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Avaliação econômica da elaboração de banana-passa proveniente de cultivo orgânico e convencional

Economic evaluation of dried banana production of the organic and conventional systems

Resumos

Neste trabalho, foi realizada a avaliação econômica da produção de banana-passa de uma agroindústria localizada no município de Guaraqueçaba - PR. Foi avaliado o processamento da banana-passa convencional e da banana orgânica produzida na região, comparando-se os indicadores de viabilidade econômica. A banana-passa orgânica é exportada para a Europa e a banana-passa convencional é comercializada na região de Curitiba - PR. Ambos os processamentos apresentaram viabilidade econômica positiva, apresentando a banana-passa orgânica os melhores índices (TIR 94%, VPL R$ 486.009,39 e relação benefício-custo de 2,11) do que a banana-passa convencional (TIR 14%, VPL R$ 34.668,00 e relação benefício-custo de 1,17). A banana-passa orgânica apresentou um custo de produção de R$ 3,64, sendo 50,1% desse valor relativo ao gasto com insumos e 27% com mão-de-obra. A banana-passa convencional apresentou um custo de R$ 3,21, sendo 45,3% para insumos e 31,2% para mão-de-obra.

agroindústria; secagem; viabilidade econômica


This work reports an economic evaluation of the dried banana production from an agroindustry located in Guaraqueçaba - PR State, Brazil. The conventional and the organic banana processings were evaluated by comparing the economic viability pointers. The dried organic banana is exported to the Europe and the dried conventional banana is commercialized in the region of Curitiba - PR. Both processings presented positive economic viability, however the dried organic banana presented better indices (TIR 94%, VPL R$ 486,009.39 and benefit cost relation of 2.11) than the conventional dried banana (TIR 14%, VPL R$ 34,668.00 and benefit cost relation of 1.17). The dried organic banana presented a cost of production of R$ 3.64, being 50.1% relative to the expense with insumos and 27% with labour. The dried conventional banana presented a cost of R$ 3.21, being 45.3% for insumos and 31.2% for labour.

food industry; drying; economic viability


ARTIGOS TÉCNICOS

CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA PÓS-COLHEITA

Avaliação econômica da elaboração de banana-passa proveniente de cultivo orgânico e convencional1 1 Parte da Dissertação de mestrado do primeiro autor apresentada à UNICAMP em 14-12-2001. Financiamento: CAPES

Economic evaluation of dried banana production of the organic and conventional systems

Jefferson BittencourtI; Marlene R. de QueirozII; Silvia A. NebraIII

IMestre em Engenharia Agrícola, Departamento de Pré-Processamento de Produtos Agropecuários, Faculdade de Engenharia Agrícola, UNICAMP, Campinas - SP, Caixa Postal 6011, e-mail: jeffbitt@hotmail.com

IIEng. Agrícola, Profª Doutora, DPPPAG/FEAGRI-UNICAMP, email: marlene@agr.unicamp.br

IIIEng. Mecânica, Profª Doutora, DE/FEM-UNICAMP, email: sanebra@fem.unicamp.br

RESUMO

Neste trabalho, foi realizada a avaliação econômica da produção de banana-passa de uma agroindústria localizada no município de Guaraqueçaba - PR. Foi avaliado o processamento da banana-passa convencional e da banana orgânica produzida na região, comparando-se os indicadores de viabilidade econômica. A banana-passa orgânica é exportada para a Europa e a banana-passa convencional é comercializada na região de Curitiba - PR. Ambos os processamentos apresentaram viabilidade econômica positiva, apresentando a banana-passa orgânica os melhores índices (TIR 94%, VPL R$ 486.009,39 e relação benefício-custo de 2,11) do que a banana-passa convencional (TIR 14%, VPL R$ 34.668,00 e relação benefício-custo de 1,17). A banana-passa orgânica apresentou um custo de produção de R$ 3,64, sendo 50,1% desse valor relativo ao gasto com insumos e 27% com mão-de-obra. A banana-passa convencional apresentou um custo de R$ 3,21, sendo 45,3% para insumos e 31,2% para mão-de-obra.

