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Atenção plena e equilíbrio emocional: experiência de uma disciplina durante a pandemia de Covid-19

Mindfulness and emotional balance: experience of a course during the Covid-19 pandemic

Resumo:

Introdução:

Os estudantes de Medicina vivem experiências de adoecimento e dificuldades em saúde mental frequentes e, muitas vezes, graves. Essas experiências se acentuaram durante a pandemia de doença por coronavírus (Covid-19). Nesse contexto, o treinamento em atenção plena e regulação emocional pode ser uma ferramenta útil de promoção da saúde mental nessa população.

Relato de Experiência:

Com o objetivo de disponibilizar esse treinamento para os estudantes de Medicina de uma instituição de ensino de Minas Gerais, foi ofertada uma disciplina sobre atenção plena e equilíbrio emocional. Ofereceu-se essa disciplina entre setembro e dezembro de 2020, com 13 aulas síncronas remotas semanais, com duas horas de duração, para 16 estudantes. Após o transcurso da disciplina, aplicou-se um questionário on-line com perguntas abertas e fechadas com três seções: informações sociodemográficas, avaliação da disciplina baseada na Escala de Satisfação com a Experiência Acadêmica (ESEA) e avaliação de impactos no bem-estar subjetivo por meio do Questionário de Saúde Geral 12 (General Health Questionnaire 12 - GHQ-12). Treze estudantes responderam ao questionário da pesquisa. A disciplina foi considerada satisfatória pela maioria dos estudantes em todos os itens avaliados. Nos 12 aspectos de saúde mental pesquisados, a concordância com os impactos positivos da disciplina variou de oito a 12 respondentes.

Discussão:

Em consonância com as revisões sistemáticas sobre o tema, a disciplina “Atenção plena e equilíbrio emocional” parece ter impactado de forma positiva a saúde mental, a sociabilidade e a autoimagem dos estudantes. Todos os aspectos pedagógicos avaliados foram considerados satisfatórios por mais de 80% dos participantes, com exceção dos que avaliavam especificamente o formato remoto. O caráter optativo da oferta da disciplina pode ter contribuído de forma relevante para esse resultado.

Conclusão:

Considerando as particularidades do contexto pandêmico, foi possível disponibilizar uma proposta original de disciplina sobre atenção plena e equilíbrio emocional positivamente avaliada pelos estudantes. Novas pesquisas são necessárias para confirmar a associação entre a participação na disciplina e a promoção do bem-estar mental.

Palavras-chave:
Atenção Plena; Regulação Emocional; Saúde Mental; Educação Médica

Abstract:

Introduction:

Medical students experience frequent and often severe mental illness and difficulties in mental health. These experiences were accentuated during the covid 19 pandemic. In this context, training in mindfulness and emotional balance can represent a useful tool for promoting mental health in this student group.

Experience Report:

In order to make this training available to medical students at a university in Minas Gerais, a course on Mindfulness and Emotional Balance was offered between September and December 2020 with 13 synchronous remote weekly classes, lasting two hours. After the course, the 16 participant students were invited to answer an online questionnaire with three sections: sociodemographic information, evaluation of the course based on the Satisfaction with Academic Experience Scale (ESEA); and assessment of impacts on subjective well-being based on the General Health Questionnaire 12 (General Health Questionnaire 12 - GHQ-12). Thirteen students answered the survey questionnaire. The discipline was considered satisfactory in all evaluated items. Within the 12 aspects of mental health surveyed, agreement with the impacts of the discipline ranged between 8 and 12 respondents.

Discussion:

In line with systematic reviews on the topic, the course of mindfulness and emotional balance seems to have positively impacted the students’ mental health, sociability and self-image. All pedagogical aspects evaluated were considered satisfactory by more than 80% of the participants, with the exception of those who specifically evaluated the remote format. The optional nature of the course may have significantly contributed to this result.

Conclusion:

Considering the particular circumstances of the pandemic, it was possible to provide an original proposal for a discipline on mindfulness and emotional balance that was positively evaluated by students. Further research is needed to confirm the association between participation in the discipline and the promotion of mental well-being.

