Este primeiro número da Rbem em 2015 traz uma expressiva amostra da diversidade temática incluída no campo da Educação Médica e da formação de recursos humanos em saúde em geral e a evolução que temos observado nas pesquisas científicas neles desenvolvidas. Ele se inicia com os resultados de um estudo sobre as Percepções e Sentimentos de Professores de Medicina frente à Avaliação dos Estudantes, de Megale e colegas. Nele os autores analisam os resultados de grupos focais realizados com docentes e puderam identificar os principais problemas e angústias relacionados com os processos avaliativos de estudantes dos quais eles participam. Sem dúvida um estudo importante para que se possa aperfeiçoar a avaliação. Outro trabalho de grande interesse é o que foi realizado por Landim e colaboradores com o instrumento de pesquisa Moral Judgment Test. Neste trabalho são estudados estudantes de odontologia e torna possível não apenas a análise desse coletivo, mas também a comparação com estudos realizados anteriormente e publicados aqui mesmo na Rbem.
Ainda no campo da avaliação, publicamos o trabalho com o título Teste de Progresso: uma Ferramenta Avaliativa para a Gestão Acadêmica, que, no mínimo, traz questionamentos importantes a todos os gestores e planejadores na Educação Médica.
Farias e colaboradores abordam a questão do atendimento de urgência na atenção básica, e destacam as dificuldades para o reconhecimento de urgências e oferecimento de cuidado apropriado no primeiro nível da atenção. Embora se saiba que a Estratégia de Saúde da Família não se propõe a resolver as emergências médicas mas, por outro lado, seria ingênuo imaginar que elas não aconteçam e que os profissionais da estratégia da saúde da família não tenham que estar envolvidos também nesse cuidado.
Taquete e Minayo trazem uma reflexão importante sobre o uso de métodos de pesquisa qualitativos em pesquisas na área da saúde e sobre a importância da introdução formal do ensino desses métodos e técnicas de pesquisa nos cursos da área médica. Os conflitos entre pesquisadores médicos típicos, que estão referenciados aos saberes da biomedicina, e os que propugnam a utilização de métodos originários das áreas das ciências humanas e sociais são facilmente percebidos, embora não devam ser aceitos como naturais entre cientistas. Para a superação desses problemas e dificuldades, o que é necessário para a formação apropriada de pesquisadores e profissionais, o ensino regular, teórico e prático, desses métodos seria necessário, propugnam as autoras.
Um tema recorrente na literatura mundial, mas ainda demandando mais estudos no Brasil e América Latina, são as impressões, reações e aflições de pacientes sobre o atendimento oferecido por estudantes. Há um enorme campo que precisa ser estudado e diferentes aspectos a serem abordados. Neste número, Dorigatti e colaboradores abordam a percepção de pacientes sobre este cuidado, focando de forma especial aspectos relacionados aos vínculos estabelecidos (ou não).
Aspectos relacionados com a saúde dos estudantes de medicina também são temas recorrentes, necessários e bem acolhidos em nossa revista. Neste número trazemos dois estudos: Percepção sobre o Adoecimento entre Estudantes de Cursos da Área da Saúde e Prevalência de Sintomas de Ansiedade e Depressão em Estudantes de Medicina.
Outros estudos estão também incluídos neste número, todos de importância considerável para suas áreas do conhecimento, mas gostaria de destacar aqui o segundo artigo de autoria de Naomar de Almeida Filho e colegas, que apresentam mais detalhes sobre o projeto de implantação de uma Universidade organizada em ciclos: Formação Médica na UFSB: II. O Desafio da Profissionalização no Regime de Ciclos.
Com este número, mais uma vez a Abem dá significativas contribuições na divulgação de pesquisas científicas rigorosas, contribuindo com o desenvolvimento científico do campo e o amadurecimento de nossos processos de transformação educacional.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
Jan-Mar 2015