Palavras-chave: agroindústria, secagem, viabilidade econômica.

SUMMARY

This work reports an economic evaluation of the dried banana production from an agroindustry located in Guaraqueçaba - PR State, Brazil. The conventional and the organic banana processings were evaluated by comparing the economic viability pointers. The dried organic banana is exported to the Europe and the dried conventional banana is commercialized in the region of Curitiba - PR. Both processings presented positive economic viability, however the dried organic banana presented better indices (TIR 94%, VPL R$ 486,009.39 and benefit cost relation of 2.11) than the conventional dried banana (TIR 14%, VPL R$ 34,668.00 and benefit cost relation of 1.17). The dried organic banana presented a cost of production of R$ 3.64, being 50.1% relative to the expense with insumos and 27% with labour. The dried conventional banana presented a cost of R$ 3.21, being 45.3% for insumos and 31.2% for labour.

Keywords: food industry, drying, economic viability.

INTRODUÇÃO

As características peculiares da região que inclui o litoral norte do Paraná e o extremo sul do litoral de São Paulo, motivaram estudos de diversas instituições governamentais e não-governamentais de todo o Brasil e de outros países, dada sua importância ecológica e os aspectos relacionados ao meio ambiente.

BITTENCOURT & MACCARI JÚNIOR (1999) relataram que estudos desenvolvidos na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba, realizados pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade de Paris, com a participação da Associação de Pesquisa para o Desenvolvimento (Holos Environnement et Développement), culminaram na criação de um convênio e de um programa de ações junto à comunidade de Batuva, município de Guaraqueçaba, litoral norte- paranaense. Do convênio, nasceu o projeto de extensão "Desenvolvimento Sustentável em Guaraqueçaba, com a finalidade de propiciar melhores condições de desenvolvimento ao local (WALFLOR, 1994). Entre as diversas propostas, considerando a viabilidade potencial, optou-se, na época, pela criação de uma agroindústria que pudesse processar os principais produtos agrícolas da região, principalmente a banana, transformando-a em bala e passa (PORCHERON, 1995). Posteriormente, essa agroindústria foi chamada de Unidade de Transformação dos Produtos Agrícolas de Batuva (UTPA Batuva).

A empresa tem o objetivo de fomentar o desenvolvimento e a sustentabilidade dos pequenos agricultores da região, que se caracterizam pela utilização de técnicas rudimentares nos processos agrícolas e pela submissão a severas limitações legais da exploração agropecuária. Além disso, a UTPA Batuva vem servindo de modelo de projeto aplicável a outras regiões, como, por exemplo, o Vale do Ribeira (Estado de São Paulo), onde a bananicultura é uma das principais atividades agrícolas e econômicas.

SOUZA et al. (1999) estudaram os processos de produção e a venda da banana e seus derivados da UTPA Batuva e verificaram que a unidade se apresenta como uma alternativa viável à melhoria das condições financeiras dos agricultores. A maior viabilidade foi verificada na produção de pasta, bala e banana-passa, destacando-se principalmente esta última.

Com a finalidade de consolidar as atividades implementadas na agroindústria, faz-se necessário um estudo contínuo do projeto e dos processos para a completa definição dos parâmetros de elaboração dos produtos e racionalização da produção.

A região onde está situada a agroindústria possui grande aptidão à exploração da agricultura natural ou orgânica, sendo a empresa e a maioria das propriedades já certificadas pelo Instituto Biodinâmico. Atualmente, a banana-passa convencional é vendida em Curitiba, e a banana-passa orgânica é vendida para a empresa Suiça Gebana Ag, que a comercializa com a marca Batinhas no mercado europeu.

Tendo em vista o sistema de produção, foi realizada uma avaliação do processo de secagem com a finalidade de comparar os indicadores econômicos da banana-passa orgânica e convencional.