Keywords:
Mindfulness; Emotional Regulation; Mental Health; Medical Education

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, nota-se um aumento dos estudos que investigam a saúde mental dos estudantes universitários brasileiros, e inquéritos epidemiológicos apontam uma prevalência maior de transtornos mentais nessa população11. Schimidt B, Crepaldi MA, Bolze SDA, Neiva-Silva L, Demenech LM. Saúde mental e intervenções psicológicas diante da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Estud Psicol. 2020;37:e200063.. No caso dos estudantes de Medicina, a saúde mental também se mostra comprometida, com uma prevalência de depressão entre esses discentes ligeiramente mais alta (30,6%) quando comparada aos universitários em geral (28,51%)11. Schimidt B, Crepaldi MA, Bolze SDA, Neiva-Silva L, Demenech LM. Saúde mental e intervenções psicológicas diante da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Estud Psicol. 2020;37:e200063.),(22. Pacheco JP, Giacomin HT, Tam WW, Ribeiro TB, Arab C, Bezerra IM, et al. Mental health problems among medical students in Brazil: a systematic review and meta-analysis. Rev Bras Psiquiatr. 2017;39(4):369-78.. Quando essa população entra na universidade, há uma alta exigência acadêmica e exposição a fatores de tensão que podem gerar grande sofrimento psíquico ao longo da permanência na escola médica33. Andrade JBC, Sampaio JJC, Farias LM, Melo LP, Sousa DP, Mendonça ALB, et al. Contexto de formação e sofrimento psíquico de estudantes de medicina. Rev Bras Educ Med. 2014;38(3):231-42., com destaque à elevada taxa de suicídio entre esses estudantes44. Santa ND, Cantilino A. Suicídio entre médicos e estudantes de medicina: revisão de literatura. Rev Bras Educ Med . 2016;40(4):772-80..

Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia da coronavirus disease 2019 (Covid-19), caracterizando-a como doença de elevada gravidade clínica e de alta letalidade, cuja prevenção envolve distanciamento, isolamento social e interrupção de atividades coletivas55. Arandjelovic A, Arandjelovic K, Dwyer K, Shaw C. Covid-19: Considerations for medical education during a pandemic. MedEdPublish 2020;9(1):1-17.. A pandemia trouxe variáveis que também parecem ter impactado de forma negativa a saúde mental da população em geral. Nesse contexto, as taxas de sintomas depressivos na população mundial podem ser até sete vezes maiores durante a pandemia66. Bueno-Notivol J, Gracia-García P, Olaya B, Lasheras I, López-Antón R, Santabárbara J. Prevalence of depression during the Covid-19 outbreak: a meta-analysis of community-based studies. Int J Clin Health Psychol. 2021;21(1):100-96. e aproximar-se dos 70% entre os estudantes de Medicina77. Moayed MS, Vahedian-Azimi A, Mirmomeni G, Rahimi-Bashar F, Goharimoghadam K, Pourhoseingholi MA, et al. Coronavirus (Covid-19) - Associated Psychological Distress Among Medical Students in Iran. Adv Exp Med Biol. 2021;1231:245-51..

Considerando o cenário apresentado, as práticas de atenção plena podem ser uma ferramenta útil para promoção do bem-estar mental dessa população11. Schimidt B, Crepaldi MA, Bolze SDA, Neiva-Silva L, Demenech LM. Saúde mental e intervenções psicológicas diante da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Estud Psicol. 2020;37:e200063.),(88. Scheepers RA, Emke H, Epstein RM, Lombarts KMJMH. The impact of mindfulness-based interventions on doctors’ well-being and performance: a systematic review. Med Educ. 2020;54(2):138-49.. Por causa dos resultados positivos que as pesquisas têm encontrado sobre o impacto de programas de treinamento em atenção plena99. Atanes ACM, Andreoni S, Hirayama MS, Montero-Marin J, Barros VV, Ronzani TM, et al. Mindfulness, perceived stress, and subjective well-being: a correlational study in primary care health professionals. BMC Complement Altern Med. 2015;15(1):303., ela vem se tornando um princípio orientador de variados esforços que objetivam a promoção de reflexão, de autoconsciência e de bem-estar na graduação médica por seu potencial de desenvolvimento de habilidades como concentração e adaptação ao imprevisto1010. Epstein RM. Mindfulness in medical education: coming of age. Perspect Med Educ . 2020;9(4):197-8.. Neste relato, apresentamos a experiência de uma disciplina optativa sobre atenção plena e equilíbrio emocional oferecida a estudantes de graduação do curso de Medicina de uma universidade de Minas Gerais no ano de 2020. A disciplina foi ofertada de forma exclusivamente remota1111. Moszkowicz D, Duboc H, Dubertret C, Roux D, Bretagnol F. Daily medical education for confined students during Covid-19 pandemic: a simple videoconference solution. Clin Anat. 2020;33(6):927-8., tendo em vista o contexto da pandemia de Covid-19 nesse ano.

