos em ágar-água contendo acículas de pinheiro para permitir a esporulação e confirmar a presença do fungo inoculado. Os dados obtidos foram utilizados para o cálculo do comprimento da lesão em ramos (SevF).

Teste de patogenicidade em manga

O experimento foi realizado no Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Agroindústria Tropical, localizado no município de Fortaleza-CE. Foram utilizadas frutos de manga da cv. Tommy Atkins no estagio “3” de maturação (11 Assis, J.S. Cultivo da mangueira : Colheita e pós-colheita. Petrolina: Embrapa Semi Árido, 2010. Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Manga/CultivodaMangueira_2ed/colheita.htm>. Acesso em: 21 Jan. 2014.
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). Os frutos foram lavados com água corrente e detergente neutro, e em seguida submetidos a uma desinfestação com uma solução de hipoclorito de sódio a 1,5% durante 5 minutos e, posteriormente, lavados com água destilada e secos à temperatura ambiente.

Os isolados utilizados nas inoculações foram cultivados em placas de Petri contendo batata-dextrose-ágar (BDA) por um período de 5 dias a uma temperatura de 26 ± 1 ºC. A inoculação foi realizada depositando-se discos de 5 mm de diâmetro de BDA contendo o crescimento fúngico retirados com um furador metálico com o mesmo diâmetro. O inóculo foi depositado sobre um ferimento na região mediana do fruto previamente realizado com um furador de 5 esiletes à 2 mm de profundidade. A testemunha foi inoculada com um disco de BDA estéril sem o fungo. Após a inoculação, os frutos foram colocados em uma bandeja plástica (6 frutos por bandeja) e submetidos à câmara úmida por 48 horas, sendo, posteriormente, mantidos em uma sala de incubação, no escuro, a uma temperatura de aproximadamente 26 ± 1 ºC.

Foram utilizados 6 frutos por tratamento (isolado), tendo como unidade experimental um fruto de manga, utilizando o delineamento inteiramente casualizado, totalizando 450 frutos. As medições dos diâmetros das lesões foram realizadas a intervalos de 24 horas durante 05 dias, mensurando-se o comprimento da lesão no sentido longitudinal e transversal do fruto com o auxilio de uma fita métrica flexível e um paquímetro. Os dados obtidos foram utilizados para o cálculo do diâmetro da lesão em frutos (SevF), a taxa de progresso da doença em frutos (TPDF), a área abaixo da curva de progresso da doença em frutos (AACPDF) e o período de incubação em frutos (PIF). Para avaliação do período de incubação em frutos (PIF), considerou-se como aparecimento dos sintomas, o dia em que o diâmetro da lesão ultrapassou 5 mm (diâmetro do disco de estruturas do fungo).

Análise dos dados

Os dados coletados neste estudo, referentes a cada variável observada, foram submetidos à análise de variância e as médias agrupadas por meio do teste de Scott-Knott, utilizando o programa estatístico Sisvar 5.3. Os dados de todas as variáveis foram empregados em análises de correlação realizadas pelo método de Pearson.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os frutos inoculados com os isolados das espécies de Botryosphaeriaceae desenvolveram lesões úmidas de coloração marrom após o quinto dia de inoculação. Para alguns isolados, foram observadas rachaduras que se desenvolveram a partir do ponto de inoculação, apresentando crescimento micelial e escorrimento de um líquido cor de vinho (Figura 1A-B). Além disso, foi possível observar pontos escuros sob a epiderme dos frutos, representados pelos primórdios picnidiais (Figura 1C-D). Os ramos inoculados apresentaram lesões de cor marrom a marrom escura sobre a casca e no interior dos tecidos (Figura 1E-F). Para vários isolados observou-se o desenvolvimento de rachaduras sobre a casca bem como uma exudação abundante de goma sobre o ponto inoculado Além disso, o surgimento de pontos escuros correspondente a picnídios foram observados sobre a casca de alguns ramos inoculados.