MATERIAL E MÉTODOS

A UTPA Batuva possui área total de 157,74 m2 e foi projetada e construída de acordo com os padrões determinados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 1997).

As principais instalações são: sala de climatização com 6 m2 e capacidade para maturação de 1.760 kg de banana em três dias; secador com 14,21 m2; sala de embalagem com 13,5 m2; sala dos tachos com 12,45 m2; expedição e escritório com área de 19,8 m2.

Processo produtivo da banana-passa na UTPA Batuva

Por possibilitar um produto final de melhor qualidade, TRAVAGLINI et al. (1993) recomendaram as cultivares nanica, nanicão, ouro e prata para a produção de banana-passa. Essas são as cultivares mais plantadas em Batuva e as utilizadas no processamento.

Quanto ao processamento propriamente dito, não há diferenças entre processar a matéria-prima orgânica ou a convencional. As diferenças estão presentes na fase de cultura da banana e, conseqüentemente, nas características finais da matéria-prima e do produto elaborado. A empresa possui certificação para secagem de banana orgânica, concedida pelo Instituto Biodinâmico. Assim, os operadores realizam a classificação dos lotes, de acordo com o fornecedor da matéria-prima, em: orgânica, orgânica em conversão ou convencional. Portanto, a descrição das etapas presentes no processo de secagem aplica-se a ambos os casos desta análise: produção de bananas passas orgânica e convencional.

Na unidade de transformação, a maturação é realizada pelo sistema tradicional de estufagem (maturação forçada), em câmara destinada a esse fim, mediante a queima de álcool, seguida de fechamento hermético da sala por, aproximadamente, 24 h. Decorrido esse tempo, a sala é aberta e ventilada durante 24 a 48 h, de acordo com a temperatura ambiente, até o completo amadurecimento das bananas. Na câmara de maturação, podem ser acondicionadas até 80 caixas de banana em penca.

Depois de amadurecidas artificialmente, as bananas são levadas à sala de manipulação, na qual são despencadas, selecionadas e descascadas manualmente. As bananas que não atingirem o padrão para a desidratação são separadas para a produção de bala de banana.

Após o descasque, as frutas são dispostas de maneira uniforme nas bandejas dos carrinhos, que são conduzidos até o secador para a secagem propriamente dita. O ponto final do processo é atingido quando a fruta apresenta em torno de 25% de umidade. Segue-se o resfriamento natural e a embalagem do produto em sacos plásticos para a homogeneização de sua umidade.

Descrição do secador

O secador foi desenvolvido especialmente para a UTPA Batuva e é descrito por MACCARI JÚNIOR et al. (1999). Apesar de ser um equipamento semelhante a secadores do tipo túnel, pode ser considerado como um secador de batelada do tipo cabine com bandejas, pois os carrinhos não se movimentam durante o processo. Possui quatro carrinhos com 20 bandejas de 0,80 x 0,90 m cada um.

O aquecimento do ar foi realizado por uma bateria de seis queimadores infravermelhos, sendo a potência nominal de cada peça de 23.012 kJ h-1 (5.500 kcal h-1). A fonte energética foi o gás liquefeito de petróleo (GLP), cujo abastecimento foi realizado por quatro cilindros P-45 (45 kg), ligados em um coletor de gás com os respectivos registros de controle de vazão. A quantidade de energia total gerada pelo sistema foi estimada em 138.072 kJ h-1 (33.000 kcal h-1), de acordo com dados do fabricante dos aquecedores.

O sistema de circulação de ar consistia de um ventilador axial com 0,60 m de diâmetro e motor elétrico monofásico de 1,47 kW (2,0 cv - 1.750 rpm), dimensionado para velocidade de 1,5 m s-1 e vazão de 1,74 m3 s-1. Maiores detalhes quanto ao sistema de secagem são descritos por BITTENCOURT (2001).

As principais vantagens obtidas no sistema de produção de passas na UTPA Batuva em relação aos desenvolvidos na região são: a redução no turno de secagem e a obtenção de um produto final de cor mais clara e aroma mais pronunciado.