RELATO DA EXPERIÊNCIA

Apresentação da disciplina

A disciplina “Atenção Plena e Equilíbrio Emocional” foi ofertada entre setembro e dezembro de 2020, com 13 aulas síncronas, remotas e semanais com duas horas de duração, para 16 alunos do curso de Medicina. Gravações em vídeo das aulas, para revisão pelos estudantes, e material de apoio em texto e áudios, para autoaplicação das técnicas apresentadas nas aulas, foram disponibilizados no ambiente virtual de aprendizagem da disciplina. O currículo da disciplina e os métodos para treinamento de habilidades psicológicas apresentados nas aulas tiveram como principal referência a proposta de cultivo do bem-estar mental por meio dos quatro equilíbrios, apresentada por Wallace et al.1212. Wallace BA, Shapiro SL. Mental balance and well-being: building bridges between Buddhism and Western psychology. Am Psychol. 2006;61(7):690-701.. Para esses autores, a psicologia ocidental no século XX investiu parte significativa dos seus esforços na identificação e no tratamento de doenças/transtornos mentais, e dirige pouca atenção ao entendimento do que podem ser considerados estados mentais positivos e de bem-estar. Baseados na psicologia positiva ocidental1313. Seligman M, Csikszentmihalyi M. Positive psychology: an introduction. Am Psychol . 2000;55:5-14. e na tradição budista oriental1414. Ekman P, Davidson RJ, Ricard M, Wallace BA. Buddhist and psychological perspectives on emotions and well-being. Curr Dir Psychol Sci. 2005;14(2):59-63., elaboraram um modelo de bem-estar mental centrado no cultivo de quatro equilíbrios: conativo, atencional, cognitivo e afetivo. No Quadro 1, descrevemos brevemente as habilidades psicológicas que caracterizam cada um desses equilíbrios.

Quadro 1
Os quatro equilíbrios para o bem-estar mental

A proposta de Wallace et al.1212. Wallace BA, Shapiro SL. Mental balance and well-being: building bridges between Buddhism and Western psychology. Am Psychol. 2006;61(7):690-701. e os trabalhos do psicólogo estadunidense Paul Ekman1414. Ekman P, Davidson RJ, Ricard M, Wallace BA. Buddhist and psychological perspectives on emotions and well-being. Curr Dir Psychol Sci. 2005;14(2):59-63.),(1515. Ekman P. A linguagem das emoções. São Paulo: Lua de Papel; 2011. originaram o treinamento “Cultivando o Equilíbrio Emocional”, que apresentou resultados positivos em estudos iniciais1616. Kemeny ME, Foltz C, Cavanagh JF, Cullen M, Giese-Davis J, Jennings, P et al. Contemplative/emotion training reduces negative emotional behavior and promotes prosocial responses. Emotion (Washington, D.C.). 2012;12(2):338-50.)-(1818. Bertolino CO. Avaliação de impacto de Programa de Educação Emocional no Desenvolvimento de Comportamentos Pró-Sociais em Universitários [dissertação]. Porto Alegre: Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre; 2017.. Além do currículo do “Cultivando o Equilíbrio Emocional”, o programa da disciplina resultou de uma síntese original que se baseou em outros treinamentos e modelos validados de intervenções para promoção da saúde mental, especificamente: o treinamento em mindfulness e compaixão proposto por Demarzo et al.1919. Demarzo M, Campayo JG. Manual prático de mindfulness: curiosidade e aceitação. São. Paulo: Palas Athena; 2015.) e Campayo et al. (2020. Campayo JG, Demarzo M. Mindfulness y compasión: la nueva revolución. Barcelona: Siglantana; 2015., o treinamento em cultivo de compaixão2121. Jinpa T. Um coração sem medo. Rio de Janeiro: Sextante; 2016.),(2222. Jazaieri H, McGonigal K, Jinpa T, Doty JR, Goldin PR. A randomized controlled trial of compassion cultivation training: effects on mindfulness, affect, and emotion regulation. Motiv Emot. 2013;38:23-35. da Universidade de Stanford e as intervenções psicossociais de aceitação e compromisso2323. Robinson PJ, Gould DA, Strosahl KD. Real behaviour change in primary care: improving patient outcomes and increasing job satisfaction. Oakland, CA: New Harbinger Publications; 2011.. O professor responsável realizou, em 2014, o curso “Capacitação para facilitadores de intervenções em atenção plena (mindfulness)” ofertado pelo Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa em Atenção Primária à Saúde da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. No Quadro 2, apresentamos o plano de ensino da disciplina, com os temas das aulas, seu conteúdo teórico e as técnicas apresentadas e vivenciadas em cada encontro.