Figura 1
Sintomas causados por espécies de Botryosphaeriaceae em manga e ramos de umbu-cajá. A (LFP 389 = N. parvum/ribis); B (LFP 518 = L. theobromae); C (LFP 20 = B. mamane); D (LFP 570 = P. stromaticum); E (LFP 378 = L. theobromae); F (LFP 715 = N. parvum/ribis).

O comprimento de lesão em ramos (SevR) foi avaliado para 74 isolados de Botryosphaeriaceae e a maioria foram patogênicos. A SevR da doença variou entre espécies (Figura 2) e entre isolados dentro da mesma espécie. Foram formados três grupos designados de “a”, “b” e “c” (Tabela 2). O grupo “a” com comprimentos de lesões entre 13,7 e 52 mm, ficou formado por 90% dos isolados e foi considerado o menos agressivo. Neste mesmo grupo, 32,8% dos isolados eram L. theobromae, 29,8% Pseudofusicoccum stromaticum (Mohali, Slippers & M.J. Wingf.) Mohali, Slippers & M.J. Wingf e 25,3% do complexo N. parvum/ribis. Todas as espécies de Botryosphaeria mamane D. E. Gardner, Lasiodiplodia gonubiensisPavlic, Slippers & M.J. Wingf. e Pseudofusicoccum adansoniaePavlic, T. I. Burgess & M. J. Wingf. se agruparam em “a”. O grupo “b” com comprimentos de lesões entre 59 e 94,7 mm foi considerado de agressividade moderada e ficou formado por 8,1 % dos isolados. Todos os isolados do grupo “b” eram da espécie L. theobromae. O grupo “c” ficou formado apenas pelo isolado LFP 252 da espécie L. theobromae com comprimento de lesão de 157,5 mm. Este grupo foi considerado o mais agressivo e corresponde a 1,9% dos isolados.

Figura 2
Comprimento de lesão em ramos (SevR) para as espécies de Botryosphaeraceae inoculadas em ramos de umbú-cajá (Spondias sp.). Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de significância.
Tabela 2
Componentes epidemiológicos testados sobre 74 isolados de Botryosphaeriaceae, distribuídos em seis espécies fúngicas.

De acordo com o teste de Scott Knott (P<0,05), para comprimento de lesão em ramos (SevR), L. theobromae diferiu das demais espécies se apresentando como a mais agressiva. Já as demais espécies por sua vez, não diferiram entre si e foram consideradas espécies menos agressivas (Figura 2).

O diâmetro de lesão em frutos (SevF) causado por 74 isolados de Botryosphaeriaceae está representado na Tabela 2. Com exceção do isolado LFP 151 (P. stromaticum), todos os demais foram considerados patogênicos sobre manga durante o período de avaliação, que foi finalizado cinco dias após à inoculação. Porém a severidade da doença variou entre espécies (Figura 3A) e entre isolados dentro da mesma espécie.

De acordo com o teste de agrupamento de médias de Scott-Knott (P<0,05), formaram-se três grupos em ordem crescente de agressividade, representados pelas letras “a”, “b” e “c” (Tabela. 2). O grupo “a” ficou composto por 16,2% dos isolados e a SevF variou entre 7,8 e 25,8 mm para os isolados patogênicos. Este grupo ficou composto principalmente pelas espécies B. mamane e P. stromaticum e foi considerado o grupo menos agressivo. No grupo “b”, considerado de agressividade moderada, ficaram 25,7% dos isolados, representados por todas as espécies dos fungos testados. Neste grupo o diâmetro das lesões variou entre 31,5 e 57,1 mm. Com diâmetro de lesão variando entre 60 e 108,7 mm, o grupo “c” ficou representado por 58,1% dos isolados e foi considerado o grupo mais agressivo. Proporcionalmente, este grupo ficou assim representado: 65,1% por L. theobromae, 25,6% pelo complexo N. parvum/ribis e 9,3% por P. stromaticum. Com exceção do isolado LFP 258, todos os isolados de L. theobromae ficaram neste grupo.

