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O trote em uma faculdade de medicina: uma análise de seus excessos e influências socioeconômicas

Hazing at a medical school: an analysis of its excesses and socio-economical influences

Resumos

INTRODUÇÃO: as situações de trote excessivo se confrontam com a importância do trote para a integração dos alunos; este deixa de ser apenas uma brincadeira e se torna um meio de auto-afirmação e hierarquização, ferindo o direito individual do calouro. OBJETIVO: verificar a existência de influências socioeconômicas e de gênero. METODOLOGIA: questionário quantitativo com tabulação em Excel e análise estatística por meio do software Microstat. POPULAÇÃO: estudantes de primeiro, segundo e terceiro ano de 2006 e primeiro ano de 2007 do curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. RESULTADOS: os homens aplicam mais trote e recebem menos de mulheres; os homens recebem os piores trotes de homens, e as mulheres recebem de mulheres; os homens concordam mais com a função integrativa do trote; o trote pode se expressar como uma forma de violência, independentemente do gênero; o trote é considerado de leve a moderado pelos homens, e de pesado a muito pesado pelas mulheres; para as mulheres, o trote é mais constrangedor. CONCLUSÃO: o trote se apresenta de forma diferente entre homens e mulheres, e não há relação entre renda familiar e trote.

Psicologia do adolescente; Violência contra a mulher; Comportamento de ataque; Centros médicos acadêmicos


INTRODUCTION: extreme hazing of freshmen is confronted with the importance of this practice for the integration of the new student. Hazing is not only a joke but also a way of self-affirmation and establishment of a hierarchical order turning into a menace for the freshman's individual rights. OBJECTIVE: verify the existence of a socio-economic pattern and gender influences. METHODOLOGY: quantitative questionnaire, analysis of data with Excel and statistics analysis through Microstat software. POPULATION: first, second and third year students of 2006 and first year students of 2007, School of Medicine, PUC-Campinas. RESULTS: males receive worst hazing from males and females are more violent against other females. Male students incline more to agree with the integrating function of freshman hazing, considering the hazing practices "light" or "not heavy" while female students feel more embarrassed and consider this tradition "heavy" or "very heavy". CONCLUSION: there is a difference in the perception of hazing as initiation ritual for new students between gender but no relation was found between hazing and the student's family income.

Hazing; medicine; Adolescents; Violence; Gender identity


PESQUISA

O trote em uma faculdade de medicina: uma análise de seus excessos e influências socioeconômicas

Hazing at a medical school: an analysis of its excesses and socio-economical influences

Juliana Cristina Marin; Daniela Cristina da Silva Araújo; José Espin Neto

Pontifícia Universidade Católica de Campinas, São Paulo, Brasil

Endereço para correspondência Endereço para correspondência Juliana Cristina Marin Rua Ibiaporã nº 49 CEP: 04157-090 - Vila Moraes São Paulo - São Paulo Email: julianacmarin@yahoo.com.br

RESUMO

INTRODUÇÃO: as situações de trote excessivo se confrontam com a importância do trote para a integração dos alunos; este deixa de ser apenas uma brincadeira e se torna um meio de auto-afirmação e hierarquização, ferindo o direito individual do calouro.

OBJETIVO: verificar a existência de influências socioeconômicas e de gênero.

METODOLOGIA: questionário quantitativo com tabulação em Excel e análise estatística por meio do software Microstat.

POPULAÇÃO: estudantes de primeiro, segundo e terceiro ano de 2006 e primeiro ano de 2007 do curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

RESULTADOS: os homens aplicam mais trote e recebem menos de mulheres; os homens recebem os piores trotes de homens, e as mulheres recebem de mulheres; os homens concordam mais com a função integrativa do trote; o trote pode se expressar como uma forma de violência, independentemente do gênero; o trote é considerado de leve a moderado pelos homens, e de pesado a muito pesado pelas mulheres; para as mulheres, o trote é mais constrangedor.