Quadro 2
Resumo do plano de ensino da disciplina “Atenção Plena e Equilíbrio Emocional”

Metodologia de avaliação

Ao longo da última semana de oferta da disciplina, foi disponibilizado, no quadro de avisos do ambiente virtual de aprendizagem da disciplina, aos 16 estudantes participantes, o link para acesso on-line ao questionário da pesquisa da disciplina, a ser respondido de forma voluntária e após leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) da pesquisa e concordância com esse documento. O questionário da pesquisa foi dividido em três seções: levantamento sociodemográfico, avaliação da disciplina e avaliação dos impactos da disciplina no bem-estar mental dos estudantes.

No levantamento sociodemográfico, obtiveram-se as seguintes informações: idade, data de nascimento, gênero atribuído ao nascimento, gênero, raça ou cor da pele autodeclaradas, estado civil, escolaridade, renda familiar, religião e período do curso de Medicina. Para avaliação da disciplina, foi desenvolvido um questionário de avaliação abordando os principais itens e temas de avaliação para cursos universitários da Escala de Satisfação com a Experiência Acadêmica (ESEA) desenvolvida por Schleich et al.2424. Schleich ALR, Polydoro SAJ, Santos AAA. Escala de Satisfação com a Experiência Acadêmica de estudantes do ensino superior. Aval Psicol. 2006;5(1):11-20., no seu domínio “curso”. No questionário da pesquisa, o respondente, por meio de uma escala de Likert, deveria manifestar o nível de concordância com as afirmações de avaliação da disciplina: “discordo totalmente”, “discordo parcialmente”, “indiferente”, “concordo parcialmente” e “concordo totalmente”.

Para a avaliação dos impactos do curso no bem-estar mental dos estudantes, adotou-se uma versão adaptada do Questionário de Saúde Geral 12 (General Health Questionnaire 12 - GHQ-12)2525. Damasio BF, Machado WL, Silva JP. Estrutura fatorial do Questionário de Saúde Geral (QSG-12) em uma amostra de professores escolares. Aval Psicol . 2011;10(1):99-105.. O GHQ-12 é utilizado consensualmente como um escore geral de bem-estar psíquico26. Nessa adaptação do GHQ-12 (Tabela 2), os participantes foram apresentados a 12 afirmações sobre possíveis efeitos da disciplina em seu bem-estar mental, sendo solicitados a responder, também, como na avaliação da disciplina, com as opções em Likert mencionadas anteriormente. O instrumento da pesquisa também apresentou perguntas abertas. Foram sete perguntas de avaliação da satisfação e da percepção de aprendizagem, e cinco de avaliação dos efeitos da participação na disciplina no próprio bem-estar subjetivo, voltadas para aspectos positivos, aspectos negativos e sugestões.

Quadro 3
Perguntas abertas do questionário de avaliação da disciplina

Por conta do curto intervalo de tempo (um mês) entre a aprovação da oferta da disciplina na modalidade remota e o início das aulas, e considerando também o processo de submissão do estudo avaliativo para apreciação de comitê de ética em pesquisa, não foi possível aplicar os questionários antes da disciplina, impossibilitando uma avaliação comparativa, que seria recomendada especialmente para o GHQ-12.

Considerando o pequeno número de participantes, as respostas ao instrumento da pesquisa foram analisadas por meio de uma descrição de frequência dos dados quantitativos e um exame de conteúdo dedutivo das respostas abertas2727. Cho JY, Lee E. Reducing confusion about Grounded Theory and Qualitative Content Analysis: similarities and differences. The Qualitative Report. 2014;19(32):1-20.. As três categorias temáticas predefinidas para avaliar satisfação com a disciplina e o impacto no bem-estar mental foram: aspectos positivos, adequados e satisfatórios; aspectos negativos, dificuldades e insatisfações; e sugestões para novas edições do curso. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Viçosa com o registro de Certificado de Apresentação para Apreciação Ética nº 38496820.9.0000.5153.