Quando foi comparada a agressividade entre as espécies, L. theobromae e N. parvum/ribis não diferiram entre si e foram as espécies mais agressivas. P. stromaticum, juntamente com B. mamane, L. gonubiensis e P. adansoniae não diferiram entre si e foram as espécies menos agressivas (Figura 3A).

Figura 3
Componentes epidemiológicos testados em oito espécies fúngicas; Para cada componente epidemiológico, médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de significância; (A) SevF = diâmetro da lesão em frutos de manga; (B) AACPDF = área abaixo das curva de progresso da doença em frutos de manga; (C) TPDF = taxa de progresso da doença em frutos de manga; (D) PIF = período de incubação em frutos de manga.

A taxa de progresso da doença em frutos (TPDF) foi calculada para 74 isolados. Segundo o teste de Scott-Knott (P<0,05), foram formados os seguintes grupos: “a”, “b” e “c” (Tabela 2). O grupo “a”, com valores de TPDF que variou entre 2,0 e 6,4, ficou formado por 16,2 % dos isolados e foi considerado o grupo menos agressivo. Além disso, este grupo ficou formado, principalmente, pelas espécies B. mamane e P. stromaticum. No grupo “b”, com valores de TPDF entre 7,9 e 14,3, ficaram 25,7% dos isolados e foi considerado de agressividade moderada. Este grupo ficou representado por isolados de todas as espécies testadas. O grupo “c”, considerado o mais agressivo, ficou composto por 58,1% dos isolados. Todos os isolados de L. theobromae ficaram agrupados em “c”, com exceção do isolado LFP 258. Assim, este grupo ficou composto por 65,1% de L. theobromae, 25,6% pelo complexo N. parvum/ribis e 9,3% por P. stromaticum.

Comparando a agressividade entre as espécies, L. theobromae e N. parvum/ribis não diferiram entre si e foram as mais agressivas. As demais espécies não diferiram entre si e foram consideradas as menos agressivas (Figura 3C).

Foi calculada a área abaixo da curva de progresso da doença em frutos (AACPDF) para 74 isolados. Através do teste de Scott-Knott (P<0,05), formaram-se em ordem crescente de agressividade os seguintes grupos: “a”, “b”, “c” e “d” (Tabela 2). O grupo “a” ficou formado por 21,6% dos isolados com predominância das espécies B. mamane, e P. stromaticum. Neste grupo, os valores da AACPDF variaram entre 9,2 e 46,9 e agrupou os isolados menos agressivos. O grupo “b” com predominância das espécies do complexo N. parvum/ribis e P. stromaticum ficou com 29,7% dos isolados e os valores da AACPDF variaram entre 53,4 e 103,4. Já o grupo “c” com valores de AACPDF variando entre 113,4 e 154,7 ficou com formado por 23% dos isolados. Formaram esse grupo as espécies do complexo N. parvum/ribis, L. theobromae e P. stromaticum. Nos grupos “b” e “c” ficaram aqueles isolados de agressividade moderada. O grupo “d” ficou formado por 25,7% dos isolados e os valores da AACPDF variaram entre 158,3 e 214,5. Neste grupo ficaram aqueles isolados mais agressivos e todos da espécie L. theobromae.

Com relação à AACPDF, L. theobromae diferiu das demais espécies e foi a mais agressiva, seguida pelo complexo N. parvum/ribis de agressividade moderada. Já as espécies P. stromaticum, L. gonubiensis, B. mamane, P. adansoniae não diferiram entre si e foram consideradas as menos agressivas (Figura 3B).

Foram avaliados 74 isolados para o período de incubação em frutos (PIF) que, por sua vez, variou entre 1,5 e 4,8 dias. Para esta variável foram formados os grupos “a”, “b”, “c” e “d” (Tabela 2). O grupo “a” ficou composto por 31% dos isolados e apresentou PIF entre 1,5 e 2,0 dias. A maioria dos isolados foram representados por L. theobromae com os menores PIF e, portanto o grupo com os isolados mais agressivos. O grupo “b” apresentou PIF entre 2,2 e 2,8 dias e ficou formado por 27% dos isolados com predominância das espécies do complexo N. parvum/ribis. Agruparam-se em “c” 23% dos isolados com PIF entre 3,0 e 3,6 dias e com predominância de P. stromaticum. Os grupos “b” e “c” ficaram formados por isolados de PIF mediano e, portanto, de agressividade moderada. No grupo “d” ficaram aqueles isolados com os maiores PIF variando entre 3,8 e 4,8 dias e, portanto, os menos agressivos. As espécies predominates nesse grupo foram B. mamane (100% dos isolados) e P. stromaticum.