CONCLUSÃO: o trote se apresenta de forma diferente entre homens e mulheres, e não há relação entre renda familiar e trote.

Palavras-chave: Psicologia do adolescente; Violência contra a mulher; Comportamento de ataque; Centros médicos acadêmicos.

ABSTRACT

INTRODUCTION: extreme hazing of freshmen is confronted with the importance of this practice for the integration of the new student. Hazing is not only a joke but also a way of self-affirmation and establishment of a hierarchical order turning into a menace for the freshman's individual rights.

OBJECTIVE: verify the existence of a socio-economic pattern and gender influences.

METHODOLOGY: quantitative questionnaire, analysis of data with Excel and statistics analysis through Microstat software.

POPULATION: first, second and third year students of 2006 and first year students of 2007, School of Medicine, PUC-Campinas.

RESULTS: males receive worst hazing from males and females are more violent against other females. Male students incline more to agree with the integrating function of freshman hazing, considering the hazing practices "light" or "not heavy" while female students feel more embarrassed and consider this tradition "heavy" or "very heavy".

CONCLUSION: there is a difference in the perception of hazing as initiation ritual for new students between gender but no relation was found between hazing and the student's family income.

Key words: Hazing; medicine; Adolescents; Violence; Gender identity.

INTRODUÇÃO

O trote é baseado em três justificativas: tradição, brincadeira e integração. Os defensores da tradição como justificativa não sabem sequer conceituá-la, pois não há qualquer reflexão sobre a sua prática. A afirmação de que o trote é uma brincadeira, jogo, também se mostra perfeitamente falsa. No caso do jogo, embora um dos participantes ganhe e o outro perca, o pressuposto é que ambos concordem com as regras. Um jogo em que as normas são elaboradas para desfrute exclusivo do mais forte não é legítimo; o mais fraco deve protestar com veemência. Veteranos afirmam que as humilhações impostas são maneiras de unir os estudantes. Mas essa união, como se vê, carrega um discurso muito claro: é perfeitamente realizável, desde que todos se coloquem em seus "devidos lugares"1.

No Brasil, durante anos, tem se discutido a questão do trote tradicional nas universidades.

Podemos dizer que os trotes universitários surgiram basicamente no período medieval, pois se trata de um fenômeno específico das instituições de ensino superior, que surgiram na Idade Média2.

Em outras culturas sucede o mesmo fenômeno, com diferente denominação, como o hazing, que ocorre em universidades americanas. O hazing é definido como atos cometidos contra um indivíduo, ou que o forçam a praticar atos que aumentem o risco de perigo, e que visam à inserção de um indivíduo como membro de um grupo. Trata-se de uma atividade cujas origens datam da época antiga ou medieval3.

O trote é um percurso de provas que visa testar a resistência física e psicológica do novato. É apontado também como um rito de passagem que mantém seu caráter público4.

Atualmente, o reconhecimento de uma purgação imposta aos calouros pelos veteranos ocorre em três fases bem distintas: o ritual de recepção, o período de servidão e a emancipação5.

Se considerarmos os trotes como ritual de iniciação, podemos dizer que eles existem desde os primórdios da humanidade, pois os rituais de iniciação sempre existiram para marcar ou distinguir valores sociais e a hierarquia dos clãs. Quanto aos trotes universitários, desde a Idade Média, quando surgiram as primeiras universidades na Europa, eles já existiam, pois nessas universidades os trotes se realizavam como cerimônias de "purgação" dos calouros6.

O rito ou ritual é um conjunto de atos formalizados, expressivos, portadores de uma dimensão simbólica. O rito é caracterizado por uma configuração espaço-temporal específica, pelo recurso a uma série de objetos, por sistemas de linguagens e comportamentos específicos e por signos emblemáticos cujo sentido codificado constitui um dos bens comuns do grupo4.

