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Primeiro relato de oídio em Sesbania punicea Benth (Cav.) no Brasil

Figura 1
Aspectos de Sesbania punicea. A. Inflorescência. B. Sintomas de oídio em folíolos. C. Sintomas de oídio no caule e folhas de muda. D. Conídios de Erysiphe trifoliorum (régua micrométrica - aumento de 400 x).

Sesbania punicea Benth. (Cav.) (Família Fabaceae) é uma planta nativa do Bioma Pampa, muito encontrada no sul do Brasil em áreas abertas e degradadas. Conhecida popularmente por fedegoso-da-praia, é uma planta caducifólia que pode alcançar de 2 a 4 m de altura e apresenta potencial ornamental, destacado por suas inflorescências vermelho-alaranjadas (Figura 1A), reunidas em racemos pendentes de acordo com Stumpf et al. (Cores e Formas no Bioma Pampa: plantas ornamentais nativas. 2009. 276 p.2 Stumpf, E.R.T.; Barbieri, R.L.; Heiden G. (Ed.) Cores e Formas no Bioma Pampa: Plantas ornamentais nativas. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2009. 276 p.).

Em coletas à campo no município de Alegrete - RS, foram observados sintomas típicos de oídio em plantas adultas, com intensa esporulação pulverulenta esbranquiçada, no verão de 2015. A partir da produção de mudas por sementes, em cultivo protegido, os sintomas se manifestaram igualmente e de forma intensa, entretanto, até o presente momento, não há relatos do patógeno para a espécie no Brasil. Em janeiro de 2016, foi realizado teste para confirmação da patogenicidade, em estufa com telado nas laterais pertencente à Faculdade de Agronomia - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Para a inoculação, foram utilizadas 20 mudas, divididas em quatro repetições de cinco plantas em delineamento inteiramente casualizado, sem controle de temperatura e umidade. A inoculação foi realizada através de raspagem com pincel de cerdas macias nos folíolos de mudas naturalmente infectadas e transferindo o inóculo para mudas sadias. As plantas apresentaram sintomas de esporulação pulverulenta esbranquiçada, ao final de 30 dias, principalmente em folíolos do terço inferior das plantas (Figuras 1B e 1C). A identificação foi realizada por métodos moleculares iniciando com a coleta de conídios por bomba à vácuo, os quais foram enviados para sequenciamento da região Internal Transcribed Spacer e, realizado no Instituto Biológico de São Paulo, posteriormente, realizou-se o alinhamento da sequência obtida com as disponíveis no GenBank. Através da análise molecular, a sequência se aproximou da espécie Erysiphe trifoliorum (Wallr.) U. Braun com 100% de identidade pelo método BLAST. Os conídios apresentam as seguintes dimensões: comprimento: 35 x 45 µm (média = 40 µm); largura 16 x 20 µm (média =18 µm).

Considerando nosso conhecimento, este é o primeiro relato de E. trifoliorum atacando a espécie S. punicea no Brasil. Na Argentina foi relatado oídio em S. punicea, porém o fungo que incidiu nessa planta é Erysiphe sesbaniae (Wolcan & U. Braun), sp. nov. segundo descrição de Braun et al. (Mycotaxon, v. 112, p. 173-187, 20101 Braun, U.; Kruse, J.; Wolcan, S.M.; Murace, M. Three new species of the genus Erysiphe (Ascomycota. Erysiphales) on legumes and some new combinations. Mycotaxon. v. 112, p. 173-187, 2010.).

REFERÊNCIAS

  • 1
    Braun, U.; Kruse, J.; Wolcan, S.M.; Murace, M. Three new species of the genus Erysiphe (Ascomycota. Erysiphales) on legumes and some new combinations. Mycotaxon v. 112, p. 173-187, 2010.
  • 2
    Stumpf, E.R.T.; Barbieri, R.L.; Heiden G. (Ed.) Cores e Formas no Bioma Pampa: Plantas ornamentais nativas Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2009. 276 p.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2018

Histórico

  • Recebido
    27 Mar 2017
  • Aceito
    10 Nov 2017
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