Perfil sociodemográfico

Dos 16 estudantes de Medicina participantes, 13 responderam ao questionário. Os respondentes tinham de 18 a 24 anos e eram de ambos os sexos: oito (61,5%) do sexo feminino e cinco (38,5%) do sexo masculino. É importante destacar que se consideraram os sexos atribuídos ao nascimento, com os quais os participantes também se identificaram. Todos se autodeclararam solteiros. Em relação à raça, dez (76,9%) se autodeclararam brancos, e três (23,1%), pardos. Sobre a religião, cinco (38,5%) mencionaram não possuir religião, cinco (38,5%) se declararam católicos, dois (15,4%) indicaram que eram espíritas e um (7,7%) afirmou ser agnóstico. Verificou-se que a soma dos rendimentos individuais de todos que integram o núcleo familiar e contribuem para a sustentabilidade financeira dos participantes nos quatro últimos meses que antecederam a pesquisa ficou entre R$ 1.000,00 e R$ 2.500,00 reais para duas pessoas, entre R$ 2.501,00 e R$ 5.000,00 reais para oito pessoas e acima de R$ 5.000,00 para três. Todos os respondentes possuíam ensino superior incompleto.

Avaliação da satisfação com a disciplina e da autopercepção de aprendizagem

Os 13 participantes (100%) consideraram adequados os seguintes aspectos: a proposta pedagógica da disciplina, a utilidade dos aprendizados adquiridos na disciplina para a futura prática profissional, o sistema geral de ensino da disciplina, o conteúdo das aulas, o conteúdo extraclasse (referências de leitura, vídeos, textos e áudios orientadores das práticas) e a atuação do professor na disciplina. Da mesma maneira, 11 participantes (mais de 80%) consideraram adequado o sistema de avaliação da disciplina. O item considerado adequado por um menor número de estudantes foi o método de ensino com aulas síncronas pela plataforma Google Meets (nove estudantes, 69,2%). Em nenhum dos itens avaliados o somatório de avaliações “indiferente” ou “inadequado” foi maior do que 30,8%. Na tabela 1, apresentamos os resultados da avaliação de satisfação com a disciplina e da autopercepção de aprendizagem.

Tabela 1
Avaliação da satisfação com a disciplina e da autopercepção de aprendizagem

Nas perguntas abertas, os 13 alunos (100%) avaliaram o ensino e a aprendizagem na disciplina “Atenção Plena e Equilíbrio Emocional” de maneira positiva, usando adjetivos como: positivo, satisfatório, muito bom ou excelente. Em relação aos aprendizados considerados mais significativos para a futura prática profissional, 11 alunos (84,6%) destacaram as técnicas para desenvolvimento de empatia que permitiriam melhor lidar com os sentimentos dos pacientes. Além disso, dez estudantes (76,9%) também destacaram, como aprendizado significativo, aspectos como: a habilidade de gerir suas próprias emoções e o desenvolvimento de autoaceitação, de autocompaixão e da capacidade de lidar com o próprio sofrimento.

Convergindo com as respostas às questões fechadas, o principal aspecto considerado prejudicial apontado nas respostas abertas por seis alunos (46,2%) foi o modelo de ensino remoto, descrito como causa de dispersão, de falta de atenção e de contato com colegas e professores. Da mesma maneira, sete estudantes (53,8%) sugeriram que a disciplina fosse ministrada de forma presencial.

Avaliação de percepção de efeitos da disciplina no bem-estar mental dos estudantes

Embora seja amplamente utilizado como um instrumento unidimensional, é possível agrupar os itens avaliados pelo GHQ-12 em três grandes componentes do bem-estar mental: a baixa frequência e/ou intensidade de sintomas de depressão e ansiedade; a experiência de funcionalidade e integração social; e a autoconfiança2828. Gao F, Luo, N, Thumboo J, Fones C, Li SC, Cheung YB. Does the 12-item General Health Questionnaire contain multiple factors and do we need them? Health Qual Life Outcomes. 2004; 2:63.. Quanto aos sintomas de ansiedade e de depressão, 12 estudantes (92,3%) concordaram que a disciplina contribuiu para: a amenização do sentimento de agonia e de tensão, o sentimento de que é possível superar as próprias dificuldades, um sentimento de felicidade e um humor equilibrado. Oito estudantes (61,2%) constataram melhoria na qualidade do sono.

