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Colégio Brasileiro de Cirurgiões: 80 anos

The Brazilian College of Surgeons: 80 years

EDITORIAL

Colégio Brasileiro de Cirurgiões - 80 anos

The Brazilian College of Surgeons - 80 years

ECBC Augusto Paulino Netto

Em 30 de julho de 1929 reuniram-se no Silogeu Brasileiro 55 cirurgiões muitos deles professores catedráticos de cirurgia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Todos eles eram ativos no Rio de Janeiro, capital de República. A cirurgia já estava também adiantada em outros Estados, principalmente em São Paulo, mas as condições da época dificultavam o transporte entre as grandes cidades, àquele tempo. Só existe uma coletânea histórica1 dos primórdios do Colégio Brasileiro de cirurgiões. Há nela algumas afirmações, sem documentação comprovada, que tornam difícil sua análise.

Assinaram a ata da primeira reunião, quando o nome Colégio foi escolhido ao invés de Academia ou Associação, entre outros: Augusto Brandão Filho, Antonio Benevides Barbosa Vianna, Domingos de Góes, João de Souza Mendes (otorrinolaringologista, mais tarde campeão brasileiro de xadrez), Oscar Alves, Francisco de Castro Araújo, Achilles de Araújo, Arnaldo de Moraes, Pedro Ernesto Baptista (futuro prefeito do Distrito Federal), Raul Pitanga Santos, Rolando Monteiro, Ovídio Peixoto Meira, Octavio Rodrigues Lima, Agenor Estellita Lins, Carlos Leoni Werneck, Alberto Borgerth, Ugo Pinheiro Guimarães, Benjamim Vinelli Baptista, Armando Aguinaga, Augusto Paulino Soares de Souza, Ernani Faria Alves, Jayme Poggi de Figueiredo, Mario Kroeff, Fernando Vaz, Jorge de Gouvêa, Raul David de Sanson, Pedro Paulo Paes de Carvalho, e outros, menos conhecidos. Muitos deles já eram ou tornaram-se, mais tarde, membro da Academia Nacional de Medicina.

A data de 30 de julho é festejada oficialmente como a da fundação do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Portanto, os fundadores foram os que assinaram esta ata de 30 de julho de 1929. Em 27 de agosto de 1929 uma segunda reunião realizou-se com a presença de Mauricio Gudim, Clovis Corrêa da Costa e José Maurity Santos, além dos citados acima. Nela foi aprovado o Estatuto do Colégio. Atribui-se a Barbosa Vianna, professor de Ortopedia e Cirurgia Infantil da Escola de Medicina do Rio de Janeiro, a iniciativa primeira da criação do Colégio.

Em 7 de setembro e 9 de outubro de 1929 outras reuniões preparatórias foram realizadas para a aprovação do Regimento Interno e eleição da primeira Diretoria. Augusto Brandão Filho foi escolhido para a primeira presidência do Colégio. Cognominado o príncipe dos cirurgiões brasileiros, extirpou o primeiro insulinoma do pâncreas no Brasil e realizou a primeira arteriografia cerebral em seu serviço na Santa Casa da Misericórdia no Rio de Janeiro. A Academia Nacional de Medicina guarda em seu museu um bisturi de ouro com seu nome, ofertado por seus assistentes quando de seu jubileu como professor.

Pode-se dizer, sem medo de errar, que o Colégio Brasileiro de Cirurgiões nasceu dentro da Faculdade de Medicina e da Academia Nacional de Medicina. Hoje, todos os membros da Secção de cirurgia da Academia são membros titulares ou eméritos do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. E até 1953, todos os Presidentes do Colégio Brasileiro de Cirurgiões eram membros da Academia Nacional de Medicina.

Outros grandes nomes da cirurgia do Rio de Janeiro: Alfredo Monteiro e Paulo Cezar de Andrade logo participaram das primeiras reuniões do Colégio, emprestando seu prestígio à nova associação.

Os dois primeiros Congressos Brasileiros e Sul-americanos de Cirurgia foram realizados em 1938 e 1939, na sede da Academia Nacional de Medicina no Silogeu Brasileiro, sob a presidência do Professor Alfredo Alberto Pereira Monteiro. Os primeiros membros titulares de fora do Rio de Janeiro foram o Professor Benedito Montenegro de São Paulo e o Dr. Ottorino Avancini, do Espírito Santo (Figura 1).


De associação fechada, o Colégio Brasileiro de Cirurgiões passou a entidade aberta, com criação de capítulos em todos os Estados do Brasil. Hoje congrega mais de 6.000 membros, e continua em sua tarefa de incrementar a cirurgia geral e especializada em nosso país, realizando congressos regionais, nacionais e internacionais, cursos de atualização, exames de título de especialista em cirurgia geral, além de inúmeras atividades de ensino e pós-graduação.

Segue os passos de seu inspirador, o Colégio Americano de Cirurgiões, fundado em 1913, com repercussão internacional. O Colégio Brasileiro de Cirurgiões é uma das maiores organizações cirúrgicas do mundo em número de membros. Suas atividades científicas, de ensino, suas relações com as principais sociedades especializadas de cirurgia no Brasil, fazem com que seus membros se orgulhem da denominação de membro titular. A sigla TCBC após o nome de um cirurgião significa que ele é um especialista de escol em cirurgia, pois a obtenção deste título, só é possível após avaliação rigorosa por uma equipe de Titulares, professores, que garantem sua capacidade para o exercício da cirurgia.

Seus 80 anos de história não devem ser encarados como uma confortável poltrona onde os louros da vitória devam ser usufruídos, mas, principalmente, como um incentivo para aprimoramento de suas funções e obrigações para com a medicina brasileira. Todas as Diretorias do Colégio têm se esforçado para tanto e, cada uma delas, como a atual, procura incentivar o comportamento ético correto e o esforço contínuo e duradouro para uma melhor cirurgia no Brasil e no mundo.

O XXVIII Congresso Brasileiro de Cirurgia marcado para julho de 2009, em São Paulo, comemorará os 80 anos de vida ativa e proveitosa de nosso Colégio. Lá nos encontraremos e daremos continuidade à produtiva atuação de uma octogenária instituição que nos orgulha, a nós, cirurgiões brasileiros.

  • 1. Pacheco Filho R. O Colégio Brasileiro de Cirurgiões e a evolução da cirurgia no Brasil (1929-1982). Rio de Janeiro: Colégio Brasileiro de Cirurgiões; 1983.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Jun 2009
  • Data do Fascículo
    Abr 2009
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