Existe uma tendência para o início cada vez mais precoce no curso universitário. Uma pesquisa recentemente publicada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) mostra que os estudantes de Medicina estão se formando cada vez mais cedo, havendo uma "juvenilização" da população médica. A pesquisa mostra que há cada vez mais médicos jovens no mercado, e essa tendência é demonstrada tanto pelo ano de inscrição no Cremesp, como pelo tempo de exercício profissional7.

A entrada na universidade ainda na fase da adolescência, quando o indivíduo está repetidamente envolvido em atitudes paradoxais8, obriga o sujeito a reformular os conceitos que tem a respeito de si mesmo, o que o leva a abandonar sua autoimagem infantil e a se projetar no futuro de sua vida adulta9.

A representação do adolescente como aquele que apresenta comportamentos instáveis, com freqüentes crises de identidade, conflitos intensos em relação a si mesmo e com o social, está difundida na cultura, nas práticas sociais e nas relações interpessoais e intrapessoais10.

É nesse momento que o jovem recorre, como um comportamento defensivo, à busca de uniformidade, que pode proporcionar segurança e auto-estima pessoal. Daí surge o espírito de grupo, para qual o adolescente se mostra inclinado. Há um processo de superidentificação em massa9, que, associado às justificativas do trote para a entrada na instituição de ensino superior, desencadeia atitudes paradoxais e excessivas de veteranos para com calouros.

Este artigo propõe conhecer os padrões do trote no curso de Medicina da PUC-Campinas, a fim de propor medidas que visem a uma mudança de comportamento que transforme a iniciação dos calouros na universidade numa passagem idealizada, com o real sentido da brincadeira, integração e tradição.

MATERIAL E MÉTODOS

Objetivos

Conhecer o trote do curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e caracterizar a recepção dos calouros na instituição de ensino superior (IES), avaliando a intensidade do trote.

Correlacionar, associar e comparar os aspectos ligados à condição econômica frente ao trote, verificando se há diferenças por gênero no trote universitário. Avaliar se houve mudanças entre o trote de 2006 em relação ao de 2007 no curso de Medicina da PUC-Campinas.

População

A amostra foi composta por alunos de primeiro, segundo e terceiro ano de 2006 e primeiro ano de 2007 do curso de Medicina da PUC-Campinas.

Foram excluídos da pesquisa alunos que adoeceram no período do trote e não compareceram, alunos transferidos e repetentes no decorrer desses anos ou que se recusaram a participar. Foram excluídos da análise estatística os alunos que não responderam as perguntas ou que não se identificaram para a variável que estava em questão.

Não houve riscos para a população. Os benefícios estão relacionados a ações educativas dentro da própria comunidade acadêmica. Os benefícios para a população consistirão na avaliação das conseqüências do trote sobre quem o aplica e sobre o outro.

Procedimentos

Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da PUC-Campinas (Protocolo nº 560/05).

Foi aplicado um questionário quantitativo (Anexo) em alunos de primeiro, segundo e terceiro ano de 2006 e do primeiro ano de 2007 do curso de Medicina da PUC-Campinas. Este questionário teve por objetivo obter um perfil geral dos alunos de Medicina, incluindo aspectos socioeconômicos e aspectos do trote sofrido. A aplicação aos alunos do primeiro ano de 2007 visou avaliar se houve mudanças entre os trotes de 2006 e 2007.

A aplicação do questionário ocorreu em dois momentos: de março a agosto de 2006 (exceto julho) e de fevereiro a abril de 2007.

A abordagem do aluno foi feita de maneira aleatória, para que a amostra não se tornasse viciada.

Os dados foram tabulados por meio de software e analisados por estatística descritiva. A significância dos dados pertinentes e passíveis de análise estatística foi possibilitada pela utilização do teste qui-quadrado, com o software Microstat.

Terminologia

Nos questionários, o termo "leve" pode ser definido como divertido, alegre; "moderado", como não excessivo ou razoável, que não gera situação de conflito ou tensão; "pesado", como algo que pode gerar, com muita freqüência, uma situação de tensão, de aborrecimento, de conflito; "muito pesado", como extremamente ou exageradamente pesado e que gera de maneira agressiva uma situação de tensão ou aborrecimento. Foram utilizados, ainda, os termos "adequado", que significa estar em perfeita conformidade, adaptado, ajustado, apropriado em relação à recepção na faculdade; e "inadequado", como algo que não se adequou, achou impróprio ou inconveniente11.