De acordo com o teste de Scott-Knott (P<0,05), para a variável PIF, a espécie L. theobromae diferiu das demais, se apresentando como a mais agressiva. A espécie L. gonubiensis e o complexo N. parvum/ribis não diferiram entre si, apresentando agressividade moderada. Finalmente, as espécies P. stromaticum, P. adansoniae, B. mamane não diferiram entre si, e foram menos agressivas (Fig. 3D).

De acordo com o índice de correlação de Pearson, houve interação significativa entre todas as variáveis estudadas (Tabela 3). Assim, houve altas correlações entre SevR, AACPDF, TPDF e SevF. A maior correlação ocorreu entre AACPDF e SevF que foi de 0,97, enquanto a menor correlação aconteceu entre SevF e TPDF que foi de 0,63. As correlações entre PIF e as demais variáveis foram negativas, ou seja, os isolados que apresentaram menores PIF, foram aqueles que apresentaram maiores SevR, TPDF, SevF e AACPDF. Esses resultados sugerem que o estudo da agressividade de espécies de Botryosphaeraceae pode ser realizado observando-se apenas um dos componentes epidemiológicos abordados neste estudo, visto que todas estas variáveis mostraram interação significativa entre si.

Tabela 3
Coeficiente de correlação de Pearson entre as variáveis analisadas sobre ramos de umbu-cajá e frutos de manga.

A maioria das espécies de Botryosphaeriaceae isoladas neste estudo foi de L. theobromae a qual representou 38,6% do total de isolados. Esta espécie também foi a mais agressiva e foi isolada como endofítica de 19 hospedeiros nativos e introduzidos na Caatinga do estado do Ceará. Vários estudos mostram que L. theobromae não apresenta especificidade por hospedeiro (1717 Lima, J.S.; Alves, E.S.; Melo, J.G.M.; Moreira, R.C.; Martins, M.V.V.; Viana, F.M.P.; Cardoso, J.E. Caracterização cultural e patogenicidade de isolados de Lasiodiplodia theobromae em plantas de cajaraneira. Scientia Agraria Paranaensis , Cascavel, v.13, p.296-302, 2014.,1818 Lima, J.S.; Moreira, R.C.; Cardoso, J.E.; Martins, M.V.V.; Viana, F.M.P. Caracterização cultural, morfológica e patogênica de Lasiodiplodia theobromae associado a frutíferas tropicais. Summa Phytopathologica , Botucatu, v.39, p.81-88, 2013.,1919 Lima, J.S.; Cardoso, J.E.; Moreira, R.C.; Alves, E.S.; Melo, J.G.M. Caracterização cultural de isolados de Lasiodiplodia theobromaee patogenicidade em plantas de aceroleira. Revista Trópica - Ciências Agrárias e Biológicas , Chapadina, v.6, p.10-16, 2012.) e, o comportamento dessa espécie como fungo endofítico e patógeno latente já foi relatado em uma diversidade de plantas hospedeiras (2424 Mohali, S.; Burgess T.I.; Wingfield, M.J. Diversity and host association of the tropical tree endophyte Lasiodiplodia theobromae revealed using simple sequence repeat markers. Forest Pathology , Berlin, v.35, p.385–396, 2005.,3030 Pavlic, D.; Slippers, B.; Coutinho, T.A.; Wingfield, M.J. Botryosphaeriaceae occurring on native Syzygium cordatum in South Africa and their potential threat to Eucalyptus. Plant Pathology , Oxford, v.56, p.624-636, 2007.). Este estudo reforça a elevada frequência de L. theobromae como patógeno latente e/ou endofítico em plantas do bioma Caatinga, situando-o como uma ameaça as plantas de interesse agrícola e florestal nessa área.

