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Capes e revista de impacto

The Capes and journals of impact

EDITORIAL

Alcino Lázaro da Silva

Professor Emérito da UFMG e do CBC

Tomo a liberdade de comentar (sugestão?) um fato que me incomoda há tempos.

Espero que leve em consideração o nosso propósito em refletir e ponderar. Posso até estar cometendo uma "patriotada".

A Capes exige publicação e impacto. Os Autores nacionais necessitam correr atrás, sobretudo das revistas americanas que detêm o poder editorial. Para eles primeiro os amigos, depois os compatriotas, a seguir os conhecidos do exterior e, finalmente, o pesquisador anônimo que não possui algum recurso para exercer influência.

Esta postura universal integra o mundo cientifico mas deixa impotente o Autor mais frágil e o mais fraco.

A fortificação só acontecerá se houver espírito indígena. Como proceder?

Um ponto é a diferença numérica que existe entre a área básica e a clínico-cirúrgica. A básica possui poucas revistas e poucos pretendentes; a clínica possui menos revistas que aquela e um número excessivo de Autores. Lá é mais fácil atingir o Conselho Editorial; cá é uma competição difícil de ser vencida.

O Autor estrangeiro divulga suas idéias com mais facilidade e o pesquisador básico tem mais liberdade editorial. O clínico brasileiro compete em inferioridade por não possuir revista ou por haver menos revistas e existir um número excessivo de competidores.

Não se trata de atitude jacobina, pseudonacionalista ou ufanismo periférico na manifestação nossa.

Se a Capes quer impactar por que não cria três Revistas, uma para cada área e de alto nível , para acesso dos nossos pesquisadores? Se não convém criar por que não prestigia e implementa as poucas boas existentes no Brasil? Com isso ela se tornaria, realmente, democrática e patriota.

Por que o vigente me incomoda? Porque se não houver uma reação da Capes, prestigiando o Autor nacional, continuaremos, "ad aeternum", copistas, sectários e subservientes da cultura alienígena,

É preciso reagir para mudar o quadro, invertendo-o. É preciso fornecer aos estrangeiros Revistas de impacto para que se acostumem a ler o Autor brasileiro pois este possui muito o que ensinar e divulgar.

É preciso sair do imanente e galgar vegetação mais sólida, menos escorregadia e mais frondosa para que os conhecimentos que são criados no Brasil floresçam e frutifiquem lá fora. É preciso transcender. Isso só se obterá ou se conseguirá se possuirmos as nossas Revistas com nível internacional. Para tal, a Capes possui prestígio e poder econômico. É preciso fazer com que nos leiam e eles verão que há muito o quê aprender com o Autor Nacional.

Se houver coragem, determinação e brasilidade, certamente, o Autor nacional será lido, respeitado e seguido.

É preciso fazer a virada universitária intelectual e envidar todo esforço e prestígio para que leiam e respeitem o que ignoram existir por falta de veículo de divulgação.

Impactar sim, mas em Revista nacional de nível internacional uni, bi ou trilíngue. Este é o caminho para colocar o Brasil, com a excelência de seus pesquisadores, no nível de outros centros que se diferenciam por possuírem instrumento de divulgação. Eles produzem para o mundo e nós sofremos o impacto e nos acomodamos no servilismo intelectual. Isto quer dizer que publicar no exterior é jogar nossa produção na cesta. Não é justo fazer isso com o Autor brasileiro.

  • Capes e revista de impacto

    The Capes and journals of impact
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      02 Fev 2012
    • Data do Fascículo
      Dez 2011
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