RESULTADOS

Aspectos gerais

Foram entrevistados 56% dos alunos (208/371). A taxa de adesão à pesquisa foi de 41,3% (38/92) dos alunos do primeiro ano de 2006; 55,8% (48/86) do segundo ano de 2006; 74,1% (66/89) no terceiro ano de 2006; e 53,8% (56/104) no primeiro ano de 2007. A proporção de mulheres na população da pesquisa foi de 71% (27/38) na população do primeiro ano de 2006; 69,6% (32/46) do segundo ano de 2006; 66,7% (44/66) do terceiro ano de 2006; e 58,9% (33/56) do primeiro ano de 2007.

Em relação à moda das idades, foram obtidas 20 (12/38), 22 (13/48), 22 (25/66) e 21 (15/57) para primeiro, segundo e terceiro ano de 2006 e primeiro ano de 2007, respectivamente.

Em todos os anos pesquisados, a escolaridade de 88,6% (179/202) dos pais e 86,1% (174/202) dos alunos pesquisados se enquadrou na categoria de ensino superior incompleto à pós-graduação.

Quanto à renda familiar, 35,7% (50/140) das famílias de alunos de primeiro, segundo e terceiro ano de 2006 e alunos do primeiro ano de 2007 situaram-se na faixa de 10 a 20 salários mínimos, enquanto 41,4% (58/140) tiveram renda superior a 20 salários mínimos.

Relação entre renda familiar e trote no primeiro, segundo e terceiro ano de 2006

A maioria - 70,9% (107/151) - dos alunos de primeiro, segundo e terceiro ano de 2006 sofreu constrangimento, independentemente da faixa de renda familiar. Na faixa de renda familiar de um a dez salários mínimos, 94,1% (16/17) dos alunos sofreram constrangimento; na faixa de 10 a 20 salários mínimos, 69,4% (25/36) sofreram constrangimento; e na faixa maior que 20 salários esse percentual foi de 75,5% (34/45).

Relação entre gênero e trote no primeiro, segundo e terceiro ano de 2006

O trote se apresenta de forma diferente em homens e mulheres para 92,8% (141/152) dos alunos de primeiro, segundo e terceiro ano de 2006. Esta diferença será mais bem caracterizada a partir dos dados a seguir.

A maioria dos alunos, 74,5% (111/149), sofre mais trote de homens. Quando separados de acordo com o gênero, 95,7% (45/47) dos homens e 64,7% (66/102) das mulheres referiram ter sofrido mais trote de homens (Tabela 1).

Analisando-se o pior trote recebido de acordo com o gênero, 63,2% (93/147) dos alunos disseram que estes foram aplicados por homens. Comparando-se homens e mulheres, 93,5% (43/46) dos homens tiveram seu pior trote aplicado por um homem, e 50,5% (51/102) das mulheres tiveram seu pior trote aplicado por uma mulher (Tabela 2).

Com relação à intensidade do trote de acordo com o gênero, o trote foi considerado de leve a moderado por 54,3% (25/46) dos homens, pesado por 32,6% (15/46) deles, e muito pesado por 13% (6/46). De acordo com as mulheres, foi considerado de leve a moderado por 29,1% (30/103), pesado por 59,2% (61/103) e muito pesado por 11,6% (12/103) (Tabela 3).

Dos homens que participaram da pesquisa, 63% (29/46) sofreram algum constrangimento durante o trote, ao passo que 80,6% (83/103) das mulheres participantes afirmaram ter passado por constrangimentos (Tabela 4).