Representantes do complexo N. parvum/ribis foram a segunda espécie mais agressiva e ficou representada por 22,6% do total de isolados, oriundas a partir de 13 espécies de plantas hospedeiras. A natureza agressiva de espécies do complexo N. parvum/ribis já foi relatada em alguns estudos, chegando a superar L. theobromae em agressividade (2626 Mohali, S.; Slippres, B.; Wingfield, M.J. Pathogenicity of seven species of the Botryosphaeriaceae on Eucalyptus clone in Venezuela. Australasian Plant Pathology , Clayton, v.38, p.135-140, 2009.). Além disso, espécies do complexo N. parvum/ribis isoladas como endofíticas são capazes de causar doenças em plantas quando inoculadas artificialmente, além de se colocar como a segunda espécie mais agressiva quando comparada a L. theobromae(3030 Pavlic, D.; Slippers, B.; Coutinho, T.A.; Wingfield, M.J. Botryosphaeriaceae occurring on native Syzygium cordatum in South Africa and their potential threat to Eucalyptus. Plant Pathology , Oxford, v.56, p.624-636, 2007.,3333 Pérez, C.A.; Wingfield, M.J.; Slippers, B.; Altier, N.A.; Blanchette, R.A.. Endophytic and canker-associated Botryosphaeriaceae occurring on non-native Eucalyptus and native Myrtaceae trees in Uruguay. Fungal Diversity , Hong Kong, v.41, p.53-69, 2010.,3636 Sakalidis, M.L.; Hardy, G.S.J.; Burguess, T.I. Endophytes as potential pathogens of the baobab species Adansonia gregorii: a focus on the Botryosphaeriaceae. Fungal Ecology , Amsterdam, v.4, p.1-14, 2011a.). No Uruguai, representantes do complexo N. parvum/ribis têm ampla ocorrência em Eucaliptus introduzido e Myrtaceae nativas (3333 Pérez, C.A.; Wingfield, M.J.; Slippers, B.; Altier, N.A.; Blanchette, R.A.. Endophytic and canker-associated Botryosphaeriaceae occurring on non-native Eucalyptus and native Myrtaceae trees in Uruguay. Fungal Diversity , Hong Kong, v.41, p.53-69, 2010.). Espécies pertencentes ao complexo N. parvum/ribis têm sido recentemente relatadas associadas à morte descedente e podridão peduncular em mangueira no Nordeste do Brasil (77 Costa, V. S. O.; Michereff, S.J.; Martins, R.B.; Gava, C.A.T.; Mizubuti, E.S.G.; Câmara, M.P.S. Species of Botryosphaeriaceae associated on mango in Brazil. European Journal Plant Pathology , London, v.127, p.509–519, 2010.,2222 Marques, M.W.; Lima, N.B.; Morais Júnior, M.A.; Michereff, S.J.; Phillips, A.J.L.; Câmara, M.P.S. Botryosphaeria. Neofusicoccum. Neoscytalidium and Pseudofusicoccum species associated with mango in Brazil. Fungal Diversity , Chiang Mai, v.61, p.195-208, 2013.). Os resultados desse estudo apontam que a frequência de espécies do complexo N. parvum/ribis em plantas do bioma Caatinga é ampla. Portanto, se fazem necessários estudos envolvendo um número mais abrangente de plantas hospedeiras dessas espécies, bem como, para o melhor conhecimento do comportamento dessas espécies, testando sua patogenicidade em outras plantas de importância econômica para a região.