Para realizar a avaliação econômica do secador, primeiramente, foram atualizados os valores de investimentos que constam no trabalho realizado por BITTENCOURT (2001), por meio de uma rotina do "software" MORETTI, desenvolvido por SOUZA (2001), que se baseia no Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), para agosto de 2001. Os respectivos valores foram, ainda, convertidos para o dólar comercial médio do mesmo mês, em que US$ 1,00 comercial equivalia a R$ 2,52.

O cálculo dos custos fixos e variáveis, para a constituição do custo total da UTPA Batuva, foi realizado conforme a metodologia contida em SENAR (s.d.), considerando-se os seguintes itens:

- Depreciação: O valor residual foi definido como 10% do valor novo e a vida útil de 10 anos para máquinas e equipamentos e 20 anos para benfeitorias:

Depreciação = (valor novo - valor residual) / vida útil total

(1)

- Juros sobre o capital: Adotou-se a taxa anual de juros de 6%, recomendada pela Organização das Cooperativas Brasileiras (1989).

Juros sobre o capital = (Valor novo + Valor residual) / 2 (taxa de juros)

(2)

- Seguro sobre o capital: Taxa de seguro de 1%

Seguro s/ capital fixo = (valor novo + valor residual) / 2 (taxa anual de seguro)

(3)

- Mão-de-obra permanente: Refere-se ao salário do gerente (R$ 250,00) e de um auxiliar de manipulação de alimentos (R$ 180,00). Além dos valores indicados, considera-se o multiplicador de 1,55 para incluir os encargos sociais correspondentes.

- Taxas e impostos fixos: Foram estimados de acordo com as informações obtidas junto à gerência da empresa e ao setor de contabilidade, que considerou adequado um índice de 15% sobre o custo de produção.

- Conservação e reparos: adotou-se o índice de 20% para equipamentos, pois o histórico da fábrica demonstra um excessivo gasto com a manutenção dos equipamentos devido às peculiaridades da região e do projeto. Para benfeitorias, adotou-se 1%.

CR = (Valor inicial / Vida útil) (Taxa de manutenção)

(4)

- Outros custos variáveis: Os itens que compõem este custo são os insumos, combustíveis, mão-de-obra temporária, material de consumo e despesas gerais.

Indicadores de desempenho

Os indicadores que foram utilizados neste trabalho, são:

- Margem bruta total (MBT) - é a diferença entre a renda bruta total (RBT) e o custo variável total (CVT):

MBT = RBT – CVT

(5)

- Margem líquida total (MLT) ou lucro (L) - é a diferença entre a renda bruta total (RBT) e o custo total:

MLT = RBT – CT

(6)

- Produtividade de nivelamento (Pkg) - é indicada sobre o custo total (PkgCT) e sobre o custo variável (PkgCV):

PkgCT = (CT) (PkgE) / RB

(7)

PkgCV = (CV) (PkgE) / RB

(8)

em que,

CT - custo total;

CV - custo variável;

PkgE - produtividade esperada, e

RB - receita bruta.

- Preço de nivelamento (PR$) - é indicado sobre o custo total (PR$CT) e sobre o custo variável (PR$CV)

PR$CT = (CT) (PR$E) / RB

(9)

PR$CV = (CV) (PR$E) / RB

(10)

em que,

PR$E - preço esperado, e

RB - receita bruta.

- Taxa interna de retorno (TIR) - pode-se dizer que a TIR de um fluxo de caixa é a taxa de juros composta "i" tal que seu valor atual seja nulo. Esse dado é facilmente calculado por meio de planilhas eletrônicas, como por exemplo Microsoft Excel®. A taxa obtida deve ser maior que as taxas de juros alternativas existentes no mercado. Quanto maior for a TIR, mais atraente é o investimento.

- Razão Benefício/Custo (B/C) - é fornecida pela divisão entre a receita total e os custos operacionais (CO). Os investimentos são considerados viáveis sempre que essa relação resultar, no mínimo, 1, ou seja, quando, numa hipótese pessimista, a receita for igual às despesas.