Levando em consideração os alunos que sofreram constrangimento (75,2%, 112/149), a maioria dos homens sofreu constrangimento psicológico (78,9%, 30/38), seguido de constrangimento físico (13,2%, 5/38) e sexual (5,3%, 3/38). A maioria das mulheres (86,7%, 78/90) também afirmou ter sofrido constrangimento psicológico, seguido de constrangimento físico (7,8%, 7/90), racial (1,25%, 1/80) e sexual (5%, 4/80).

Quanto à afirmação de que o trote é uma forma de integração, 48,9% (23/47) dos homens concordaram com essa afirmativa e 36,2% (17/47) concordaram parcialmente. Com relação às mulheres, 61,2% (63/103) concordaram parcialmente com a idéia de que o trote é uma forma de integração, 29,1% (30/103) concordaram e 9,7% (10/103) discordaram desta afirmação (Tabela 5).

O trote pode ser considerado uma forma de violência para ambos os gêneros: 74,5% (35/47) dos homens e 91,3% (94/103) das mulheres responderam afirmativamente a esta questão (Tabela 6).

Relação entre os trotes do primeiro ano de 2006 e de 2007

A recepção na IES foi considerada adequada por 51,3% (19/37) dos alunos do primeiro ano de 2006 e por 82,1% (46/56) dos alunos do primeiro ano de 2007.

O trote foi considerado de leve a moderado por 23,7% (9/38) dos alunos e de pesado a muito pesado por 76,3% (29/38). Em 2007, 81,1% (43/53) consideraram o trote de leve a moderado, enquanto 18,9% (10/53) o consideraram de pesado a muito pesado.

Em relação a constrangimentos sofridos, no primeiro ano de 2006, 89,5% (34/38) dos alunos afirmaram ter sofrido algum tipo de constrangimento. Já no primeiro ano de 2007, 47,1% (25/53) dos alunos passaram por esta situação.

DISCUSSÃO

Violência e relações de gênero no trote do ano de 2006

O trote foi considerado uma possibilidade de expressão violenta, tanto por homens quanto por mulheres. Uma das justificativas seria o aumento da violência em todas as camadas e espaços sociais, o que pode contribuir para a exacerbação do trote no ritual de recepção dos novos alunos da faculdade12. O comportamento agressivo seria influenciado por diferentes fatores - social, cultural, genético, biológico, familiar e individual13.

Por outro lado, a sociedade mudou. A velocidade de geração de conhecimentos, a facilidade de acesso a esses conhecimentos, o desenvolvimento tecnológico são fantásticos nos dias atuais. Contudo, a forma de receber os novos alunos nas faculdades, ao menos no Brasil, continua muito parecida com a dos tempos medievais, parece que parou no tempo5.

Tanto homens quanto mulheres consideram o trote uma importante forma de integração entre calouros e veteranos. Nota-se que os homens apresentam uma taxa de concordância maior do que as mulheres com relação a essa afirmativa.

No entanto, é necessário considerar que o limite entre o trote integrador/brincadeira e o trote abusivo é muito tênue, variável de pessoa para pessoa, e não pode ser objeto de acordo entre os veteranos14.

O "limiar de violência" entre os jovens há muito tempo vem aumentando. Sem dúvida, o trote e a violência andam tradicionalmente juntos. Desrespeitar, invadir o espaço um do outro, humilhar, segundo os jovens, não são considerados atos violentos12.

O trote se apresenta de forma diferente entre homens e mulheres, e tais diferenças podem ser explicadas pelas características dos valores de gênero. Na mulher, coabitam valores como a ênfase no relacionamento interpessoal, a atenção e o cuidado um com o outro, a proteção à vida, a valorização da intimidade e do afetivo, e a gratuidade das relações15. Já a masculinidade requer a supressão de muitas necessidades, sentimentos e formas de expressão, o que faz esta construção social ser aterrorizadoramente frágil16.