Em relação à funcionalidade e à integração social, entre 11 e 12 (mais de 80%) estudantes concordaram que a disciplina contribuiu para: a melhora na concentração nas atividades que realizam, a capacidade de enfrentamento adequada dos problemas e sentir-se uma pessoa razoavelmente feliz considerando todas as circunstâncias. Entre 9 e 10 estudantes (de 69,3% a 76,9%) constataram que a disciplina contribuiu para a sensação de maior capacidade para tomada de decisões, a capacidade de desfrutar das atividades normais de cada dia e para ver-se como uma pessoa útil em diversos aspectos. Quanto aos itens que avaliaram autoconfiança, nove alunos (69,2%) concordaram que a disciplina contribuiu para aumentar a confiança em si, e dez estudantes (76,9%) consideraram que a disciplina contribuiu para percepção de ser mais útil na vida. Na Tabela 2, apresentamos as respostas ao questionário de avaliação da percepção dos efeitos da disciplina no bem-estar mental.

Tabela 2
Avaliação de percepção de efeitos da disciplina no bem-estar dos estudantes

Nas respostas às perguntas abertas sobre esse tema, 13 estudantes (100%) avaliaram que a participação na disciplina contribuiu de forma significativa para promoção do bem-estar mental. Oito estudantes (61,2%) foram mais específicos e alegaram que os principais benefícios envolveram: tomar consciência sobre as próprias emoções e sobre o seu diálogo interno, perceber e interpretar melhor os próprios sentimentos e pensamentos, e cultivar o autoconhecimento.

DISCUSSÃO

O perfil sociodemográfico do grupo de estudantes demonstra que a disciplina não foi cursada em sua maioria por estudantes negros, de baixa renda e de identidade de gênero diversa, o que pode refletir o perfil populacional de discentes do próprio curso de Medicina em que a disciplina foi disponibilizada. O perfil sociodemográfico da população estudantil dos cursos de Medicina no Brasil ainda reflete a exclusão estrutural de populações vulnerabilizadas do ensino superior no país2929. Guariente SMM, Guariente MHDM, Moraes A. Perfil sociodemográfico e educacional do estudante ingressante no curso de graduação em medicina de 2004 a 2013: análise documental. Rev Méd Minas Gerais. 2017;30:e-30102.. Essa exclusão estrutural tem sido mitigada pelas políticas de cotas raciais e sociais que têm promovido mudanças importantes, mas ainda insuficientes para enfrentar as diversas formas de violência sofridas por negros, pobres e pessoas LGTBQIA+ no Brasil.

Quanto ao modelo que adotamos de intervenção, em revisão sistemática e metanálise sobre intervenções psicológicas para promoção do bem-estar mental, Agteren et al.3030. van Agteren J, Iasiello M, Lo L, Bartholomaeus J, Kopsaftis Z, Carey M, et al. A systematic review and meta-analysis of psychological interventions to improve mental wellbeing. Nat Hum Behav. 2021;(5):631-52. apontaram que propostas de intervenções psicológicas originais “multiteóricas” são comuns e contribuem para a promoção do bem-estar mental dos participantes, como sugerido também pelos nossos resultados. Agteren et al.3030. van Agteren J, Iasiello M, Lo L, Bartholomaeus J, Kopsaftis Z, Carey M, et al. A systematic review and meta-analysis of psychological interventions to improve mental wellbeing. Nat Hum Behav. 2021;(5):631-52. definem como “multiteóricas” intervenções que reúnem elementos de diversas abordagens psicossociais da chamada “terceira onda”3131. Hayes SC, Hofmann SG. The third wave of cognitive behavioral therapy and the rise of process-based care. World Psychiatry. 2017;16(3):245-6. das terapias cognitivo-comportamentais, como abordagens baseadas em atenção plena, cultivo da compaixão e aceitação e compromisso. No entanto, também segundo essa revisão, nos estudos de abordagens “multiteóricas”, a qualidade da evidência e o impacto positivo na saúde mental são menores do que nas intervenções focadas apenas em atenção plena. Tal fato pode ser explicado pela variedade de componentes das intervenções “multi” e dos instrumentos de pesquisa utilizados que podem prejudicar a comparação entre as intervenções. Há respaldo, portanto, na literatura, para a oferta de intervenções que reúnem contribuições de diversas abordagens validadas separadamente, como a proposta apresentada no presente relato de experiência. Contudo, acentua-se o desafio de reconhecer e buscar soluções para as dificuldades em estabelecer comparações com a maioria dos estudos que acabam optando por modelos de intervenções já preestabelecidos e validados.

