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Desafios para 2006 no Campo da Avaliação das Escolas Médicas

Challenges for the Year 2006 in the Evaluation of Medical Schools

A avaliação do processo educacional tornou-se assunto obrigatório nas instituições de Ensino Superior. Não é um fato local, mas uma tendência global. A comunidade acadêmica foi desafiada a demonstrar e a assegurar a qualidade dos curso de graduação. A sociedade, que paga, exige bons profissionais e de modo crescente quer saber onde está gastando seus recursos financeiros.

Os dois temas que vêm a seguir podem servir como ponto de partido para o aprofundamento das discussões sobre avaliação escolas médicas. A Avaliação da Educação como um Serviço Público:

A aferição da qualidade educacional ofertada pelas instituições foi iniciada em 1996 com a implementaçã o do Exame Nacional dos Cursos (provão). Em paralelo, uma comissão formada por pares, realizava uma visita de avaliação das condições de infra-estrutura,.do corpo docente e do projeto do curso. Não houve uma integração entre estes dois métodos de avaliação. Pior, sem antes aferir a validade e a confiabilidade destes processos, a imprensa leiga adotou um sistema de classificação (ranking) de cursos.

De qualquer modo, precisávamos iniciar o processo e criar uma cultura de avaliação nas instituições de Ensino Superior. Atualmente o Sistema Nacional de Avalianção da Educação Supecior (Sinaes), representa uma evolução do modelo anterior. Em primeiro lugar porque utiliza mais de um instrumento de avaliação; propõe uma aferição do progresso do estudante; permite delinear um perfil institucional e do curso a partir de avaliações internas e externas; e propõe que o resultado final represente de modo qualitativo o conjunto dos processos. Infelizmente, foram divulgados os resultados do primeiro Exame Nacional do Desempenho do Estudante (Enade), independente dos outros instrumentos de avaliação institucional propostos pelo Sinaes. Ao considerar o processo de avaliação institucional como um serviço de utilidade pública, como orientar o entendimento da sociedade a respeito destes resultados e como criar uma cultura de avaliação na comunidade acadêmica que permita a validade e a confiabilidad e de seus instrumentos.

Estes são alguns desafios:

  • Promover a apropriação institucional e o entendimento a respeito dos instrumentos de avaliação pelos diversos atores envolvidos: estudanetes, professores e a comunidade;

  • promover a auto-avaliação das escolas médicas utilizando parâmetros científicos;

  • esclarecer a comunidade dos reais objetivos do processo avaliativo; a qualidade é produto do comprometimento de todos; sociedade, mantenedores e corpo social institucional;

  • entender que a avaliação faz parte do processo ensino-apnmdizagem , e não deve ser deste desvinculada .

  • criar nas escolas médicas núcleos de pesquisa educacional com responsabilidade pelos processos de planejamento curricular integrado a avaliação;

A AVALIAÇÃO COMO PARTE DO PROCESSO ENSINO-APRENDI ZAGEM

As Diretrizes Nacionais Curriculares para os cursos de medicina (Resólução CNE/CES n. 4, de 7 de novembro de 2001) definem os princípios, fundamentos, condições e procedimentos da formação de médicos. O perfil desejado para o graduando encontra-se definido de modo abrangente. O documento é esclarecedor: define as competências e habilidades gerais e especificas desejadas ao final do processo de graduação.

No processo educacional sugerido pelas diretrizes deve-se ir além da aquisição de conhecimento por meio de conteúdos programáticos. Exige-se para o estudante o desenvolvimento de competências clínicas, de atitudes e comportamentos profissionais, e de habilidades para o a prendizado permanente. Isto tem modificado os projetos de curso e os seus currículos. Entretanto, como avaliar neste novo cenário?

Como avaliar no estudante:

  • desenvolvimento do pensamento crítico;

  • As habilidades de resolução de problemas e raciocínio clínico;

  • A capacidade de auto-aprendizado;

  • As habilidades para o relacionamento interpessoal e social;

  • As habilidades para o trabalho em grupo;

Como identificar, na auto-avaliação, se os currículos facilitam a aquisição destas competências?

Como norma geral, a avaliação deve assegurar um cruzamento entre os métodos de avaliação e os princípios contidos no currículo proposto. Os testes escritos, exames práticos, entrevistas, e outros métodos devem ser utilizados em um programa da avaliação abrangente e não isoladamente . Evidências originadas em pesquisa educacional sugerem que:

  • a confiabilidade em um exame isolado não é condicional na objetividade e na padronização deste;

  • nenhum método de avaliação é inerentemente de baixa confiabilidade e qualquer método pode ser suficientemente confiável, desde que a amostragem seja apropriada através das condições de aferição;

  • a validade do teste está cada vez mais relacionada com a autenticidade da avaliação e a prática cotidiana.

Finalmente, o grande desafio para os próximos anos estará atrelado a algumas tendências específicas no campo da avaliação. Todas relacionadas ao ensino de competências de modo integrado à avaliação do desempenho. As avaliações não serão obras individuais do professor da disciplina. A informação a ser trabalhada neste novo modelo será qualitativa, descritiva e narrativa. Na verdade, como criar uma abordagem programática, inserida no planejamento curricular e que ultrapassa a autonomia do professor.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Jun 2020
  • Data do Fascículo
    Sep-Dec 2005
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