B/C = RBT / CO

(11)

- Valor presente líquido (VPL) - é definido como a diferença entre o valor presente dos benefícios e o valor presente dos custos. O valor presente de um montante é a quantia equivalente na data zero, descontando-se uma taxa de juros determinada pelo mercado.

A melhor alternativa é aquela que apresenta a soma do(s) fluxo(s) de caixa(s) mais elevada no período em análise, sendo o retorno sempre positivo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Receitas

Atualmente, a empresa está em fase de transição para o processamento total de banana orgânica. Dessa forma, a análise econômica foi realizada abordando as duas situações distintas, ou seja, processamento de banana convencional e de banana orgânica. A banana-passa orgânica está sendo comercializada no mercado europeu, sendo o seu valor indexado ao dólar.

O preço esperado para a banana convencional é de R$ 3,95 por kg para a banana-passa inteira e R$ 2,00 por kg para ponta da banana-passa. A banana orgânica é destinada à comercialização no mercado europeu; seu preço é de US$ 3,25 por kg para banana inteira e US$ 1,50 por kg para a ponta de banana-passa.

Na Tabela 1, apresentam-se a produção média de banana-passa e sua respectiva receita, tanto para beneficiamento da banana convencional como para a banana orgânica.

Custos

Com base nas considerações anteriores, apresenta-se a seguir o cálculo dos diversos custos presentes no processo de produção da banana-passa.

Inventário

Nas Tabelas 2 e 3, apresentam-se os dados para cálculos de despesas com conservação, reparos e depreciação de máquinas, equipamentos e benfeitorias, bem como de outras despesas derivadas dessas.

O custo de produção foi calculado por ciclo de produção, ou seja, por batelada, considerando-se a produção média de 1 ciclo semanal e 48 ciclos por ano. A produção média obtida é de aproximadamente 245 kg por ciclo, sendo 196 kg de banana-passa inteira e 49 kg de ponta de banana-passa.

Cálculo dos custos variáveis

Na presente análise, os custos variáveis são compostos de gastos com insumos; mão-de-obra temporária; conservação e reparos de equipamentos e benfeitorias; tributos e encargos, e despesas gerais. Nas Tabelas 4 a 6, detalham-se os componentes desses custos, ressaltando as diferenças, quando houver, entre as duas situações, orgânica ou convencional.

C - Conservação e reparos de equipamentos (CR1):

CR1 = (R$ 17.360,55 / (10 x 48)) x 0,20 = 7,23 R$ por ciclo

D - Conservação e reparos de benfeitorias (CR2):

CR2 = (R$ 33.921,04 / (20 x 48)) x 0,01 = 0,35 R$ por ciclo

E - Despesas gerais - estimadas em 1% sobre os itens anteriores:

0,01 x (A + B + C + D) = 5,34 R$ por ciclo orgânico

0,01 x (A + B + C + D) = 4,44 R$ por ciclo convencional

F - Gastos com tributos e encargos - Para fins deste cálculo de custo de produção, adotou- se o valor de 15% sobre o custo variável:

Impostos = (A:E) x 0,15 = 80,61 R$ por ciclo orgânico

Impostos = (A:E) x 0,15 = 67,32 R$ por ciclo convencional

Na Tabela 7 , apresenta-se um resumo do Custo Variável Total (CVT), calculado a partir dos dados levantados e considerações adotadas.

Cálculo dos custos fixos

G - Depreciação:

Benfeitorias = {(17360,55 – 1736,05) / 10} / 48 = 32,55 R$ por ciclo

Materiais e equipamentos = {(33.921,04 – 6784,20) / 20} / 48 = 28,27 R$ por ciclo

Depreciação = 60,82 R$ por ciclo

H - Gastos com empregados permanentes:

Gerente = (R$ 250,00 x 12 x 1,55) / 48 = 96,87 R$ por ciclo

Auxiliar de manipulação (R$ 180 x 12 x 1,55) / 48 = 69,75 R$ por ciclo

I - Juros sobre capital fixo

Na Tabela 8, apresentam-se os valores adotados e totais para o cálculo dos juros.