A escolha dos instrumentos para avaliar os desfechos em saúde mental também é um tema que merece atenção na análise de intervenções psicológicas. Na revisão de Agteren et al.3030. van Agteren J, Iasiello M, Lo L, Bartholomaeus J, Kopsaftis Z, Carey M, et al. A systematic review and meta-analysis of psychological interventions to improve mental wellbeing. Nat Hum Behav. 2021;(5):631-52., o GHQ-12 não está relacionado entre os instrumentos mais utilizados para avaliação dos efeitos de intervenções psicológicas no bem-estar mental (subjetivo ou psicológico)3232. Chen FF, Jing Y, Hayes A, Lee JM. Two concepts or two approaches? A bifactor analysis of psychological and subjective well-being. J Happiness Stud. 2012;14:1033-68., tendo sido mais adotadas, por exemplo, a Escala de Satisfação com a Vida e a Escala de Afetos Positivos e Negativos. Por sua vez, Lima et al.3333. Lima LC, Mendes LC. Mindfulness and psychological well-being: effects of a mindfulness-based health promotion program on healthy adults. Trends in Psychol. 2008;36(3):213-29. identificaram, com o GHQ-12 aplicado pré e pós-intervenção e em follow-up, um impacto positivo significativo no bem-estar psicológico de 17 adultos que frequentaram um curso de treinamento em atenção plena. O GHQ-12 também foi utilizado em outros estudos para avaliar a relação entre atenção plena e saúde mental, demonstrando associações positivas3434. Souza, MT. A autopercepção de comportamentos relacionados à atenção plena em profissionais da saúde [dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2016.),(3535. Tsui MCF, To JCN, Lee ATC. Mindfulness meditation, mental health, and health-related quality of life in Chinese Buddhist Monastics. East Asian Arch Psychiatry. 2020;30(3):67-72.. Apesar de ser um instrumento relativamente curto e que, por isso, avalia poucos componentes de bem-estar e saúde mental, os aspectos avaliados pelo GHQ-12 - sintomas depressivos e ansiosos, funcionalidade/integração social e autoconfiança - são relevantes e atenderam à nossa proposta de não perder a oportunidade de registrar as percepções dos estudantes sobre o impacto do curso em elementos básicos de sua saúde mental, sem, neste piloto, recorrer a questionários com muitos itens. A disciplina, para a maioria dos estudantes, contribui em todos os itens avaliados pela versão adaptada do GHQ-12, apontando para o potencial dessa intervenção como promotora do bem-estar mental.

Revisões de literatura sobre intervenções baseadas em atenção plena1010. Epstein RM. Mindfulness in medical education: coming of age. Perspect Med Educ . 2020;9(4):197-8.),(3636. Daya Z, Hearn JH. Mindfulness interventions in medical education: a systematic review of their impact on medical student stress, depression, fatigue and burnout. Med Teach. 2018;40(2):146-53. e cultivo da compaixão/empatia3737. Patel S, Pelletier-Bui A, Smith S, Roberts MB, Kilgannon H, Trzeciak S, et al. Curricula for empathy and compassion training in medical education: a systematic review. PloS One 2019;14(8):e0221412. na formação médica apontam que os estudos empíricos sobre essas intervenções não analisam, em geral, a satisfação dos estudantes com a própria intervenção, o curso ou a disciplina. Como exceção, Aherne et al.3838. Aherne D, Farrant K, Hickey L, Hickey E, McGrath L, McGrath D. Mindfulness based stress reduction for medical students: optimising student satisfaction and engagement. BMC Med Educ . 2016;16:209. identificaram, por meio de questionário de satisfação com questões fechadas e abertas, que um programa de redução do estresse baseado em atenção plena para estudantes de Medicina foi associado a maior satisfação e feedback positivo quando ofertado de forma optativa em comparação à oferta obrigatória. Corroborando esses achados, em ensaio clínico randomizado realizado com estudantes de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, Damião Neto et al.3939. Damião Neto A, Lucchetti ALG, Ezequiel OS, Lucchetti G. Effects of a required large-group mindfulness meditation course on first-year medical students’ mental health and quality of life: a randomized controlled trial. J Gen Intern Med. 2020;35(3):672-8. não identificaram diferenças entre o grupo controle e o grupo intervenção (curso de meditação baseada em atenção plena) quanto a melhorias na saúde mental e qualidade de vida. Segundo os autores, um possível fator explicativo foi justamente a obrigatoriedade de frequentar o curso pesquisado. Na presente pesquisa, os estudantes se perceberam em geral bastante satisfeitos com a disciplina cuja oferta também se deu de forma optativa. A opcionalidade aparece, portanto, como um fator importante para garantir essa satisfação.