Os homens consideram a recepção na faculdade mais adequada, concordam tratar-se de uma ação integrativa e uma forma de brincadeira, mais do que as mulheres. Tal fato pode se dever à forma de controle social exercida entre os homens desde os primeiros passos de sua educação, que os obriga a serem viris, a se mostrarem superiores, fortes, competitivos, ou serão tratados como fracos ou como mulheres17. Os homens, em sua maioria, consideram o trote de leve a moderado, ao passo que as mulheres o consideram mais pesado.

Homens e mulheres sofrem constrangimento no trote, e para ambos o tipo de constrangimento predominante é de caráter psicológico. De acordo com os dados da pesquisa, as mulheres sofrem mais constrangimento do que os homens, o que favorece a lógica da hierarquia de gênero. Numa instituição como a escola, um tipo comum de violência nas relações pautadas por hierarquias seria a simbólica. Esta seria exercida por constrangimento, pelo uso de símbolos do poder, não necessita do recurso da força física, das armas, do grito, mas silencia protestos, ou seja, vai além do entendimento do senso comum, corporificando-se naqueles tipos de violências não percebidas como tais18. O poder, então, é entendido como respeitabilidade, autoridade, invulnerabilidade e força19.

Pôde-se averiguar que o trote é mais aplicado por homens. É importante enfatizar que uma pequena parcela de mulheres aplica trote em homens. Além disso, os piores trotes em homens são aplicados por homens, o que não ocorre em mulheres, havendo um equilíbrio da proporção de homens e mulheres que aplicam os piores trotes a elas. A violência é mais freqüentemente praticada por e contra homens, preferencialmente homens jovens20. Essa violência de homens contra mulheres pode estar relacionada à maneira como os homens são socializados. A cumplicidade de todos com a masculinidade hegemônica explica-se pelo fato de que é a expressão cultural da sua dominação sobre as mulheres que legitima e naturaliza práticas de subordinação21. O masculino exerce uma dominância simbólica sobre o feminino, que é criada na lógica do discurso da naturalização do social, e é essa dominância simbólica que divide o mundo em masculino e feminino22.

Os homens tendem a considerar a recepção na IES mais adequada e a serem menos contrários ao trote quando comparados às mulheres. No entanto, homens e mulheres consideram o trote uma forma de brincadeira. Essa controvérsia entre o inadequado e a brincadeira poderia estar relacionada ao limiar de violência de cada um dos entrevistados de ambos os gêneros.

Renda familiar e trote no ano de 2006

Não há relação entre renda familiar e trote em alunos do curso de Medicina da PUC-Campinas, que, em sua maioria, o consideraram de pesado a muito pesado. Porém, há uma tendência a considerar o trote mais adequado quando a renda é maior que dez salários mínimos. No entanto, não se pode afirmar que há uma relação direta entre a renda e os constrangimentos sofridos durante o trote.

Mudanças no trote de 2007 em relação ao de 2006

Quando o trote de 2007 é comparado ao de 2006, para esta amostra, no ano de 2006 a proporção de alunos que sofreu constrangimento foi maior do que a daqueles que não sofreu; já no ano de 2007, as opiniões ficaram divididas, sendo que a maioria dos entrevistados afirmou não ter sofrido constrangimentos. Além disso, o trote de 2007 apresentou-se de forma mais leve, mais adequada e menos constrangedora do que em 2006; houve também um aumento da característica do trote brincadeira do ano de 2006 para o ano de 2007, com uma diminuição do caráter de violência. Em 2007, os alunos se apresentaram de maneira menos contrária ao trote e consideraram a recepção na faculdade mais adequada do que em 2006.

Esta mudança teria ocorrido pela atuação da IES, especificamente da PUC- Campinas - Curso de Medicina, que discutiu o trote violento, tomou medidas administrativas para coibi-lo e estimulou o melhor convívio e integração entre universitários do curso e a comunidade por meio do trote solidário.

É necessário enfatizar a escassez do assunto na literatura nacional e internacional. É sabido que o trote tem raízes ibéricas, e poucas referências na literatura anglo-saxônica. Sua presença no cotidiano das universidades brasileiras precisa ser mais bem discutida e sistematizada, para que a entrada num curso superior seja um momento de alegria e confraternização, e não um ato de violência.