Com 28% de todos os isolados desse estudo, P. stromaticum formou o segundo grupo mais representativo de Botryosphaeriaceae. Esses foram isolados a partir 18 espécies de plantas hospedeiras. Esta espécie foi relatada pela primeira vez como Fusicoccum stromaticum Mohali, Slippers M. J. Wingf., associada a sintoma e como endofítica sobre espécies de Eucalyptuse Acacia mangium Willd., na Venezuela (2727 Mohali, S.; Slippres, B.; Wingfield, M.J. Two new Fusicoccum species from Acacia and Eucaliptus in Venezuela recognizes based on morphology and DNA sequence data. Mycological Reserch , Amsterdam, v.110, p.405-413, 2006.). Verificou-se que P. stromaticum, apesar de menos agressiva do que L. theobromae e que o complexo N. parvum/ribis, foi capaz de causar doença em manga e ramos de umbu-cajá. Alguns isolados apresentaram agressividade elevada superando alguns isolados de L. theobromae e do complexo N. parvum/ribis. Inoculações com Botryosphaeriaceae em clones de Eucaliptus mostram que a espécie P. stromaticum é mais agressiva do que L. theobromae e B. mamane, porém, menos agressiva do que N. parvum e N. ribis(2626 Mohali, S.; Slippres, B.; Wingfield, M.J. Pathogenicity of seven species of the Botryosphaeriaceae on Eucalyptus clone in Venezuela. Australasian Plant Pathology , Clayton, v.38, p.135-140, 2009.). Isso sugere que esse grupo de fungos também representa uma ameaça às plantas de importância agronômica e florestal na Caatinga e áreas vizinhas.

Apenas 4 isolados de B. mamane foram obtidos associados a 3 espécies botânicas. Esta espécie foi primeiramente descrita associada à vassoura de bruxa em Sophora chrysophyalla (Salisb.) Seem., nativa do Havaí (1313 Gardner, D.E. Botryosphaeria mamane sp. nov. associated with witches brooms on the endemic forest tree Sophora chrysophylla in Hawaii. Mycologia , New York, v.89, p.298–303, 1997.). Posteriormente, foi isolada como endofítica de Eucalyptus na Venezuela (2525 Mohali, S.; Slippres, B.; Wingfield, M.J. Identification of Botryosphaeria species from Eucalyptus. Acacia and Pinus in Venezuela. Fungal Diversity , Chiang Mai, v.25, p.103–125, 2007.) e, recentemente, foi isolada associada à mangueira (M. indica) no Brasil (2222 Marques, M.W.; Lima, N.B.; Morais Júnior, M.A.; Michereff, S.J.; Phillips, A.J.L.; Câmara, M.P.S. Botryosphaeria. Neofusicoccum. Neoscytalidium and Pseudofusicoccum species associated with mango in Brazil. Fungal Diversity , Chiang Mai, v.61, p.195-208, 2013.). Neste estudo, B. mamane foi isolada pela primeira vez, como endofítica em Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul., Licania rigida Benth e Miracroduon urundeuva (Allemão) Engl. Esta espécie foi capaz de causar pequenas lesões em manga e ramos de umbu-cajá. Resultados similares foram obtidos com inoculações em Eucalyptus e M. indica(2222 Marques, M.W.; Lima, N.B.; Morais Júnior, M.A.; Michereff, S.J.; Phillips, A.J.L.; Câmara, M.P.S. Botryosphaeria. Neofusicoccum. Neoscytalidium and Pseudofusicoccum species associated with mango in Brazil. Fungal Diversity , Chiang Mai, v.61, p.195-208, 2013.,2626 Mohali, S.; Slippres, B.; Wingfield, M.J. Pathogenicity of seven species of the Botryosphaeriaceae on Eucalyptus clone in Venezuela. Australasian Plant Pathology , Clayton, v.38, p.135-140, 2009.). Este estudo mostra que a presença de B. mamane associadas como endofiticas em plantas da Caatinga parece ser ampla, indicando que estudos aprofundados sobre a presença e ecologia dessa espécie nesse bioma são necessários para esclarecer sua função.

