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CRESCER SEM VIOLÊNCIA

Fruto da pesquisa “Violência, Criança e Comportamento” realizada pela autora no CLAVES “Jorge Careli”, trata-se de um estudo sócio-epidemiológico que visa investigar o problema da violência doméstica em escolares e o impacto da violência no comportamento infanto-juvenil.

O estudo abrangeu 2125 escolares de estabelecimentos públicos e particulares do município de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Os resultados da pesquisa integram o conhecimento nacional e internacional que vem sendo elaborado sobre violência contra crianças e adolescentes e procura transmiti-lo aos educadores que trabalham com crianças das camadas populares.

A publicação é ilustrada por desenhos que revelam o cotidiano das crianças e adolescentes vítimas da violência doméstica. A proposta fundamental é tentar agregar pesquisadores, educadores, família e a sociedade para refletir e debater o tema violência, permitindo conhecer melhor suas formas de manifestação, adequar a atuação dentro das possibilidades de cada um e, encaminhar os casos para os setores especializados.

A violência familiar é difícil de ser reconhecida e a forma mais identificável é o abuso físico. Este texto procura caracterizar mais detidamente esta forma de abuso.

O abuso psicológico é outro tipo de violência muito difícil de ser detectado e está presente não só na família como também em outros espaços de convívio da criança e do adolescente.

O abuso sexual, o abandono, a negligência, a exploração do trabalho infanto-juvenil são ainda algumas das violências identificadas.

Na avaliação dos alunos das escolas pesquisadas percebe-se a escola também como um espaço de violência, revelado através do pouco diálogo entre professores e alunos. Como conseqüência, na auto-avaliação, os estudantes revelam uma baixa estima e um sentimento de culpa pelo fracasso escolar. Por outro lado, o professor é vítima e também agente dessa engrenagem em que a violência se manifesta e se reproduz.

O texto sugere algumas soluções que podem ser buscadas na própria escola, e destaca o papel dos educadores como central para modificar e melhorar a realidade dos alunos. Nesse sentido, o lugar do diálogo é privilegiado, buscando estabelecer uma comunicação entre a instituição escola, a família, e a sociedade para enfrentar em conjunto a questão da violência.

A identificação dos casos de violência é em primeiro momento que é dado pelas “pistas” que as crianças e adolescentes apontam. Para isso são sugeridas algumas maneiras para se perceber a criança e o adolescente vítimas da violência. A atuação da escola nesses casos passa pela notificação do problema à direção da escola. A direção por sua vez notifica o caso suspeito ou confirmado aos Conselhos Tutelares (órgão municipal), ou então, quando estes não existirem, à Vara da Infância e da Juventude ou mesmo ao Ministério Público. Procurar Centros de Defesa da Criança e do Adolescente, promotores de justiça e mesmo autoridades policiais também pode ser estratégia da escola, principalmente em locais em que não se tem acesso às outras instituições.

Rio de Janeiro - 1994

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    *Os textos são dirigidos às escolas, pediatras, serviços de saúde e outros profissionais de saúde. Os interessados podem solicitá-lo ao: CLAVES “Jorge Careli” - Av. Brasil, 4036 - SI. 702 - Manguinhos - CEP 21040-361 - Rio de Janeiro - R.J - Tel.: (021) 290-4893 - Fax: (021) 270-1793.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Jan 2021
  • Data do Fascículo
    Sep-Dec 1994
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