Quanto à percepção dos estudantes sobre o desenvolvimento de habilidades emocionais, ressaltamos os potenciais benefícios não só na redução dos sintomas de depressão e de ansiedade e na melhora da qualidade de vida, mas também o possível impacto direto na qualidade do serviço de saúde prestado, auxiliando na construção da relação com o paciente e melhorando os níveis de adesão aos tratamentos. Uma revisão sistemática de 52 estudos sobre o treinamento em compaixão na formação médica concluiu que 75% dos currículos testados identificaram melhora da empatia em pelo menos uma medida de resultado com implementação de comportamentos eficazes pelos alunos nas consultas, tais como: detecção de pistas emocionais não verbais de pacientes e emissão de declarações verbais de reconhecimento, de validação e de apoio3737. Patel S, Pelletier-Bui A, Smith S, Roberts MB, Kilgannon H, Trzeciak S, et al. Curricula for empathy and compassion training in medical education: a systematic review. PloS One 2019;14(8):e0221412..

CONCLUSÃO

Neste estudo-piloto, uma disciplina optativa sobre atenção plena e equilíbrio emocional foi avaliada como satisfatória em seus aspectos de currículo e métodos de ensino e avaliação, por mais de 80% dos estudantes participantes. Esses estudantes também perceberam que alcançaram os objetivos de aprendizagem propostos pela disciplina. A maioria deles também apontou impactos positivos em seu bem-estar mental, com mais de 80% de concordância em metade dos itens pesquisados. Esses resultados estão em consonância com a literatura internacional que aponta para a promoção do bem-estar mental da população em geral e de estudantes de Medicina com intervenções baseadas em mindfulness e cultivo da compaixão. A principal dificuldade apontada pelos estudantes participantes foi a modalidade remota de oferta da disciplina, visto que avaliaram que a aprendizagem dos conhecimentos e das técnicas poderia ser melhor em uma oferta presencial.

No curso de Medicina em que foi ofertada a disciplina, não há, usualmente, na grade regular, a possibilidade de cursar disciplinas optativas. Foi possível disponibilizar a disciplina aqui relatada porque, durante a pandemia, diversas disciplinas regulares não puderam inicialmente ser ministradas, em razão da alta carga horária de práticas presenciais exigidas, abrindo espaço para a oferta de optativas remotas. Portanto, os resultados apresentados convidam à reflexão sobre a relevância de organizar a grade horária dos cursos de Medicina para a oferta de disciplinas optativas sobre autocuidados em saúde mental. Os resultados também convidam a dirigir o olhar para a formação docente em medicina para ministrar atividades de promoção do bem-estar mental. No período de oferta da disciplina, apenas dois docentes do curso, em que foi realizado o estudo, já haviam recebido, por interesse próprio, capacitação para facilitação de treinamentos em atenção plena e vinham ministrando treinamentos, até antes da pandemia de Covid-19, no formato de cursos de extensão.

Este estudo apresentou limitações importantes, entre as quais destacamos: um pequeno número de participantes, o não levantamento de dados pré-intervenção e de follow-up, e a ausência de um grupo controle. Cientes dessas limitações, entendemos que a relevância do estudo se dá pela originalidade do currículo da disciplina ofertada e pela possibilidade de oferecer uma resposta aos desafios à saúde mental impostos pelo contexto da pandemia à população em geral e, em especial, aos estudantes universitários, nesse caso, discentes de um curso de Medicina. Considerando que já está sinalizado que os impactos sociais e mentais da pandemia de Covid-19 ainda se darão pelos próximos anos, esta experiência, embora incipiente tanto na proposta da disciplina quanto no seu formato de avaliação, aponta para a importância de novas ofertas de treinamentos em atenção plena e equilíbrio emocional e de avaliações mais amplas dos seus impactos, se possível, em diversos cursos de Medicina do Brasil.

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    Avaliado pelo processo de double blind review.
  • FINANCIAMENTO

    Declaramos não haver financiamento.

Editado por

Editora-chefe: Rosiane Viana Zuza Diniz. Editora associada: Danilo Borges Paulino.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Nov 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    28 Out 2021
  • Aceito
    03 Ago 2022
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