Dois isolados de L. gonubiensis foram obtidos neste estudo associados a Croton sp. e Manilkara triflora(Allemão) Monach. Ambos os isolados apresentaram baixa agressividade. Este fungo foi descrito pela primeira vez como endofítico sobre Syzygium cordatumna África do Sul (3131 Pavlic, D.; Slippers, B.; Coutinho, T.A.; Grynzehout, M.; Wingfield, M.J. Lasiodiplodia gonubiensis sp. nov., Botryosphaeria anamorph from native Syzygium cordatum in South Africa. Studies in Mycology , Baarn, v.50, p.313-322, 2004.), mostrando baixa agressividade quando inoculado sobre clones de Eucalyptus(3030 Pavlic, D.; Slippers, B.; Coutinho, T.A.; Wingfield, M.J. Botryosphaeriaceae occurring on native Syzygium cordatum in South Africa and their potential threat to Eucalyptus. Plant Pathology , Oxford, v.56, p.624-636, 2007.). L. gonubiensis apresentou baixa agressividade neste estudo. Trata-se de uma espécie de baixa frequência em estudos de isolamento de endofíticos. Isso sugere sua baixa importância como uma ameaça a plantas cultivadas. A agressividade de L. gonubiensis continua indeterminada até aqui, visto que os estudos realizados são pouco conclusivos.

Dois isolados de P. adansoniae foram encontrados como endofíticos em Eugenia crenata Vell. e Chrysobalanus icaco L. Esta espécie apresentou pouca agressividade, similar a P. stromaticum. Isto confirma os resultados obtidos em estudos anteriores com esta espécie (3636 Sakalidis, M.L.; Hardy, G.S.J.; Burguess, T.I. Endophytes as potential pathogens of the baobab species Adansonia gregorii: a focus on the Botryosphaeriaceae. Fungal Ecology , Amsterdam, v.4, p.1-14, 2011a.). Já em inoculações em ramos e frutos de mangueira, esta espécie produziu lesões que foram significativamente diferentes do controle (3737 Sakalidis, M.L.; Ray, J.D.; Lanoiselet, V.; Hardy, G.S.J.; Burguess, T.I. Pathogenic Botryosphaeriaceae associated with Mangifera indica in the Kimberley Region of Western Australia. European Journal Plant Pathology , London, v.130, p.279-391, 2011b.). Esta espécie foi primeiramente descrita por Pavlic et al. (3232 Pavlic, D.; Wingfield, M.J.; Barber, P.; Slippers, B.; Hardy, G.E.; Burgess, T.I. Seven new species of the Botryosphaeriaceae from baobab and other native trees in Western Australia. Mycologia , New York, v.100, p.851-866, 2008.), causando morte em ramos de Adansonia gibbosa F. Muell. e como endofítica em Acacia synchronica, Eucaliptus sp. e Ficus opposita Miq.

Esse é o primeiro estudo sobre fungos endofíticos realizado no Brasil, que envolve um número significativo de isolados oriundos de plantas nativas e exóticas no Bioma Caatinga no estado do Ceará. A maioria das plantas investigadas neste estudo é nativa desse Bioma. Além disso, os relatos de espécies de Botryosphaeriaceae associadas a cada hospedeiro são, na maioria dos casos, inéditos. Portanto, muito pouco se conhece sobre a presença e ecologia dessas espécies nesse ambiente. A presença de espécies de fungos comuns a plantas nativas e exóticas sugere um alto grau de transmissão horizontal desses fungos no bioma estudado. Em testes de patogenicidade realizados neste estudo, todas as espécies foram capazes de causar lesões em manga e/ou ramos de umbu-cajá. Além disso, algumas espécies se mostraram extremamente agressivas sobre os hospedeiros avaliados. Logo, este estudo aponta que espécies de Botryosphaeriaceae endofiticas de plantas no Bioma Caatinga, constituem uma ameaça a agricultura local, como patógenos em fase latente nesses hospedeiros. Investigações mais profundas envolvendo um maior número de isolados e um maior número de espécies hospedeiras além de testes de patogenicidade em outras espécies de frutíferas são essenciais para estimar o real perigo dessas espécies.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 2016

Histórico

  • Recebido
    01 Jun 2015
  • Aceito
    12 Ago 2015
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