CONCLUSÕES

No trote do curso de Medicina da PUC-Campinas em 2006 foram encontradas diferenças de gênero.

Não houve relação entre a renda familiar e o trote aplicado.

Houve melhora significativa das características do trote no curso de Medicina da PUC- Campinas quando comparados os trotes de 2007 e de 2006.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados encontrados na pesquisa comprovaram situações de trote excessivo, que indicam a necessidade de mudar o perfil do trote universitário tradicional. Propõe-se mudar suas características de acordo com o programa Trote da Cidadania.

A idéia do Trote da Cidadania nasceu em 1997 como um modo de construir uma alternativa aos trotes violentos e humilhantes. O desafio era ampliar a importância estratégica do rito associado ao início da vida universitária e oferecer uma vivência cidadã por meio de ações voluntárias de veteranos e calouros. As ações sociais realizadas com o trote da cidadania podem ser o rito de passagem que sensibilizará os jovens para que encarem os problemas do País como responsabilidade de todos e, desde o primeiro dia na universidade, tenham a oportunidade de fazer parte da solução23.

Ser voluntário é doar parte do seu tempo, trabalho ou talento, de maneira espontânea e não remunerada, para causas de interesse social e comunitário. Assim, o indivíduo tem a oportunidade de ajudar outras pessoas, melhorando sua condição de vida social, educacional, econômica e até psicológica24.

O trote com valores sociais pode ser realizado com as mesmas ações do trote convencional, como pedágio e cervejada. E também pode incluir ações sociais em creches, asilos, hospitais, instituições de caridade, fundações, etc. Podem ser promovidas ações de doação de sangue, alimentos e roupas, plantação de mudas de árvores, limpeza de rios e parques, pintura em creches, etc. Podem ser realizadas também atividades culturais, palestras e festas de integração. As festas, como cervejadas, podem ocorrer após a ação social, para uma confraternização entre calouros e veteranos. Nos pedágios, podem ser entregues a motoristas panfletos de cunho social, preservativos, mudas de plantas, saquinhos de lixo, etc. Além disso, atitudes violentas e inadequadas devem ser punidas. Por ser um projeto social, a conquista de patrocinadores e parcerias apresenta menos dificuldade25.

O trote da cidadania pode estar associado aos objetivos do milênio, estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000. Trata-se de um conjunto de oito macrobjetivos a serem atingidos até o ano de 201526.

As ações sociais podem incluir os macrobjetivos: acabar com a fome e a miséria, incentivando a criação de hortas e pomares, orientar sobre uma boa alimentação e como aproveitar melhor os alimentos; educação básica de qualidade para todos, arrecadando livros e revistas; igualdade entre sexos e valorização da mulher; reduzir a mortalidade infantil e melhorar a saúde de gestantes, informando a respeito de planejamento familiar, importância da higiene, exames pré-natais, vacinação, aleitamento materno, prevenção de acidentes domésticos; combater a aids, a malária e outras doenças, informando sobre aids e doenças epidêmicas, como malária, dengue, tuberculose e febre amarela, prevenção de DST; qualidade de vida e respeito ao meio ambiente, campanhas para uso racional de água e energia, proteção de animais e preservação de áreas públicas, mutirão de limpeza; todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento; criar um centro de voluntários na universidade para interface entre universitários e organizações sociais27.

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Recebido em: 23/11/2007

Reencaminhado em:16/01/2008

Rencaminhado em: 17/02/2008

Aprovado em: 17/02/2008

CONFLITOS DE INTERESSE: Declarou não haver

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  • Endereço para correspondência
    Juliana Cristina Marin
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    CEP: 04157-090 - Vila Moraes
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      14 Jan 2009
    • Data do Fascículo
      Dez 2008

    Histórico

    • Aceito
      17 Fev 2008
    • Revisado
      16 Jan 2008
    • Recebido
      23 Nov 2007
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