Juros = (R$ 1.221,16 + R$ 572,90) / 48 = 37,38 R$ por ciclo

J - Seguro sobre capital fixo:

Na Tabela 9, apresentam-se os valores considerados para o cálculo do seguro.

Seguro = (R$ 95,48 + R$ 203,53) / 48 = 6,23 R$ por ciclo

Nas Tabelas Tabela 10 e Tabela 11, resumem-se os componentes do Custo Total de Produção, respectivamente para a banana orgânica e convencional, destacando-se a participação porcentual de cada item.

Análise econômica

Nas Tabelas Tabela 12 a Tabela 15, apresentam-se os indicadores de desempenho obtidos da análise econômica.

O cálculo do fluxo de caixa, para um horizonte de 20 anos, revelou os seguinte indicadores: para a banana convencional, VPL6% de R$ 34.668,00 e TIR de 14% e, para a banana orgânica, VPL6% de R$ 486.009,39 e TIR de 94%.

No processamento da banana convencional, é importante destacar que o projeto não deve ser avaliado apenas pelos indicadores econômicos, apesar da TIR de 14% já ser um bom retorno para o investimento, quando comparada aos índices de rentabilidade dos investimentos financeiros. Deve-se lembrar que o projeto está inserido em uma condição especial, em que apresenta outros retornos indiretos, tais como o desenvolvimento social da comunidade e o caráter ecológico.

Com relação ao benefício ecológico, admite-se que a alternativa viabilizada pela implantação desse projeto possibilita a sustentabilidade econômica das propriedades que desenvolvem a bananicultura, evitando assim a exploração descontrolada de outros recursos naturais da região.

Por outro lado, o processamento da banana orgânica apresenta uma TIR excelente, mas deve-se ressaltar que o estudo está baseado em uma pequena série de preços (6 meses) e que esse tipo de comercialização tem hoje uma grande demanda e uma oferta muito reduzida, o que provoca preços considerados irreais para o mercado interno. Pode-se observar essa disparidade comparando a receita da banana-passa orgânica e da banana-passa convencional.

É importante ressaltar que os melhores índices para a produção orgânica se devem principalmente à comercialização com o mercado externo. Os resultados encontrados indicam que ambos os processamentos são viáveis economicamente.

Com relação à distribuição do custo de produção, pôde-se observar que os insumos correspondem a 50,3% do custo para orgânicos e 45,3% para convencional. A mão-de-obra corresponde a 27% no orgânico e 31,2% no convencional, sendo esses os principais fatores que determinam o custo de produção da banana-passa.

CONCLUSÕES

O processamento da banana-passa na UTPA de Batuva mostrou-se viável tanto para a produção orgânica como para a convencional.

O principal fator que contribui para a formação do custo de produção é relativo aos insumos, que correspondem a 50,1% na produção orgânica e 45,3% na convencional.

O sistema de produção de banana-passa orgânica apresentou maiores indicadores de viabilidade do que o sistema convencional, devido principalmente à exportação, que agrega mais valor ao produto final.

Recebido pelo Conselho Editorial em: 05-06-2002

Aprovado pelo Conselho Editorial em: 22-03-2004

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  • 1
    Parte da Dissertação de mestrado do primeiro autor apresentada à UNICAMP em 14-12-2001. Financiamento: CAPES
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      03 Fev 2005
    • Data do Fascículo
      Ago 2004

    Histórico

    • Recebido
      05 Jun 2002
    • Aceito
      22 Mar 2004
    Associação Brasileira de Engenharia Agrícola SBEA - Associação Brasileira de Engenharia Agrícola, Departamento de Engenharia e Ciências Exatas FCAV/UNESP, Prof. Paulo Donato Castellane, km 5, 14884.900 | Jaboticabal - SP, Tel./Fax: +55 16 3209 7619 - Jaboticabal - SP - Brazil
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